- Maravilhoso Basil! – Ouvias-se a voz de Lord Henry. – Acho que é seu melhor trabalho!
            O mesmo esperou uns segundos esperando que algo fosse dito pelo rapaz, que apenas observava o retrato com fascínio e medo:
            - Você será muito comentado! – Continuou o lord. – Vocês dois... Vamos, fale garoto vai ferir os sentimentos dele!
            - É assim mesmo que eu sou?! É tão real. – Perguntou jovem Dorian Gray observando o retrato.
            - Melhor que isso...- O Lord se virou. – Ele sempre será assim, entretanto você Sr Gray receio que não...
            Cibele Vane, assustada e confusa, ouvia atentamente, aos poucos reconhecida cada papel. Contorceu-se um pouquinho para que pudesse ver, se tratava De Basil, Henry e o próprio Dorian.
            A moça reconheceu o retrato assim que passou os olhos nele, era o mesmo, exatamente o mesmo. Mas aquele Gray parecia tão diferente, ainda não havia sido totalmente corrompido, Cibele fez questão de registrar aquela imagem com o os olhos, afinal ele jamais voltaria a ser o que era naquele momento. Ela, pode enfim perceber o que a conversa anterior dela no sótão queria representar, aquele era o início, o começo da maldição!
            Quando foi que Darin se perdeu? Agora Cibele sabia a resposta, ele se perdera quando soubera a história da sua família, quando sentiu a maldição cair sobre ele, como caiu sobre cada um. O retrato era apenas o portador da maldição, Dorian havia sido a maldição desde o início, sempre ele.
            Percebeu por fim que Lord Henry, assim como Harry merecia uma mordaça... Toda a sua influência tinha tido sua participação. Algo iria acontecer... O corpo dela estava em chamas, sabia que era necessário agir, mas o que fazer para que tudo não se repetisse?
            - Talvez eu devesse pregar minha alma ao altar do diabo. – Disse o jovem Gray.
            - E permanecer como é? É uma troca justa... – Henry falou mais algumas coisas e  depois sentou-se em um poltrona virando-se novamente para o jovem. – Dorian não trocaria sua alma, trocaria Dorian?
            Era agora, esse era o momento exato! Arrastou-se de modo sorrateiro até uma pequena estátua que vira de relance. Deu uma rápida olhada para baixo, mas todos os olhares estavam em Dorian que acabara de virar para dar sua resposta... Pensando rapidamente arremessou o pequeno objeto e se apressou em passar pela outra porta:
            - Mas o que foi isso? – Perguntou Dorian assustado.
            - Bobagens! – Henry riu debochadamente. – Como um sinal divino para impedi-lo de trocar sua alma inocente!
            - Sabe Dorian, tome cuidado com suas ofertas, pois um dia alguém aceita. – Disse Basil.
            Henry riu:
            - Muito sábio, muito sábio, afinal quem deveria ouvir esse velho resmungão?!
             Cibele sorriu, olhando mais uma vez, para Dorian Gray, dessa vez pela última vez, afinal se tudo estivesse correto ela jamais se lembraria dele, e nunca haveria um retrato ou qualquer sinal de sua existência, a mansão seria apenas uma herança e jamais qualquer um conheceria seus segredos novamente. Sentia-se orgulhosa e até triste, pois a saudades já havia se instalado em seu coração. Mas quem sabe fosse até melhor que não se lembrasse?!
            Naquele momento nada importava, todos os problemas de agora em diante Sibyl teria que resolver sozinha! – Pensava ela, enquanto tentava esconder sua vontade de ficar.
            Antes de ir embora, algo aconteceu, do seu rosto descia uma lágrima, o jovem Dorian Gray era ainda mais encantador do que ela podia suportar.
            Tudo começou a ficar muito distante, as imagens se tornaram borrões coloridos, uma música que ela já ouvira vinha do sota, ela se apressou, sabia que esse era o convite para ir para casa. Por mais que todo o seu coração a pedisse para ficar ela não poderia, aquele não era sua época:
            - Não demorou muito Srta. Vane. – Disse seu velho amigo, estendendo lhe a mão novamente.
            - Digamos que a tarefa não era tão complicada Sr. Gray. – Respondeu aceitando o convite.
            - Eu deveria lhe agradecer. –Disse o jovem com um sorriso.
            - Deveria.
            - Hum... mas o que sabe uma mulher?!
            Cibele revirou os olhos:
            - É não muda muito...- Disse para si mesmo. Dorian sorriu.
            E como uma forma de despedida, ele a puxou para perto, suas mãos pousaram em seus ombros surpreendidos... Ele a beijou.
            Naquele momento a jovem Vane soube que de alguma forma sempre teria seu segredo com o Antigo Dorian Gray.