Simplesmente Complicado escrita por THPuppeteer, Nori


Capítulo 2
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

T: Yoo minna!!
K: Eae povo!
T: Estamos aqui com mais um Capitulo!!
K: Avá e_e
T: e.e .... Voltando, esse Cap. saiu grande... Pra conpensar o atraso e.e
K: Culpe o Aizen por isso...
T: KKKK...Tudo culpa do Aizen kkk.... Mais OKAY! Esperamos que gostem e boa leitura MUAHAHA!!
K: Nos vemos nas notas finas!!



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Abriu os olhos sentindo os raios do sol iluminarem o quarto. Espreguiçou-se bocejando logo em seguida. Ficou sentada na cama, demorou para perceber que não havia chão abaixo de si. Mas já era tarde de mais.

— Ai!

No impulso para se levantar, acabou caindo de cara no chão. Tsuki, que dormia tranquilamente, acordou assustada com o grito da irmã, batendo a cabeça no teto de sua cama.

— Você ta maluca!? — disse com a mão na testa, fuzilando a irmã com os olhos, essa ainda no chão. Tsuki olhando o estado em que a irmã estava não se aguentou e caiu na risada, chegando até a pôr as mãos na barriga.

— Eu vou te matar... — disse Kaori, com o coração quase saindo pela boca devido ao susto.

Com o pequeno acidente superado, as meninas foram em direção aos banheiros se arrumar. Saíram quase ao mesmo tempo. Ambas já com o uniforme da escola. Enquanto Kaori arrumava as camas, Tsuki arrumava seu material e o da irmã. Logo já estavam indo em direção a sua sala. A primeira aula seria de Geografia, para a felicidade das meninas, já que o professor era uma coisa linda de se ver. No caminho encontraram com os rapazes que pareciam estar meio... assustados. Gom parecia mais um zumbi, com os olhos semicerrados e bocejando a cada trinta segundos.

— O que houve? — perguntou Tsuki. — Se olharam no espelho quando acordaram?

— Muito engraçado... — disse Gom, revirando os olhos. Karyuu sorriu. — Na verdade eu não consegui dormir direito. Meu vizinho é sonâmbulo e ficou dando socos na parede e gritando coisas sem nexo a noite inteira!

Tsuki e Kaori se entreolharam e começaram a rir.

— E você Karyuu-kun? — perguntou Kaori, pensando ser a mesma coisa.

— Então... O vizinho do Gom-san... É meu colega de quarto. — respondeu dando uma risada sem graça. Tsuki e Kaori até engasgaram de tanto que riam. — Mas parece que ele vai sair da escola, já que hoje quando eu sai do quarto ele estava arrumando suas coisas e disse que não viria para a aula.

— Ou vai apenas mudar de quarto. — disse Tsuki rindo. — E você não ficou com medo?

— Não, porque eu durmo na cama de cima. — respondeu coçando a nuca. — Só me assustei quando ele pegou os sapatos embaixo da cama e tacou em mim. Ele estava com os olhos fechados! Como conseguiu me acertar?

Agora os três estavam rindo.

— Bem, vamos logo senão chegaremos atrasados — disse Kaori, começando a andar, sendo acompanhada pelos outros.

— Careta... — murmurou Tsuki, recebendo um belo de um soco. — Itai!

Chegaram à sala e sentaram-se em seus lugares. Não demorou muito para o professor chegar, arrancando suspiros das meninas e cara feia dos meninos. A aula seguiu normal e, para o sofrimento de Tsuki, havia tarefa de casa. Com o sinal tocando e o professor se retirando da sala, Kaori aproveitou pra tomar um ar, indo na direção da janela. Sorriu ao ver os pássaros voando e o céu azul tendo um leve contraste com o sol. Mas algo chamou a sua atenção.

‘’Mas o que é que...!’’ Pensou ao ver um buraco se abrir no céu e de lá sair um monstro gigante. Pensou em chamar sua irmã, mas a mesma armaria um escândalo, então resolveu por observar aquela criatura, já que não podia fazer nada e, certamente, era a única a ver aquilo, já que os outros alunos se mantinham distraídos.

‘’Será que é a mesma coisa de ontem...?’’ Olhou para sua irmã e acenou para ela vir onde ela estava. Tsuki se levantou e foi para junto da irmã.

— O que foi?

— Olha aquilo — apontou para onde o monstro estava e se surpreendeu ao notar que o mesmo não se encontrava mais lá. Tsuki olhou para o céu, para irmã, para o céu de novo e para a irmã, dizendo logo em seguida:

— Não tem graça... Baka — e voltou para o seu lugar.

Kaori fechou a cara. Aquilo estava a deixando muito furiosa, mas, por ora, resolveu esquecer. O outro professor já havia entrado e ordenado que todos sentassem e ficassem quietos.

Com o final da segunda e terceira aula, já era hora do intervalo. Os quatros jovens sentaram-se na mesma árvore do dia anterior e começaram a conversar. Tsuki ao lado de Karyuu e Kaori ao lado de Gom.

— Daí... Quando eu acordei... Essa doida... Tava lá... Beijando o chão! — dizia Tsuki entre risos. Karyuu e Gom não estavam diferentes. Ambos estavam até azuis de tanto rir. Kaori tinha um rosto fechado e uma veia enorme saltando em sua testa.

— Como você pôde... Esquecer que estava... A mais de dois metros do chão... Kaori-san? — Gom ria que não se aguentava.

— Eu não tive culpa! Eu não to acostumada a dormir em camas daquele jeito! — tentava se defender a morena.

— É isso que dá não me deixar dormir na cama de cima! — dizia Tsuki mostrando a língua para a irmã.

— Claro... Do jeito que você é só cairia de cara, como também quebraria uns cinco dentes! — essa foi boa. Gom e Karyuu riram tanto que caíram para o lado.

