Rachel acordou em seu quarto com frio, onde ainda estava escuro. Sentiu que o cobertor estava no pé da cama, então se cobriu novamente. Olhou para o relógio e viu que eram 5:13 da manhã. Só teria que acordar para a escola duas horas mais tarde, então tentou voltar a dormir. Fechou os olhos e ficou quieta, mas não conseguia. Quando abriu os olhos de novo, eram 5:30. Suspirou, e se levantou. Andou até a janela e ficou olhando para a rua iluminada pelos postes.

Ela conseguia ver a escola de onde estava. Não era longe, conseguia ir a pé até lá, mas nunca gostou de andar e tinha um carro que ganhou de seus pais, então não via problema algum em ir dirigindo.

Ela tinha se mudado para Lima há pouco tempo, então não conhecia ninguém na vizinhança e nunca tinha visto ninguém também, só alguns velhos. Olhou para a casa da frente. Era uma casa muito bonita, provavelmente de alguém rico. Ficou olhando para a casa até que uma janela se abriu. Alguém estava fazendo a mesma coisa que Rachel. Alguém não estava conseguindo dormir e resolveu olhar para a rua.

Ela não conseguia ver o rosto da pessoa, e a pessoa provavelmente também não via o rosto de Rachel. A luz dos postes deixava apenas uma pequena silhueta do rosto da pessoa, mas ainda não reconheceu quem era.

Resolveu levantar a mão para ver se a pessoa conseguia vê-la. Levantou e ficou com ela no ar por um tempo, até que a iluminação dos postes deixou claro que seu vizinho ou sua vizinha também levantou a mão. Ela sorriu. O sono voltou para ela, e deu uma olhada no relógio. Ainda eram 5:51, tinha tempo para dormir em paz.

Levou a mão para o alto novamente e a balançou, tentando se despedir da pessoa. Ela conseguiu ver que a pessoa fez o mesmo. Então ela sorriu mais uma vez, fechou a janela e voltou para sua cama, para dormir mais um pouco. Tentaria descobrir quem é a pessoa amanhã.

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Quinn sempre teve problemas para dormir. Desde que nasceu, ia dormir muito tarde e acordava muito cedo. Essa noite, aconteceu mais uma vez. Acordou no meio da noite, sem motivo algum. Se cobriu melhor e tentou voltar a dormir, mas não conseguiu. Pegou seu celular que estava ao seu lado e viu as horas: 5:20. Suspirou e ficou na internet pelo celular um pouco, mas se cansou. Olhou a hora novamente. 5:39.

Resolveu passar o tempo na janela. Sabia que ia demorar um pouco para voltar a dormir. Abriu a janela e ficou olhando para a rua, e percebeu que havia alguém olhando para ela na casa da frente.

Alguém havia se mudado para lá há pouco tempo, semana passada pelo que Quinn se lembrava. Sua mãe sempre dizia que iriam conhecer os novos vizinhos, mas ou ela estava trabalhando ou fora de casa ou cansada demais. E Quinn não iria sozinha. Então não teve a chance de conhecer os novos vizinhos ainda.

Pela luz da rua, conseguiu ver que era uma menina. Mas não estava muito claro. Depois de um tempo olhando para ela, ela levantou uma das mãos. Quinn não entendeu no começo, mas também levantou a mão, e conseguiu ver que a menina sorriu. Quinn sorriu também.

Um tempo depois, a vizinha levantou a mão, mas a balançou dessa vez. Provavelmente estava com sono. Quinn fez o mesmo. E então, a garota fechou a janela e desapareceu.

Quinn continuou ali. Olhou mais um pouco para a rua, mas estava ficando com frio e resolveu se deitar também. Voltou para a cama, se cobriu e fechou os olhos. Iria pedir para sua mãe ir com ela conhecer os novos vizinhos amanhã.

