Come What May escrita por Louise Maia Silveira, MsTigerOwl, MsTigerOwl


Capítulo 9
Love Me Do


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!! Mais um aqui pra vcs, esse eu me esforcei muito mesmo pra terminar, é um dos meus favoritos e o que precede o meu favorito de todos, espero que gostem, amo vocês! Enjoy Well!



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"Amor, me ame,
Você sabe que eu te amo.
Eu sempre serei sincero
Então por favor, me ame,
Oh, me ame.
Amor, me ame,
Você sabe que eu te amo.
Eu sempre serei sincero
Então por favor, me ame,
oh, me ame.
Alguém para amar,
alguém novo.
Alguém para amar,
alguém como você.
Amor, me ame,
Você sabe que eu te amo.
Eu sempre serei sincero
Então por favor, me ame,
Oh,me ame.
Amor, me ame,
Você sabe que eu te amo.
Eu sempre serei sincero
Então por favor, me ame,
Oh, me ame.
Sim, me ame
oh, me ame"

Quinn estava deitada na grama, os cabelos dourados espalhados sobre a grama seca cor de esmeralda, quase da mesma cor de seus olhos enigmáticos e sem emoção, olhava para cima, onde as folhas das árvores formavam um telhado falho, criando padrões nos raios dourados do sol, partículas de poeira dançavam na luz graciosamente, em uma valsa inaudível.
Naquele momento, sua cabeça estava mergulhada em um poço profundo e sombrio, do qual ela realmente chegaria a achar que não seria capaz de sair viva se não houvessem motivos para fazê-lo.
Sabe como as pessoas têm aquela mania de falar que por alguns minutos, o mundo foi perfeito? Era nisso que ela pensava agora, se sentia como se tivesse recebido uma urna de diamante, cheia de mágica, pó de pirlimpimpim ou seja lá como chamam. Algo brilhante, ilustre e glorioso, que a fez se sentir poderosa e a pessoa mais sortuda da face da terra, como uma criança em um circo, ou um parque ou algo que vislumbre como igual.
Aquela sensação calorosa, de conforto e de se sentir amada, algo que ela realmente precisava aqueles dias, mas então, exatamente como a criança no circo, o tempo passou, e bem no momento em que ela chegou a acreditar que tinha magia o suficiente para toda uma vida, a urna escorrega por entre seus dedos e estilhaça no chão, em milhões de minúsculos pedacinhos, então, ela se curva sobre os cacos, desesperada por mais um pouco, viciada naquela sensação de poder, e de amor, de ser diferente, de estar em um pedestal, mas enquanto seus dedos tentam em vão agarrar a luz dourada que só foge com o vento, ela percebe que os cacos de vidro a ferem, eles cortam seus dedos e descarnam a pele, deixando suas mãos em carne viva, percebe então que aquela urna não era feita de diamante, e no final, ela deveria pensar naquele momento que tudo aquilo, na verdade era uma farsa, que o que ela presenciou, o que ela teve, nunca foi verdade, que não era tão precioso, então porque aquele pensamento não a ocorria? Ela queria, queria esquecer aquela urna cheia de uma luz dourada quase impossível de conter.
Ela queria. Queria esquecer a sua redoma de cristal.
Mas não conseguia.
Sua urna, sua preciosidade, tinha nome, sobrenome, altura e endereço, uma pessoa que a inebriou, que esteve ao seu lado por tanto tempo que parecia uma eternidade, aquela pessoa, a encantou com sua mágica, a amaciou, a tocou e a cuidou, e bem quando ela já se sentia capaz de viver uma vida inteira só com o que tinha recebido, vem o choque, elas duas seguravam aquela delicada peça, e quando se distanciaram tão bruscamente, ela escorregou por entre seus dedos, a urna se estilhaça, as lembranças a ferem como adagas afiadas, e a luz dourada que ficou, voa com o vento, carregando consigo a melodia, a cor, o cheiro, tudo.
Mas ela continua olhando por entre os cacos, á procura de um pouco daquela luz, um pouco da sensação de levitar. Seus pulmões pareciam pesar 14 toneladas de novo, antes, ela já tinha se acostumado a isso, a sensação de que os dois eram feitos de titânio já não lhe era assim tão dolorosa  quanto quando ela começou a senti-la, logo após descobrir que estava grávida de Beth, quando suas amigas lhe deram as costas, e não teria lhe doído tanto se Santana não as tivesse acompanhado.
Só que ela era tão teimosa que chegava a ser preocupante, meteu em sua cabeça que tinha que se dar espaço, que ela ia esquecer, e aqueles poucos dias que passou com a luz dourada iluminando todas as partes escuras de seu ser, seriam só uma lembrança agradável, mas ficou bem óbvio que ela estava enganada quase uma semana depois, durante sua aula de bioquímica, Laurent a olhava daquela mesma forma lasciva, e ela sentiu que realmente poderia tentar ter alguma coisa com ele hoje, talvez aquilo a ajudasse a apagar os vestígios das lembranças.
Mas então, faltavam apenas cinco minutos para o horário acabar, ela mantinha os olhos presos no relógio e os dedos passando pelo granito, então veio na sua cabeça como aquilo era um dejavú muito estranho, e foi como se um cabo de aço se partisse, suas costelas foram esmagadas e ela sentiu tudo queimando como fogo dentro de si, só a simples consciência de que dessa vez, ela não sairia dali e pegaria um trem para NY fazia aquilo com ela.
