Parallel escrita por Humberto Rome


Capítulo 7
Capítulo VII - Revelações


Notas iniciais do capítulo

Senhoras & Senhores, I am back!
Depois de um LONGO ano sem atualizações e cheio de complicações para resolver, finalmente posso retomar a história que mais gosto de escrever. Peço mil desculpas a todos os leitores que deixei na mão durante todo esse tempo. Bom, vamos ás atualizações:
— Parallel será postado quinzenalmente. Infelizmente já não tenho tanto tempo livre para escrever, portanto eu estarei postando capítulos quinzenalmente ao invés de semanalmente, como eu fazia no ano passado. É claro que se eu terminar um capítulo antes desse prazo irei posta-lo assim que ele estiver completo e revisado.
— Eu considero que os capítulos daqui adiante são parte de uma "segunda temporada" da história, um segundo arco. Terminando o segundo arco, levarei algum tempo (1 mês ou dois talvez) até começar o terceiro arco. A razão por trás disso é que eu planejo meus capítulos muito adiante antes de começar á escreve-los, então enquanto estamos no capítulo VII agora, eu já tô começando o script do Capítulo X. Encerrando um arco, eu tenho de planejar 5 capítulos para poder dar o seguimento desejado a história.
— Por fim, eu tenho procurado dar maior riqueza de detalhes em diálogos ou cenários. No momento isso pode falhar um pouco, mas creio que vou melhorando isso com o tempo, isso pode fazer com que capítulos ultrapassem meu limite de 5 mil palavras.
— Espero que gostem, e com muita felicidade anuncio: Parallel está de volta!
— Não esqueçam de deixar reviews, comentários ou recomendarem para outras pessoas,além de claro, favoritarem



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Capítulo VII - Revelações

Já era noite, finalmente retornamos ao quartel general. Ryan, visivelmente entusiasmado, saiu do carro e abriu a porta para mim, uma atitude um tanto... desnecessária a meu ver.

– Você deveria abrir a porta para a dama, não para mim. - Comentei, abrindo a porta para Nizuki. E continuei:

– Estão dispensados. Em breve receberão seus resultados. Mas como vocês foram muito bem nessa missão e seguiram á risca as normas de conduta da organização, adianto-lhes que estou dando a vocês uma classificação de nível A. Porém, lembre-se que quem define o setor para onde vão é Karen e sua equipe.

– Classe A?! Muito obrigado sensei!!! - Ryan respondeu, pulando de alegria e querendo me abraçar, mas logo me desviei de seu abraço e o deixei ir de encontro com o chão.

– Seja mais formal nas próximas missões Ryan, lembre-se que daqui adiante você será oficialmente um membro de elite da Sigma de Ammaria. - Comentei com um tom mais sério e seco enquanto atualizava meu dispositivo de avaliação com as informações da missão e minha nota para ambos.

– Estão dispensados. - Ordenei, seguindo para a central de operações, pegando rapidamente o elevador e subindo até o décimo andar. Na minha mente uma grande dúvida reinava: O que aconteceu com Richard? Se ele não retornou para sua casa significa que a Sigma deve ter feito alguma coisa com ele e, se fez, o que foi? E por quê? Será que o mataram? Bom, acho que não adianta ficar me perguntando isso, o melhor a fazer é perguntar a Karen diretamente.

Chegando ao décimo andar, caminhei direto para a sala de Karen, ao abrir a porta a encontrei olhando para a janela.

– Então Laurence, como foi o resultado? - Ela perguntou com o seu bom e velho tom de superioridade, ainda olhando para a janela. Posicionei-me de forma ereta em frente a sua mesa e respondi:

– A missão foi um sucesso. Ambos tiveram uma conduta adequada e seguiram todas as regras da instituição. Ambos apresentaram boas habilidade de combate e boa precisão de movimentos, portanto dou-lhes um Classe A pelo trabalho feito. Entretanto, analisando o lado psicológico de ambos notei que temos dois completos opostos: Ryan é impetuoso, imaturo, excessivamente energético e um tanto atrapalhado. Enquanto Nizuki é quieta, tímida, retraída e apesar de saber quando agir é fortemente passível de ter dúvidas em momentos críticos. Portanto não indicaria nenhum dos dois para liderar uma equipe, pelo menos enquanto não adquirem mais experiência de combate.

