The Neuro-SHAMY-cal Equation Of Love escrita por Fabs


Capítulo 8
The Soft Kitty Paradox


Notas iniciais do capítulo

Continuação direta, simultânea e inesperada do último capítulo! Porque o negócio funciona assim: não sou o Big-Bang, mas comigo as coisas são explosivas, SUASLINDAS! *selo Wolowitz de cantada fail*

GEEEENTEM, tô quase mudando a classificação da fic para +18 por, digamos, motivos óbvios ♥ socorro, meninas, quero opiniões, conselhos, um ombro amigo, um divã de psicalista e uma taça de grasshopper! Shamy me provoca sentimentos muuuuito perigosos! LOL

Ai ai, queria me empolgar assim escrevendo meu TCC... *chora*

Live long and prosper.



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“Como é de Sheldon que estamos falando, então, não espere muita coisa. Mas já é um progresso e tanto o que vocês fizeram nas últimas horas, talvez seja bom dar um tempo a ele, deixá-lo dar o próximo passo. Só certifique-se de manter a porta destrancada e uma vela aromática acesa, nunca se sabe o que nos aguarda. ;-) XoXo PeNnY“

“Você tem razão, bestie, estou feliz por ter me entendido com ele e vou fazer o possível para não colocá-lo sob pressão novamente como em nosso aniversário de namoro. Espero que tudo corra bem daqui por diante entre nós. Emoticon mimetizando uma expressão facial sorridente, abraços e beijos, Amy. “

Enviando sua ultima mensagem de texto, tornou a guardar o celular no bolso lateral de sua mala, espreguiçando-se. Mirou-se num espelho sobre o console da lareira tempo suficiente para espalhar uma pequena quantidade de creme hidratante no rosto e pentear os cabelos ainda molhados. Depois de um dia tão agitado e atípico como aquele, o banho na hidromassagem do hotel havia sido indescritivelmente reconfortante, de modo que ela sentia-se relaxada e agradavelmente sonolenta, apesar do estímulo visual constante que eram as paredes de seu quarto.

Com um enorme bocejo ela trocou o roupão bordado com o logo do hotel por uma camisola ainda mais confortável e pousou os óculos sobre a mesa de cabeceira. Enquanto procurava a melhor posição no colchão desconhecido e familiarizava-se ao travesseiro, seu último pensamento foi se ele já estaria dormindo essa hora ou talvez acordado como ela, revivendo com um sorriso no rosto, todas as aventuras daquele dia memorável...

Diminuindo atividades cerebrais ao nível basal em 3...2...1...

TOC, TOC, TOC...

— Amy — sussurro.

Ela abriu os olhos imediatamente, apurando os seus sentidos. Talvez fosse o sono, mas podia jurar que havia ouvido... — não... — convenceu-se — pouquíssimo provável...

TOC, TOC, TOC...

— Amy — sussurro.

Ergueu a cabeça em alerta, piscando confusa para a escuridão. Tateou o criado-mudo em busca dos óculos.

TOC, TOC, TOC...

— Amy — sussurro urgente.

Arrancando o edredom de cima de seu corpo, levantou-se de um pulo, acionando o interruptor e iluminando o quarto. Abriu a porta da suíte sem aviso, sobressaltando a figura alta e esguia que aguardava do outro lado.

— Sheldon! — Exclamou surpresa — o que houve? O que está fazendo aqui uma hora dessas?

— Não consigo dormir — tornou ele apressado, ainda num tom de voz muito baixo — não estou usando o meu pijama de quarta-feira, o roupão do hotel pinica e estou ouvindo... ouvindo sons horripilantes...

— Sim? — incentivou ela, com um olhar indagador.

— Gemidos humanos — concluiu Sheldon, olhando para o corredor deserto por cima dos ombros — até onde sei, o isolamento acústico das paredes desse hotel são uma piada, as pessoas do andar de cima são extremamente barulhentas ou podemos ter um assassino em potencial agindo por aqui — sem aviso ele atravessou a soleira e fechou a porta atrás de si — estaremos mais seguros se ficarmos unidos.

— Sheldon, já são quase duas horas da manhã... — suspirou Amy, balançando a cabeça para a tolice do namorado — estamos muito cansados para teorias da conspiração e... — abriu os olhos de repente, sentindo-se subitamente muito desperta — você por acaso disse que dormir aqui?