Quando a aula acabou, pegou seus livros, entrou no carro e dirigiu por 45 minutos até aquela floresta, andou um pouco, mas parou no meio do caminho e desabou na grama.
Idiota. Cabeça dura. Hipócrita. Problemática. Chata. Medrosa. Triste. Sozinha. Gay. Cansada. Apaixonada. Idiota.
Várias palavras passavam pela sua cabeça, seu estômago ardia junto com suas veias e seu peito, a experiência tinha sido mal sucedida, aquilo não ia passar, a luz dourada se impregnara na pele clara como porcelana e não fazia menção de que sairia tão cedo, só que o problema é que ela se mantinha pairando, grudada á pele, mas não penetrava mais seu corpo como antes.
Quinn encarou a tela de seu telefone, ainda bloqueada, ela sabia o que fazer, só lhe faltava a coragem, sua foto favorita brilhava, Santana, encostada á uma mesa de ferro, sorria para Beth, que estava em seu colo, fazendo um bico como se fosse beijar a latina, a pele ardeu ainda mais, ela desbloqueou o sistema e discou o número, a unha bem pintada pairou sobre o botão verde por alguns segundos, mas então, o peso sobre seu corpo aumentou por saber que o alívio estava tão próximo, ela se remexeu na grama, desconfortável, foi quase impelida a apertar, não teve tempo de repensar, nem um toque inteiro se concretizou e a voz doce e sedutora de Santana se materializou do outro lado da linha.
- Alô? Quinn? - ela perguntou, e a loira respirou fundo, o peso diminuindo gradativamente.
- E aí, como anda minha novaiorquina favorita? Vivendo muito "o momento"? - brincou a loira, tentando evitar que a conversa se formasse sobre gelo fino.
- Você nem imagina o quanto! Eu fui chamada para modelo na Vogue.com! - falou, animada, fazendo Quinn rir ao imaginar o sorriso radiante que deveria estar no rosto de Santana naquele momento.
- Sério? O que aconteceu? - perguntou, tentando manter a voz da latina, que a anestesiava, a morena começou a contar tudo, falou sobre sua visita ao prédio, sobre o acidente com as pastas e sobre o que ela fez depois, Quinn apenas respirava fundo e fechava os olhos, apreciando a sensação de ter o corpo reagindo sem a dor de antes, e então ela se calou, e nenhuma das duas sabia o que mais deveria falar, elas ficaram assim por alguns minutos, abriam a boca, mas nada remotamente audível saía.
- Sinto a sua falta. - Santana falou por fim, como se fosse a confissão de um segredo sujo, sentindo seu coração bater acelerado.
- Eu também. - a loira soltou, e o silêncio corroeu a ligação mais uma vez, a única coisa que podiam ouvir era a respiração uma da outra.
- Nós fomos burras. - foi só o que a morena disse, e Quinn não respondeu, ela não acrescentou nada, pois sabia que aquilo era verdade, elas tinham sido tão burras... - Achamos que poderíamos simplesmente esquecer isso, ir pra longe uma da outra e esperar que tudo fosse igual. - a latina respirou fundo, sentada na varanda fria do acampamento, olhando os prédios e o trânsito como se aquelas placas fossem lhe indicar para onde ir.
- Eu sinto a sua falta. - Quinn repetiu a fala anterior da morena, Santana respirou fundo, sentindo que aquilo a preenchia mais do que um "Eu também" vazio. - Eu fui a um bar ontem com a minha classe de neonatologia e bebi todas, acho que eu estava tentando achar uma forma de não sentir a sua falta, mas quando cheguei, eu vomitei horrores e estou com dor de cabeça, e a falta não sumiu, agora eu me sinto vazia.
- É de se esperar depois de vomitar tanto, você está bem? - a latina preocupou-se.
- Não, eu me sinto, vazia. - repetiu, secando os cantos dos olhos para impedir que uma lágrima saísse.
- Eu tenho que ir, você vai ficar bem? - Santana perguntou, e Quinn assentiu, sem saber se poderia falar, antes de perceber que a morena não poderia vê-la, então uniu todas as suas forças e içou algumas palavras de trás do bolo em sua garganta.
- Vou sim. - a hispânica já ia desligar, mas antes pensou em uma coisa.
-Quinn?
- O que? - perguntou a loira, já mais controlada.
- Eu te amo, nunca esqueça disso. - ela disse, e desligou rápido.
Quinn olhou a tela do telefone em choque, um sorriso brincando em seus lábios, a expressão surpresa, torceu os lábios em aprovação.
- Ela me ama! 
******************************************
- Senhorita Lopez, suas passagens foram trocadas de Terça feira para as 15h de sábado com sucesso, esperamos que se beneficie bem do vôo com a Company Airlines. - a voz de uma atendente entediada confirmou, provocando um sorriso no rosto da latina, que olhou na tela de seu notebook, era sexta feira.
- Muito obrigado pela atenção. - respondeu, educadamente, desligando o telefone e fechando o computador, um garoto apareceu na porta do quarto, usando um telefone em forma de fone e segurando uma prancheta.
- A sessão começa em meia hora, Miss Wright está a sua espera. - falou.
- Avise-a que estou a caminho. - falou, arrumando o roupão para sair, já pronta para a sessão de fotos.
 


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