Karen virou-se, olhou para mim e estendeu sua mão. Entreguei o dispositivo de avaliação e o de pagamento a ela, que deu uma breve olhada nos resultados, acrescentou ao meu dispositivo a minha parte do lucro na missão e disse aquela boa e velha frase formal que ela sempre diz:

– Bom trabalho, está dispensado.

– Diga-me, Karen... - Respondi, com certa relutância. - O que foi Laurence? - Ela perguntou, com um tom um pouco arrogante.

– Na noite em que vocês me encontraram, três homens me atacaram e injetaram uma Fúria em mim. Em seguida fiquei desacordado e quando retomei a consciência eu já estava aqui na Sigma... Diga-me Karen, o que aconteceu com esses homens? - Respondi, olhando diretamente nos olhos dela. Uma coisa que aprendi com o passar dos anos é que os olhos de uma pessoa nunca mentem. Ela logo se virou, pegou sua xícara e colocou um pouco de chá nela enquanto me respondeu:

– Quando o encontramos Laurence, você estava caído no chão, não havia ninguém lá além de você. Portanto eu e nem ninguém da Sigma tem como saber o que ocorreu.

– Então, como vocês me encontraram? Ammaria é uma cidade grande e eu fui deixado num beco, numa rua vazia. Não é a coisa mais fácil de se encontrar, principalmente pra uma organização secreta. - Retruquei com um tom de voz mais sério, ainda tentando me focar no olhar dela. Ela tomou um gole do seu chá, olhou diretamente nos meus olhos e replicou:

– A verdade é que temos câmeras instaladas em diversos pontos da cidade Laurence, a patrulha local também é afiliada a Sigma, portanto temos acessos a imagens da cidade inteira 24 horas por dias. Calhou de umas de nossas câmeras te pegarem caído no chão. É uma norma, um dever da Sigma socorrer aqueles que estão necessitando.

Ainda olhando diretamente aos seus olhos, retruquei: - E vocês não têm essas imagens gravadas? Qualquer sistema de segurança tem imagens gravadas para casos de processos jurídicos ou coisas do tipo.

Ela ainda me encarando respondeu: - Somente o quartel general principal da Sigma, em Midgard tem acesso ás gravações. E não há como pedirmos isso a eles, apesar de eu ser atualmente a maior voz da Sigma de Ammaria, perto dos representantes de Midgard eu sou uma mera cadete. Eles são arrogantes e menosprezam qualquer um que não seja de lá. Então não há como ter acesso a tais imagens. Mais alguma pergunta Sir Laurence?

Tendo visto que já estava perdendo a razão nas minhas perguntas, decidi recuar.

– Não milady, muito obrigado pelas suas respostas. Com sua permissão, retiro-me.

– Dispensado. - Ela respondeu enquanto voltava a tomar seu chá e sentava-se em sua cadeira. Virei-me e abri a porta de sua sala, voltando ao elevador, recebi uma mensagem de Sarah. "Encontre-me na praça do litoral", um tanto curioso vindo de Sarah então decidi responde-la: "O que é isso? Um encontro ás escuras ou algo assim?". Saindo do centro de operações, recebi uma resposta: "Não! É sério, venha pra praça!". Seja lá o que for, Sarah não insistiria tanto se não fosse importante, então resolvi ir caminhando até lá. Já era tarde, passava de meia-noite.

O céu estava estrelado novamente, amanhã será um dia lindo de sol. As ruas estavam vazias, dava-se pra ouvir algumas corujas. Chegando à praça, encontrei Sarah sentada sozinha no balanço da praça, carregando consigo uma bolsa, vestindo calças jeans e uma blusa de manga comprida. Parece que ela também não teve tempo de descansar. Sentei-me ao seu lado, olhei para o céu e perguntei:

– Por que me trouxe aqui?

– Wallace disse para o esperarmos aqui. – Ela respondeu, com uma expressão nitidamente cansada.

