Invertido escrita por asthenia


Capítulo 5
Rendição


Notas iniciais do capítulo

Olá gente linda!
Me desculpem pela demora. Fiquei um bom tempo sem qualquer inspiração pra essa fic, mas esses dias tive alguma. Este é o último capítulo, e eu espero que vocês gostem. :)
Vou responder a review de cada um de vocês assim que eu puder, prometo.
Por favor, leiam as notas finais!



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Rendição

sf (render+ação) 1 Ação ou efeito de render ou render-se. 2 ant Redenção, resgate.

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Os dias seguidos foram calmos e amenos, assemelhando-se ao clima. A falta de missões e, estranhamente, a falta de sono, fazia com que Naruto pudesse apreciar mais toda aquela sensação de paz e credibilidade a Konoha, que aos poucos ia voltando às atividades de antes, com os comércios e as moradias se reconstruindo. Passeava pelas ruas, indo ao prédio da Hokage e até as algumas construções que talvez precisassem de ajuda. Mas na verdade, a iminente situação pós-guerra trazia a sensação de paz, e mesmo que isso não soasse bem, paz significa que shinobis como o Uzumaki ficassem sem trabalho, sem missão, e logo também sem ter o que fazer.

A cabeça vazia dava espaços a outros tipos de pensamento, deixando o loiro mais confuso ao tentar colocar as próprias emoções em ordem, porém, era em vão. Ele tinha o dom de não ser compreensivo o bastante com o que acontecia com o psicológico das pessoas justamente por não entender o próprio. Por não saber o que fazer na maioria das situações, ainda mais quando se tratava de amor. Ressoava, repetia, mas o som da palavra em sua cabeça não trazia nada mais do que um bolo na garganta e o pressentimento de que estava fazendo alguma coisa errada. Ficava ainda mais vivo quando ele viu Hinata se afastar dele com passos apressados na noite do festival, e depois o olhar preocupado de Sakura, que apareceu ali próximo do banco que estava sentado, perguntando se ele estava bem.

Só se lembrava de que saiu dali as pressas, sem saber o que dizer, fazer, ou simplesmente pensar em relação a tudo. Ele estava rendido. Rendeu-se a toda aquela confusão, a ebulição de tudo dentro do peito, e a incapacidade de agir com Hinata, de tentar esquecer o que ela havia feito por ele. Afinal, no final de tudo, ela não ganhou nada com isso. Reconhecimento, agradecimento, carinho, ou sequer um sorriso. Ele não podia presentea-la quando ele não fazia ideia de como deveria se sentir. Ou como realmente se sentia.

Apalpou os bolsos quando algo lhe pinicava a pele, e achou o tsuru do qual Tenten havia dobrado para ele. Olhou e um sorriso amarelo apareceu nos lábios. Desejo. Ele tinha um sinal de desejo em mãos. Podia pedir a aqueles pássaros de papel de seda que finalmente pudesse tocar o coração de Sakura e ter o amor dela. Estranhamente, aquela ideia parecia absurda e sem qualquer nexo. Ele sabia que nunca a Haruno poderia amá-lo. Não quando só havia Sasuke quem preenchia o quesito amado dela. Ele aceitou isso, não só por agora, mas por todos os momentos que ambos passaram. Aceitou de bom grado, porque mesmo sem saber o que era exatamente aquele amor, ele sabia que era insubstituível e, além de tudo, forte demais para ser esquecido. Mesmo que mil tsurus foram dobrados cuidadosamente para isso.

Mas talvez ele tivesse outro desejo a ser realizado e aqueles mil tsurus pudessem ajudar. Talvez todos eles pudessem esclarecer tudo o que passava com ele, mostrar o que fazer, como até poderia deixar claro de qual forma poderia se aproximar de Hinata, de ajudá-la naquela tal necessidade dela, e tirar isso dela, curioso pelo modo que isso o incomodava. Ele então se renderia, perguntaria do que ela precisava, e unicamente, o que ela queria. Ele sorriu mais uma vez, aberto e determinado, agarrou entre os dedos o origami sem se importar em amassar.

—/-

Sentiu o corpo cansar e pesar. Sentiu as mãos fraquejarem e o golpe contra a tora a sua frente falhar. Os olhos se fecharam fortemente, e as pernas amoleceram. Percebeu que o seu emocional afetava cada célula de seu corpo, perdendo não só a concentração, como também a vontade de continuar com aquele treino exaustivo e, aparentemente, inútil. Sorriu, triste, e decidiu encostar as costas a tora atrás de si, respirou fundo, afastando os fios azulados grudados no rosto por causa do suor. Ofegava pelo cansaço, do corpo, da alma, da situação.

