The Neuro-SHAMY-cal Equation Of Love escrita por Fabs


Capítulo 7
The Blonde-Monkey Suggestion


Notas iniciais do capítulo

COMASSIM, Piggy, um tempão sem atualizar e aí dois capítulos de uma vez só? Explico: originalmente esse capítulo e o próximo eram um só, mas conforme fui escrevendo (e me empolgando) ele virou um CAPITULÃO (ou capítulozão?) e achei melhor dividir em dois, menorzinhos. :3 Como eu sou uma pessoa muito firmezinha postei ambos simultâneamente para dar uma continuidade legal na leitura! Mereço um beijo do Sheldon também, minha gente? Sim ou claro? E como sempre, sintam-se livres para comentar nos dois e me fazer duplamente feliz! ♥♥♥

Live long and prosper.



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— Se você não se sente seguro pegando um táxi com a estrada molhada, podemos apelar para o metrô — sugeriu Amy, pescando algumas castanhas-do-pará que o namorado não gostava e oferecendo o pacote a ele — estamos próximos à Union Station, correto? Considerando a velocidade média que você calculou para esse horário, estaremos desembarcando em Pasadena por volta...

— Inviável. A estação fecha às 23h pontualmente, considerando o seu volume de bagagens corremos o risco de perder o ultimo trem — interrompeu Sheldon, laconicamente, deixando de estudar uma avelã e mirando Amy — e você se esqueceu do detalhe mais importante: não estou usando minha calça de transporte público. Já fui forçado a me sentar no banco da Scooter de Howard sem ela hoje. Prefiro correr o risco de sofrer um acidente automobilístico grave indo de táxi do que a chance de, seja lá quais microorganismos habitarem os bancos do metrô de Los Angeles, resolverem achar que podem chamar minha uretra de “lar, doce lar”.

— Bem, agora que comentou, devo confessar que, após o choque inicial, achei muito estimulante a idéia de você invadindo o aeroporto pilotando a Vespa, em meio ao frenesi de pânico e glória provocados pela medicação pesada que estavam lhe dando no hospital — comentou ela em tom de elogio, se esforçando bastante para que um sonoro “HOO” não lhe escapasse pelos lábios — seria excitante voltar para casa assim. Seríamos como Barbie e Ken do mundo da ciência, só que em uma motocicleta envenenada.

— Sério, Amy? Estou me esforçando aqui para estabelecer uma rota de retorno segura e você me fala em voltar de motocicleta? — suspirou ele, em tom de reprovação, cutucando mais castanhas para a abertura da embalagem — além do mais, não seríamos como Barbie e Ken, mas sim como a décima encarnação de Doctor Who e Rose Tyler.

— Ah sim, você me emprestou os boxes da série — tornou ela, um sorriso de interesse surgindo em sua face enquanto brincava sugestivamente com o petisco ao redor da boca — apesar de ter uma considerável quantidade de membros do sexo feminino à disposição não é pela Rose que o décimo Doctor se apaixona, Sheldon?

— Hm... é ... é por ela sim.... — confirmou constrangido, refletindo sobre o que dissera —... agora, se não se importa, poderíamos por favor voltar ao assunto?

Do momento em que saíram da sala da segurança uma chuva torrencial desabava sobre a região, obrigando o casal permanecer em uma cafeteria situada próximo a área de embarque. Sheldon, que parecia ter esgotado toda sua reserva de anarquismo, voltara a demonstrar sua obsessão com a segurança, recusando-se terminantemente a abandonar o local até que a tempestade se abrandasse, enumerando, para quem quisesse ouvir, os índices de mortalidade relacionados as vias molhadas no estado da Califórnia nos últimos anos.

Uma vez que havia uma cláusula específica para o modo correto de se dirigir um veículo na chuva no acordo de colegas de quarto, o rapaz sentiria-se mais protegido se Leonard fosse o condutor aquela noite, embora quando tivesse enviado uma mensagem ao amigo explicando que estava preso no aeroporto após a recente reconciliação com a namorada e que viesse imediatamente buscá-los, houvesse recebido apenas um “LOL” como resposta, eliminando de sua lista essa possibilidade.

