Entre Ondas E Esfregões, O Amor Acontece escrita por Caelum, Takeru Takaishi


Capítulo 2
Capítulo II - Catástrofe Explosiva - O Amor!


Notas iniciais do capítulo

Eeee aqui está o meu capítulo! :) Está comprido - eu sou incapaz de fazer algo com um texto ágil e focado, como o mundo inteiro já deve ter percebido. Estou bem ansiosa para ver o que vocês, leitores, acharam dele e do capítulo do TK Takaishi! (Partircularmente, eu achei o capítulo dele mais legal kkkkk) Mas fiz o meu melhor aqui!! Estou tão animada para publicar isso de uma vez que nem vou tagarelar como geralmente faço ;)
Aproveitem!! - B. Star Fic.



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–Maldito uniforme! - Yolei Inoue decretou.

Aquela roupa não poderia ser descrita com nenhuma palavra que não tivesse significado próximo ao de “ridícula” (sendo, “horrível”, um variante plenamente aceitável), e ela seria obrigada a usá-la pelo resto da sua vida didática.

É! O inferno estava chegando - a escola.

Observando a saia verde-escura berrante que ela insistira - atendo-se à sua preferência - em não ajustar, deixando-a um tanto mais comprida do que as das outras garotas, suspirou. A blusa verde com um laço imenso de marinheiro azul-escuro era a pior parte. “Patético.” Mesmo após anos usando aquele traje, ela não conseguia se acostumar com tanta cafonice reunida numa porcaria de roupa só.

Era o início do ano escolar japonês, e a manhã não poderia estar mais bela. Ela, porém, apoiava a ideia que, para fazer jus ao seu mau humor implacável, nuvens carregadas de raios deveriam estar sobre os céus de Odaíba matando pessoas inocentes - ou o Davis - da forma mais dolorosa possível, em vez de pássaros irritantemente cantantes e alegres. Ela pegou sua mochila vermelha em cima da cômoda, tentando adotar uma postura firme, o que não deu muito certo, já que ela meio que parecia um zumbi àquela hora da manhã.

–Yolei! A Kari está aqui para te acompanhar à escola!

–Já estou indo, mãe! - Respondeu ela quase num grunhido. Olhou-se uma última vez no espelho, amaldiçoando com todas as suas forças sua aparência. Longos cabelos lisos com uma peculiar coloração violeta caíam sobre seus ombros de forma quase decente, e, sob seus olhos âmbar geralmente maliciosos e perversos, havia um rastro quase imperceptível de olheiras graças a uma noite de sono mal dormida e uma maquiagem competente. - Já que eu não tenho escolha mesmo...

Yolei gemeu; seria um longo primeiro dia de aula.

***

–Sabe, Yolei, eu não consigo entender esse seu mau-humor... - Kari Kamiya comentou enquanto as duas caminhavam à escola. A adolescente de 16 anos, agora namorando seu melhor amigo de infância graças a um bendito acidente na praia, continuava doce como sempre, emanando luz com apenas um sorriso. Seus cabelos agora eram mais longos, mas, em geral, assemelhava-se à sua figura de alguns anos atrás, apesar de ter amadurecido consideravelmente.

–Todo primeiro dia de aula eu fico assim. - A mais velha gemeu, com um sorriso amarelo. - Me acostumei demais com a rotina das férias e fiquei muito relaxada...

–Parece que você não foi a única! - Kari comentou com um tom malicioso, espiando por cima do ombro. Antes que Yolei pudesse, confusa, questioná-la, Kari apontou para trás das duas, onde havia dois adolescentes andando, ambos uma versão masculina do mesmo uniforme verde. Um era alto, loiro, de olhos azuis e com um porte físico bem definido, parecendo estar contente. O outro, com condições físicas similares, óculos de voo na cabeça sem motivo aparente, moreno com cabelos espetados e olhos castanhos, parecia ainda pior do que Yolei: olheiras extremamente profundas, roupas e cabelo bagunçados e cara de taxo.

Ela engasgou quando viu o estado dele, e, sem conseguir se segurar, provocou:

–Davis, quantas você bebeu ontem?

