Capítulo XXVI

“Say goodbye to Mystic Falls”.

P.O.V. Sophia/Lucy Adams

Há três dias eu voltei da terra dos mortos, mais conhecido como ‘outro lado’, e meu melhor amigo morreu após sacrificar sua vida pela minha. Um gesto nobre bem a cara do Tate. Não pensem que estou feliz por ele ter feito isso. Prefiro até não comentar sobre o assunto. Joanne ficou muito fraca depois daquele feitiço. Ela dormiu por um dia. Só ontem que acordou e disse que Dakota ficou chateada por ela ter feito o feitiço. Eu entendo. Mudando de assunto, aqui em casa está um saco. Kol praticamente não me deixa fazer nada sem ele. Se bem que essa situação tem vantagens.

Agora pouco peguei meu diário, depois de tanto tempo, e o li devagar, prestando atenção em cada palavra. Os sentimentos de cada momento me fizeram chorar. Eu passei por tantas coisas nessa cidade e, depois das caçadoras, eu não sei mais se quero ficar aqui. Andei pensando também sobre mim e a minha vida. Eu já cumpri meu propósito com os originais e agora? Eu não vejo mais razão para matar Klaus e Bekah. Não preciso mais sentir ódio deles. Não mais. Não quando eu tenho Kol do meu lado. Mas o que devo fazer? O que resta da minha missão?

–Você ainda tem muitos vampiros para matar. – Joanne disse.

–Que susto, criatura! – Exclamei. –Senta aqui. – Bati na cama e ela se sentou do meu lado. -Está melhor?

–Aham. –Ela ficou séria.

–Joanne, obrigada por salvar minha vida. – Disse olhando nos seus olhos e ela me encarou.

–Não há de que. Você é minha melhor amiga e não merecia morrer por um motivo idiota. – Joanne sorriu e eu também.

–Dakota deve ter ficado furiosa. A culpa é toda minha. – Bufei.

–Ficou, mas deixe isso para lá. Você não deve se culpar de tudo. Sophia, eu estou bem grande para decidir o que fazer e as consequências dos meus atos. Se eu te ressuscitei, foi porque eu precisava de você. Não só eu. – Ela disse sincera. –Agora, diga-me o que está se passando pela sua cabeça.

–Quero ir embora. – Resmunguei.

–Somos duas. – Rimos.

–Não é só isso.- Falei. -Eu não sei mais o que vou fazer da minha vida. Já me vinguei dos originais e acabei me apaixonando por um. Já matei milhares de vampiros e centenas de híbridos. O que fazer agora?- Questionei.

–Continuar sua vida. Faz mais de novecentos anos que você não faz nada além de matar vampiros. Tire férias. – Ela me respondeu como se fosse óbvio.

–Concordo com você, Joanne. – Kol falou.

Todo mundo resolveu entrar no meu quarto sem pedir. ‘-‘

–E o que você sugere? –Eu perguntei ao meu namorado.

–Nova Orleans. Eu, você e nossas famílias. – Ele tacou as passagens em cima da minha cama. –Topa?

Olhei para Joanne com a respiração acelerada. Ela sorriu e Kol também. Nova Orleans? Seria uma boa ideia? Mordi meu lábio e fiquei pensando por um longo tempo. Que vampira seria eu se não me arriscasse? Chegou a hora de dizer adeus para Mystic Falls e se Kol está disposto a fazer isto comigo, por quê não?

–Partimos amanhã. – Respondi. – Joanne, ligue para Amy. Mande-a preparar a nossa casa.

–Anjo, deixe isso com Klaus. – Kol falou. – Ele recuperou a cidade para nós.

–Então ta. –Sorri. –Prontos para dizer adeus? – Eu perguntei e eles sorriram.

–Com certeza, mas depois do meu soninho. – Joanne disse bocejando. A pessoa acordou há uma hora e já vai dormir de novo. É a vida!

Kol ficou me encarando e caminhou até mim. O beijei levemente e mordi seu lábio. Ele sorriu e caí em cima de mim. Nós rimos e depois ficamos nos encarando. Mikaelson me beijou devagar e apaixonadamente. Seus lábios eram macios e seu beijo então nem se fala. Cada vez que eu olho Kol é com a mesma paixão e amor. Eu não consigo enjoar dele. É um vício. Ele é a minha droga. A droga que eu nunca mais quero abandonar.