— Tive uma ideia! — anunciou a cientista, alguns minutos mais tarde, despertando o interesse de Sheldon, a essa altura já bastante infeliz por não conseguir encontrar nenhuma solução de resgate até o momento — Vou dar um telefonema a Penny, explicando a situação. Ela sempre sabe o que fazer!

— Minha nossa, por um momento pensei que tivesse uma proposta compatível com seu QI — alfinetou ele em tom crítico, a súbita vivacidade evaporando-se rapidamente e dando lugar ao embotamento inicial — mas em vez disso você propõe pedir auxilio a uma garçonete que, até algum tempo atrás, achava que Galileu havia sido um locutor de radionovelas...

— Analise da seguinte perspectiva: por usar com menor amplitude o lado esquerdo do cérebro responsável pelo pensamento lógico, como nós, a divindade loira da Fábrica do Cheesecake é uma criatura livre para exercitar o hemisfério direito cerebral, relacionado às emoções e a criatividade, podendo sugerir algo ousado, mas potencialmente engenhoso — explicou animada, acessando a agenda do celular e acionando o viva-voz — Você verá como ela pode ser capaz de nos indicar uma opção prática que talvez tenhamos deixado escapar... e aí, bestie, qual é o lance? — cumprimentou acaloradamente, assim que a amiga atendeu, tampando o microfone e acrescentando baixinho ao olhar de muda indagação lançado por Sheldon — são gírias do Nebraska, achei prudente me familiarizar com algumas para estabelecer uma comunicação efetiva.

— Ei, Ames! Estou muito aliviada de falar com você! — ouviu-se a voz de Penny do outro lado da linha — queria ter podido ajudar mais, só que voltei para casa... hic... para aguardar notícias, mas Leonard já me pôs a par da... hic... situação entre você e o Shel-bot... hic... — pelo tom risonho e a quantidade de soluços que pontuavam a sentença, o vinho consumido já parecia estar fazendo efeito.

— Tudo bem, amiga, agradecemos sua disposição — Disse Amy tomando as rédeas da conversa antes que o físico sequer tivesse tempo de questionar o “Shel-bot” — mas há algo que você pode fazer por nós: estamos presos no LAX por conta da tempestade, e Sheldon não quer usar meios coletivos de transporte para voltarmos. O que você sugere? Aparentemente protagonizar qualquer cena romântica de “Cantando na Chuva” também está fora de cogitação.

— Olhem, eu já fiquei meio que presa aí uma vez também, com aquele cara, o Zack — comentou Penny, abafando outro soluço — nós viramos a noite em um bar de um conhecido dele, mas no caso de vocês recomendo pernoitarem em algum lugar até o tempo melhorar. Conheço um mot... hotel, ótimo na região.

— Qual? Los Angeles Hilton? Crowne Plaza? Marriott Hotel? Sheraton Gateway? — disparou Sheldon aproximando-se do telefone e lembrando-se imediatamente do grande pôster afixado na sala da segurança, com a relação de todos os pontos comerciais próximos ao aeroporto — Ou Holiday Inn...? Embora eu não me sinta confortável me instalando num hotel com esse nome sem estarmos de fato em uma data festiva...

— Opa, calma lá, fofinho — interrompeu a garçonete, em meio ao tilintar de uma taça de vidro — eu tenho cara de quem já se hospedou nesses lugares chiques? O que eu ia recomendar era o La Calientíssima, a poucas quadras daí. O lugar pode até ser frequentado por pessoas com...digamos... interesses bem específicos, mas vale a pena pela decoração, pelo serviço de quarto e pelas banheiras Jacuzzi.

— Penny, o La Calientíssima está de acordo com os trâmites legais previstos no Acordo Estadual de Aplicabilidade de Segurança e Manutenção da Higiene dos Estabelecimentos Comerciais da California? — questionou Sheldon, falando com muita severidade para o aparelho, pressionando a amiga mesmo a tantos quilômetros de distância — Leonard me assegurou que era uma obrigação judicial seguirem esse padrão quando me convenceu a passar a noite em uma pensão muito duvidosa em Comptom.

Um silêncio significativo elevou-se pelo outro lado da linha antes da loira responder, da forma que julgou ser mais convincente:

— É claro! Onde você está com a cabeça?

