Apenas Amigos. escrita por Yang


Capítulo 28
Café amargo.


Notas iniciais do capítulo

A fic tá acabando gente, faltam pouquíssimos capítulos! Obrigado a todos que continuam acompanhando!



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Leandra servia um pouco de café na xícara azul de Júlia, enquanto a garota apertava as mãos uma contra a outra. Estava nervosa e não entendia o porquê. Olhou para o relógio da parede diversas vezes, como se esperasse pelo milagre de Apolo aparecer ali e acabar com toda essa cena. Não é que ela sinta-se desconfortável com a presença de Leandra ali, mas só pelo fato de imaginar o possível assunto que ela queira conversar, a assustava.

– O café está ótimo. – comentou Júlia.

– Obrigada. – agradeceu Leandra ao elogiou enquanto soltava os grampos do cabelo, fazendo belos e volumosos cachos surgir.

– Então, o que necessariamente temos para conversar? – perguntou a garota, já querendo pular a parte da cerimônia toda de tomar café com biscoitos doce.

– Sobre Apolo. – o olhar de Leandra mudou instantaneamente. Júlia permaneceu calada, apenas esperando que Leandra começasse a fazer perguntas como “o que vocês têm?”, “estão juntos?”, “já transaram?”. – Apolo está um tanto diferente Júlia... – continuou ela. A garota apenas assentiu com a cabeça, sem esboçar qualquer expressão referente à confusão do relacionamento dos dois. – Sabe se ele está se envolvendo com alguém, com alguma garota... Ou sei lá, se está bebendo, ou Deus me livre se drogando? – Leandra apavorou-se rapidamente. – Lembro que assim que eu e o pai dele nos divorciamos, ele começou a beber. Eu realmente não sei porquê ele fez isso.

– Na verdade, eu e Apolo conversamos muito pouco. – mentiu a garota.

– Não é possível! Vocês dois são melhores amigos, quase irmãos! – disse Leandra. Júlia parecia querer vomitar.

– Mas nosso tempo é tomado pela faculdade e trabalho...

– Mesmo assim, vocês moram juntos! E estudam na mesma faculdade. – replicou Leandra.

– Nossas amizades são diferentes. Andamos com pessoas diferentes. – disse Júlia.

– Isso é estupidez! – exclamou ela.

O silêncio dominou a cozinha por um tempo. Júlia tentou transparecer normalidade e então tomou um gole de café, encarando apenas o fundo da xícara. Leandra levantou-se e antes que Júlia pudesse procurar por ela, a mesma havia retornado após ter trocado de roupa.

– Talvez Apolo esteja passando por uma crise de identidade... – deduziu Júlia.

– Ele não me parece confuso sobre si mesmo. Parece confuso sobre seus sentimentos. E eu sei disso porque sou mãe dele e não quero ver meu filho sofrendo por alguma vadia. – comentou Leandra.

Júlia esperava nesse instante não ter ficado de boca aberta com aquele comentário.

– Ele até pode estar confuso sim, mas creio que não deva estar tão confuso quanto a própria garota.

– Então é mesmo uma garota? Você a conhece Júlia? – indagou Leandra.

– Não! Eu não sei de nada dona Leandra. – disse ela.

Leandra a encarou.

– Você parece saber sim, de muita coisa. – Nesse instante a porta do apartamento abriu e Júlia sentiu seu medo desaparecer ao ver Apolo.

– Júlia? Mãe? – indagou ele. – o que estão fazendo aí?

– Apenas conversando e tomando um café. – responde Leandra enquanto levantava a xícara vazia.

Apolo tornou a atenção a Júlia.

– Como fora a viagem? – perguntou ele.

– Boa... – respondeu de forma vazia.

Apolo observou as malas da garota que ainda estavam na porta.

– Quer ajuda para levar as malas para o quarto?

– Seria bom. – respondeu ela.

Ele começou a carregar as malas da garota enquanto ela levantava-se da mesa e o seguia.

Apolo deixou as malas próximas à cama de Júlia.

– Minha mãe assustou você? – perguntou ele.

– Um pouco.

– Desculpa não ter avisado.

– O que aconteceu com seu celular? – perguntou ela.

– Eu esqueci ele em casa, no modo silencioso. – respondeu.

Júlia revirou os olhos e seguiu para o banheiro, deixando Apolo sozinho.

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– O apartamento é realmente lindo meu filho. Parabéns! E esse bairro então, é muito nobre. Ainda estou perplexa por vocês terem conseguido um local tão barato e confortável. – comentou Leandra enquanto varria a sala pela décima vez no dia. Júlia estava deitada no sofá, apenas terminando de ler um livro para a prova do dia seguinte.

– Eu e Júlia tivemos sorte. – disse ele.