Hinata não se permitia afundar naquela angústia de um amor não correspondido, mas acabou por se render, quando o pensamento lhe preencheu a cabeça, juntamente com as lembranças daquela conversa estranha que tivera com Naruto, dias atrás. Ela possuía uma parte de si que gostava de lembrar-se de cada pedaço, dos olhos dele, dos fios de cabelo que caiam na testa, fora de ordem, e também, daquele sorriso de dentes brancos que resultava em uma dor incômoda no coração dela. Aquilo era doído e lhe enchia o peito de mágoa. Mas não conseguia mais chorar e lamentar. O seu rosto só estava úmido devido ao suor, sem qualquer gosto salgado de lágrimas. Ela continuou sentada, tomando mais fôlego para se levantar e ir para o seu o clã.

Observou os seus dedos, e mentalmente anotou que precisava colocar mais bandagens, para evitar pequenos arranhões em sua pele. Quando tirou os olhos da própria mão, e voltou a olhar para frente, não tinha como se espantar mais. Naruto estava a sua frente, agachado, com um sorriso espontâneo nos lábios.

“N-N-Naruto-kun!”

Ele ouviu seu nome sair como um susto dos lábios dela, e também observou uma coloração vermelha preencher o rosto pálido da moça. Ele não podia negar, adorava ver o que ele podia causar nela, apenas por estar presente, próximo. Seu sorriso diminuiu escondendo os dentes, mas ele ainda mantinha uma expressão travessa no rosto.

“Hinata, vem comigo!”

Ele pegou uma das mãos dela, fazendo com que a morena se levantasse, de supetão. Ela estava cada vez mais envergonhada, e ele continuava puxando com a mão a dela, falando entre os passos apressados de ambos.

“Você disse que precisa de uma coisa, não é? Então eu vou te ajudar, ‘ttebayo! Eu também estou precisando, e acho que a gente pode se ajudar!”

Ela nada respondeu e continuou a observar o modo possessivo com que ele puxava uma das mãos. Afinal, o que era tudo aquilo? Aquela aproximação repentina, justamente quando havia desistido dele? Resolveu não pensar muito a respeito, mas pode sentir as maçãs do rosto corarem ainda mais, assim que Naruto foi subindo com ela, em passos mais lentos, para o próprio apartamento.

Hinata continuou calada e Naruto enfiou as mãos no bolso a procura da própria chave. Ele parecia estar mais alegre, no entanto, ela viu que ele estava nervoso ao constatar que ele tremia. Pensou em perguntar se ele estava bem, mas desistiu. Ele abriu a porta de seu apartamento e seguido de um suspiro de alívio, sinalizou com a mão para que ela entrasse. A Hyuuga deu um passo incerto, e em um segundo tudo mudou. Ele acabara de acender a luz do cômodo do qual os dois se encontravam, e a sua surpresa não podia ser maior.

Cada canto, desde a parede até o chão, nos móveis e em todo o lugar, fios estavam pendurados, enfeitados de tsurus. Pequenos, grandes, que variavam entre a cor azul, amarelo, rosa, roxo, verde, vermelho e na sua maioria, laranja. Ela colocou a mão na boca, sem acreditar, e reparou em cada origami pendurado no local. As luzes que entravam pela janela refletiam nos papéis de seda pendurados, deixando o lugar mais colorido.

Naruto a olhou, encantado, talvez pela simplicidade dela em reparar em cada detalhe mínimo do lugar, e seu sorriso se abria cada vez mais. Mesmo que durante sua vida nunca fora capaz de saber como classificar cada sentimento que carregava no peito, devido a sua solidão, ele sabia que tudo o que sentia em relação a morena a sua frente não se tratava apenas de gratidão. Ele se lembrava como o coração acelerava rápido com Sakura, e como se assemelhava a sensação que sentia naquele momento. Lembrava-se também que suas mãos não mais suavam ao pensar em tocar a Haruno, mas como estavam suadas pela presença de Hinata. E também, a sua mente traiçoeira não mais comparava sua colega de time com a Hyuuga, porquê, no final de tudo, ela simplesmente preenchia seus pensamentos por completo.

Ele foi até uma cômoda próxima ao seu sofá velho e pegou uma última folha de papel seda, de cor lilás clara, e caminhou até ela, que ainda passeava os olhos pelo local. Sentindo a presença dele bem perto, ela se virou e olhou para as mãos dele, voltando a encarar os azuis do loiro.

“Eu e alguns bushins fizemos tudo, ‘ttebayo. Não sei se vale mas... Eles ainda são eu mesmo, hehe. “ sorrindo desconcertado, continuou. “É... Mas ainda não tem mil tsurus, eu guardei esse último papel pra você.”