— Chega... — tentava dizer Gom. — Eu vou fazer xixi nas calças!

— Acho... Acho... Ai meu deus... — Karyuu preferiu nem terminar.

Tsuki e Kaori se entreolharam e deram de ombros, voltando suas atenções para o céu, que estava lindo. Não demorou muito para o sinal tocar novamente.

— Ah, parece que eles não se esqueceram dessa vez — disse Tsuki soltando uma risada travessa.

— Não acho que eles se esqueceram de tocar o sinal ontem, Nee — comentou Kaori, recebendo acenos afirmativos dos rapazes.

— Tanto faz... Mais que nós quase chegamos atrasadas ontem, chegamos...

Entraram na sala e estranharam encontrarem uma rodinha de alunos em uma carteira. A maioria dos alunos que faziam parte dela ou estavam corados, ou estavam rindo. Os quatro chegaram mais perto para saber do que se tratava.

— O que é isso!? — Tsuki arregalou os olhos com as coisas que estavam escritas. Kaori se aproximou mais para poder ler e, quando pôde, corou da cabeça aos pés.

— O que é? — Karyuu começou a ler. — Minha nossa!

— Que foi? O que ta es...— Gom não acreditava no que lia. — ...crito.

Na carteira havia combinações de casais. Os nomes de quase todos os alunos da sala estavam escritos lá e ainda com carinhas sorrindo ou mostrando a língua. Tsuki não sabia se começava a rir de sua irmã corada ou se chorava por seu nome estar escrito junto com o de Karyuu com arco-íris de corações e carinhas rindo.

Kaori estava completamente paralisada. Seu nome não só estava com o de Gom, como também estava escrito ‘’Amor maníaco-psicopata’’.

Tsuki cerrou os punhos e subiu na carteira. Alguns rapazes começaram a gritar por estarem vendo algumas coisas. Karyuu não ficou muito feliz com a reação deles e gritou um ‘’Ou!’’.

— Quem foi o desgraçado, insuportável, feto e sem mãe que escreveu isso aqui!? — Tsuki estava vermelha, não só de raiva, como também de vergonha. — Se eu te pegar cara, eu juro que não vai ter cirurgião que vai consertar a tua cara! Ouviu bem!? Eu vou arrancar o teu fígado e dar pros cachorros!

— Nee-san, se acalma! — Kaori fazia sinais com as mãos para que a irmã descesse da carteira. Se o professor chegasse, ela estaria numa bela de uma enrascada.

— Uma ova!

— Minha nossa... — dizia Gom rindo. — Realmente, essa menina é doida...

— Cala a boca você também! — a morena trincava os dentes e rosnava de tanta raiva. — Eu quero saber quem foi! E quero saber agora!

A maioria dos alunos ou estavam rindo da morena ou estavam meio assustados com a ‘’atitude’’ dela.

Karyuu não aguentou ver e pegou a menina no colo, a descendo da carteira. A protestos da mesma, é claro.

Os outros alunos gritaram e aplaudiram a ação do rapaz. Isso só fez ambos ficarem com mais vergonha.

— Me ponha no chão se não quiser ser capado... — disse entre dentes.

— C-certo...

Sã e salva no chão, Tsuki apontou o dedo pra cada aluno e disse:

— Eu vou pegar quem escreveu aquilo... Custe o que custar... – E saiu da sala com um sorriso vitorioso.

Karyuu ficou um pouco... Desapontado com Tsuki. Afinal de contas, é só uma brincadeira.. Ela não podia levar tão a sério. Mesmo ele estando gostado um pouco dessa travessura.

Gom e Kaori se entreolharam, ambos corados. Não sabiam o que dizer.

— Etto... Quer procurar a Nee comigo?

— Okay...

Mas foi só porem o pé para fora que avistaram o professor. Bufaram e entraram na sala novamente. Kaori queria mesmo procurar Tsuki. Sabia do jeito da irmã e que quando ela ficava com raiva... Até o capeta corria.

Karyuu aproveitou a distração do professor que estava resmungando com os alunos e saiu da sala de fininho, com a intenção de procurar Tsuki.

A aula procedeu normalmente, chata como toda aula de História. O professor falava de história americana a libertação da América. Kaori revirava os olhos a cada explicação “detalhada” do professor, que cuspia entre suas explicações, para o pavor dos alunos das primeiras carteiras. Vendo a carteira vazia, lembrou-se da irmã. Ela estaria tendo um ataque numa hora dessas. “Com todo o direito.” Pensou dando um sorriso discreto enquanto olhava pela janela, encostada na parede.

Gom, que sentava ao seu lado nas últimas carteiras, observou a morena suspirar. Imaginou se ela poderia estar um pouco sem jeito por causa do “acontecimento” de minutos atrás. Sabia que ele estava. Por que ela também não estaria? Mas enfim, por que ele estava preocupado em como ela tinha reagido àquilo? Era só uma brincadeira, certo? Eles não sentiam aquilo, certo? CERTO? Bufou. “Tá, certo.” Por um segundo se sentiu um idiota, discutindo consigo mesmo na própria cabeça. E mais patético ainda, acabou perdendo. Bem que nunca ganhara uma discussão com nenhuma das garotas, principalmente com Kaori.

Ambos foram despertados de seus pensamentos quando o professor soltou uma enxurrada com a última explicação, arrancando reclamações dos demais alunos e risos ou caras de nojo dos que estavam em áreas mais seguras. Gom aproveitou o momento para tentar quebrar o silêncio que tinha se formado entre ele e Kaori desde o começo da aula.

