(POV Lily)

–Lilian! Acorde vai se atrasar! – Acordei com a irritante voz de gralha. Ela é uma das mulheres que cuidam do orfanato, a outra é Teresa, ou Resa, ela é um doce.

–Já estou acordada! – Falei.

Do outro lado da porta ninguém falou mais nada, o que me faz pensar que ela se foi.

Eu me levanto e vou tomar banho. Adoro tomar banho, é onde meus pensamentos entram em ordem. Penso em meus pais, eles me abandonaram quando eu era apenas um bebê, eles me deixaram aqui com apenas informações básicas. Pensei em Gralha, como a odeio. Só tenho Resa e Katie nesse mundo. Sinceramente minha vida é horrível, eu não confio facilmente nas pessoas. Odeio isso! O pior é que quando estou triste eu nunca falou para alguém, nunca. Sempre finjo que estou bem, por esse motivo eu sei mentir tão bem.

Eu também não conto meus “segredos” para Katie, não sei porque. Confio nela, se eu quisesse contar algo a ela eu saberia que ela guardaria segredo, mas eu nunca conto. Nossas conversas se baseiam em ela me contando algo e eu rindo, fazendo comentários... Não é como se não gostasse, eu amo conversar com Katie, só estou mostrando que eu não falo as coisas para os outros, guardo para mim e meus pensamentos.

Quando saio do banheiro eu já estava pronta e, minhas duas companheiras de quarto me conversavam enquanto calçava o tênis. Elas pararam de conversar assim que perceberam que eu estava de volta no aposento.

Lindsay e Lívia -os quartos são separados por ordem alfabética- elas só falam comigo quando necessário e me mantêm o mais afastado possível.

Como já desisti de tentar falar com elas saio sem falar nada. O orfanato é enorme e escuro. É uma mansão, uma mansão pouco convidativa. Meu quarto fica no segundo andar. Lá embaixo Resa está me esperando.

–Bom dia Lily. – Ela diz sorrindo, o que me faz sorrir.

–Bom dia.

–Vamos à cozinha?

Todos os órfãos comem no refeitório, mas eu não sou bem vinda lá então sempre como com Resa. Gralha sempre come no refeitório.

–Ainda não entendo porque ninguém quer fazer amizade com você. É uma menina tão simpática e doce!

–Eu não sei tia Teresa. – Sempre a chamo de tia Teresa. – Eles me acham estranha.

Eu podia desabafar, mas não desabafava, pois não queria que as pessoas ficassem “Oh! Não fica triste! O que houve?” ou coisas do tipo. Fora que quando alguém me via chorar eu me sentia fraca, indefesa e coisas do tipo. Mas eu não era grossa, nem chata eu era um pouco estressada, mas só um pouco!

–Eles não sabem o que perdem! Você é uma ótima amiga! – Tia Teresa argumenta.

Verdade, sempre que Kate precisava eu a ajudava. Sempre estava ao seu lado.

–Fale isso para eles.

Comemos a comida quietas. Até que estava na hora de eu ir para escola.

Aqui no orfanato eles dão algumas opções de escola e você escolhe.

–Tia Resa, eu tenho que ir. – Deu um beijo nela, peguei minha mochila e meu ipod e fui me encontrar com todos na porta.

Infelizmente, aqui nesse orfanato é tudo muitíssimo organizado, então cada pessoa aqui tem um tipo de passe que mostra suas informações. Antes de sair ou entrar você precisa mostrá-lo.

Tinha uma fila enorme na entrada. Droga! Devo chegar atrasada pela terceira vez só nesse mês!

–Próximo – Anunciou algum funcionário novo.

Eu mostrei a ele meu “passe” e finalmente estava livre daquele lugar horrível!

Sai correndo pelas ruas feito uma doida, precisava chegar a tempo. Corri por várias ruas até que cheguei ao bendito colégio. Consegui! Não estava atrasada!

–Oi bruxinha! – Disse Kate de algum lugar atrás de mim.

Kate sabe que eu amo quando ela me chama assim. Eu amo quando ela me chama assim porque eu simplesmente amo Harry Potter. Eu amo a saga desde que me entendo por gente. Harry foi meu amigo quando ninguém mais quis ser, eu o conheci antes mesmo de conhecer Kate.

–Oi Kate! – Me virei para dar um abraço nela.

Kate tem o cabelo na altura dos ombros, fino e castanho claro. Ela tem olhos castanhos escuros e é pequena o que a deixa muito fofa.

Nós entramos no colégio e ficamos conversando até que o sinal bateu o que representava que cada um devia ir para sua devida sala.

–Ah não! Me leva junto com você! – Pedi para Kate, ela era minha única amiga e ninguém da minha sala falava comigo. Todos me evitavam e me achavam estranha.

–Boa sorte! – Ela disse antes de nos despedimos.

Subi as escadas e quando cheguei à sala obviamente ninguém me cumprimentou.

Como sempre, sentei na última carteira, na fileira do canto, botei meu fone de ouvido e deixei que a música me levasse para qualquer lugar.