Ela continuou sem ter o que dizer e pegou o papel entre as mãos. Ele a olhou tão profundamente, que Hinata voltou a ficar sem ação.

“N-Naruto-k-kun... E-eu...”

“Olha, quando eu estava dobrando cada papel eu comecei a fazer um pedido. Só que Hinata-chan... E-eu não consegui deixar de pensar que você também precisava de alguma coisa, então... Eu desejei que o que você quisesse ou precisasse, dattebayo, se realizasse. Você só tem que dobrar esse último e ele se realiza.”

Os olhares de ambos se cruzaram mais uma vez e ele pôde ver que os olhos dela estavam vermelhos e cheios d’água. Assustou-se, mas se manteve ereto, e não desviou em nenhum segundo sequer seus olhos do dela. Naruto deu mais um passo, incerto, em direção a Hinata que continuava sem ação. Os centímetros que separavam os dois deixava o clima ainda mais desconfortável a ele, justamente porque não sabia o que fazer, e o coração batia tão acelerado que parecia estar na boca. Ela fechou e abriu os olhos novamente, respirando fundo, e percebendo a distância que estava do Uzumaki. Deu um passo decidida em direção a ele, fechou os olhos, e após deixar cair o papel de sua mão, levou a ponta dos dedos aos lábios dele. Talvez estivesse prestes a ter um ataque cardíaco, de tanto que seus batimentos tornavam-se mais rápidos e seu rosto ficava ainda mais vermelho.

Ele se mantinha imóvel. Com os olhos abertos e surpreendido pela atitude repentina dela. Os dedos finos tocavam seus lábios e ele notou que ela inclinava os próprios pés, e em um impulso, eles estavam sem qualquer distância entre um e outro, dando início a um beijo tímido e inseguro. Ele segurou os braços dela, e abriu os lábios, quando percebeu que ela paralisou. Mesmo que Hinata tivesse começado com tudo aquilo, ele sabia que ela não podia continuar, pois a timidez a impedia. Segurou entre suas mãos o rosto dela que explodia de vermelhidão, enquanto dava continuidade a aquele beijo suave, sentindo as mãos dela apertando a blusa dele. Os lábios foram tocando cada vez mais de leve, finalizando com um toque simples, em que os dois se afastaram e abriram os olhos, voltando a se encarar.

“Era isso que você queria?”

Ela mordeu o lábio inferior e voltou os olhos ao chão, ainda mais acanhada.

“N-Na verdade eu tentei nesse tempo todo me afastar de você... N-não sei porque estou fazendo isso a-agora... M-Me desculpe Naruto-kun.”

Ele a olhou mais uma vez e voltou a sorrir. Afastou-se dela e abaixou para pegar o último papel de seda que estava no chão. Olhou para a morena e sorriu ainda mais, voltando a sua atenção para suas próprias mãos, concentrado a fazer o último tsuru, completando assim mil, pensando no desejo que não saia de sua cabeça.

“Você não quis Hinata, mas eu não ia deixar esse desejo escapar. Por isso, eu desejo que você sempre se renda a mim e que tenha mais... Como eu posso dizer'ttebayo?" olhou para cima, em um sinal que estava pensando, enquanto Hinata reparava em tudo o que ele fazia "Surtos como esse que você teve!"

Hinata corou ainda mais e ele sorriu, mais aberto e sincero, mas nas maçãs do rosto dele também havia uma cor rosada. Sem perder tempo, ele aproximou mais uma vez, tocando seu nariz no dela e falando baixo, antes de dar início a mais um beijo.

"Se você tentar se afastar de mim de novo, dobro mais mil tsurus pedindo que você nunca mais faça isso, dattebayo! Combinado?"

Ela sorriu, e afirmando com a cabeça, deixou que ele tomasse seus lábios novamente, e os dois continuaram ali, entre risos e carícias, rendendo-se um ao outro. Ele, a aquele novo sentimento duradouro que o tornava vivo, e ela a ao antigo sentimento que sempre esteve instalado. Afinal, ela tinha muito a oferecer a ele, teve a certeza que, daquele momento em diante, ele também tinha algo valioso e suficiente a oferecer a ela.


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Notas finais do capítulo

Devo confessar pra vocês que eu me desanimei muito com essa fic. Está registrado que existem 56 leitores dela, e parece que menos da metade deles deixaram review.
Isso desanima MUITO o escritor, e é uma baita falta de vergonha na cara ler, não deixar review e além de tudo favoritar.
Enfim, eu ainda não descobri se eu gostei ou não desse final, haha, mas eu achei digno. Além de que os poucos que deixaram review me inspiraram a escrever. Vocês são lindos demais!
Se pintar mais inspiração, quem sabe faço uma continuação de Invertido!
Beijos, muito obrigada a todos, e até a próxima! ♥