– Algum motivo em especial? – Perguntei, inclinando o balanço. Ela logo respondeu, ainda com essa expressão de cansaço.

– Ele disse que é algo relacionado ao assassinato de Bryan e o envolvimento de Karen nisso.

– E quando ele chega?

Sarah logo suspirou, olhou pra mim com certo olhar de quem estava cansada de tantas perguntas.

– Eu não sei. Ele só disse para esperarmos aqui... Como foi sua missão?

– Então você soube também? - Perguntei. Ela logo me lançou um olhar de desprezo e respondeu com um tom mais arrogante.

– Você podia parar de fazer tantas perguntas, mas... Do que?

– Minha missão hoje foi no orfanato onde eu costumava dar aulas antes de adentrar a Sigma. Trouxeram-me memórias nem tão boas assim.

– Como assim?

– Não importa. Diga-me, como foi tua missão? - Respondi, desviando do assunto. Ela suspirou novamente e começou a balançar-se:

– Ah... Foi turbulenta. Eles não me escutavam de forma alguma! Dei classificação D para ambos pra aprenderem a deixarem de ser bestas e desobedientes.

– Normal. Não consigo imaginar alguém levando sua liderança a serio. – Comentei com um tom brincalhão e sarcástico. Ela logo exaltou sua voz:

– O que?! Não pense que só porque você liderou a maioria das missões que fizemos juntos que isso signifique que eu não saiba liderar!

Tendo visto que ela não gostou da brincadeira e está de mau-humor, resolvi cortar o assunto antes que começasse uma briga desnecessária.

– Okay, okay... Relaxe.

– Vocês são muito barulhentos às vezes. – Wallace comentou, chegando à praça acompanhado de uma mulher de cabelos castanho claro, vestindo um, sobretudo, um vestido e um par de botas. Todas as suas roupas eram escuras, sua expressão era vazia e seca e seu olhar, apesar de igualmente vazio passava uma certa confiança. – Venham, sentem-se aqui. – Ele disse, sentando numa mesa da área coberta da praça.

– Os sistemas de câmeras da área foram desativados, podemos conversar agora. – A misteriosa mulher disse a Wallace.

– Muito bem. Pra começar, essa é Beatrix. Ela é uma agente de aluguel especializada em invasão de sistemas, eu a conheci em uma missão alguns anos antes de me tornar um membro da Sigma. – Wallace apresentou Beatrix, que se limitou a fazer um sinal com a cabeça.

– Então você era um agente de aluguel antes da Sigma? - Perguntei, já que nunca soube realmente do passado de Wallace.

– Na verdade, eu fui contratado pela Sigma para uma missão a um bom tempo atrás. Calhou de após o término da missão, eles me convidarem a fazer parte da equipe. Eu aceitei porque o meu trabalho estava começando a por em risco a minha família. Fazendo parte da Sigma oficialmente, minha família já não corre mais o risco de ser morta por alguém da qual eu já tenha enfrentado ou sabotado de alguma forma. – Ele respondeu.

– E essa garota... Creio que vocês tenham trabalhado juntos por um bom tempo, e você a trouxe aqui porque tem algum propósito para ela. – Comentei.

– Exatamente Laurence. Beatrix é perita em sabotar sistemas ou invadi-los. Eu irei chegar lá ainda. Por favor, sentem-se e relaxem. – Ele respondeu, nos sentamos. Wallace pegou uma pequena garrafa de água, tomou uns goles e começou a explicar:

– Como acabei de dizer, eu era um agente de aluguel e devido a isso tenho muitos informantes e sei onde conseguir muitas informações do meu interesse aqui em Ammaria. E nesses últimos dias eu andei investigando o assassinato de Brian Mikaellis Jr. Como eu expliquei, Brian foi assassinado dentro do seu próprio quarto por ninguém menos que Karen Reid, sua superior. Porém eu precisava saber as razões, achar uma prova concreta antes de tentar fazer qualquer coisa com relação a isso. Foi aí que tive de entrar em contato com muitos informantes meus, e Beatrix foi quem fez a descoberta mais impressionante...

– E qual seria ela? - Sarah perguntou aparentemente surpresa.