Acordou de novo, mas dessa vez com o barulho do despertador. Abriu os olhos devagar e desligou o despertador. Se levantou e foi ao banheiro para se arrumar para a escola. Pegou uma mecha de cabelo e fez uma pequena trança, adorava fazer isso. Voltou para o quarto e vestiu uma blusa azul e branca, e uma saia branca.

Desceu as escadas e viu sua mãe lendo o jornal na mesa. Logo se lembrou de que gostaria de conhecer os novos vizinhos, então disse:

- Mãe, vamos fazer alguma coisa hoje?

- Acho que não querida, por quê? – Ela respondeu, sem levantar os olhos do jornal.

- Lembra que você disse que iríamos conhecer os novos vizinhos algum dia? Então... Vamos hoje?

Sua mãe olhou para ela e dobrou o jornal.

- Claro, pode ser. Estou de folga hoje mesmo. Mas aconteceu alguma coisa para você querer ir? Antes você não queria.

- Ah eu.. Mudei de ideia. – Quinn inventou uma desculpa. Sim, ela não queria ir no começo, mas ela ficou curiosa para saber quem era sua vizinha.

- Tudo bem então. Vai comer alguma coisa?

Quinn confirmou com a cabeça e se sentou. Ao terminar de comer, ela se levantou e pegou sua bolsa.

- Q, você pode ir com o carro hoje, não vou usar ele. Qualquer coisa eu uso o do seu pai.

Quinn sorriu e se despediu da sua mãe, murmurando um ‘obrigada’. Pegou a chave do carro e dirigiu até a escola. Chegando lá, foi direto para seu armário pegar o que precisaria para a primeira aula, Ciências. Pegou seu caderno e seu livro e fechou o armário, dando de cara com Rachel, que estava sorrindo olhando para ela.

- Oi Quinn!

- Oi Rachel, precisa de alguma coisa? – Perguntou Quinn bobamente. Ainda não tinha se acostumado com a presença de Rachel.

- Claro que não, bobinha. Vim te acompanhar até a sua aula. – Respondeu Rachel, juntando seu braço com o de Quinn. – Qual é a sua?

Quinn demorou um pouco para responder, porque tudo o que ela disse ainda estava processando no cérebro dela.

- Ah é.. Ciências. É, Ciências.

- Que pena, a minha é Matemática. Mas você precisa me falar onde é a sala de Ciências e a de Matemática também de preferência. Ainda estou meio perdida nessa escola.

- Claro, ahn, a de Matemática é essa, e a de Ciências é a terceira. Você pode ir, eu vou sozinha mesmo.

- De jeito nenhum! Eu disse que ia com você, então eu vou com você. A não ser que você não me queira por perto, nesse caso eu... – Disse Rachel, começando a soltar seu braço do de Quinn.

- Não, que é isso, eu adoro você por perto! – Disse Quinn, juntando seus braços novamente. Só depois de um tempo que percebeu a besteira que tinha falado, e gostaria que a terra a engolisse.

- Então ta, eu vou com você. – Disse Rachel sorrindo ao ver que Quinn ficou vermelha.

Andaram um pouco em silêncio. Quinn estava em silêncio porque estava nervosa e não sabia o que dizer. Rachel estava porque não tinha nada para falar. Nenhuma das duas percebiam os mesmos olhares que Quinn e Puck recebiam. Os olhares que diziam “Porque essa Cheerio está andando com essa nerd?”, “O que será que essa nerd fez para a Berry andar com ela?” ou então “Coitada da Berry, não sabe com quem anda. Alguém deveria falar para ela que nerds não são boa companhia. Pelo menos ela é gostosa”.

Até que Rachel percebeu. Estava sorrindo e segurando o braço de Quinn, como se ela fosse escapar, e viu o jeito que uma das Cheerios, Allison, estava olhando para ela, como se tivesse visto uma coisa extremamente anormal. Olhou para ela e a encarou, até que ela desviou o olhar. Rachel olhou para os outros e viu que olhavam do mesmo jeito. Ela franziu a testa e arrumou seu braço que estava entrelaçado com o de Quinn, deixando claro que não iria deixá-la.