— Esse professor podia vir com aquelas máscaras, não é mesmo? Ou pelo menos podiam autorizar, ou melhor, aconselhar os alunos a trazerem capas de chuva — a piada dele, mesmo tendo sido falada baixo, foi ouvida por outros alunos que sentavam por perto, incluindo algumas meninas, que riram abertamente. Elas sempre riam das piadas do Gom, por piores que fossem. E eram. Muito ruins. Gom ignorou-as.

— O que acha, Kaori-san? — perguntou com seu sorriso que faria qualquer garota derreter. Ao contrário da reação que esperava da amiga, ela nem ao menos desviou o olhar para ele.

— Acho que poderia dar essa aula duas vezes melhor e mais animada e não desperdiçando toda a “água” que ele desperdiça — respondeu secamente a garota. Não estava mentindo. Com todo o tempo jogado de Assassin’s Creed, considerava-se especialista em Revolução Americana, Renascença, entre outros.

— Também, com todo o tempo que você passa jogando aquele jogo, deve ser uma especialista nesses assuntos de revolução e coisa parecida — o garoto de cabelos escuros disse-lhe sorrindo descontraído. Mesmo não demonstrando, aquilo acabou surpreendendo Kaori. Sempre odiou que ele a conhecesse tão bem. Soltou um suspiro irritado para o lado. Endireitou-se e virou-se para Gom, com um sorriso quase sádico brotando em seus lábios.

— Sabe em o que mais aquele jogo me fez especialista? — recebendo o sinal negativo do garoto com a cabeça, puxou-o pela gola da camisa e aproximou os lábios dos ouvidos dele. — Assassinatos — disse, se afastando logo depois e retornando a sua posição pensativa, escondendo um sorriso de satisfação no rosto.

Já Gom, era outra história. Seu sorriso havia desaparecido. Ele não sabia ao certo o que estava sentindo, se um frio na espinha pelas palavras da morena ou certa quentura subir ao rosto por uma aproximação tão incomum da garota. Decidiu que a primeira opção era mais apropriada, mesmo que, em sua mente, a segunda secretamente fosse a que estivesse se sobressaltando. Suspirou, livrando-se das sensações e dos pensamentos inconvenientes.

— Você é tão má quando quer Kaori — disse fazendo um biquinho e cruzando os braços. A morena continuou focada na paisagem da janela. Mesmo não vendo, já sabia a cara que ele provavelmente estaria fazendo. Riu baixo.

— Você me conhece desde que éramos crianças. Já devia estar acostumado —disse séria.

— Como alguém deveria se acostumar com patadas? — disse com falsa incredulidade.

— Assim como eu tive que me acostumar com seu “ótimo” senso de humor — deu um sorriso frouxo, olhando-o por cima dos óculos. Gom cruzou os braços mais uma vez, prestes a retrucar, quando os dois voltaram sua atenção para a porta, observando quando Karyuu entrava de fininho.

O garoto olhou para o professor virado de costas e sorriu vitorioso, achando que sua chegada discreta havia sido um sucesso, assim como sua fuga. Fez uma dança estranha de comemoração, ouvindo alguns alunos rirem. Mas antes que pudesse se sentar a voz grave do professor assustou-o:

— Olá Karyuu-kun! Que bom que resolveu se juntar a nós. Quero dez páginas sobre a Revolução Americana na minha mesa amanhã no primeiro horário como punição por ter matado metade da minha aula — Karyuu deixou os ombros caírem, parecendo derrotado e com sua expressão de choque estampada em seu rosto, enquanto toda a sala gargalhava. Virou-se, se dirigindo para sua carteira, quando o professor olhou-o por cima do ombro enquanto escrevia algo no quadro negro.

— E espero que essa escapada tenha valido a pena para vocês dois. — completou, fazendo o rosto do garoto corar violentamente enquanto toda a sala soltava um “HUUUUUUUUM” uníssono. Correu e sentou-se rapidamente no seu lugar, tentando evitar olhar para seus colegas de classe. Bufou irritado e cruzou os braços. Resmungava coisas inaudíveis quando sentiu seu celular apitar de dentro de seu bolso.

— Quinze páginas agora, Karyuu-kun — o professor disse sem nem se virar ou desviar a atenção do que estava escrevendo no quadro. Karyuu ia protestar, mas era imprescindível. Bufou irritado consigo mesmo. Sempre se esquecia de pôr o celular no silencioso. Foi olhar e viu uma nova mensagem.

"Se você tem algum amor à vida,

Melhor me dizer onde ela tá.

– Kaori"

Engoliu em seco, respondendo logo depois. “Realmente, não se pode dizer que essas duas não são irmãs. I-na-cre-di-tá-vel.” Sorriu com o pensamento.

O sinal de fim da aula tocou. As aulas por hoje tinham acabado finalmente. Kaori apressou-se em juntar suas coisas e abrir seu caminho no meio da multidão de alunos que se amontoavam na porta para saírem daquela sala. Com a pressa que estava, nem esperou por Gom ou Karyuu, que quando se deram conta, já estavam sozinhos naquela imensa escola.

Kaori ia a passos largos até o banheiro. Temia que a irmã estivesse tramando algo. Dito e feito. Quando chegou a encontrou com um pedaço de papel e um lápis, fazendo algum plano maléfico.

— O que é isso? — perguntou com uma veia saltando na testa.

— Etto... Uma folha? — nem precisou olhar pra saber que a irmã já estava a ponto de chutar-lhe as nádegas.

— Não brinque com minha paciência...

— Tá... — levantou-se e ergueu a folha na altura do peito, mostrando um desenho meio... Diferente. — Como eu disse antes, eu não vou deixar aquela brincadeira ficar por assim mesmo. Eu vou me vingar de cada um daquela sala. Nem que eu morra!

— Você vai morrer mesmo se o nosso pai descobrir — deu um tapa na cabeça da irmã. — Tsuki, ele disse que não quer problemas esse ano.