– Bom, ela... – Wallace começou a falar, mas logo foi interrompido pela própria:

– Aparentemente, alguém estava investigando arquivos confidenciais da Sigma, de arquivos antigos até os mais recentes. Arquivos criptografados do qual nem eu consigo acessa-los, somente alguém com forte conhecimento geral da organização saberia como acessar esses documentos. Além disso, eu notei uma atividade muito incomum: Um computador de fora estava rastreando, hackeando e gravando as ações do computador que estava acessando tais documentos, como se estivesse o espiando.

– O que significa que um estava espionando o outro e Brian foi assassinado por um desses dois motivos: Ou ele estava acessando arquivos que comprometem a integridade da Sigma, ou ele estava vigiando Karen, que estava acessando tais arquivos. – Complementei. Mas logo Beatrix me corrigiu:

– Nessa mesma noite, aproximadamente uma hora depois, o computador que estava rastreando foi desativado ás dez e vinte da noite... Ás dez e quarenta e três, Wallace chegou e encontrou Brian morto e foi atrás de Karen, que o prendeu numa esfera de ar. Então, acredito que Karen estava acessando esses arquivos por alguma razão e Brian passou a rastreá-la e isso a levou a mata-lo.

Wallace inclinou-se e apoiou os braços sobre a mesa, entrelaçando as mãos.

– A questão é que para fazer justiça nesse caso, eu preciso saber exatamente o que estavam acessando e porque essas coisas motivariam Karen a matar Brian. E preciso fazer isso rápido porque é só questão de tempo até que Karen dê um jeito de me incriminar pela morte de Brian e, quando ela fizer isso será tarde demais para trazer a verdade à tona.

– E como pretende provar o que ela fez? - Perguntei, olhando diretamente para ele.

– Vou infiltrar-me dentro da central de operações e acessar o computador de Karen, com certeza deve ter algo lá que me ajude a provar o que ela fez. Beatrix irá me ajudar muito nessa missão. Ela irá... – Ele explicou, sendo novamente interrompido por Beatrix.

– Vou desativar a energia do quartel general por uma hora e meia enquanto Wallace adentra o centro de operações e vai até o computador de Karen, que será o único ponto onde não vou desativar a energia. De lá, ele tentará recolher o máximo de dados possíveis que possam provar o ato de Karen, depois disso ele terá de sair da central de operações sem ser descoberto. Obviamente saberão que isso será um caso de sabotagem e Wallace seria o primeiro suspeito caso fosse pego dentro da central de operações. Quanto a mim, eu vou me esconder em algum canto e controlar as câmeras de segurança a meu favor, comunicando-o em caso de alguém estar próximo a ele.

– Ela também irá controlar as gravações das câmeras do quartel general a fim de evitar que o quartel de Midgard tenha qualquer informação sobre o ocorrido. Isso pode levantar suspeitas da parte deles, mas, eu acho pouco provável que iriam vir até aqui só por causa de uma suposta “falha técnica”. – Wallace terminou de explicar, visivelmente querendo dar o troco por ser interrompido tantas vezes por Beatrix. Inclinei-me na cadeira e perguntei:

– E você quer saber se vamos ajuda-lo, certo?

– Sim, eu posso ir lá e fazer isso sozinho, porém seria bom contar com a ajuda de vocês, até porque se eu morrer durante a missão, ninguém poderá provar o crime. Já tendo mais pessoas ao meu lado, eu posso servir de isca para que essa pessoa se salve e possa provar todo o ocorrido. – Ele respondeu.

– Então você está dizendo que devemos nos rebelar contra nossa própria organização? - Sarah questiona Wallace, com um tom de voz alterado.

– Não... Nós vamos nos rebelar contra quem está corrompendo a nossa organização! – Wallace retrucou, com a voz bem mais séria do que o de costume. Antes que Sarah o respondesse, virei-me para Beatrix e perguntei:

– Você é especializada em invasão de sistemas, certo? Conseguiria o computador central de Midgard?