–Umas trezentas! - Respondeu Takeru pelo amigo, sorrindo largamente, indo em direção a Kari e cumprimentando-a com um beijo gentil nos lábios. Davis grunhiu de forma assassina na direção dele, murmurando um “Afaste-se da minha garota, Loiro Estúpido” completamente falso e desanimado, apenas para não perder o hábito. - E, na verdade, não foi ontem, foi anteontem, mas ele exagerou tanto que está assim até agora!

–Davis... Você está parecendo um morto-vivo com ressaca. - Kari comentou com naturalidade. Davis arregalou os olhos e enrubesceu fervorosamente, enquanto Takeru e Yolei encontravam-se ocupados demais gargalhando. - Hum, no bom sentido, claro! Um morto-vivo com ressaca muito simpático. - Atrapalhou-se, nervosa.

–Deviam ter visto ele enchendo a cara, beijando o garçom e se declarando pra ele no meio do restaurante! - Lembrou Takeru com um sorriso quase maior que o rosto, enquanto os quatro seguiam para a escola. Ele começou a cutucar de forma insistente o amigo nas costas, rindo e provocando-o, fazendo-o rosnar. - Depois ele ainda vomitou tudo na casa do Ken! Não foi, hein, Davis? Há! Ah, que final de férias inesquecível! Cara, te ver bêbado é hilário.

–Considere-se um loiro morto!

–Ei. - Yolei pigarreou, quase desconfortável, ajeitando a barra da saia. Os demais olharam-na, curiosos. - Falando em Ken... Hum, como ele está, hein? - Questionou, hesitante. Todos sorriram e compartilharam um olhar cúmplice repleto de significados, como se dissessem “Eles ainda não estão juntos?”. – Ei! Q-que sorrisos perversos são esses?!

–Ah, vamos. - Kari revirou os olhos, de mãos dadas com o namorado. - Todos aqui sabemos que você gosta do Ken. - Afirmou, séria.

–O Japão inteiro sabe! - Davis exagerou.

–Eu não gosto do Ken. - Yolei metralhou-os com o olhar, dando seu máximo para fingir surpresa e indignação, apesar de seu nervosismo estar mais que claro. De imediato, sentiu-se estúpida, com aquele argumento bastante infantil. Afinal, a garota barulhenta e exasperada de 12 anos que se mostrava uma fã alucinada do gênio, o menino prodígio Ken Ichijouji, não existia mais. Ele dera lugar à uma jovem decidida de 17 anos que dava seu máximo para tratá-lo como qualquer outro garoto - embora fosse transparente para qualquer um (menos pra ele) que ela ainda era completamente apaixonada por ele com todo seu coração sincero.

–Tem razão, Yolei. Você não gosta do Ken. - Takeru assentiu, solene. O inevitável aconteceu e recordações da noite anterior atingiram-no; Ken queria se declarar, e o loiro apenas podia desejar boa sorte ao seu amigo.- Você AMA o Ken!

–E d-daí? - Sentiu-se no primário, mas não resistiu. - Você ama a Kari!

–Amo mesmo! - Concordou, de repente puxando Kari para si e beijando-a apaixonadamente.

TAJERU TAKAISHI! Meus olhos de morto-vivo com ressaca não gostam dessa visão! SOLTE JÁ A MINHA GAROTA!

***

–Eu odeio química. - Yolei resmungou para si mesma.

Após ouvir mais um pouco sobre a aventura de Takeru, Davis e Ken no bar e apartar uma briga feia entre os dois primeiros, não tardaram a chegar à escola, e logo ela foi obrigada a se despedir dos seus amigos mais próximos (salvo Cody, que pegara uma gripe terrível naquela semana) e entrou no laboratório para ter sua primeira aula do ano. As coisas ocorriam perfeitamente bem, e ela e sua parceira estavam (mais ou menos) concentradas em fazer uma mistura de duas substâncias que Yolei não fazia ideia de quais eram por não estar prestando a menor atenção na professora.

Seus pensamentos dirigiam-se unicamente a Ken...

