A Rua dos Alfeneiros estava quieta mais uma vez.

Eram 10 horas da noite de uma segunda-feira, os homens já haviam chegado de seus empregos, as mulheres os esperavam com o jantar pronto e as crianças, já tomadas banho tinham sido levadas aos quartos para dormir.

Era um dia frio até mesmo dentro das casas e alguns casais jovens se aventuravam passeando por ali, apenas uma caminhada silenciosa e rápida antes de voltarem para suas casas e irem dormir.

Logo que a ultima pessoa entrou em casa e as luzes foram se apagando de casa em casa ouviu-se um click. Na verdade ninguém ouviu esse barulho, pois as ruas desertas ainda não eram totalmente silenciosas com o barulho das televisões ligadas.

Do meio do parque começou a surgir uma pessoa. Um homem na verdade. Ele usava capa de viagem marrom por cima de sua calça jeans e pulôver, as botas limpas e lustrosas num tom de preto tinham sido claramente colocadas de qualquer jeito e o cabelo preto desgrenhado revelava que ele não o havia penteado no dia.

Com as mãos dentro do pesado casaco ele começou a andar em direção as casas, mais especificamente a casa de numero 4.

A casa na verdade é bem comum, como todas as outras, as luzes da sala e de um dos quartos estavam acessas e pelas cortinas ele pode ver uma figura corpulenta levando coisas a boca e uma mulher magra, andando de um lado para o outro.

Antes de se aproximar mais ele encostou-se a um poste, perto da placa da rua enquanto consultava o relógio, dentro de duas horas ele teria dezenove anos, quando olhou para o lado deu um sorriso ao ver dois tênis aparentemente sem dono na rua.

– Boa Noite Mione. O que faz aqui tão cedo?

Uma mulher simplesmente apareceu segurando uma capa ao lado da placa, seus cabelos eram de um tom de loiro escuro com uma tonalidade vermelha quando exposta no sol e iam até seus ombros.

–Boa noite Harry. Eu estive observando os Dursley, tenho que dizer que eles são o pior tipo de trouxas que eu já vi!

– Eu sei, mais ainda assim são meus únicos parentes vivos...

– Está com você?

–Não Rony está trazendo.

– Ele está demorando, será que ele esqueceu?

– Eu confiaria minha vida ao Rony. Não acho que isso fosse acontecer.

Enquanto eles conversavam mais dois cliques foram ouvidos e eles se viraram para receber os recém-chegados.

– Olá! – Saldou uma garota de cabelo loiro claro e cacheado até a cintura, ela usava meia-calças cor de beterraba com uma saia vinho de veludo, uma bota até o calcanhar amarela e um agasalho azul marinho. Estava acompanhada por um rapaz alto e magro que tinha o cabelo cuidadosamente repartido e penteado, também com casaco e roupas de frio, ele mancava.

– Luna, Neville, o que estão fazendo aqui? – perguntou o garoto despenteado.

–Bom, íamos jantar na casa dos Weasley, chegamos antes que o Rony e a Gina pudessem sair, assim que eles nos contaram o que iam fazer resolvemos ajudar. – Disse o menino alto com um sorriso torto.

– E onde eles estão agora? – perguntou a menina de cabelo loiro escuro.

–Aqui. Desculpem a demora.

Mais duas pessoas apareceram, um menino de estatura media com cabelos desgrenhados e de um tom alaranjado assim como o da menina que chagava com ele; ela tinha algumas sardas.

O garoto tirou um isqueiro médio do bolso do casaco e o abriu, mas ao invés dele acender ele sugou a luz do poste mais próximo, e assim sucessivamente até toda a rua cair na escuridão.

Os seis se reuniram em um circulo enfrente a placa enquanto sussurravam.

–Você trouxe Rony?- perguntou o garoto de óculos.

–Sim, está aqui. - Ele respondeu entregando ao outro um envelope.

– Ótimo, fiquem de vigia, eu vou entrar e...

–Nada disso Harry! Viemos até aqui e vamos entrar com você. – Disse a menina ruiva- Eu já pensei em tudo! Podemos entrar com um feitiço de invisibilidade!

– Mas vocês e a Lunna ainda não conseguem executar esse feitiço muito bem Gina. – Ele disse aparentemente tentando deixa-las de fora.

– Eu consigo, e como trouxe a capa... Acho que as duas podem ficar com ela. – Disse a menina de cabelo loiro escuro.

–Vamos Harry, não vamos deixar você sozinho, somos seus amigos – Disse o garoto ruivo.

– Sem contar que estamos perdendo tempo. – Disse a menina de cabelos loiro cacheado.

–Tudo bem, mas eu vou na frente.

Falando isso ele tirou do bolso um pequeno bastonete de madeira, fino como um galho de uma arvore nova e todos repetiram o mesmo movimento, tirando gravetos de tamanhos diferentes de seus bolsos.

Seguiram para a porta do numero quatro assim que todos estavam na calçada da casa, o menino de óculos apontou a varinha para a rua e uma luz prata cobriu todo o lugar antes de ser absorvido pelo chão.

–Você acha que o feitiço miadura é realmente necessário?

–É melhor prevenir Mione, é melhor prevenir... Vocês já estão prontos?

Então a menina ruiva puxou a capa cobrindo ela e a menina de cachos loiros e desapareceram, depois a menina de cabelos loiro escuro apontou a varinha para o rapaz alto e arrumadinho e depois para o menino ruivo e por ultimo para si mesma, um a um eles desapareceram.

Logo o garoto de óculos e cabelo desarrumado estava sozinho na rua escura de frente com a porta numero quatro da rua dos alfeneiros. Lugar que ele achou que nunca mais fosse ir...

Ele deu duas batidas na porta e a casa ficou silenciosa, mas só para ouvir o grunhido de indignação de seu tio.

–Quem bate na porta dos outros a essa hora da noite?

–Acalme-se Valter, pode ser um dos amiguinhos do nosso Dudinha, você sabe que eles estão na fase da rebeldia, eu vou ver quem é.

Ele ouviu os cinco passos necessários da sala para a porta, ouviu a maçaneta girar e deu de cara com sua tia magra demais.

– Boa noite Petúnia. Preciso falar com vocês. - Ele achou que não havia sentido em chama-la de tia já que quando o fazia era por obrigação, mas não esperou que a reação fosse ser essa.