Hoje começaram os Jogos, e realmente me surpreendi. As crianças da Capital são mais burras do que eu pensava, na verdade elas não conseguem nem carregar uma mochila qualquer. Exceto Francie, que na verdade também estava meio estranha com as armas.

Todos os tributos eram gordos e medrosos, ou seja no primeiro dia só tinha sobrado 12 tributos, ou seja 3 morreram. A primeira foi uma garota que tentou entrar no elevador onde Francie estava, o elevador fechou bem na cara da menina. Um garoto gordinho saiu gritando quando o gongo soou, e uma flechada levou. Uma menina magrela e lenta começou a tentar atirar em todo mundo mas acabou só se machucando, outro menino deu flechada no braço dela.

Francie realmente se parecia comigo até certo ponto. Ela sabia tudo daquele local, (Distrito 13 é a arena), e tirou muita vantagem disso. Ela conhecia exatamente as entradas secretas e conseguia comida mais facilmente do que os outros. Em minha estadia no 13, eu não via mais do que um Distrito chato no subterrâneo, mas para Francie parecia seu mundinho onde sabia cada segredo.

No fim do dia, 3 morreram e Francie estava á salvo com certeza, então não precisei me preocupar muito. Sim, eu tenho me preocupado com a garota, afinal ela é exatamente igual á mim, mas um pouquinho mais fria. Pude dormir sem me preocupar, mas um sono sem sonhos.

Acordei com Peeta me chacoalhando, e dizendo coisas do tipo: “Katniss, anda logo.” ou “Katniss, acorda!”, totalmente desnecessário. Eu apenas disse ainda sonolenta:

“Oi, Peeta.” – dando um beijinho nele.

“Bom dia, flor do dia.” – disse sorridente.

“Porque toda essa animação? Os Jogos já começaram, está até parecendo gente da Capital...”

“Não é animação, só estou feliz que você não teve pesadelos está noite. O que sonhou, amor?”

“Nada. Como em todos os dias em que não tenho pesadelos.”

Logo estávamos na casa de Haymitch, prontos para assistir o Jogos Vorazes da Capital. Primeiro apareceu um tordo em chamas e em seguida uma pequena reprise do que aconteceu na noite passada. Agora mostra Francie dentro de uma sala minúscula, que tínhamos completamente ignorado. Ela tem uma mochila e um arco e flecha, ela abre a mochila e acha um pacote de biscoitos, corda, um ralador e shoyu. Aparentemente ela fica nervosa e atira o ralador com toda a força numa parede, quebrando o ralador em mil pedaçinhos.

Seu rosto angelical vai embora e ela grita cheia de fúria:

“UM RALADOR?! KATNISS EVERDEEN COMO PODE SER TÃO IDIOTA Á PONTO DE ME DAR UM RALADOR?! QUEM PRECISA DE UM RALADOR NOS JOGOS VORAZES?!”

Me sinto sem chão, que garota é essa? Tenho vontade de simplesmente desligar a Tv e ir para a floresta e caçar com Gale, mas isso não é uma opção. Simplesmente digo:

“Vou caçar.” – e saio.

Volto para minha casa, pego o arco e flecha e me deparo com Buttercup miando depressivamente como sempre, apenas continuo andando fortemente até a floresta. Passo por baixo da cerca, e infelizmente não encontro Gale. Me sento no leito de uma árvore qualquer e começo a cantar, que me ajuda á afastar pensamentos negativos. Penso em como Fancie estava irritada e que não foi por mal, e que eu deveria ser sua patrocinadora e lhe mandar comida, com um bilhete escrito talvez: “Me Desculpe.”

Mas os tordos não me deixam terminar de pensar, eles repetem a música de Rue, afirmando que tudo está bem, e que talvez estou levando demais para o pessoal. Agora, sinto um vazio dentro de mim e quero dormir abraçada de Peeta pelo resto de minha vida. Mas estou na floresta, sem vontade de caçar, sem Gale e cheia de vergonha para voltar para a casa de Haymitch e pedir desculpas por sair do nada. Apenas fico sentada neste leito macio, cantando e pensando em todas as pessoas mortas que conheci.