Capítulo XIV

“Bitch, I’m back.”

Depois de anos o seu beijo continuava a mesmo. Minhas pernas não ficaram bambas como aconteciam quanto Kol me beijava. Não acredito que comparei os dois! Separei-me do Salvatore e fiquei imóvel em sua frente enquanto ele me fitava com os olhos ainda com lágrimas.

-Você não respondeu minha pergunta. – ele disse com a voz calma.

-Como se você tivesse me dado tempo para responder. -ele riu fraco. –Não foi de propósito, Stefan. Foi necessário! –disse rapidamente.

-Necessário?- ele perguntou, como se o que eu tivesse dito fosse a coisa mais absurda do mundo.

Ficamos nos encarando por um tempo.

-Acho que eu vou ter que mostrar para você como eu me sentia. – disse pensativa e selei nossos lábios.

Mostrei a minha recordação sobre o último dia de Chicago, quando ele tinha descoberto que eu era caçadora e saiu matando as pessoas que vinha pela frente. Mostrei a minha agonia quando eu o via como estripador. Mas também mostrei o quanto eu o amei em todo aquele mês e de como me senti quando o vi de novo depois de tanto tempo.  Por último mostrei o quanto a escuridão me afetou. As minhas emoções ficaram estranhas e numa confusão sem fim. Stefan continuava com o mesmo olhar.

-É isso. – disse quando nos separamos.

-Você não podia ter me hipnotizado.

-Eu quis nos proteger.

-Não. – ele gritou. – Você fez isso para se proteger.

-Talvez você possa até estar certo. Mas minha vida não era para você. – falei.

-Você desperdiçou sua vida inteira por vingança e estragou todos seus planos se apaixonando pelo original. – ele disse se referindo a Kol.

-E quase morrendo. – disse baixo, mas ele ouviu. – Agora que você já sabe o motivo da hipnose, pode ir embora. – disse fria.

-Expulsando-me? – ele disse indignado.

-O que você ainda quer de mim?!

-Eu quero você. – ele disse com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco.

-E a Elena?

-Acabou.

-Digamos que eu não estou disponível no momento.

-Pelo que eu soube Kol não veio atrás de você.

Só dele pronunciar “Kol” minhas mãos ficaram tremulas. Eu abri a boca umas três vezes e não consegui dizer nada. Stefan me olhava sentado num banco da rua. Sentei-me ao seu lado em silêncio. Eu estava com saudades de Kol. Nessas semanas eu recebi inúmeras ligações dele, mas sempre rejeitei. Burrice? Talvez. Porém, eu precisava focar em juntar vampiros caso os Mikaelson viessem atrás de mim ou caso eu voltasse para Mystic Falls.

-Deixe-me aproximar de você. - o Salvatore mais novo disse segurando minha mão.

-Não posso. Tenho metas para cumprir. – disse olhando para ele.

-Eu não desisto tão fácil. – ele disse se levantando.

-Stefan ...

– Até mais, Adams.

(...)

Estava sentada na poltrona azul marinho relaxante quando Joanne e Dakota entraram com uma pasta preta na mão. Na capa da pasta tinha um ‘A’ que era vermelho sangue. A bruxa tacou a pasta para mim. Abri-a na mesa de centro e analisei rapidamente os papéis. Várias manchetes de jornais escritos “ataques de animais”. Não eram vampiros.

-Lobisomens atacando, sério? – elas assentiram. –Prepara o carro. –disse para Dakota.

Ela estava me acompanhando em algumas caçadas.

Fui até a parede do escritório, retirei o quadro e abri o cofre.  Tinham estacas de todos os tipos (inclusive de prata), arcos com flechas de madeira ou banhadas em verbena ou de prata. Peguei o arco e flechas de prata. Vesti minha legging preta, botas de couro da mesma cor, blusa azul escura de manga comprida e meu sobretudo. Peguei as armas e me direcionei ao porsche.

Dakota dirigia o meu porsche quando eu ouvi meu celular vibrar e vi a foto de Kol. Rejeitei a chamada. Tínhamos chegado ao “acampamento” dos lobisomens. Dakota estava armada também, mas ficaria dentro do carro.  Saí do porsche e caminhei até atrás de uma árvore. Estava anoitecendo e eu tinha que ser rápida.