— Tem razão, foi uma pergunta um tanto óbvia — concedeu Sheldon, achando que as informações até ali já tinham sido suficientes, de modo que tomou a liberdade de tirar o aparelho das mãos da namorada e abreviar a perda de tempo que poderia surgir se a conversa se prolongasse entre as duas — eu teria pensado nisso, mas sem dúvida o seu conhecimento das ruas abriu um maior leque de possibilidades para nós. Obrigado, Penny.

Desligou o telefone sem mais delongas e mirou a cientista, o espírito de comando nato se apoderando dele como se apossava do líder da Aliança Rebelde ao resistir às forças do mal do Império Galáctico.

— O que estamos esperando? — bufou ele, se encarregando de parte da bagagem e agarrando uma das mãos de Amy, com um leve puxão, indicando a loja de conveniências do aeroporto — Não que eu tenha um protocolo específico para a cor da capa de chuva, mas se não nos apressarmos eles vão vender todas as amarelas.

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— Sim, Cooper. “C” de “carbono”, “O” de “oxigênio”, outro “O” de “ósmio”, “P” de “potássio”, “E” de “escândio” e “R” de “rutherfórdio” — entoou com calma, certificando-se que a recepcionista compreendesse com total clareza — Mas é claro que estou soletrando meu sobrenome com essas letras apenas pela sonoridade das mesmas, e não pelo símbolo atômico de cada elemento, ou então eu seria Sheldon “COOsKScRf” heh heh... — pontuou ele com seu clássico risinho afogado, antes retornar bruscamente a seriedade habitual: — e ela é a doutora Amy Farrah Fowler. “A” de “alumínio”...

— Eu acredito que só o nome do cavalheiro seja suficiente, obrigada — interrompeu a funcionária rapidamente, com um sorriso que não disfarçava muito bem a expressão de quem acabara de vislumbrar a possibilidade de pedir demissão de uma vez por todas e virar artista de rua.

Após uma penosa caminhada em meio a forte chuva que assolava Los Angeles, o casal estremecia de frio, as mandíbulas de ambos batendo involuntariamente enquanto falavam. Enquanto Sheldon se encarregava de registrá-los como hóspedes, Amy circulava o hall, compreendendo cada vez melhor o que Penny queria dizer quando comentara que um dos pontos fortes do local era a decoração: embora todos os hotéis que já tivesse pernoitado até então emanassem uma aura de tranquilidade e repouso, proporcionada pelo uso de cores pálidas e pinturas discretas de natureza-morta, aquele fugia completamente do que julgava ser o tradicional, as paredes vivamente coloridas em vermelho-sangue, inúmeras fotografias e pôsteres de lábios humanos e outras partes anatômicas bastante alegóricas, e, por um instante fugaz, jurou ter visto uma funcionária ou cliente atravessar o mezanino do andar superior trajando uma peculiar combinação de maiô de látex e orelhas felinas de pelúcia.

— Foge um tanto do padrão observado nesse tipo de estabelecimento, não é? — comentou a neurobiologista em tom de conversa, aproximando-se do balcão e abrindo um pouco o pesado cardigan de lã que usava— acredito que o nome do local tenha a ver com o forte tom escarlate escolhido para as paredes. Pode ser só uma questão hormonal, mas desde que entrei aqui me sinto, com o perdão da expressão, “pegando fogo”.

— Se “calientíssima” for a temperatura da estufa que eles utilizam para esterilizar os lençóis, não temos com o que nos preocupar — resmungou Sheldon, assinando o impresso de entrada da hospedaria e oferecendo a papeleta à Amy, de sobrancelhas erguidas — quartos separados, então? Podem ser no mesmo andar, se você preferir.

O olhar da cientista correu da expressão de incredulidade da recepcionista para o quadro mais próximo e em seguida para um casal que aguardava o elevador, tão entrelaçados num abraço que era difícil acreditar que eram duas pessoas distintas.

— É claro — assentiu ela com um suspiro, assinando sobre a linha pontilhada.


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Notas finais do capítulo

Alguém duvida que a macaca loira da Fábrica do Cheesecake e dos comerciais de pomada para hemorróidas é a mais sábia entre eles? In Penny, we trust! ♥