– Sim. A ideia é justamente essa, o computador central de Midgard é extremamente protegido por diversos bloqueios de rede, mas eles deixam esses bloqueios desativados para receber dados e imagens dos quarteis de Ammaria e Sigmund. Vou hackear o computador de Karen, que é o central desse quartel e a partir dele começar a extrair informações do computador central de Midgard, pois, seja lá o que estavam averiguando nesses arquivos antigos, foi extraído dos arquivos de Midgard. – Ela respondeu de forma quase sistemática. Exatamente o que eu queria, então...

– Eu aceito ajuda-los nisso, mas tenho uma coisa do meu interesse do qual gostaria de receber em troca.

– O que?! – Sarah, surpresa com a minha decisão comentou.

– Eu quero que, assim que acessarmos o computador, enquanto extraímos os dados mais recentes, você procure pelo arquivo das câmeras de segurança da Rua Seriana, próximo a um beco sem saída, por volta das três da madrugada do dia 12 de Regic e reproduza esse arquivo. – Continuei com minha proposta. Wallace e Beatrix olharam um para o outro sem entender exatamente o motivo pelo qual fiz esse pedido, Wallace fez um sinal com o rosto para Beatrix, autorizando-a a fazê-lo.

– Certo. Temos um trato. – Beatrix respondeu.

– Mas Laurence! – Sarah veio argumentar, mas antes que ela terminasse seu argumento, eu a cortei:

– Sarah, você nunca notou que há algo de errado na Sigma? Nunca notou que algo de muito errado aconteceu esse tempo todo em que Brian está morto e nada foi feito? Será que outros não sofreram as mesmas consequências?

– Aonde quer chegar...? - Ela me perguntou, com um tom de voz mais baixo.

– Quero chegar que tem algo de muito errado acontecendo, e está na hora de alguém descobrir o que é! – Respondi, levantando a voz.

– Relaxem vocês dois, lembrem-se que isso aqui é um segredo. – Wallace deu um sermão em ambos.

– Desculpem... – Respondi. E Wallace então continuou.

– Sarah, ninguém vai te obrigar a ir, você deve seguir o que sua consciência manda você fazer. Se você se sente confortável com a situação, então não vá. Mas se você também está sendo consumida por duvidas com relação ás condutas da organização, então acho que você deve se aliar a nós.

Sarah calou-se e, ao olhar para o relógio do meu dispositivo, vi que já eram três da manhã e comentei: - Acho que é melhor voltarmos, está tarde já. Wallace, quando pretende realizar essa missão?

– Amanhã a meia-noite, me encontre em frente aos dormitórios, de lá, vamos dar voltas em volta do prédio do centro de operações até que Beatrix faça a parte dela. Quando as luzes se apagarem e ela drenar a energia dos geradores, nós adentramos o centro de operações e seguimos pelas escadas até o décimo andar, de lá vamos nos comunicar com Beatrix pra que ela possa reestabelecer a energia do computador central. Só teremos uma hora e meia para fazermos isso e darmos o fora de lá, então teremos de ser rápidos. – Ele respondeu com seriedade. Virei-me de costas, e enquanto fui andando de volta para o quartel general, comentei.

– Ok, me ligue amanhã por volta das onze da noite para confirmar todos os preparativos.

Sarah foi logo atrás de mim e, durante o caminho ela perguntou:

– O que está te levando a fazer isso? Que dúvidas você tem?

– Sobre como cheguei aqui.

– Como assim?

– Em breve você entenderá, afinal, você tem suas próprias dúvidas Sarah. Não acha que esse é o melhor momento para saber se você deve seguir aqui na Sigma ou se deve se retirar e começar uma nova vida? - Comentei, parando em frente à entrada do quartel enquanto aguardava a resposta dela... Em vão.

– Se vai ficar calada, estou entrando e lembre-se, ninguém pode saber o que conversamos lá fora. – Disse a ela enquanto caminhei para dentro do quartel, seguindo direto para os dormitórios onde encontrei Locke, acompanhado de uma garrafa de whisky na mão.

– Eu vi você voltar com a ruivinha agora. Então, estavam se divertindo? - Ele perguntou, nitidamente alterado pelo álcool e com um olhar desfocado, porém malicioso.