–Boa tarde, Anjo. – Ele sorriu. –Dormiu bem?

–Uhum. To com fome.

–Sabia que você ia falar isso. –Ele tirou do casaco duas bolsas de sangue e eu peguei as duas. -Obrigada, Kol. Você é o melhor namorado do mundo. Isso iria cair bem, sabe?! – Ele reclamou e eu continue tomando minhas bolsas de sangue. – Sophia!

–Porra, você é chato hein. – Disse brincando e o beijei. –Obrigada, Anjo. Você é o melhor namorado do mundo, mas só eu tenho a santa paciência para te aturar todo santo dia. – Falei e ele me encarou sorrindo. –Agora me deixa terminar meu lanchinho. – Pedi e Kol riu.

Bebi as bolsas de sangue e fui tomar banho. Sozinha, ta?! A ducha tava tão boa até que a merda da janela abriu sozinha e entrou uma corrente gelada. Como eu já tinha acabado e só tava enrolando, peguei meu roupão e fui para o quarto correndo. Que frio era aquele! Kol, que estava lendo um livro na minha poltrona de couro, se assustou a me ver congelando. Eu peguei a roupa que eu queria (calça jeans escura, bota de cano curto preta, blusa roxa e casaco do Kol) sem fazer muita cerimônia e me vesti rapidamente.

Enquanto penteava meus cabelos negros, ouvi a campanhia tocar do andar de baixo. Kol continuou parado lendo o livro e eu resolvi ir até a porta. Desci as escadas rapidamente e abri a porta. Ok, a pessoa que eu menos esperava ver estava na minha frente. O que ele queria aqui? Stefan estava bonito. Fazia tanto tempo que eu o vi que nem sabia ao certo o que dizer.

–Oi Sophia. – Stefan falou. –Posso entrar?- Pediu.

–P-pode. – disse e ele entrou. –O que faz aqui, Stef?

–Anjo, quem é? – ouvi a voz de Kol vindo da escada. Os olhos dele quase pegaram fogo quando viram Stefan. – O que você ta fazendo aqui? – perguntou.

–Meu assunto é com a Sophia. – Stefan respondeu.

–Kol, menos. – Falei. –Vai para casa e depois a gente conversa. Por favor. – pedi.

–Ta. – Ele resmungou e me beijou.

Depois que ele saiu por aquela porta, Stefan se sentou no sofá e eu também. O encarei tirando uma mecha de cabelo do meu olho. O olhar dele parou em mim e ele sorriu fraco. Stefan era lindo e eu fui uma burra por ter o deixado em Chicago. Eu podia ter vivido uma paixão intensa com ele. Podia, mas agora era tarde e eu tinha feito minha escolha.

–Então, o que queria falar?- Perguntei, quebrando o clima estranho que presenciava o ambiente.

–Como você pode morrer e ressuscitar sem eu ao menos saber? Você teve noção de como eu fiquei? Meu coração quase saiu pela boca. Por que não me ligou? Eu amo você, Sophia. Eu me preocupo. Eu preciso de você.

–Não liguei porque você tem que seguir sem mim. –Respondi. –Eu amo você, mas não estou mais apaixonada. Stefan, eu vou embora dessa cidade. Está na hora de você me esquecer. – Ele me encarou com lágrimas.

–O que? Você vai embora?

–Vou. Essa cidade não me pertence mais.

–Mas...

–Deixe-me falar tudo que está entalado na minha garganta. – Pedi. –Eu não devia ter te deixado lá com a memória apagada. Eu errei quando não permiti que nós vivêssemos uma paixão intensa e feliz. Entretanto, saiba que eu fui feliz com você. Muito feliz.

–Então por que ele?

–Porque eu sou completamente apaixonada pelo Kol. – Respondi. – Porque o tempo passou e eu segui em frente sem você. Eu não posso negar que te amo, Stefan. Mas a paixão se foi há muito tempo. A paixão permaneceu em Chicago em 1920. Essa paixão ficou nos meus pensamentos e na minha memória.