— Ele não terá problemas... Somente o pessoal da sala.

— Tsuki!

— Tá bom, tá bom! — deu-se por vencida. — Não vou fazer o meu plano. De qualquer maneira, eu teria problemas pra entrar na escola com bombas e gás lacrimogêneo.

Kaori arregalou os olhos. ‘’Por sorte ela não pensa em ser terrorista.’’ Pensou.

Saíram do banheiro conversando animadamente. Nem notaram que eram as últimas a estarem na escola. Passaram na sala para Tsuki pegar seu material que Kaori fez questão de não guardar, e foram rumo ao seu dormitório. No caminho encontraram com Karyuu e Gom. Ambos estavam escorados em um muro, conversando.

— Finalmente! — disse Gom quando notou a presença das moças.

— E aí gente? — Tsuki quase gritou. — Sentiram minha falta? Eu sei que sim — e soltou uma risada.

— O Karyuu-san sentiu... — comentou Gom. Karyuu o olhou incrédulo. Iria dar-lhe um soco se outra pessoa já não tivesse feito isso.

— Ite! — gritou o moreno com a mão no ombro. — Por que fez isso, Tsuki-san?

— Me sinto tão bem agora... Devia ter feito isso mais vezes.

— Chega vocês dois! — Kaori cruzou os braços. — Será que podemos ir? Eu não to a fim de ficar aqui a noite toda.

— Mais esta de dia, Nee-san — Tsuki comentou.

— Você entendeu!

— Ei, ei! Que tal nos divertimos um pouco? — ignorou a irmã, fazendo a mesma bufar. — Pra comemorar o segundo dia de aula!

— E o que você sugere? — perguntou Karyuu, mesmo tendo um pequeno plano em mente.

— Sei lá. Nós podíamos ir na cidade, tomar alguma coisa, dançar.

— Ou podemos nadar um pouquinho... — Karyuu sorriu.

— Nadar? — disseram os três em uníssono.

— Uau! — Tsuki estava com a boca aberta e os olhos arregalados, tamanha era aquela piscina.

— Legal né? — Karyuu sorria animado.

— Mas por que ninguém me falou que tinha uma piscina aqui!? — Tsuki olhou para os três adolescentes. — Eu poderia ter vindo nadar um pouco em vez de ficar naquele banheiro!

— Essa piscina é somente para os professores. — dizia Karyuu. — Por que você acha que ela fica no subterrâneo?

— E como você sabe sobre ela?

— Digamos que eu vim ‘’averiguar’’ a escola antes de vir estudar.

Kaori e Gom arregalaram os olhos com tal comentário. Tsuki ficou com os olhos brilhando. Finalmente havia achado alguém com a mesma mente que ela.

— E então, quem vai primeiro? — disse o rapaz olhando para as meninas.

— Nem olha para mim! — Kaori e Tsuki disseram ao mesmo tempo.

— Então quer dizer que vieram até a piscina para ficarem olhando? — Karyuu perguntou, arqueando a sobrancelha.

— Acho que isso se chama vergonha, Karyuu-kun — disse Gom com os braços cruzados e olhando insinuante para as morenas.

Tsuki pensou em meter-lhe outro tapa, mas sabia que isso só confirmaria o que Gom tinha acabado de dizer (mesmo ela não sabendo que o rubor presente na sua face e na de sua irmã não estarem ajudando nada). Com certa apreensão e sem saber o que fazer, recorreu à irmã que, por sorte, já tinha uma resposta na ponta da língua.

— Você deveria calar a boca se não tem nada pra falar, Gom. Assim não acaba falando uma idiotice dessas — disse Kaori, seca, cruzando os braços logo em seguida. Gom, já conhecendo a peça, aproximou-se da amiga.

— Ah, é mesmo? Então qual o motivo desse vermelho nas suas caras. Kaori-chan? — perguntou com um sorriso quase sádico no rosto. — Se não estão com vergonha, o que está impedindo vocês? — aproximou-se ainda mais. Kaori, mantendo-se indiferente, revirou os olhos.

— O vermelho, meu caro — disse num tom sarcástico. —, dá-se ao sol que estamos pegando agora, não sei se percebeu. E não queremos entrar, pois, como o Karyuu-kun mesmo já disse, essa piscina é somente para professores. E alguns de nós têm ordens restritas para não arrumar confusões esse ano — olhou discretamente para Tsuki, que cruzou os braços, irritada.

— Kaori-chan... — começou Gom, rindo um pouco. — Você se esqueceu de que estamos no subterrâneo?

— Mesmo assim! — disse com os olhos fechados, fazendo seu rosto ficar mais vermelho. — Você entendeu.

— Claro...

— Beem... — começou Tsuki, dando alguns passos para trás, nem notando que Karyuu a seguia. — Eu acho que já vou indo então.

— Ah, meu deus! Uma barata! — gritou Karyuu, na intenção de assustar a moça. Não sabendo ele que Tsuki tem certo trauma.

— Ah! — a morena saiu correndo, sem nem mesmo ver se era verdade ou não. Nesse mesmo tempo, Karyuu a pegou no colo e saiu correndo, pulando com tudo na piscina.

— Seu maluco! — gritava a morena, dando tapas no rapaz, que ria incontrolavelmente.

Kaori olhava aquela cena com a boca escancarada. Sem notar que seu amigo se aproximava dela com as mesmas intenções de Karyuu. Quando percebeu, já era um pouco tarde.

— N-nem pense nisso, Gom! — gritava a moça se afastando de Gom a cada passo que ele dava para de aproximar dela. Ela se afastava cada vez mais até a parede bloqueá-la.

O rapaz, assim que já estava a uma distância adequada da moça, parou e a encarou com o sorriso travesso, quase irônico.