— Bem, é o único jeito! — disse ele, ligeiramente irritado, percorrendo o aposento em passos largos — agora quanto a “dormir” acho pouco provável. Como presumi, seu quarto também não conta com mobiliário extra como sofá ou poltronas.

— E...?

— Como iremos proceder com relação ao espaço — questionou, parecendo levemente desconfortável — poderíamos apenas sentar e conversar para passar o tempo? Quem sabe pedir algumas bebidas frias pelo serviço de quarto?— Sugeriu, esperançoso — você gostaria de ouvir um fato curioso sobre...?

— Sim Sheldon, eu adoraria — interrompeu Amy que, uma vez captando a inocência de suas intenções, chegou a conclusão que o sono levaria a melhor — mas que tal quando amanhecer? Como eu lhe disse anteriormente, estou exausta, e se vamos voltar logo pela manhã para Pasadena gostaria de poder descansar de verdade por algumas horas. Não estou ouvindo barulho nenhum, então, se você quiser retornar à sua suíte...

— Muito bem, fique à vontade — concedeu desgastado, dando-se por vencido e retornando com certa relutância à porta — pensei que talvez pudéssemos então racionalizar a ocupação do ambiente dividindo igualitariamente a cama. Notei que o colchão é mais largo, embora o curioso formato de coração adotado por esse hotel em nada favoreça o relaxamento muscular.

— Dividir-a-cama — recitou entre dentes, sentindo uma inesperada vontade de se beliscar para ter certeza de que tudo aquilo era real — pensando bem, Sheldon, é melhor você ficar, nunca se sabe a quais ameaças estamos sujeitos — disparou ela imediatamente, tratando de espantá-lo de volta à área principal do quarto com um gesto de mãos — embora eu não possa garantir que estará completamente à salvo se acomodar-se aqui comigo, é claro...

— Sim, eu tenho consciência de que você sofre de terrores noturnos — murmurou em tom compreensivo — nesse caso, poderemos abrir um parêntese na subsessão “machucados e dodóis” do acordo de relacionamento para que eu possa lhe oferecer algum suporte. Pensei em acariciar gentilmente sua cabeça repetindo a frase “pronto, já passou” até que retome a consciência — ofereceu ele — só se esforce para controlar seus espasmos musculares a um nível mínimo, as estatísticas mostram que estou bastante propenso a acidentes ultimamente, e não preciso passar uma nova temporada no hospital...

— Ah não, não me referia a isso quando disse que não posso garantir que você estará à salvo — com uma piscadela Amy deitou-se de bruços no enorme colchão cor-de-rosa, batendo na superfície macia de forma altamente convidativa — venha, relaxe um pouco. Você sabia que a forma icônica do coração representa, na realidade, as nádegas de uma mulher quanto deitada de costas?

A atmosfera pareceu mudar significativamente no local após a interessante informação compartilhada por Amy. Ele deu um passo em direção à cama com um olhar fixo, ao mesmo tempo em que livrava a área do pescoço coberta pelo roupão. Com alguma boa vontade ela poderia jurar ter vislumbrado um discretíssimo tom róseo colorindo a face do rapaz.

— Amy... — sussurrou rouco, aproximando-se mais. — Amy, você...

— Sim... ? — perguntou ela com voz de seda, bastante diferente de seu tom habitual.

— Você está no meu lugar — concluiu um tanto ríspido, de sobrancelhas erguidas e braços cruzados.

Com um bufo enorme ela rolou pela cama, ocupando em uma posição semi-fetal a parte que lhe cabia. Retirando os óculos e apagando o abajur de seu lado com impaciência, cobriu-se até o nariz com o edredom vermelho.

— Boa noite, Sheldon — resmungou ela, de dentro de seu casulo.

Após alguns instantes de absoluto silêncio, ouviu-se a rangedeira de molas que era o físico acomodando-se no colchão. Ela não precisou olhar para confirmar que ele estava deitado em posição dorsal, duro como uma múmia, evitando que qualquer parte de seus corpos se esbarrasse, mesmo que por acidente.

— Boa noite, Amy — finalmente ele respondeu, algum tempo depois, desligando também a luminária.

O momento longo e constrangedor prolongou-se indefinidamente, onde os únicos sons audíveis eram as respirações profundas e simultâneas dos dois. Era impossível definir se estavam ou não adormecidos.

— Amy? — murmurou Sheldon após alguns minutos, quebrando o silêncio e tornando a iluminar o local.

