Deixe-me falar o quanto te quero bem.

Havia uma semana que Sofia estava naquela inércia, sabia que agora estava segura pois sabia quem a ameaçava, sabia exatamente o que fazer, pelo menos Thomas sabia, segundo ele os Kilás precisavam de um chefe pra existir e ao que tudo indicava esse chefe era Tom, então seria fácil acabar com tudo, eles matariam Tom e por segurança matariam Bill, Simone e Jorg e quem faria isso seria a própria Sofia, afinal eles provavelmente não sabiam que Sofia sabia quem era pois ela tinha mais de 200 ligações não atendidas e mais de 100 mensagens de Tom, os pesadelos eram constantes, mas agora a mensagem era outra, ela estava no abismo e via Tom então o ser de capa azul claro e perfume de rosas vinha e dizia “fuja, fuja para longe dele, não entregue sua vida à morte assim tão facilmente” então ela acordava. Os pesadelos e a noite, agora que não tinha mais Tom, eram mais assustadores, Sofia passava horas chorando e isso a incomodava, pois a muito não chorava de verdade.

Sofia havia atendido o telefonema do amado na noite anterior a pedido de TOM e disse que ainda não estava em casa pois eles estavam procurando o bandido e, também a pedido de TOM, marcou um encontro com “seu Tom”, ela se preparava física e psicologicamente para isso, também conheceria os outros integrantes da banda, seria uma comemoração pois eles haviam escolhido o nome do novo cd da banda, Sofia se entristeceu quanto ouviu as palavras de Tom, ele estava tão feliz que chegou a contagiá-la, mas ele não chegaria a tocar as novas musicas para seu publico, ela sabia, pois antes disso ela o mataria, e também sabia que depois que se vinga-se e se protege-se nunca mais viveria, ficaria ali, naquela inércia para o resto de sua vida.

Sofia terminou de se trocar, estava simples e bela, iriam a uma churrascaria da cidade apenas e ela se divertiria ao lado de seu amado pela ultima vez em sua vida, já eram 7hr. ela pegou sua bolsa e chamou um táxi, se encontrou com Tom, Bill e mais 3 amigos quando chegavam na churrascaria.

_Minha vida! – Tom quase gritou enquanto a abraçava e a girava no ar – eu quase morri de saudades de você  meu bem!

_Eu também – ela o presenteou com um belo sorriso – mas agora estou aqui!

_É... agora você esta aqui comigo, e não vai sair nunca mais! – Tom disse e em seguida a beijou.

Sofia não ligou de estar em publico ou na frente dos amigos do namorado, sentirá falta do beijo, do cheiro, do toque de Tom e tê-lo ali com ela era a melhor coisa que havia acontecido naquela semana, eles terminaram o beijo e Sofia disse pessarosamente.

 _Não vai ser pra sempre meu amor, eu tenho apenas 2 semanas para liquidar a divida e não tenho idéia do que  fazer.

_Você não precisa fazer nada Sô – Tom era firme – nada vai te acontecer.

_Como você sabe?

_Simples – ele sorriu – eu te amo de mais para deixar que algo ou alguém te machuque.

Sofia sorriu, naquele instante teve certeza de que Tom era o mandante dos Kilás e também teve certeza de que ele a amava de mais para matá-la, mas isso não era suficiente, ela tinha que se vingar, pois por culpa do pai de Tom seus pais haviam morrido.

O casal entrou na churrascaria e viram os outros 4, ao se aproximarem Tom apresentou Georg, Gustav e David a Sofia, o tempo passou rápido e logo já eram 2 da madrugada e os 6 estavam indo para a casa. Gustav, Georg e David pediram um táxi e Bill, Tom e Sofi voltaram no carro de Tom.

Eles chegaram e o silencio era grande, Sofia sabia o que acontecia ali, era uma cilada para pegar Tom, ela percebeu que o namorado percebeu algo quando a puxou para perto dele e disse baixo.

_O que você fez Sofia? – ele quase chorava – achou mesmo que eu te mataria? Foi mesmo capaz de imaginar que meu amor por você não era suficientemente grande?

_Tom... eu não sei do que você esta falando. – ela mentiu.

_Sabe, - uma lagrima desceu – sabe muito bem. Você vai me matar mesmo não é? Mas antes me deixe saber o por que, pois não pode ser por vingança, foi meu pai quem fez aquilo, eu era apenas um garoto de sete anos, e as ameaças não foram minhas, aquele homem não me devia, e eu não mato inocentes, eu mão sou meu pai Sofia Carpem Morgen.

Sofia soluçava, a culpa não era de Tom, ela tinha certeza, ele havia perdoado a divida, ele a amava quando crianças e continuava a amando, não havia motivos para ele cobrar uma divida que seu pai induziu o pai dela a fazer.

_Eu sinto muito – ela soluçava – eu não sabia, eu achei que fosse você, eu achei que era o certo. Me perdoa Tom, por favor.

_Não há o que perdoar, você foi induzida a fazer isso e eu fui idiota de não perceber o que acontecia.

_Como assim?