“Ah, ah! Como eu gostaria de tê-lo perto de mim...!” Suspirou, sonhadora.

–Yolei, você pode adicionar isso à mistura? - Questionou sua colega antes de ir beber água no corredor, arrancando-a de seus devaneios amorosos. - É preciso colocar MUITO pouco, entendeu? - Avisou, séria. Ela assentiu, pegando o primeiro pote com um líquido amarelado que viu no balcão sem se importar com o que ele era exatamente. Ajeitou os óculos e mirou o frasco na mesa como se encarasse uma bomba em contagem regressiva pra explodir - era quase isso, mesmo.

Enquanto a de cabelos roxos prendia a respiração de tanta tensão e concentração, a professora começou a falar novamente:

–Alunos, recebem o mais novo companheiro de vocês. - Ela começou, com uma pessoa atrás de si, próxima à lateral da porta. Yolei parou com o braço estendido no ar, olhando para a professora, com um líquido prestes a entrar em contato com o outro. - Aposto que muitos já o conhecem pelo menos de nome, e, mesmo que um ano mais novo, está perfeitamente capaz de entrar nessa turma. Recebam Ken Ichijouji!

O mundo parou por um pequeno segundo.

O fraco escorregou da mão dela e caiu todo no outro recipiente.

Recebam.

KEN.

ICHIJOUJI!

–KEN?! - Berrou, e todos na sala olharam-na, perplexos e muito curiosos. Ele estava ali: olhos azuis bondosos e calmos, cabelos negros lisos, pele branca, mochila nas costas, postura pacífica e ao mesmo tempo disciplinada - e uniforme da mesma escola dela. Ken piscou e sorriu amplamente, acenando como um bobo alegre, maravilhado por vê-la.

Os líquidos começaram a borbulhar perigosamente e mudaram de cor, ganhando uma tonalidade arroxeada estranha.

Uma fumaça esgueirava-se pelo ar, proveniente do pote com os compostos misturados.

– O-o que você está fazendo aqui?!? - Yolei engasgou, boquiaberta e mais vermelha que um tomate por ter reagido daquela forma. Os olhares dos dois não se desviavam, como se houvesse um imã invisível os atraindo e fosse impossível ignorá-lo. Ken, hesitante, ia respondê-la, mas a oportunidade literalmente explodiu devido aos acontecimentos a seguir:

–Inoue, o composto químico! - A professora berrou, e ela olhou para baixo, de olhos arregalados. Tarde demais.

“CABOOOOOOOOOOOOOOM!”

E lá se foi o Laboratório de Química do Colégio de Odaíba.

***

–Tá, eu explodi uma propriedade privada, mas você não precisa me olhar como se eu fosse uma maníaca!

– Desculpe. - Ken piscou, corando e desviando o rosto. Ele podia assegurar a qualquer um que não era por achá-la uma maníaca o motivo de ele estar olhando-a desde que, como um verdadeiro cavalheiro, oferecera-se para limpar o Laboratório junto com ela. A verdade era que ele estava fazendo isso por julgá-la a garota mais bonita e mais maravilhosa que ele já havia conhecido em toda a sua vida, mas, como coragem falta para dizê-lo em voz alta, Ken tinha que se contentar em limpar os resquícios do que um dia já havia sido tralha científica.

–Sem problemas... “Olhe-me o quanto quiser, só deixa eu me arrumar primeiro!”

Enquanto isso, a filha mais nova da família Inoue estava com as bochechas tingidas com o mesmo tom vermelho berrante de sua paixão nem-tão-secreta. Ela não conseguia acreditar que tinha pagado esse mico na frente do Ken! (E da sala inteira, diga-se de passagem! E ainda por cima o laboratório havia ido pelos ares, não que isso lhe importasse, na verdade, dane-se a ciência.) A turma, parecendo feliz por não ter aquela aula do dia, já havia ido embora, e os dois estavam sozinhos lá dentro, o que causava ainda mais constrangimento.

Eles tentaram preencher o silêncio estranho durante os últimos 20 minutos, enquanto varriam a poeira que se propagava pelas mesas, limpavam e punham coisas no lugar, dialogando sobre trivialidades e o porquê do garoto ter aparecido ali do nada, num bairro que ele não morava e numa escola onde não estudava.

