Apenas Amigos. escrita por Yang


Capítulo 23
Argumentando com desculpas.




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– Que cara é essa? – perguntou Apolo ao ver Júlia sentada no sofá encarando o nada. Havia acabado de chegar do trabalho e percebeu que o humor da garota não era dos melhores.

– Apolo, por que diabos pendurou essa foto aqui? – ela levantou-se do sofá com o retrato na mão.

Ele não respondeu. Pegou o retrato das mãos da garota e seguiu para o quarto sem esboçar uma única expressão.

Júlia não contentou-se com o silêncio e o seguiu:

– Você sabia que isso aí fez com que o Lucas desconfiasse de mim? – indagou ela.

– E daí Júlia?! O que isso me importa? Logo vocês se acertam.

– “Logo vocês se acertam”. – disse ela imitando o argumento dele com voz de retardado.

Ele a encarou e logo depois riu. Ela continuou séria.

– Desculpa, eu só não tinha nenhum local pra colocar. – disse ele.

– E decidiu colocar na sala. Na sala! Você é muito sínico.

Ela virou-se e ele a puxou para perto.

– Eu já pedi desculpa!

– Desculpa não é argumento pra desfazer uma situação estúpida, Apolo. Vê se cresce! Eu dei chances a você de ficar comigo e você abriu mão disso. Agora não perca seu tempo tentando estragar meus relacionament... – ele a interrompeu com um beijo que ela deixou progredir.

O beijo durou muito tempo e se tornava ofegante a cada parada. Era como se um necessitasse do outro agora mais do que nunca.

– Júlia, pare de se enganar garotinha! É de mim que você gosta! – sussurrou ele.

– É, mas não vale apena. – ela o empurrou e saiu do quarto.

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*Dois dias depois, na faculdade*.

– Veja só, o David está vindo pra cá Júlia! – sussurrou Gabriela para Júlia.

David vinha sozinho na direção de Júlia. De cabeça baixa, apenas acompanhando o ritmo das pessoas. Lucas havia faltado à faculdade e Apolo não estava ali por perto. Ela e Gabriela sentiam medo.

– Júlia, eu preciso conversar com você. – disse ele. A voz soava fraca e sofrida. A expressão em seu rosto poderia ser descrita como “arrependimento”. Mas como Júlia poderia reagir a alguém que tentou machucá-la cruelmente?

– David, eu não creio que isso seja uma boa ideia. – disse Gabriela.

Júlia estava paralisada e assim continuou. Fitava o chão como se ele fosse abrir a qualquer momento e levá-la dali. Sentiu que precisava ir embora. Não estava segura. Tentou respirar fundo e contar até dez para se acalmar, mas não funcionou. Quando seus olhos encontraram o de David, um suspiro falho surgiu e foi como se ela tivesse acordado de um sonho.

– Júlia eu... – ele foi interrompido por uma mão que tocou sem ombro direito. Era Apolo que avistou a situação de longe.

– O que você tá fazendo aqui cara? – perguntou Apolo seriamente.

David virou-se e encarou Apolo. Porém demonstrava que não queria confusão.

– Estou tentando falar com Júlia. – disse ele. – e não pretendo machucar ou tentar machucar ninguém dessa vez.

– Não, você não vai se aproximar dela! – exclamou Apolo.

Alguns alunos já prestavam atenção a movimentação. Júlia interferiu.

– Deixa Apolo, eu quero falar com ele agora também.

– Júlia, esse cara é um... – Júlia o interrompeu.

– Apolo, por favor, aqui não!

Ele assentiu e afastou-se de David. Foi em direção a Júlia e segurou seu ombro.

– Eu vou ficar aqui. – disse ele.

– Mas cale a boca! – ela direcionou a atenção a David.

– Eu sinto muito pelo que aconteceu na festa. Eu bebi demais e alguns caras quiseram inventar moda e colocaram droga na bebida de muita gente. Eu exagerei. Você tinha bebido alguma coisa com a droga e aí... – ele hesitou em continuar. – E aí uns caras me mandaram levar você pro quarto. E eu fiz isso.

– Virou cão mandado agora? – indagou Apolo.

