Capítulo 9 – A História de Francie

    Estava parada em frente a televisão, esperando os Jogos continuarem. Estava ansiosa. Não sei porque, mas ainda torcia para Francie. Não sei o que motivou aquele comportamento raivoso. Tordo queimando. Música inicial. A única coisa que me estranhava naquele início era a falta do logo da Capital. Por costume, talvez.

    Começou. Logo vi uma menina loira e um menino gordo e ofegante sem um braço. Era óbvio que ele era um sedentário que passava o dia inteiro vendo televisão e que nunca tinha praticado um esporte na vida. Já a menina era mais magrinha, porém muito pequena. O menino tinha uma lança na mão e a menina mirava com um arco.

    Eles choravam. Pareciam amigos de infância, não queriam matar um ao outro. “Façam um time!”, pensei. Mas a menina foi mais esperta e atingiu uma flecha no peito do garoto.

    Então mostraram Francie. Estava em cima de uma árvore, cochilando. Por que aquela garota estava tão tranquila? Você pode ser morta, sua idiota! Por alguma razão, ela levava o ralador em sua mão. Olhei ao redor da cena, haviam raspas de limão no chão. Então, Francie? Te ajudei a descascar um limão, não ajudei? Ha!

    Ela acordou bem na hora que a menina loira que havia passado um minuto atrás chegou e a viu. Ela gritou:

    “Ei! Fannie! Vai me atacar? Hein, sua boboca?”

    “Vai me irritar até nos Jogos Vorazes, Henryn? Não basta na escola?”

    “Vem cá me matar, vem!”

    Logo adivinhei que elas eram “inimigas mortais” da escola. E posso logo adivinhar que a menina loira era a popular. Francie pulou da árvore em cima da Henryn, deixando-a tonta por um instante. Não ia dar tempo de se levantar e pegar a espada, que Francie havia deixado no chão. Uma atitude estúpida. Se ela o fizesse, Henryn ia ficar de pé e dar uma flechada em sua oponente.

    Então Francie fez uma coisa que nunca teria feito. Pegou o ralador e começou a passar no rosto da menina. Quando o rosto da coitada estava em carne viva, Francie tomou o arco em suas mãos e matou Henryn. Menos uma. O sinal de Rue. Na tela, passaram o nomes das crianças que tinham morrido até aquele instante. Seis crianças já foram, ainda faltam nove. Mostraram mais algumas outras crianças lutando para sobreviver, mas nenhuma morreu ou se encontrou com outra.

    Peeta veio falar comigo:

    “Oi, querida, fiz pães de queijo, do jeitinho que você gosta.”

    “Delícia!”

    Enquanto eu devorava os pães de queijo, Peeta começou a falar:

    “Eu descobri sobre aquela Francie. Haymitch me contou tudo. Não me pergunte onde ele descobriu as coisas pois eu não sei. Bom, você já sabe que ela veio do distrito 13. Os pais dela morreram em um incêndio no hospital. Estavam lá porque pegaram AIDS. Morreram antes da revolução.”

    Eu não matei os pais de Francie. Não sou tão ruim.

    “Quando eles morreram, Francie fugiu do 13 e foi parar na Capital, onde ela ficou morando na rua por um tempo, até que alguém levou ela para um orfanato. Colocaram ela na escola e tal, mas ela nunca teve amigos não ser excêntrica como as meninas da Capital. E é isso.”

    “Interessante.” – respondi - “Ela ainda é minha favorita.”