– Não é proibido ingerir bebidas alcóolicas nas dependências da organização? - Respondi, desviando do assunto. Locke soltou uma gargalhada e respondeu: - Sim, mas quem se importa? Karen está dormindo como um anjinho nesse exato momento, quem mais poderia me repreender?

Limitei-me a dar uma leve risada e ir para o dormitório. – Cuide-se. – Disse a ele. Seguindo direto para o meu quarto, tirando a roupa e tomando um rápido banho, colocando roupas mais confortáveis e indo direto pra cama, caindo em sono profundo. Tendo outro daqueles sonhos estranhos: Dessa vez, eu estava submerso na água, na superfície, um homem me observava. Um homem de olhos azuis, cabelos longos loiros, trajando um enorme robe branco e azul e uma capa igualmente branca. Seu olhar era sereno, como se observasse um ser inferior a ele. Logo, a água ao meu redor borbulhava, efervescia enquanto eu rapidamente emergia da água em encontro com o homem, lançando-o para longe com um único golpe enquanto seu sangue jorrava pelos ares.

Fui acordado por um telefonema de Sarah.

– O que foi? – Atendi e perguntei com uma voz de sono.

– Bom, eu tomei minha decisão, já avisei a Wallace que vou com vocês essa noite. – Ela respondeu, com uma voz tranquila.

– Certo, estarei lhe esperando na entrada dos dormitórios. – Respondi, mas ela logo me cortou.

– Não será necessário. Você está com sono então vá dormir, vou busca-lo em seu quarto, meia hora antes.

– Ok. – Respondi e desliguei o telefone. Provavelmente ela ficará irritada com isso, mas tanto faz, estou com sono. Logo voltei a dormir. Ao acordar, notei que já eram 22 horas. Levantei-me da cama faminto e coloquei uma comida congelada para esquentar enquanto tomo meu banho. Após o banho, notei que estava frio diferente do que eu esperava de um dia quente e ensolarado. Ou talvez estivesse assim e eu não notei. Vesti uma calça preta, botas e uma camisa de manga comprida além de luvas para que não deixasse digitais por onde passasse. Em seguida peguei minha comida do micro-ondas, uma garrafa de suco da geladeira e fiz meu pequeno lanche antes da missão. Porém antes que eu pudesse terminar saborear meu lanche, tocaram a campainha. Ao atender, Sarah adentrou impetuosamente no meu quarto.

– Não vai nem pedir licença antes? - Resmunguei enquanto ela sentava-se na minha cadeira.

– Não preciso disso, somos amigos, não? - Ela respondeu, com um tom estranhamente sério. Logo me sentei, peguei meu prato e um garfo e perguntei: - O que deu em você hoje? Não é de o seu costume adentrar no quarto dos outros desse jeito. - Ela logo suspirou.

– Estou nervosa, na verdade, com medo... Tenho medo do que podemos encontrar lá, tenho medo de saber que novamente fui enganada por quem me acolheu.

Coloquei meu prato sobre a mesa, levantei-me e fui para a pia lavar as mãos sem razão alguma.

– Tá bravo por eu ter entrado aqui sem pedir permissão? - Ela resmungou com um tom sarcástico. Fechei a torneira, virei-me a ela e respondi de forma seca e direta: - Se tem tanto medo do que vai encontrar, então não vá. Você só vai acabar nos atrapalhando Sarah.

Sarah aquietou-se por alguns minutos, fiquei em silêncio olhando para o relógio esperando a hora passar. Perdi a fome, perdi o ânimo de comer, por algum motivo a visita de Sarah não me foi uma coisa agradável. Assim permanecemos por mais alguns minutos até que ela finalmente quebrou o silêncio: - Eu vou com vocês. Eu preciso saber se permanecer aqui é a coisa certa, e eu não posso deixar esse tipo de coisa ficar impune.

– Então vá para seu quarto e arrume-se. – Respondi, ela então olhou para mim e deu uma leve risada: - Já estou arrumada. – Respondeu. Olhando bem para seus trajes, eles consistiam de uma jaqueta escura acompanhado de uma blusa branca e uma saia igualmente branca.

– Você sabe que vai ser um alvo fácil assim não é mesmo? - Comentei. Ela logo me olhou com uma cara emburrada: - Como assim?