— O que foi? — tornou ela rapidamente, antes que ocorresse ao namorado a brilhante ideia de intercalar três batidas consecutivas na cabeceira da cama ou no criado mudo enquanto chamava seu nome.

— Eu ainda não consigo dormir — lamentou-se.

— Isso eu já percebi — respondeu ela causticamente, ainda de costas para ele.

— Eu preciso da Penny.

A neurobióloga virou-se tão depressa que talvez os ocupantes de outros andares pudessem ter ouvido o estalar de suas vértebras cervicais.

— Como assim precisa da Penny? — questionou Amy, desconfiada, esfregando vigorosamente o pescoço.

— Não precisa ser exatamente a Penny, poderia ser a minha mãe — disse ele em voz baixa, olhando fixamente para cima — mas uma hora dessas tenho certeza que a matriarca da família Cooper está em Galveston, Texas, com sua mente adormecida permeada por tolices religiosas e sonhos com seu dito “salvador”.

— Certo, acho ainda vou precisar de informações um pouco mais coerentes.

— Quando eu era menino e ficava doente, minha mãe sempre cantava “gatinho macio” para mim — continuou ele para o teto, aparentemente inconsciente da estranheza daquele fato à Amy — Quando me mudei para a Califórnia, essa tarefa foi incumbida ao meu primeiro colega de quarto, e posteriormente a Leonard, mas confesso que fico mais a vontade delegando à Penny essa responsabilidade — explicou — a musicalidade da voz de Leonard me causa pesadelos de madrugada.

— E para que você precisa de “gatinho macio” agora? — perguntou ela, intrigada — você nem ao menos está doente de verdade.

— E você chama isso de saúde? — comentou Sheldon com um quê de frustração na voz, apontando para o hematoma na testa.

— Muito bem, tem razão — concedeu ela em tom indulgente. Sentia-se, de certa forma, culpada pela situação — quem sabe se você me ensinar a canção eu possa...?

— Você não pode cantá-la para mim — retrucou ele imediatamente, como se Amy tivesse perdido o juízo — “gatinho macio” é um tradicional cântico infantil, utilizado para aliviar a angústia e embalar o sono das crianças por parte da progenitora ou representação materna mais próxima — continuou, febril — seria uma heresia e tanto associar a inocência desse gesto de ternura, aos sentimentos libidinosos despertados pelo contato com figura feminina pela qual eu sustento uma forte ligação afetiva, sem contar a peculiar atração carnal a que venho...

O físico se calou na mesma hora, esquecendo-se por um momento de sua interminável contemplação ao teto e virando-se para a namorada. Parecia custar a ambos, cada partícula de sua determinação continuar a se encararem, contudo parecia igualmente difícil desviarem o olhar em direções opostas.

Amy ergueu uma mão trêmula e incerta e pela primeira vez tocou a face ruborizada de Sheldon, acariciando com leveza a bochecha dele. Com semelhante hesitação, porém confiante que não seria repelida por ele, depositou um beijo suave sobre a sua testa machucada.

— Não pode substituir “gatinho macio” — disse ela num tom brando de quem pede desculpas — mas talvez faça você se sentir melhor.

— Faz sim — murmurou ele em resposta — aprecio sua preocupação.

Foi a vez de Sheldon levantar sua mão e agarrar a de Amy, interligando seus dedos aos dela. Embora tivesse passado toda a sua vida a condenar o contato físico desnecessário, vinha recorrendo cada vez mais a esse recurso social. Era indizivelmente reconfortante deitar-se ali com ela, de mãos dadas, esperando o sono chegar.

— Quando estou fora de casa eu costumo recitar mentalmente o “PI” até conseguir dormir — disse ele apagando a luz de seu lado e mergulhando o quarto na mais completa escuridão.

— Contar carneirinhos não funciona? — interrogou Amy num sussurro, cujos olhos já estavam fechados, mas o sentido do tato continuava perfeitamente operante no contato prolongado com a pele do namorado.

— Funciona, mas uma dízima periódica infinita sem dúvida atende melhor a minha dificuldade em adormecer — respondeu baixinho, intensificando o entrelaçar de suas mãos.

Caiu no sono antes da vigésima quarta casa decimal.



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Notas finais do capítulo

Como eu adoro silêncios constrangedores e palavras não ditas, vocês não? ♥

E esse Dr. Cooper está ficando viciado no contato humano, hein? Shame on you, Homo Novus!

Mentira, Shelly, tô amando o fato de você estar finalmente entrando na puberdade, rs.