(POV Percy)

Eu acordo cedo por causa da missão. Vou ao banheiro, tomo banho, faço minha higiene matinal e troco de roupa. A verdade é que estava muito ansioso. Iria conhecer Lily! Ela vinha entrando em meus sonhos há um bom tempo e eu mal posso esperar para conhecê-la.

Pego uma mochila e começo a arrumá-la com coisas que provavelmente vou precisar, como: Ambrosia, néctar, dracmas...

Fico pronto um pouco cedo então me deito e pego meu ipod.

Depois de alguns minutos decido que é hora de ir então guardo meu ipod na mochila e abro a porta. Antes de sair dou uma última olhada no chalé de Poseidon. “Vou sentir saudades” Pensei antes de bater a porta.

Vou até a Casa Grande esperar os outros.

Quando avisto os outros de longe, saio de lá e vou até eles.

–Bom dia, Bela Adormecida – Falo abraçando Meggie enquanto Chase lança um olhar mortal na gente – Como se sente saindo em sua primeira missão?

Ela sorri e me abraça de volta de volta.

–Muito bem! – Ela diz.

Quando chegamos à colina meio-sangue damos uma última olhada para trás antes de descermos a colina correndo.

Aí vamos nós! O destino que nos aguarde.

(POV Lily)

Passei a aula inteira escutando música e fazendo rabisco no meu caderno, em maior parte sobre Harry Potter, mas isso não é importante.

O sinal tocou e eu não podia me sentir mais aliviada.

Sem nem um pouco de pressa arrumei meu material. Hoje só foi mais um dia monótono de escola.

Pego minha mochila e saio da sala.

Vou andando pelos corredores da minha enorme escola em direção a saída. Quando alguém me puxa: Kate, quem mais?

–Viu? Conseguiu sobreviver a mais um dia! – Ela disse.

–É o que você acha. Minhas notas estão péssimas e eu nunca consigo prestar atenção na aula, sempre acabo escutando música e desenhando no me caderno.

–Então vamos cortar o mal pela raiz, me de seu ipod – Disse Kate estendendo a mão.

–O que? De jeito nenhum, você sabe como foi difícil para eu ganhar este ipod.

Era verdade. Eu pedi permissão no orfanato para trabalhar e eles me concederam, assim toda terça e quinta depois da aula eu passo no orfanato para trocar de roupa, mas logo depois eu saio para ir trabalhar, assim ganhei meu dinheiro e o economizei para comprar meu ipod, eu amo escutar música.

–Eu sei, só estava brincando! – Ela disse rindo.

Eu e ela fomos caminhando de volta para nossas devidas casas enquanto ela me contava sobre o novo vizinho dela.

–Ele é tão lindo! – Já estava cansada de ouvir essa frase.

–Então trate de dar as boas vindas a ele pessoalmente senhorita Sanderson. – Disse rindo.

–Não precisa pedir duas vezes. – Ela disse rindo.

Continuamos conversando sobre besteiras, mas chegamos à rua em que teríamos que nos despedir.

–Até amanhã! – Ela disse no meio do nosso abraço.

–Até! – Respondi. E virei às costas para seguir meu caminho.

Quando cheguei ao escuro orfanato e fui direto para cozinhar conversar com tia Resa.

Gralha estava lá.

–Resa esta? – Perguntei, ela me deixa de castigo toda vez que chamo tia, não que eu tenha medo dela, mas não quero arranjar encrencas.

–Saiu. Agora suba e vá tomar um banho! Daqui à uma hora um casal vem aqui para ver as crianças. É claro que eles não vão adotá-la, mas quero todos limpos, cheirosos e arrumados.

–Claro. – Murmurei e subi a escada principal indo direto para meu quarto.

Lindsay e Lívia não estavam ali. Ainda bem. Fui direto para o banho fiquei um bom tempo lá até que escutei uma batida na porta.

–Vai demorar? Precisamos tomar banho.

Era Lindsay, que obviamente estava com Lívia.

–Já estou saindo. – Avisei e com isso elas não me perturbaram mais.

Terminei meu banho e fui me vestir. Tentei botar uma roupa bonita, Gralha me comeria viva se não estivesse um pouco melhor do que já sou, como diria ela.

Sai do banheiro e Lindsay entrou, ficando apenas eu e Lívia no quarto.

Sentei na cama e fiquei quieta. Era uma situação muito desconfortável. Não me lembro muito bem de ver Lívia sem Lindsay. É muito estranho.

–Esta com pressentimento bom? – Ela me pergunta.

Acho que ficar por tanto tempo sem Lindsay não esta fazendo bem a ela. Ela realmente puxou papo comigo? Sem ninguém a obrigar? Essa definitivamente não é Lívia.

–Sobre o que? – Pergunto.

–Sobre esta noite, sobre o casal que vem aqui.

–Sinceramente? – Pergunto e ela sacode a cabeça. – Não, como Gralha diz ninguém vai me adotar. Geralmente os casais adotam crianças menores.

Só aí que vi, Lívia estava com grandes expectativas para esta noite e eu havia acabado de estragá-las.

–Geralmente, mas eu sei que você vai ser adota, pode não ser hoje, mas que você vai você vai.