– Volte pro seu quarto e vista roupas pretas ou que tenham um tom de azul escuro, temos de nos camuflar com a escuridão do prédio. A melhor forma de fazer isso é usando roupas escuras. – Respondi, indo até a porta do quarto e abrindo-a.

– Mas... – Ela tentou retrucar, mas logo a cortei antes que continuasse: - Sem ‘mas’, se você quer fazer parte disso então volte pro seu quarto e vista-se apropriadamente. Ah, e evite saias, você precisará estar completamente camuflada. A propósito, coloque algo para cobrir o seu cabelo também, esse seu tom vermelho chama a atenção.

Sarah limitou-se a olhar para mim e ir embora. – Até mais. – Disse com um tom de desânimo. Tranquei a porta novamente e terminei meu pequeno lanche já que não é uma boa ideia ir à ação de barriga vazia. Tomei meu suco, lavei os talheres e quando olhei para o relógio os ponteiros já marcavam onze e quinze quando Wallace me ligou. Peguei meu dispositivo na estante atendi:

– Desça para cá, a previsão é de que chova dentro de duas horas e, por isso, Beatrix está adiantando as coisas. Vamos começar ás onze e meia! – Ele disse com um tom de voz muito sério.

– Certo. Estou descendo, já avisou a Sarah? - Perguntei enquanto pegava alguns sedativos e pastilhas de cura só por precaução. – Ela já está aqui comigo. – Ele respondeu.

Peguei minhas chaves, desliguei a chamada, peguei uma jaqueta com um capuz, o vesti e saí do meu quarto, ao olhar para o céu notei que realmente as nuvens estavam muito carregadas, choverá a qualquer momento. Temos de nos apressar. Desci as escadas e encontrei Wallace e Sarah.

– Satisfeito agora? - Ela perguntou, trajando uma calça de lycra azul escura e uma camisa de manga comprida, igualmente azul escura, vestindo um capuz com o cabelo preso. – É... Nada mal. – Respondi, dando uma leve risada. Wallace chegou até nós e nos entregou dois pequenos dispositivos.

– Os coloque em seus ouvidos. Isso irá permitir nossa comunicação com Beatrix – Ele disse. Colocando o dele. Pegamos os nossos e fizemos o mesmo, então começamos a andar em volta do pátio.

– Conseguem me ouvir? - Beatrix perguntou no comunicador. Fizemos um sinal na cabeça para Wallace que a respondeu: - Afirmativo, e estamos prontos.

– Certo. Estou drenando a energia dos geradores para que quando eu apague as luzes não sobre energia alguma. Dessa forma vocês poderão adentrar lá, quando chegarem ao computador central me avise para que eu reestabeleça e energia dele.

– Entendido. A propósito, nosso acordo ainda está de pé, certo? – Perguntei a ela, que prontamente respondeu: - Sim Laurence, eu já tenho tudo pronto para acessar a database dos vídeos das câmeras de Ammaria, irei procurar o seu vídeo assim que eu desligar as energias. A propósito, terminei de drenar os geradores.

Chegando próximo ao centro de operações, Wallace deu o sinal: - Estamos prontos, pode desligar.

Poucos segundos depois, ouvimos uma forte explosão vinda dos geradores do quartel, as luzes instantaneamente começaram a piscar até que se apagassem por completo. O quartel general e as ruas que a acercavam ficaram em completa escuridão.

– Vamos! – Wallace ordenou, seguimos correndo até a entrada do centro de operações, aguardando que as pessoas que lá trabalhavam saíssem. Conseguia ouvir as pessoas comentando sobre a explosão e observar a equipe técnica indo até lá.

– Todas as pessoas dos três primeiros andares evacuaram o prédio, podem entrar! – Beatrix nos avisou com o comunicador. Adentramos rapidamente. Logo notei que ainda havia pessoas evacuando pelas escadas, o que impossibilitava que subíssemos para o décimo andar por elas.

– Beatrix, tem como você ativar a eletricidade de um dos elevadores? - Perguntei, observando a movimentação das pessoas e fingindo estar ajudando-as a evacuar o local junto de Wallace e Sarah.