— Não se preocupe, Kaori-chan... — começou o rapaz, fazendo a moça juntar as sobrancelhas. –— Eu não faria tal coisa. Não no meu juízo perfeito.

Ao escutar essas palavras, Kaori soltou os ombros e suspirou aliviada. Até Gom se pronunciar novamente.

— Mas... Eu não estou no meu juízo perfeito — falou por último, pegando a jovem no colo e correndo para a piscina.

Assim que sentiu a água gelada batendo no seu corpo, um arrepio desceu-lhe a espinha. Gom, que ainda estava debaixo d’água soltava bolhas com a boca, tentando fazer a moça rir. Essa somente afundando a mão e o puxando pelos cabelos.

— Somente um aviso. — puxou o cabelo do rapaz para trás, fazendo seu corpo inclinar. — Se fizer isso de novo... És un hombre muerto — preferiu dizer em outra língua, mesmo não gostando muito de espanhol, mas assim Gom teria um pouco de dificuldade para entender... Mas entenderia algum dia.

Tsuki, que até agora estava tentando matar Karyuu, parou ao notar a indiferença de Kaori. Tudo bem, afinal, o ser que a fazia ficar desse jeito era Gom. Sempre foi. Geralmente, seu número de patadas variava entre uma ou duas por dia. E, pelo jeito que Gom ficou, essa deveria ser a terceira. Algo a estava incomodando. E Tsuki descobriria, mais cedo ou mais tarde.

Passaram cerca de duas horas naquela piscina. Ficariam mais se não escutassem algumas vozes estranhas... E também se Tsuki não desse um ataque, dizendo que havia fantasmas. Quando finalmente saíram, já era tarde da noite. Provavelmente nem o zelador estava acordado. Mas os quatro jovens estavam longe de sentir sono. Estavam tão animados com a nova descoberta. Era uma pena que não podiam dizer a ninguém. Mas mal podiam esperar para irem lá novamente. Até mesmo Kaori estava um pouco animada para nadar novamente... Mesmo que à força.

Os quatro depois de darem algumas voltas na escola, resolveram sentar em uma pequena pracinha, com bancos e mesas feitas de argila. Tsuki estava de frente para Karyuu, ao lado de Kaori. A mesma na frente de Gom.

— Eu ainda não estou acreditando! — dizia uma das morenas, tamanha era sua alegria. Se sorrisse mais sua boca rasgava. — Gente, nós descobrimos a piscina dos professores!

— Tecnicamente foi eu quem a encontrou... — comentou Karyuu, sorrindo divertido.

— Tanto faz... — retrucou balançando a mão.

— Eu ainda não acredito que estou aqui. — começou Kaori, arrumando seus óculos. — Em apenas dois dias eu quebrei duas regras da escola.

— Duas? — perguntou Gom.

— Mexer nos bens matérias da escola e não ir ao dormitório no término das aulas.

— Você é careta de mais, Nee-san! — brincou Tsuki, dando um leve tapinha nas costas da irmã. — Poxa, estamos na adolescência, temos que aproveitar enquanto podemos!

— Ela tem razão, Kaori-chan. — disse Karyuu. — Às vezes é bom quebrar as regras.

— Fale por si mesmo. Eu não me sinto bem fazendo isso — cruzou os braços.

Com a atitude da morena, Gom soltou uma pequena e discreta risada. Não sabia como, mas sempre se sentia feliz ao lado da morena, mesmo ela dando suas ‘’investidas’’. Sabia que, no fundo, ela apenas queria se enturmar mais, mesmo não demonstrando.

— Gente, alguém sabe que horas são? — perguntou Kaori, descruzando os braços e olhando para os jovens com os olhos meio arregalados.

— Meia-noite e meia, por quê? — disse Karyuu.

— MEU DEUS! — gritou Kaori, se levantado com tudo do banco. — Vocês se esqueceram de que temos aula amanhã!?

— Aulas... — murmurou Tsuki. Só então entendo o que a irmã queria dizer. — AULAS! Meu deus! Eu não vou conseguir levantar amanhã! Quer dizer, não vou conseguir levantar hoje!

Gom e Karyuu se entreolharam e deram de ombros. Achavam sim desnecessário o desespero das meninas. Era somente o terceiro dia, a maioria dos professores nem havia passado matéria. Nem haviam recebido os livros.

— Moças, sua preocupação é completamente desnecessária — disse Gom, tentando ser engraçado.

— Concordo com o Don Juan — brincou Karyuu, rindo logo em seguida.

— Vocês podem não ligar, mas nós sim! — falou Tsuki, seu semblante sério, mas ao mesmo tempo desesperado. — Se meu pai vir aqui eu vou morrer!

— E eu não quero chegar atrasada! — disse Kaori, sua feição séria... Até notar algo no céu.

Tsuki percebeu o olhar assustado da irmã e olhou para o mesmo lugar que ela. Ao notar aquele ser estranho direcionar sua visão pra eles e, de alguma forma, abrir um sorriso, de alguma maneira sentiu algo formigar em seu peito. Não daria atenção a isso no momento. Aquela coisa estava vindo na direção deles. E, se não fizesse algo...

— Gente! — gritou Kaori, assustando a todos. — Vamos apostar uma corrida!?

— Nani? — disseram Gom e Karyuu. Tsuki olhou para a irmã totalmente confusa. A mesma olhou para ela e deu uma leve piscadela.

— Vamos lá! Quem chegar por último é um Zé Mané! — falou puxando Gom e Karyuu pelas camisas. Ambos a olhando assustados.

— Mas apostar sem dinheiro não tem graça! — falou Karyuu, se soltando da moça. — Que tal... Cinquenta dólares?

— Dólares!? — gritou Tsuki. ‘’Seu maldito, se visse o que está vindo na nossa direção sairia correndo e gritando!’’ Pensou a morena. — Q-que seja! Agora vamos!