Posicionei o arco com as flechas de prata e atirei em todos os lobisomens e híbridos que eu via pela frente. Os lobisomens caíram e, como havia acertado no coração, estavam mortos. Já os híbridos ficaram, por um tempo, imobilizados. Dakota chegou e tacou as granadas e todos caíram no chão, menos um.  Ele tinha os olhos castanhos e estava com os caninos para fora. Tinha uma ferida no braço. Fui rápida e o chutei no chão. Arranquei sua cabeça antes que pudesse falar uma palavra.

-Não acha que alguns deles podiam ser inocentes? – Dakota me perguntou, quando já estávamos no carro.

-Não importa. Eles eram unidos demais, qualquer um que sobrevivesse poderia querer vingança. – disse dirigindo.

Chegamos em casa depois de duas horas. Joanne estava conversando com Stefan no meio da sala. Que legal! (estou sendo irônica, ok?) Ela o convidou para entrar. Disse “oi” e subi para o meu quarto, trancado a porta. Tomei uma ducha e vesti-me. Coloquei um short jeans escuro, moletom preto e calcei uma sapatilha dourada. Desci as escadas e Stef me fitava. Ele fez sinal para que nós fossemos a varanda da sala de estar. Pensativa, resolvi ir. Sentei-me na cadeira branca simples a sua frente.

-Como conseguiu meu endereço? – perguntei.

-Contatos. – ele disse simplesmente.

-O que você quer?

-Antes coma. – ele me tacou três bolsas de sangue humano e eu as bebi rapidamente. – Os originais estão atrás de você. – ele disse e eu mordi o lábio.

-Sabia que isso iria acontecer.

-Vou ficar do seu lado. – ele disse segurando minha mão.

-Tenho cerca de setenta vampiros. Não é muito, mas acho que é o suficiente. – disse. –Mudando de assunto, como anda a sua dieta?

-Sangue humano. No máximo duas bolsas de sangue.

Fiquei em silêncio.

-Desculpa por não ter te ajudado mais do que tentei. – pedi sinceramente olhando em seus olhos.

-Eu entendo você.

-É difícil ficar com você tão perto depois de tanto tempo. – disse nervosa. – E-eu ....

-O que?- ele disse se aproximando.

-Eu não sei quais são meus sentimentos por você, Stefan. – ele me olhou atentamente. – Eu amo o Kol, mas tem uma parte de mim, que por mais que seja pequena, ainda pertence a você. – disse.

Ele acariciou meu rosto. Depois de selar nossos lábios, ele foi embora. Direcionei-me até meus aposentos e deitei-me na minha cama pensativa. Enrolei-me no edredom cinza escuro e virei-me para o lado direito da cama.

Às vezes eu sinto que ocorre uma espécie de apagão em mim e a escuridão me domina. Ou surgem emoções misturadas que acabam comigo. Quando eu matei aqueles vampiros, híbridos e lobisomens foi o meu blackout. Já quando estavam tocou em mim, foram as emoções que me dominaram. Coisa confusa!

Meus sentimentos estavam misturados. Kol ou Stefan? Não gosto de pensar em Stef como uma segunda opção. Sei que uma parte de mim pertence a ele, mas eu dou tudo pelo Kol. Acho que eu já provei isso arruinando minha caçada.

POV Kol Mikaelson

Duas semanas tinham se passado e eu não consegui descobrir onde ela estava. Klaus mandou híbridos para Bélgica. Depois que eu descobri que era lá onde ela estava. Ligava para o seu celular todos os dias e nada dela me atender. Rebekah me mandou não ir atrás dela já que os outros falaram que Sophia/Lucy iria voltar.

Ah sim, Bekah voltou à vida e tentou me matar assim que isso aconteceu. Voltando, eles estavam planejando um ataque se ela voltasse. Claro que me deixaram de fora do plano! Tentei arrancar informações do Jeremy sobre Sophia, mas ele não disse nada. Parecia que a vampirinha dele só entrava em contato às vezes.