–Na verdade, agora eu estudo aqui. - Revelara ele, tímido, quando se viram à sós. Yolei interrompeu-se no início de sua limpeza humilhante, ao mesmo tempo assimilando o fato, ajeitando seu cabelo e filosofando sobre qual sua opinião sobre o fato citado. Por um lado, ele a assustara muito com sua aparição repentina (o que a levou recordar o motivo de gostar tanto dele e envergonhá-la na frente de mais de 30 jovens desocupados), mas, ao mesmo tempo, uma felicidade atordoante tomara-a em cheio, como se o mundo houvesse se tornado mais colorido e brilhante. Ele explicou como seus pais haviam pensado nisso, e completou, contente: - Na sua turma.

–Tá.

“YES, YES, YES!!! ELE ESTÁ NA MINHA TURMA! AAAAAAAAAH, MEU DEUS!”

Ah, como a indiferença consegue mascarar a felicidade!

–Ken, eu preciso de um pano para limpar isto aqui, você tem um aí? - Perguntou ela rapidamente ao ver que ele postou-se menos feliz ao ouvir sua resposta monossilábica e desinteressada, e a única coisa que ela desejava no mundo era vê-lo decepcionado. Ele pareceu procurar por um segundo antes de olhá-la e dizer:

–Hum, na verdade, não. - O jovem piscou e, em seguida, franziu a testa. - É muito provável que tenha um no armário do faxineiro. Será que ele se importaria se formos lá?

–Dane-se. - Yolei deu de ombros, virando-se em direção à saída. - Eu acabo de detonar o Laboratório, não é um armário que vai me encrencar.

–Eu vou também. - Ken pronunciou no segundo que percebeu que ela pretendia ir só.

–A-aah, n-não precisa, imagina...!

“Ei! Ela corou?”

–Claro que precisa. - Retrucou ele suave e gentilmente, sorrindo. Yolei retribuiu o gesto e eles se encararam profundamente por um segundo antes dela cair em si, desviando o rosto.

–Se você insiste... - “Eu é que não vou reclamar!” Comemorou ela em pensamento.

Os dois fizeram o pequeno caminho conversando (nossa, ela se maravilhava em como os dois, opostos como eram, davam-se muito bem! Um belo casal, como ela pôde constatar! BINGO! ) até o local, que, na verdade, não era de fato um armário, e sim uma saleta simplesmente minúscula usada como depósito para esfregões, panos, produtos de limpeza e afins. Após um tempo lá dentro, apertados e vermelhos, buscando desajeitadamente um pano qualquer para ser usado na sujeira do laboratório e derrubando outras vinte coisas das prateleiras, o tal foi encontrado e eles logo se moveram para partir.

Mas, claro, como o destino ama ferrar as pessoas...

–Por tudo que é mais sagrado, não me diga que a porta tá emperrada! - Yolei orou, horrorizada, quando Ken girou a maçaneta e ela, enferrujada, recusou-se a se mover um sequer milímetro, mesmo após ele forçá-la.

–Olha, ela é bem velha, talvez de 1980 ou um ano próximo, e tem ferrugem aqui e ali, não parece que é de fato incluída na manutenção do colégio e...

–Ken!

–A porta tá emperrada.

–E...? - Encarou-o.

–Estamos presos no armário do faxineiro.

–Merda.

–Bem, é.

Um silêncio muito desconfortável prolongou-se por um tempo agonizante, enquanto tentavam não olhar nos olhos um do outro. Naquele espaço apertadíssimo, os dois não tinham como evitar se tocarem (não que eles quisessem evitar), e estavam quase abraçados, com as costas contra os objetos de limpeza, com os narizes quase se tocando e as respirações se entrelaçando no ar viciado. Exatamente naquele cenário nem um pouco romântico, cercados pelo odor de desinfetante para baratas, ocorreu o seguinte estranho diálogo afobado e meio sufocado:

–Você não está feliz, Yolei? - Perguntou ao vê-la fungar.