Tom pegou na mão da garota e começou a andar, viu um brilho escuro de uma arma, mas fingiu que não percebeu, ele precisava de tempo pra pensar no que faria, para chamar ajuda e para contar o que acabara de ficar claro para ele, juntou bem o corpo de Sofia ao seu próprio corpo, pois sabia que assim ninguém se atreveria a atirar, a intenção era deixá-la viva, disso ele tinha certeza. A levou para perto da fonte como quem não quer nada e sussurrou em seu ouvido.

_Faça parecer que estamos namorando ok, e presta atenção, aquele corpo quem colocou aqui foi o Thomas ou o Juan, não tenho certeza ainda de qual dos dois – ele a beijou rapidamente para  fazer a encenação ser mais real – o fato é que nos andamos tirando uns clientes deles e eles ficaram com raiva, você sabe que eles são sócios certo?

_Não – ela respondeu baixo e beijou o pescoço do namorado.

_Pois são – ele prosseguiu – ameaçaram minha mãe e Bill, ainda bem que a mamãe foi pra casa da vovó e Bill teve a brilhante idéia de descer lá pra deixar a casa pra gente, - ele riu de leve – mas eu não liguei, somos mais fortes, mas o Thomas, que conheci pessoalmente se saber, disse que ia acabar comigo de um jeito ou de outro, bom, ele ficou sabendo da nossa historia e a usou, por isso que eu tava louco atrás de você meu amor, o Gust deu uma pesquisada e falou que o Thomas seu amigo era o Thomas que queria acabar comigo.

Sofia estava estática, tentou processar todas as informações o mais rápido possível e perguntou.

_Por que então do seu nervo no dia que fui ver Sese, você sabia que era isso que eu ia fazer não é?

_Sabia – ele disse calmamente – e o nervo era porque eu sabia que você ia ficar sabendo de tudo e que sua reação seria exatamente a que você teve.

Sofia o abraçou e perguntou.

_E agora?

_Você vai ser minha refém voluntária.

_O que?

_Hei, eu não vou te machucar, mas você tem que ficar bem junto de mim, aquele Thomas não quer arriscar sua vida, acredite ou não ele te ama.

Sofia balançou a cabeça negativamente e disse.

_Mas eu te amo, e cometi a maior burrada da minha vida.

_Não cometeu não, a gente vai sair dessa, você vai ver.

_Não vamos não.

_E como você tem tanta certeza?

_Minha mãe vem me avisando – ela parou, era tudo tão claro agora, como ela não percebera antes? Era a sua mãe o espírito que estava sempre em seus sonhos, era sua mãe que estava tentando avisá-la, feliz ou infelizmente ela sabia para onde ir, se existia uma chance dela e Tom saírem vivos de tudo aquilo, ela sabia para onde tinha que ir – Tom não faça perguntas ok? Nos vamos ir lá para fora, pegamos o carro e vamos para o sul, para aquele abismo sabe?

_O que? Você quer morrer? Eles vão ir atrás de nos, não vamos conseguir chamar ninguém a tempo, ir para lá é morte na certa.

_Não. Não é. Acredite em mim ok?

_Ok.

Tom se levantou com Sofia abraçada a suas costas, ela o protegia por completo assim, enquanto andavam vagarosamente ela viu 3 ou 4 sombras armadas se movendo na escuridão, era claro que haviam vários homens ali, e todos eles dispostos a matar Tom, ele entrou no carro e Sofia passou por cima dele para ir para o banco do carona e rapidamente depositou sua mão na cabeça de Tom para protegê-lo, Tom deu partida no carro e logo perceberam que estavam sendo seguidos, tom era rápido e decidiu falar tudo o que queria antes que fosse tarde de mais.

_Sofia – ela via o abismo – é provável que é morra hoje, mas eu não quero ir sem lhe falar algo.

_Cala a boca Tom – ela estava aflita – você não vai morrer!

_Mas se morrer – ele parou o carro enquanto pegava uma arma no porta luvas – eu quero que saiba – ele saiu do carro junto de Sofia e começaram a correr para o abismo – que eu te amo, que nunca amei ninguém como te amo – estavam na beira do abismo – e que se eu sobreviver meu amor, eu espero que você aceite se casas comigo. – Ele olhou nos olhos dela, ambos sorriam, Tom a beijou e se separou, alguém estava próximo.

Pronto, ali era o lugar onde havia sido mais feliz, onde o homem que amava à havia pedido em casamento, agora era esperar, pois segundo seu sonho sua mãe disse que seria o lugar onde seria mais triste, ela ouviu palmas, e olhou ao redor, viu Thomas.

_Thomas – ela quase implorava – não tem que matá-lo, não foi ele, ele me ama.

_Eu sei minha cara, mas ele tem algo que é meu – ele apontou para ela – alem disso, me roubou muita grana, mas graças a você aqui esta ele, pronto para morrer, quer você queira, quer você não.

Então era isso, tudo agora fazia um sentido absurdo, inclusive os pesadelos da ultima semana.

“Afaste-se dele, não entregue sua vida à morte tão facilmente” não era sua vida, era a vida de Tom, a morte de sua mãe, de Matilde, o incêndio, tudo aquilo havia sido causado pelo outro TOM, não pelo seu Tom, era tudo uma grande cilada, uma cilada causada pela vida, uma cilada causada por Thomas e agora ela estava ali, abraçada ao homem alto de trancinhas negras a espera de um milagre para salvar sua vida, a espera de uma morte sem dor para ela.