–A minha continua aqui. – Ele falou.

–Você tem que esquecer essa paixão por mim. Convoque a felicidade; convoque um novo amor; convoque tudo. Guarde-me nas suas memórias e sorria quando se lembrar de tudo que vivemos. –Sorri fraco e deixei uma lágrima escorrer. –Seja livre, Stef. Seja feliz. Faça isso por você, honey. Está na hora! Escreva sua história de amor e preste atenção, pois ela pode estar tão perto de você. – Disse, pensando em Bekah.

Ele ficou em silêncio por um tempo. Continuei sentada o encarando. Pedia para que ele me ouvisse e absorvesse minhas palavras sinceras. Eu devia ter tido essa conversa antes com ele, mas nunca é tarde demais para concertar os erros. Infelizmente, eu não posso voltar no tempo e viver minha paixão com ele ou apenas dizer adeus corretamente. Porém, eu posso fazê-lo voltar a viver. Eu posso dar um choque de realidade nele. Porque as pessoas que se amam cuidam uma das outras.

–Você está certa. Promete nunca se esquecer de mim? – Ele pediu.

–Prometo. –Sorri e ele também.

–Boa sorte! – Ele se levantou. – Sophia, seja lá para aonde você for, se cuida. –Stefan deu um beijo em minha testa.

–Você também, Salvatore. – Ele sorriu e foi embora.

(...)

O resto da tarde minha rotina foi: dormir, comer e arrumar as malas. Meus diários ocuparam uma caixa enorme e meus livros umas dez dessas caixas gigantes. As roupas ocuparam todas as malas que eu tinha. Joanne só foi acordar pelas 17 horas e usou a mágica para arrumar suas coisas. Resolvi deixar de ser idiota e usei minha velocidade vampiresca com força total. Arrumei todas as coisas que iria levar em alguns minutos. Quando terminei, troquei de roupa. Coloquei uma meia-calça branca, vestido cor de safira, que combinava com meus olhos e com meu colar, e continuei com minhas botas.

Enquanto eu lia uma revista qualquer, ouvi o barulho da range rover de Kol. Desci as escadas e fui até ao jardim. Kol estava saindo do carro e eu pulei em cima dele. O Mikaelson selou nossos lábios e me rodopiou. Adoro quando ele faz isso. Nossos narizes se roçaram e nós sorrimos. Os seus olhos castanhos brilhantes me fizeram sorrir mais. Eu amo os olhos do Kol. Amei antes de conhecê-lo e vou amá-los para sempre.

–O que foi? – Ele me perguntou.

–Sei lá. Eu só amo muito você e quero passar o resto da minha imortalidade do seu lado. – Disse sorrindo. – Isso é muita loucura saindo da boca de uma caçadora, mas, foda-se, eu amo você.

–Eu também amo você e quero passar resto da minha imortalidade do seu lado. - Kol falou para mim e me beijou. – Pronta para amanhã?

–Sim. – Respondi com firmeza.

–Você tirando férias vai ser engraçado.

–Não garanto que vou conseguir. A caça é minha vida.

–Eu sei que você vai conseguir. – Ele falou. –Se bem que eu amo você como caçadora. –Kol mordeu o lóbulo da minha orelha e eu o beijei.

Nós sentamos na grama do jardim e ficamos abraçados. Ok, eu estava congelando. Kol tirou seu casaco e colocou em mim. Seus olhos castanhos se direcionaram para as diversas estrelas no céu. Sorri ao ver seu sorriso. Aconcheguei minha cabeça em seu ombro e olhei para o brilho das estrelas. Era magnífico. Deitamos na grama, abraçados. Era bom sentir o calor de seu corpo me aquecendo. Virei meu olhar para seu rosto e ele me olhou.

– Look how the stars. Look how they shine for you and all the things that you do. – Ele sussurrou para mim e acariciou meu rosto. –I love you, my hunter. – Sussurou, com aquela voz rouca que eu amava.

–I love you more, my hunt. - Disse e olhei em seus olhos. Kol me beijou levemente. –Always and forever. –Nós ficamos deitados nos beijando sobre o brilho exuberante das estrelas.

LÊ AS NOTAS FINAIS.