Hoje recebemos a informação que ela voltaria daqui a uma semana. Faltava uma semana para eu vê-la, para eu senti-la novamente perto de mim. Eu a amava por mais que ela tivesse mentido, quisesse me matar e ter ido embora sem ao menos se despedir. Não importava os erros que ela tinha cometido. Eu precisava dela comigo e eu a teria perto de mim nem que eu precisasse lutar por ela.

Estou comentando isso, pois sei que aquele vampiro babaca (lê-se Stefan Salvatore) foi atrás dela ontem.  Também li naqueles papéis, que a Bekah juntou, que os dois tiveram um romance. E ela ainda teve a cara de pau de dizer que não o conhecia. Eu sou muito lerdo mesmo! Ai daquele estripador se tiver encostado um dedo nela. 

POV Sophia/Lucy Adams.

Uma semana e meia depois ...

Minhas malas estavam prontas. As armas todas estavam na minha maleta prateada. Uma estaca estava em minhas mangas caso precisasse usá-la. Entramos no jatinho, que Joanne demorou a conseguir, e fomos a rumo da cidade das famílias fundadoras. Ah, só para constar, Stef estava conosco. O vôo demorou um pouco, mas como eu dormi nem notei. Sentia os olhos do Salvatore sob mim durante toda a viagem.

Saí do jatinho e retirei meus óculos escuros. Estava de tarde e o tempo estava nublado. Respirei fundo e senti Dakota segurar em minha mão. Do meu outro lado estava Joanne. Olhamos uma para outra e rimos fraco. Estávamos de volta e dessa vez não iria deixar ninguém ficar no meu caminho. Entramos nos carro e fomos até a nossa nova. Stefan foi direto para casa. Nossos vampiros ficariam na nossa casa já que tínhamos quartos suficientes.

Fomos para dentro da casa e fiquei surpresa. Só tínhamos visto pela internet. Ela era o dobro da antiga casa. Nosso novo lar ficava um pouco mais afastado da cidade por segurança. Quanto menos gente soubesse do nosso retorno era melhor. Fui até ao meu novo quarto.

Ele tinha as paredes azuis e uma era da cor de safira. Nessa parede ficava uma cama enorme, que tinha dois criados-mudo em cada lado. Em frente da cama tinha um divã branco e uma mesa de centro.  Na parede lateral esquerda tinham duas portas: uma para o closet e outra para o banheiro enorme. Na parede em frente a cama, tinha uma TV e uma cômoda branca. Na parede lateral direita tinha uma mesa e uma estante repleta de livros.

Arrumei minhas malas e fui tomar um banho. Vesti-me colocando uma saia de cintura alta azul marinho, uma blusa de meia-manga branca e sapatos de salto vermelho. Prendi meus cabelos numa trança rabo de peixe. Verifiquei o estoque que Josh, um dos vampiros, tinha trago. Após isso e depois de pegar meu casaco, fui dar uma volta rapidinha na cidade.

Fui até a floresta pensar um pouco. Sentei-me na pedra cinza e cruzei as pernas. O sol começou a aparecer e bateu em minha pele alva. Respirei fundo e coloquei as mãos em minha face pensando nos acontecimentos na minha vida ultra mega confusa.

Mikael me transformou em vampira, os originais mataram minha família, fui para Chicago e me apaixonei por Stefan, deixando minha caçada de lado. Depois eu o deixei quando ele mais precisou de mim. Fiquei na escuridão e fui para outra cidade. Encontrei Jessie/Joanne e Joanne/Dakota. Mikael matou o marido de Jessie/Joanne e depois nós viemos para Mystic Falls.

Deixei minha caçada novamente ao me apaixonar por Kol Mikaelson. Rebekah descobriu a verdade e cravou uma estaca de madeira em meu coração. Kol descobriu que eu era uma original da pior forma e eu fugi! Stefan me encontrou e despertou um pouco do amor que eu sentia por ele.

WOW, muita coisa!

Ouvi passos na floresta e quando retirei as mãos de minha face, meus olhos azuis se encontram com aqueles olhos castanhos cheios de lágrimas. Eu tremi. Minha respiração estava descompensada e meu coração batia fortemente. Levantei da pedra com o vento batendo em meu cabelo preto.

Kol Mikaelson estava na minha frente após três semanas e meia.