- Você não me parece bem... – Comentou Gabriela sobre a expressão cansada e triste de Júlia.

As duas estavam sentadas em uma mesa da lanchonete onde costumavam encontrar-se com os amigos.

- É, eu realmente não estou bem. – Ela fechou os livros e levou as mãos a cabeça como se sentisse dor ali.

- Acho melhor você ir pra casa, descansar um pouco. Deve estar estudando demais.

- Se eu for pra casa, garanto a você que pioro. – disse Júlia.

- Apolo de novo, tenho certeza. – Gabriela fechou os livros e segurou as mãos da amiga. – Você precisa se resolver com ele. Precisa decidir de uma vez! Julia, essa situação já dura mais de um ano. Isso não está certo! Olhe o que ele faz com você! Dê um basta nisso, você merece ser feliz de verdade...

- Eu tentei Gabi. Tentei com o Lucas, e olha o que aconteceu. Eu perdi tudo, até a amizade dele. – Júlia sentiu seus olhos pesarem. Queria chorar, pois se sentia culpada por não ter dado certo com Lucas.

- Talvez ele não fosse o cara certo. Ou melhor, o homem certo.

- Eu não consigo gostar de ninguém. De verdade. Eu tento... Mas ele sempre está ali, na minha frente. Eu o amo tanto Gabi. E me odeio por isso!

- Até eu te odeio por isso. – comentou Gabriela.

As duas soltaram uma gargalhada rápida.

- Bom, quer um conselho? – perguntou.

- Estou aceitando tudo. – respondeu Júlia.

- Saia do apartamento. Vá embora. “Divorcie-se” de uma vez dele. Distante um do outro vocês vão conseguir se entender e saber o que realmente querem.

Júlia pensou no que acabara de ouvir e decidiu que resolveria a situação logo.

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 *Dois dias depois*

Júlia e Apolo viam-se raramente. Apenas de manhã quando acordavam para ir à faculdade, e a noite quando chegavam do trabalho. E isso às vezes porque volta e meia ele aceitava fazer horas extras e então não se viam.

Era domingo, mês de setembro.

Tanta coisa já havia acontecido. O feriado estava chegando e a rotina continuava cansativa e monótona. Júlia perdeu a graça e simpatia pelas coisas. Sentia que não se pertencia mais a nenhum lugar. Apolo parecia bem, feliz. As conversas dos dois resumiam-se ao aluguel do apartamento e as compras do mês. Só isso. Viviam isolados em uma solidão dupla que os dois criaram. E era doloroso para os dois.

Júlia pensava no que Gabriela havia lhe falado. Os conselhos da amiga lhe invadiram a mente. E ela só pensava em ir embora dali.

Decidiu que iria para são Paulo no feriado e assim poderia pedir conselhos verdadeiros da única mulher do mundo que poderia lhe entender: sua mãe.

- Então, vai passar o feriado em são Paulo mesmo? – perguntou Apolo na porta do quarto de Júlia enquanto observava a garota arrumar as malas.

- Sim. Volto dia 9. Vou ficar apenas dois por lá.

Ele não respondeu. Saiu do quarto e foi para a cozinha.