Rachel não era burra, sabia que ninguém gostava de Quinn, apenas um ou outro. Já Rachel, realmente gostava dela. Ela a ajudou no primeiro dia de aula. É claro que qualquer um teria feito isso, mas ela sentiu uma conexão com Quinn, algo que não conseguia explicar. E ela já percebeu como as bochechas e nariz dela ficam vermelhos quando Rachel fica perto demais ou a elogia, o que ela acha uma graça.

Ela se sentia mal quando faziam algum comentário maldoso sobre Quinn. Finn falava dela bastante. Falava não, zoava. Ela ficava brava, pois Quinn foi uma boa pessoa com ela, mas não falava nada. Quando ela foi para o vestiário no treino das Cheerios, ouviu algumas delas falarem: “Por que a Fabray está aqui? Nerds não vem aqui”, e Rachel não falou nada para não criar problemas, mas ficou irritada.

Chegando à sala de Quinn, Rachel soltou o braço dela.

- Então... Até o intervalo. Ah, qual é a sua próxima aula? – Rachel perguntou.

- É aula dupla hoje. E depois eu tenho Espanhol.

- Ah, então no intervalo vejo se consigo falar com você de novo. Vou indo pra minha sala. Tchau, Q! – Rachel se despediu com um pequeno aceno, se virou e foi para a aula de Matemática.

Quinn sorriu ao ouvir o apelido. Se virou e entrou na sala. Se sentou ao lado de Mercedes, e ficaram conversando até o professor chegar.

Enquanto isso, quando Rachel estava indo para sua sala, Allison, que estava do outro lado do corredor conversando com Sam, foi correndo na direção de Rachel.

- Rachel! O que foi aquilo?

Rachel se virou e olhou confusa para Allison.

- Aquilo o quê?

- Você e a Faloser!

- Faloser...?

Allison a olhou com uma expressão irritada, e disse como se tivesse nojo do nome:

- A Fabray.

Rachel revirou os olhos.

- Aquilo, se chama amizade.

Allison olhou para ela como se algo estivesse errado com ela.

- Amizade? Você não deveria ter amizade com uma nerd. Você deveria ter amizade com alguém popular, alguém como eu. Como Santana. Como um dos garotos do time.

Rachel não acreditava no que estava ouvindo. Ela achou que seriam apenas olhares, nada além disso. Mas Allison estava discutindo com ela?

- Allison, eu sei escolher muito bem as minhas amizades, muito obrigada.

- Aparentemente não, não sabe. Olha, Rachel, só estou tentando te ajudar. Ser amiga da Fabray não vai te ajudar em nada.

- Eu não preciso de ajuda. Não é você quem escolhe minhas amizades. – Disse Rachel, finalmente dando as costas para Allison e indo para a sala de Matemática.

Rachel deu alguns passos e não ouviu nada, até que escutou Allison gritar:

- Eu te mostro a diferença entre nerds e populares hoje, e quem sabe você aprende.

Rachel fingiu que não ouviu, e continuou andando. Ao chegar na sala, foi até o fundo da sala e se sentou ao lado de Brittany, que percebeu que Rachel estava diferente.

- O que aconteceu, Rachel? Você não chegou aqui sorrindo como se tivesse visto um unicórnio hoje.

Rachel sorriu levemente para Brittany, e respondeu:

- Nada. Só estou cansada.

Brittany balançou a cabeça, mostrando que havia entendido, e deu um leve sorriso para Rachel. Mas não tirou a expressão preocupada do rosto.

Rachel suspirou, e abriu seu caderno. Ficou riscando uma folha do final até o professor chegar. Estava um pouco preocupada com o que Allison poderia fazer, pois todos sabiam de uma coisa.

Uma líder de torcida é capaz de fazer qualquer coisa.