Com isso saíram em disparada. Tsuki parecia uma gazela correndo. Kaori não sabia se olhava para trás ou para os meninos, que riam divertidos.

— Mas o que deu em você, Kaori-chan? — falou Gom, tentando alcançar a morena.

— Como a nee-san disse, é bom um pouco de diversão de vez em quando! — respondeu, correndo um pouco mais rápido. — Agora tenta me alcançar!

— Okay!

Tsuki de alguma forma não estava ligando para aquele monstro vindo na direção deles. O formigamento em seu peito aumentava cada vez mais. Nunca havia sentido aquilo. Parecia que tinha alguém a chamando. Olhou para Karyuu, notando a sua felicidade boba e inocente. De alguma maneira se sentiu protegida.

— Karyuu-kun! — o chamou. — Vai me dever cinquenta dólares!

O rapaz a olhou sorrindo malicioso e logo depois respondeu:

— Veremos! — e saiu em disparada, ultrapassando a morena.

Kaori, vendo que aquilo não adiantaria em nada, resolveu pelo menos ajudar alguém na vida.

— Meninos, vamos no separar! Assim fica mais engraçado! — gritou indo na contrária, com Tsuki ao seu lado. — Você vai com eles!

— Nem vem! — disse a morena. — Estou contigo para sempre!

Kaori, ao ouvir aquilo, se sentiu aliviada. Sua irmã foi a única que não a abandonou... Assim como Gom.

— Tudo bem...

— Vejo vocês depois! — gritou Tsuki. Os rapazes acenaram e entraram em um corredor.

As duas continuaram correndo. O monstro podia estar atrás delas, mas também podia ter ido atrás dos meninos.

— O que nós fazemos!? — gritou Tsuki.

— Me deixa pensar... — disse Kaori apreensiva. Sabia que não podia lutar com algo daquele tipo, ainda mais por não saber o que era aquilo. Resolveu olhar para trás, justamente no momento em que aquela coisa surgiu em sua vista.


O monstro hesitou por um momento, fazendo o coração de Kaori descompassar-se por um segundo. “Se o monstro for atrás deles, sendo que eles não podem nem ao menos o ver...”. Foi tirada de seus pensamentos bruscamente quando o rugido daquela coisa ecoou por seus ouvidos, enquanto ele agora se dirigia em sua direção.

Tsuki virou-se para trás assim que ouviu o grito ensurdecedor, vendo o monstro se aproximando cada vez mais. Sentiu as pernas ficando cada vez mais fracas, mas ignorou o sentimento. Iria ser forte, devia ser forte, como sempre foi. Mais uma vez, um rugido ecoou por seus ouvidos, à medida que aquela criatura se aproximava. O desespero foi começando a tomar conta das morenas.

— Nee-san! Diga-me que já pensou em alguma coisa! — gritava Tsuki, encarando a irmã com certa ansiedade. Kaori continuava a concentrar seu olhar naquele monstro. De certa forma, não queria olhar para a criatura horrenda, mas ao mesmo tempo algo puxava sua visão naquela direção.

Ao olhar mais uma vez o monstro, percebeu o mesmo vulto que havia visto antes passando ao longe. Sentiu um calafrio por um momento, até que percebeu algo a chamando.

— NEE-SAN! — gritava Tsuki impaciente. Kaori direcionou-se para frente e, juntando o resto de suas energias, segurou a irmã pelo braço e apertou o passo.

— Vem! Vamos voltar pro dormitório! — disse, num tom sério, correndo cada vez mais rápido.

— Tá louca?! — gritou Tsuki, soltando-se da mão da irmã. — Já pensou no estrago que aquilo pode fazer lá?!

— Então você prefere ficar num lugar completamente aberto com essa coisa chegando cada vez mais perto? — disse Kaori, impaciente e, ao mesmo tempo, com certa frieza. Tsuki calou-se por um momento, bufando logo em seguida. Realmente, não dava pra discutir com essa lógica. E nem com sua irmã, não quando ela falava com tal frieza.

Kaori não gostava quando tinha que falar daquela maneira com a irmã, mas pelo menos falando daquela forma a irmã não a questionaria. Ela não fazia de propósito, simplesmente não conseguia agir calmamente com a possibilidade de perder alguém em sua mente, principalmente alguém que ela amasse tanto quanto sua irmã.

Finalmente elas avistaram o prédio dos dormitórios, apertando o passo nesses últimos metros. As garras do monstro estavam a apenas alguns centímetros das garotas quando ele se chocou contra o arco que havia na entrada da área dos dormitórios. Por um momento Tsuki e Kaori pararam e viraram-se para ver o que tinha acontecido, suspirando aliviadas... Mas não por muito tempo. Apressaram-se ao dormitório assim que viram aquela coisa levantando-se.

Seguiram seu rumo até seu quarto, esperando que aquela coisa não as seguisse até lá. Decepção. O monstro saiu derrubando tudo em seu caminho, árvores, colunas. As pessoas saíam dos dormitórios assustadas e atordoadas. Não faziam ideia do que estivesse acontecendo.

As duas morenas corriam no meio de todas aquelas pessoas aterrorizadas. No fundo, perguntaram-se se eram as únicas que podiam o ver. Finalmente, chegaram a seu dormitório. Haviam saído cruzando, cortando e costurando enquanto corriam, querendo de alguma forma tirar aquela coisa de perto das pessoas. Em compensação, tiverem que dar quase duas voltas pelos dormitórios enquanto as pessoas fugiam.

Assim que conseguiram entrar no seu quarto, ouviram os sons emitidos pelo monstro se distanciando. Chegaram a pensar que ele havia se cansado ou que não entraria ali. Erradas... De novo! O monstro começou a quebrar seu caminho para dentro do edifício. Quando as duas finalmente chegaram no quarto, Tsuki, que foi a última que entrou, fechou a porta e a trancou.