– Eu estou presa no armário do faxineiro.

–Eu sei, eu tô aqui também. - Respondeu com um sorriso mínimo. - Exatamente aqui, com você... - Uma ideia se formou na sua cabeça.

–Ainda bem... Ah! Eu quero dizer, sim, tá, ok.

–Mas isso não responde a minha pergunta. - Esqueceu-se do quão mortal poderia ser pressioná-la.

–EU ESTOU PRESA NO ARMÁRIO DO FAXINEIRO! ERA PRA EU ESTAR FELIZ? - Explodiu, assustando-o.

–O-oh, não, claro que não! Anh...!

–E, ainda por cima, - Continuou ela, desesperada, perdendo o controle e chacoalhando-o loucamente, quase pondo a saleta a baixo. - Eu sou claustrofóbica, Ken! Muito, muito claustrofóbica! Socorro, socorro! SOCORRO, AGUÉM NOS AJUDE!

–Não acho que ninguém irá te ouvir... Deve ser o intervalo. - Raciocinou o jovem, calmo, quando a viu praticamente mutilar a porta com os punhos. - E essa porta é meio pesada, não?

–Eu não quero ficar aqui pra sempre!! - Estrilou a Mimi 2.0. - Meu cabelo vai ressecar e vamos morrer! Morrer!

–Bem...Mas...Hum. Ah! Deixa pra lá. - Ele hesitou. “Melhor eu falar quando sairmos dessa situação...”.

–Não, agora fala... - Choramingou.

–Eu não quero lhe irritar mais.

–Apenas diga.

–Não precisa.

–DESEMBUCHA, KEN!

–Certo, mas eu acho que você gostaria que eu falasse isso de um jeito mais meigo e delicado...

– Meigo e delicado? E você é gay, por acaso?!

–HÃ? Quê! Não! Que tipo de pergunta é essa, Yolei?!

–Ora, quando se está presa na porcaria do armário do faxineiro com um cara que fala sobre dizer algo “meigo e delicado”, perguntar se ele é ou não gay é o mínimo que se pode fazer! - Enlouqueceu por completo.

–Er, de qualquer maneira, apesar de eu não ter nenhum preconceito nem nada, a resposta continua NÃO. - Esquivou-se ele, com a testa franzida.

–Aaaawww, bom saber que tenho uma chance com você! - Soltou ela, sem querer.

–Mas hein?!

–NADA, nada, nadaaa! O que você q-queria me dizer?! - Engasgou, de olhos arregalados. “MINHA MALDITA BOCA GRANDE!”

–Uh... - Suspirou. - Realmente não algo que não possamos esperar um momento mais... adequado.

–É você quem está dizendo. - Deu de ombros, coisa que, naquele espaço diminuto, resultou em Ken levar uma cotovelada feia no olho, mas o desespero de Yolei era tão grande que ela nem percebeu. - O que me preocupa é como sairemos daqui.

–Sabe, eu não estou tão a fim de sair daqui. - Esfregou o lugar atingido. - Eu até gosto desse lugar... - “E de ficar aqui com você...”.

–Você gosta de ficar preso no armário do faxineiro? - Gritou, estressada novamente. Puxa, como ela era bipolar!- Qual diabos é o seu problema?

E, por fim, disse de uma vez o que pensou nunca ter coragem para contar.

–O meu problema é que eu estou APAIXONADO POR VOCÊ, fora isso, eu tô ótimo!

Silêncio.

Muito, muito silêncio.

Bochechas ruborizadas, baratas em pânico no piso e corações quase sendo cuspidos fora.

–Você está O QUÊ por mim?! - Berrou, atônita, após um tempo.

–Apaixonado, caramba! - Exclamou, derrubando mais coisas como um louco, exasperado. - É tão difícil assim me compreender?!

–A-a-a-apaixonado... - Gaguejou, rindo feio uma idiota. - Você...? Por... Mim?

–SIM! EU TE AMO! - “...Eu realmente disse isso tão alto?”

Ah. Meu. Deus.

–VOCÊ O QUÊ?