– Eu vou tomar um banho e fazer alguma coisa para nós comermos. – disse Leandra enquanto saia da sala.

Apolo aproximou-se de júlia e lhe entregou um papel.

– O que é isso? – perguntou ela.

– Lucas pediu que eu lhe entregasse. Ele esteve aqui ontem atrás de você.

Júlia sentou-se e fechou o livro. Abriu o papel e leu a pequena mensagem que havia ali.

Ei, desculpa por ser muito chato (as vezes). Por ser ciumento. Por fingir que não me importo, mesmo me importando muito. Por te fazer ficar brava comigo. Por,volta e meia, não te merecer… Desculpa por todas essas briguinhas chatas, por jogar coisas na tua cara.Eu só tenho medo. Tu é a melhor coisa que já me aconteceu e as vezes eu sinto que vou te perder ou que as coisas vão fugir de controle. Você pode até não entender, mas só eu sei o quanto te amar e ficar do teu lado me faz bem.”

Logo abaixo da mensagem havia um endereço, pedindo que ela o encontrasse lá no dia seguinte, depois do trabalho.

– Isso veio com aquelas flores que estão na mesa. A mamãe viu e quis enfeitar ali. – disse Apolo.

Júlia levantou-se e seguiu para a cozinha. Olhou para as flores e sorriu.

– Gosta dele? – perguntou Apolo que estava do lado dela, apenas a observando.

– Não. Mas posso aprender a gostar. – respondeu ela.

– Talvez ele seja seu “príncipe encantado” mesmo.

– Não acredito em príncipe encantado, Apolo. Acredito em homem de verdade. – replicou ela.

– Dizem que se alguém te faz bem, você não deve desistir dessa pessoa. Acho que é isso que ele tá fazendo.

– Está me jogando pra cima do Lucas mesmo? – indagou Júlia com uma expressão séria.

– Só quero o melhor pra você. E eu sei que não sou o melhor pra você. – Apolo virou-se e saiu da cozinha.

Júlia permaneceu ali, relendo o bilhete e o endereço diversas vezes. Guardou-o dentro de sua bolsa.

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– Poxa, meu último jantar com meu filho! – comentou Leandra enquanto os três jantavam.

– A senhora vai embora amanhã? – perguntou Júlia.

– Sim, amanhã de manhã. Mas pelo menos consegui ver o Apolo e você. – respondeu ela.

– Foi bom enquanto durou. – disse Apolo.

– Júlia, cuide bem desse garoto viu? Ele vale ouro. – disse Leandra.

Júlia engasgou-se com a comida e começou a rir. Leandra e Apolo olharam-se. Ela sem entender o motivo da graça, e ele por ter entendido a ironia da garota.

– Pode deixar Leandra. – disse ela.

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Leandra organizava a mala e Apolo a ajudava. Os dois sozinhos riam e encaravam-se. Apolo queria perguntar algo à mãe, mas não conseguia.

– Você me parece tenso filho. Tá acontecendo alguma coisa? – perguntou ela.

– Não, nada. – respondeu.

– Prometa-me que irá ficar bem viu? E não se meta em confusão.

– Tudo bem, eu prometo.

– Eu te amo tá?

– Também te amo mãe.

Os dois abraçaram-se.

A manhã seguinte foi marcada por uma despedida chorosa de Leandra. Júlia apenas a abraçou e seguiu para a faculdade. Apolo ficou e esperou que a mãe pegasse um táxi.

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– Bom dia sua linda! – gritou Gabriela ao ver Júlia sentada no campus da faculdade.

– Bom dia! – ela a abraçou.

– Como foi o feriado?

– Ótimo! Recebi até flores do seu irmão. – disse Júlia.

– Jura?

– Sim. Ele quer que eu me encontre com ele hoje, nesse endereço. Você sabe onde é? – perguntou Júlia enquanto mostrava o bilhete para Gabi.

– Nunca ouvi falar mana. – respondeu ela. – Mas você vai?

– Não sei, acha que devo ir? – perguntou Júlia.

– Você ainda está confusa sobre Apolo. Acho que precisa tomar uma decisão sobre Lucas também. Não pode fazer ele criar expectativas. – respondeu Gabi.

– Você está certa. Eu vou! – disse Júlia enquanto guardava o bilhete. – Mas porque ele não veio hoje? – perguntou Gabi.

– Não sei mana. Ele não dormiu em casa ontem. – respondeu.

Júlia tentou não preocupar-se. Levantou-se e seguiu para a sala de aula, junto de Gabriela. No corredor viu Apolo conversando com uma garota, mas tentou evitar contato visual para não perder aula pensando nele. Mesmo assim foi em vão. Era inevitável demais.



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