Ela sorriu e nós voltamos a ficar quietas, como se nada tivesse acontecido, mas eu me lembrei de uma pergunta que eu sempre quis saber a resposta, mas não tinha oportunidade de perguntar, mas agora eu a tinha.

–Lívia?

–Sim?

–Por que as pessoas me acham estranha? Você me acha estranha?

Ela ia responder, mas Lindsay saio do banheiro e falou:

–Acho melhor você correr para se arrumar, daqui a pouco o casal chega.

Lívia levantou de um pulo de tão nervosa que estava e sussurrou:

–Depois conversamos. – Assim sendo ela correu para o banheiro.

Estava com um ódio mortal de Lindsay que penteava seus cabelos castanhos escuros e lisos na frente do espelho. Como eu queria ver Lívia penteando seu cabelo loiro ou invés de Lindsay!

Enquanto esperava Gralha vir chamar eu dormi.

Eu sonhei com vários adolescente andando sozinhos. Eles pareciam mendigos de tão acabados que estavam! Eles estavam de costa para mim então não vi o rosto de ninguém. Tinha três garotos com o cabelo encaracolados e dois com cabelo preto. Tinha uma menina com cabelo mel, outra com cabelo preto e outra com cabelo loiro.

–Lilian, acorde! Acorde Lilian! – Alguém me chamava e me sacudia, mas eu não podia acordar, não agora.

Um garoto de cabelo preto estava virando e eu estava acordando. Assim que ele virou minha visão ficou embaçada e eu só consegui ver uma coisa: um par de olhos verdes, assim como os meus. Então eu acordei.

–Ela não está morta – Disse Lindsay para Lívia. – Gralha vai passar aqui daqui a alguns minutos.

Eu me levantei muito rápido, calcei minha sapatilha e escovei meus cabelos. Foi aí que Gralha entrou no quarto.

–Eles chegaram! Lívia, Lindsay vocês estão lindas! Parabéns! Podem descer.

Ela deixou Lívia e Lindsay passarem, mas quando eu fui passar ela me barrou.

–Não sei se você lembra, Sampaio, mas mandei você se arrumar direito! – Ela disse.

–Eu me arrumei direito.

–Melhor que isso você não deve ficar. – Ela disse e bateu a porta.

Bufei de raiva e fui dar uma última olhada no espelho. Eu até que estava bonita, não muito, mas estava um pouco.

Suspirei e fui até a porta, eu a abri e desci a escada principal o casal estava ali, conversando com Lívia.

–Boa tarde. – Desejei para o casal.

–Boa tarde, qual é o seu nome? – Eles perguntaram.

–Lily – Respondi.

–Você é amiga da Lívia? – A mulher perguntou.

Eu ia responder que éramos colegas de quarto, já estava com a boca aberta para começar a falar, mas Lívia falou primeiro.

–Somos, na verdade, não éramos, até hoje. Eu falei para ela que estava cheia de expectativas para hoje e ela me incentivou. Nunca pensei que ela fosse fazer isso. – Ela disse sorrindo o que me fez sorrir, pelo visto, tenho uma nova amiga.

Resa estava me chamando então tive de parar a conversa para ir conversar com tia Teresa.

–Desde quando você e Lívia são amigas? – Ela me pergunta.

–Desde hoje. – Respondo sorrindo.

Ficamos lá, por muito tempo conversando. Depois de algumas horas tivemos de sair, e quando saio eu tenho uma grande surpresa com a cena que vejo.

Estava um amontoado na porta e quando meu esguio pelas pessoas para ver o que está acontecendo descubro que Lívia foi adotada. Não posso evitar e um sorriso me vem ao rosto. Quando ela me vê ela corre em minha direção e me abraça.

–Obrigada! – Ela diz ainda me abraçando. – Obrigada!

Eu ri. Quem diria? Lívia me agradecendo e me abraçando?

–Não tem nada para agradecer. – Ela sorriu. – Só promete que não vai se esquecer de mim, o.k?

–Como esquecer?

Sorrimos e nos abraçamos mais uma vez.

Assim que nossa despedi terminou ela se juntou aos seus novos pais deu uma última olhado no orfanato e se foi. “Ótimo! Você arranja uma amiga, ela no mesmo dia vai embora!” Pensei. Não que não tivesse feliz por ela, mas é pela ironia mesmo. Tinha anos de convivência com Lívia e eu só me torno amiga dela agora.

Fui para meu quarto, onde Lindsay estava deitada em sua cama com cara emburrada. “Será que eu também posso ser amiga dela?” Não pode evitar de pensar.

–O que houve? – Perguntei.

–Não é do sei interesse. – Ela respondeu grossa e virou de lado.

Não, definitivamente Lindsay nunca será minha amiga. Então me arrumo para dormir, não quero jantar. Só quero dormir.

No meu sonho o garoto dos olhos verdes apareceu de novo. Ela tinha cabelos negros como os meus. Ele era lindo! Era um grupo de adolescente um tanto quanto esquisito.

Eu sonhei com eles andando pela minha cidade. Enfim, ficou nisso o sonho inteiro. Não reparei muito bem nos outros integrantes, só no garoto lindo dos olhos verdes.