– Cala a boca! – exclamou Gabriela e Júlia ao mesmo tempo.

Ele abaixou a cabeça.

– Júlia eu sinto muito! Eu pedi pro meu pai me tirar da faculdade justamente por que não queria que ficasse esse clima entre a gente. Hoje eu vim buscar meus documentos e cancelar a matrícula. E pedir desculpas também pelas ligações anônimas. Não fui eu. Um dos cara pegou seu número pra passar trote...

– Quem foi que passou trote? – perguntou Júlia.

– Eu não posso falar. Os caras pediram que eu ficasse calado. – respondeu.

– Tô falando, cão mandado! – exclamou Apolo.

Júlia virou-se e encarou seriamente Apolo.

– Apolo, que parte do fica calado você não entendeu?

– Desculpa! – gritou.

Voltou a atenção para David.

– David, não posso dizer que te perdoou por tudo porque você quase destruiu a minha vida. Tem noção disso? – perguntou ela.

Ele assentiu de cabeça baixa.

– O tempo passa, a vida segue sempre. Talvez um dia você aprenda e mude. E talvez um dia eu aprenda e consiga perdoar você. Mas por enquanto o meu eu me diz para ficar longe de você. E eu estou grata por você estar indo embora por que eu estava prestes a desistir do meu sonho e voltar pra são Paulo por sua causa. – disse ela.

– Me desculpe mesmo. Eu sinto muito. – soluçou ele.

Júlia virou-se para Gabriela e depois para Apolo.

– Boa sorte pra você David. Desejo tudo de bom na sua vida.

– Pra você também Júlia.

Os três foram embora e David ficou ali parado por um tempo, como se esperasse por algo. O pensamento de Júlia continuava fixo na festa.

*Mais tarde, no mesmo dia*.

– Já conversou com Lucas?- perguntou Apolo a Júlia enquanto estavam jantando.

– Ele não me atende, não foi pra faculdade hoje, não responde minhas mensagens. A Gabriela disse que ele tem evitado assuntos que se refiram a mim. E olha que só faz três dias... – respondeu ela.

– Então quer dizer que acabou mesmo? Que pena... – comentou Apolo ironicamente.

– Você é um idiota. – Júlia levantou-se da mesa e seguiu para o quarto. Apolo a seguiu.

– Ei ei ei! Desculpa de novo. Não quis falar assim.

Ela continuou calada.

– Júlia, olha pra mim! – exclamou ele. Júlia virou-se e o encarou. Os olhos dos dois se encontravam sempre e aquilo levava a algo que em seguida fazia um dos dois se arrepender.

Apolo a beijou novamente. Acabaram os dois por agarrarem-se ali mesmo, no quarto de Júlia. Algo que não faziam há muito tempo e que não conseguiam mais controlar. E a cada beijo um suspiro ou um sussurro pedindo que ficasse, pedindo que não fosse embora. Pedindo que durasse pelo menos um dia por que se amavam e sabiam disso, e não era fácil esconder um sentimento tão forte, passar-se por amigo quando no fundo se queria mais que isso. Ele a queria, ela o queria. O que de errado havia nisso? O ego dele. O orgulho dela. Soavam sempre mais alto. Ele por não querer compromisso. Ela por querer compromisso. E quem teria razão? E quem cederia? Se os dois se amavam mesmo, por que lutar contra isso? Era tão bonito, tão tocante, tão intenso... Era perfeito. Estava sendo perfeito.

Apolo a levou a cama e os dois logo estavam mais do que juntos. Júlia hesitou para que não fosse assim tão supérfluo. Queria algo bonito pra sua primeira vez.

– Pare Apolo! – exclamou ela enquanto se recompunha.

Ele obedeceu. Olhou para ela e preferiu não dizer nada. Apenas saiu do quarto e foi embora. Pra algum lugar onde pudesse colocar a cabeça em ordem e pensar em alguma solução pra essa disputa de sentimento e orgulho.

Júlia colocou a cabeça no travesseiro e apenas fechou os olhos. Tentava transferir os pensamentos para coisas mais úteis e foi em vão. Dormiu ouvindo pela vigésima vez a mesma música: “the only exception”.









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