— Você realmente acha que isso vai adiantar alguma coisa, criatura? — disse Kaori, incrédula com a idiotice da irmã.

— Aah, mas... Quem sabe ele... Mas e se ele... AAAAH FODA-SE! — gritou Tsuki irritada.

— Nossa, que classe — retrucou Kaori, revirando os olhos.

— Estamos sendo perseguidas por um monstro que só nós podemos ver e você ainda quer pensar em classe?! — gritou Tsuki, irritando-se cada vez mais. Ela estava usando sua irritação para encobrir o medo. Não fazia ideia do que era aquilo e nem o que fazer. “Isso TEM que ser uma alucinação!” Mas como poderia?

Kaori não estava muito diferente, a única diferença era que Kaori encobria seu medo com seu sarcasmo e sua frieza. Não queria parecer com medo, mas estava. Assim como Tsuki, não sabia o que era aquela coisa, nem porque aquilo estava as perseguindo e nem porque só elas podiam o ver. Sentia-se impotente. Inútil. Não podia fazer nada para salvar sua irmã. E nem ela mesma.

Subitamente, ouviram o monstro chegando mais perto e mais perto. Sentiram um arrepio subindo pela espinha. Ao rugido do monstro, Kaori teve uma ideia.

— Tsuki, vá para o canto do quarto e se agache! — antes que Tsuki pudesse protestar – o que já estava se preparando para fazer –, Kaori emendou. — AGORA!

A morena fez como sua irmã havia pedido, foi ao canto do quarto e abaixou-se, ficando ao lado da cama, protegendo-se com uma poltrona que havia puxado para a frente de si. Kaori fez o mesmo, indo à outra ponta da cama e removendo a cômoda que lá havia e ficando atrás da mesma.

Assim que haviam se posto em posição, o monstro começou a quebrar as paredes daquele corredor, fazendo estilhaços voarem para todos os cantos. Parte do teto do quarto havia ido embora junto, assim como grande parte da parede da porta.

— Eu te disse que a tranca não iria funcionar, Nee-s... — não pôde terminar a frase, pois um grito soltou-se de sua boca, com mais e mais estilhaços voando para todos os lados.

— Fique abaixada! — gritou Kaori, tentando proteger-se atrás da cômoda. O monstro começou a adentrar o quarto assim que notou a presença das garotas ali. Foi aproximando-se devagar de Tsuki, fazendo o sangue de ambas gelar. Kaori começou a se culpar. Sentia como se houvesse levado a irmã para uma armadilha, de onde ela não poderia sair. Por mais que tentasse concentrar-se numa forma de sair, o medo de perder a irmã não permitia. Se pelo menos tivesse uma forma de fazê-la sair... Foi quando teve um estalo.

— Nee-san... Tá vendo a janela ali perto do armário? — perguntou baixo. Tsuki virou lentamente seu rosto na direção do da irmã, vendo ao que ela estava se referindo. Acenou com a cabeça que sim.

— Então, quando eu mandar, você pula pela cama, vai até lá e pula. — falou Kaori, no tom mais sério que conseguiu. — Assim que sair, comece a correr o mais rápido que puder. Assim que essa coisa se perder de você, procure os meninos.

Analisando o que a irmã estava falando, não era um longo trajeto, mas levando em conta a distância que estava daquela coisa, sabia que deveria ser rápida. Mas isso não importava.

— Tá louca?! Mas e se for muito alto? — respondeu Tsuki, indignada com a ideia da irmã.

— Não vai te matar, diferente dessa coisa — disse seca a morena de óculos. Tsuki hesitou um pouco.

— Mas e você? — perguntou baixo.

— Eu vou bem depois de você — Kaori respondeu com um pequeno sorriso forçado.

— Mentira! — retrucou Tsuki. — Se você fosse mesmo, você não falaria para eu procurar os meninos, falaria que deveríamos correr até essa coisa se perder da gente, para aí procurarmos eles!

— Não discuta comigo, Tsuki! Se formos nós duas, ele não iria se perder de nós. Iria nos caçar até nos pegar. Ele não desistiu até agora, por que desistiria mais para frente? — respondeu Kaori, um pouco irritada. Suspirou — É melhor uma sair viva daqui... do que nenhuma.

— NÃO QUERO SABER! Eu já te disse, Nee-san, estou com você até o fim! — gritou Tsuki com os olhos molhados. Mal sabia ela, mas sua irmã estava da mesma forma. “Idiota cabeça-dura...” Pensou Kaori com um sorriso triste nos lábios. Ouviram aquela criatura aproximando-se mais e mais. O monstro lentamente levantou suas garras, pronto para dividir o resto do quarto em dois, incluindo as duas garotas.

Um último rugido, antes do fim inevitável e, depois, silêncio. Nada mais do que o silêncio...

... Silêncio até demais.

Lentamente, ambas as garotas começaram a abrir seus olhos, deparando-se com um estorvo em suas frentes. Um rapaz alto de cabelos alaranjados, trajado totalmente de preto, segurava em suas mãos uma espada enorme. Aquela justa espada, que havia parado as garras do monstro, pouco antes que conseguisse fazer o previsto estrago.

— Você causou um belo estrago, não foi, seu maldito? — disse o rapaz de cabelos repicados, girando sua espada e cortando o monstro ao meio de cima a baixo, com uma rapidez quase impossível de acompanhar. As duas garotas continuaram no chão, Tsuki boquiaberta, impressionada com a habilidade do rapaz, enquanto Kaori o olhava com certa... Desconfiança.