–Te amo! Amo seu jeito extrovertido e louco de ser, amo como você sempre tem energia, amo sua determinação e a sua sinceridade! Amo tudo isso desde o dia em que nos conhecemos! Aaaaa-ah, digo, o dia em que nos conhecemos e eu não tentei de matar com um Digimon possuído, mas, você entendeu! - “O que deu em mim?! Eu não sou desse jeito, não sou, não sou!” Ken pensou, ofegante e nervoso, completamente aturdido com as palavras que pulavam de sua boca como se tivessem vida própria. Por que ele era tão centrado, maduro, competente e tranquilo com tudo, menos com aquela menina de cabelos roxos? - Uh...

–Uau... - Yolei suspirou por um longo momento. O espaço entre os dois pareceu ainda menor e mais claustrofóbico, porém, isso não a incomodava mais, pelo contrário; tudo o que ela MAIS queria era a proximidade daquele ser perfeito. - Isso... Foi... Inesperado.

–Então... - Murmurou. Olhou-a firme, com uma paixão evidente nos olhos. - O que você tem a me dizer, hein?

Ela encarou-o de volta sem medo e abriu o sorriso mais lindo do mundo:

–Bingo, meu amor!

Ele riu e, confiante, aproximou-se com a clara intenção de beijá-la, mas ela ficou bastante nervosa e, num movimento falho e desajeitado, derrubou o detergente em pó de uma das prateleiras, colorindo o cabelo negro de Ken de rosa bebê.

–Yolei! - Reclamou ele, afastando-se um pouco. - Você acabou de derrubar detergente rosa em mim quando eu estava prestes a te beijar, sério mesmo?!

– Então - ela riu nervosamente, sem respondê-lo. -, eu não sabia que você gostava de mim... Aliás, por que gosta de mim, hein? Eu sou tão escandalosa, atrapalhada! Tão, você sabe, louca e estranha. E você é, tipo... Perfeito.

– Ah, você é... GORDA. - respondeu Ken alegremente, limpando seu cabelo e se lembrando do mesmo argumento que TK usara no dia da sua declaração.

Oh...Péssima, péssima ideia, menino gênio.

“Porque será que ela está me encarando como se fosse me queimar vivo?”

Eu. Sou. O quê?– Yolei proferiu entre dentes num tom mortal, agarrando-o pelo colarinho como se seu amor tivesse explodido em milhões de pedacinhos e seu único objetivo era estrangular dolorosamente seu amado até a morte.

– N-nada, nada, nadaaa! - Gaguejou ele, arrependido. Yolei não entendera a brincadeira como Kari. Então ele notou que, como ela agarrara seu colarinho, suas bocas estavam bem perto. - Sabe, meu amor, antes que você tente me assassinar sem nenhuma testemunha por perto para ver isso para depois se livrar do meu corpo num beco sujo qualquer, VAMOS VOLTAR A NOS BEIJAR!

O velho faxineiro quase teve um treco de tanto susto quando abriu seu armário e dois adolescentes se beijavam entre os esfregões como se não houvesse amanhã.


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Notas finais do capítulo

TK Takaishi: Mais uma vez, queria agradecer a B. Star Fic por ter aceitado o meu pedido de escrevermos alguma coisa juntos. E também queria pedir desculpas por não tê-la ajudado tanto como ela me ajudou. Grande abraço (:
B. Star Fic: Ei, ei! Aahh, como assim? Leitores: Ele me ajudou tanto quanto eu o ajudei, sim! :) Ahhhhh como eu gostei de escrever essa história! Principalmente a parte deles dois presos no armário do faxineiro! Haha, quem sabe eu tenha um lado para a comédia - só que não! :D Nós dois queremos saber o que vocês acharam! Bem, agora que a fic está concluída, eu vou voltar a comentar normalmente nas fics que eu leio *_* Apesar de ter um único palavrão na minha parte (ninguém deve se acostumar com isso), não penso que seja necessário pôr nos Avisos "Linguagem Imprópria", não mesmo. Nossa, eu não tenho quase nada prara dizer aqui! Então, é isso mesmo, como ficou? Um grande abraço também! :)
B. Star Fic & TK Takaishi.