À medida que o monstro se desfazia em milhões de partículas diante de seus olhos, o garoto virava em direção às morenas. As duas começam a levantar-se lentamente. Kaori começa a tomar o passo a frente, indo em direção ao jovem. Ele encheu o peito.

— Não precisam agradecer — disse o jovem, querendo passar um ar humilde e nobre.

— Não se preocupe, eu não ia. — retrucou Kaori friamente. — Eu queria fazer uma pergunta — completou. O rapaz revirou os olhos, cruzando os braços, irritado. “Grossa.” Pensou consigo mesmo.

— Se for sobre meu nome, eu me cham.. — foi cortado novamente.

— Não é isso também — retrucou novamente a morena de óculos. Tsuki observava a cena tentando não rir da cara do rapaz. “Nee-san do mal”. Pensou depois da segunda patada levada pelo garoto de cabelos alaranjados.

— Quanta grosseria! Ingrata! Não agradece e nem quer saber o nome do seu salvador?! — gritou o garoto indignado. Kaori simplesmente revirou os olhos, cruzando os braços abaixo do busto.

— Não é que não esteja agradecida... O que eu não disse que esteja. Mas acho importante você me dizer o que foi isso que nos atacou — retrucou a morena, ainda no seu tom seco. O rapaz olhou-a e vendo seu tom sério, começou a explicar.

— Hollow, entendo... Bom, obrigada — disse Kaori, pensativa, após a explicação. O jovem afagou os cabelos laranja timidamente.

— Não foi nada. Derrotar Hollows é o meu dever — disse ele.

— Eu não te agradeci por isso, te agradeci pela explicação — retrucou mais uma vez Kaori, seca, olhando por cima dos óculos. Ao ouvir isso, todo o autocontrole de Tsuki foi embora. A mesma desabou no chão rindo da cena. Uma pontinha de pena do rapaz veio, mas não era o suficiente para fazê-la parar de rir.

O rapaz bufou. Seu descontentamento com as respostas da morena eram evidentes. Ignorando o ataque de risos de Tsuki ao fundo, Kaori continuou:

— Mas então. Você disse que matar Hollows é o seu dever. O que você é então? — indagou ao rapaz, mais uma vez. Esse, por sua vez, ficou um pouco relutante ao responder, com medo de levar outra patada.

— Superman! Acertei?! — gritou Tsuki, do outro lado do cômodo, ainda se recuperando do último ataque de riso. Kaori revirou os olhos, tampando o rosto com a palma da mão. O rapaz olhou-a com dúvida. Não sabia se ela estava brincando ou falando sério. Olhando para a morena perto de si, concluiu que já era algo comum.

— Eu sou um Shinigami — disse o rapaz, ignorando o comentário de Tsuki. Ambas as morenas se entreolharam sutilmente. “Deus da morte?”.

Pensamento de Tsuki: “Que massa!”

Pensamento de Kaori: “Quando esse aí fugiu do hospício?”

— Hm... Entendo — disse Kaori, pensativa. Virou-se, indo em direção à cômoda, dando as costas ao shinigami. O mesmo, achando que tinha escapado pelo menos dessa explicação sem uma resposta mal-educada, achou que seu trabalho ali estava feito. Estava indo embora quando algo o agarrou pelo braço, fazendo-o virar-se um pouco assustado. Deu de cara com os olhos castanhos de Kaori. A mesma segurava algumas bandagens e curativos.

— Para que isso? — perguntou o shinigami, arqueando a sobrancelha.

— Para o seu braço — disse a morena timidamente, olhando para baixo, em direção ao machucado, que sangrava. O shinigami parecia nem ao menos ter percebido o ferimento, causado pelo Hollow quando ele foi pará-lo.

— Não foi nada — disse o jovem, sorrindo calorosamente, fazendo Kaori corar um pouco. O rapaz já estava dirigindo-se à saída quando Kaori pronunciou-se novamente.

— Ei, Shinigami! — disse Kaori, continuando assim que o rapaz virou-se para olhá-la. — Obrigada — disse finalmente, abaixando o rosto, a fim de deixá-lo fora do alcance de visão do rapaz. Ele sorriu, partindo finalmente. Tsuki levantou-se e aproximou-se da irmã por trás.

— Nee-san, vou contar para o Gom que você fica azarando os caras — falou baixo perto do ouvido da irmã, que reagiu dando uma bela cotovelada na boca do estômago de Tsuki, que caiu ajoelhada.

— Calada — disse Kaori de mau humor, ajeitando os óculos no rosto.


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Notas finais do capítulo

Kaori: Bom, isso é tudo pessoal! - Ending A la Acme-
Tsuki: Espero que tenham gostado, pq minhas mãos estao enfaixadas MUAHAHA
Kaori: Só as suas?
Tsuki: A suas tmbm... Maas mudando de assunto....... Heeehehehe Primeiro o gom dps o Ichigo?? Meu deus... Tem que ser menina direita que nem eu
Kaori: Cala a boca!! E desde quando você é "direita" nee-san? ¬¬
Tsuki: Desde ... Esquece... Não mude de assunto!! Vou contar pro Gom, viu nee-san? MUAHAHAHAHAHAH
Gom: Contar o que pra mim? '3'
Kaori: NADA!! Se manda daqui infeliz! Ò_Ó
Gom: -forever okay-
Tsuki: Tadinho nee-san... MAS ENFIM!! Pessoal, mandem review MUAHAH... eu sobrevivo por causa deles!
Kaori: E minha paciência também... e_e porque essa ai acaba com ela quando fica sem reviews ¬¬
Tsuki: MUAHAHAH... Mas tu sobrevive pro causa de oooutras coisas tumem :3
Kaori: Que coisas? Aah, esquece. Sei que nao vai sair coisa boa da resposta
Tsuki: Nao mesmo kkk... Ja ne Minna!! õ/
Kaori: Ja ne o/