– Sim, tenho como faze-lo, porém... O elevador mais próximo está no quarto andar, terão de subir até lá. – Ela respondeu.

– Rápido, deixem o centro de operações, pode haver outra bomba aqui dentro! – Wallace gritou para quem estava descendo as escadas. Seguimos então até o quarto andar através das escadas, fingindo estar socorrendo aqueles que ainda fugiam. – Chegamos! – Wallace disse a Beatrix, que rapidamente ativou um dos elevadores. Entramos nele e Beatrix o programou para ir direto ao décimo andar. Chegando lá, corremos pelo corredor até a sala de Karen, que estava trancada.

– E agora? - Sarah perguntou. Wallace rapidamente sacou uma bomba programada portátil de seu bolso e o colocou sob a porta, o programando para explodir em dez segundos. Corremos até a outra ponta, onde Beatrix abriu a porta do elevador e a fechou. Uma forte explosão foi ouvida do lado de fora e, ao sair do elevador, avistamos em meio a fumaça a porta da sala de Karen aberta.

– Não me diga que a explosão no gerador... – Comentei com Wallace, e ele logo respondeu:

– Sim, eu programei uma bomba para explodir quando o primeiro reator de energia fosse desativado. Isso irá distraí-lo e os fará pensar que foi algum ataque externo, além disso. Isso pode causar algum tumulto por parte dos membros da organização, o que pode obrigar a Karen ou a alguém da sua equipe a ter de tranquiliza-los.

Inteligente, não esperava menos de um ex-agente de aluguel.

– O computador já está ligado. Laurence, já encontrei o vídeo que deseja, o passarei na tela assim que Wallace colocar o dispositivo de gravação de dados. – Beatrix nos avisou, corremos até o computador central e Wallace encaixou o dispositivo, em seguida, começamos a ver diversos arquivos decodificados sendo extraídos do computador. Arquivos cujo origem era desconhecida pelo computador, o codinome da origem era “Solaria”.

– Beatrix, tem certeza de que esses são os arquivos certos? Eles não originam-se de Midgard. – Wallace comentou. – Sim, eu tenho certeza. Estou vendo a extração dos arquivos aqui e eles estão sendo pegos do computador central de Midgard. – Ela respondeu. Logo um vídeo começou a ser reproduzido na tela.

O vídeo mostrava o momento exato em que eu chegava à Rua Seriana, onde Richard e seus capangas me esperavam e me jogavam em um beco, começando a me atacar e em seguida injetando a Fúria em mim. Aquela cena me dava ódio, repúdio, mas eu tinha de observar. Eu tinha de saber o que acontecia depois. Em seguida me via ardendo em dor e meu corpo caindo no chão, fora do alcance da câmera e entrando em colapso... E foi então que a imagem começou a distorcer-se e entrar em curto, ficando cada vez menos nítida até que tudo o que aparecesse nela fosse um enorme formigamento.

– NÃO! – Gritei, em desespero por não saber o que estava acontecendo, e continuei: - Não é possível! Não acredito que tenha de apagar logo agora!

– Laurence, acalme-se. – Beatrix ordenou. – Eu notei algo de muito curioso nesse momento: Eu observei o histórico dessa câmera desde que ela foi instalada e ela nunca deu qualquer problema técnico em momento algum! Exceto nesse dia, nesse momento! – Ela continuou.

– Aonde quer chegar? - Perguntei ainda tenso por não conseguir descobrir a verdade. Ela então começou a avançar a gravação rapidamente até duas horas depois, quando a imagem foi reestabelecida aos poucos e a rua já estava vazia.

– Agora observem bem. – Ela comentou enquanto dava zoom cada vez mais próximo de um pequeno trecho do beco, onde havia, para nossa surpresa, marcas de sangue que escorreram bueiro abaixo.

– Esse sangue não é meu... – Comentei, observando assustado para aquela imagem.

– Como assim? - Wallace, ainda observando a imagem perguntou.

– Eu só tomei uns socos antes de ter a fúria injetada, e eu não sofri nenhum dano que derramasse tanto sangue assim... Esse sangue definitivamente não é meu! – Exclamei, com um tom de voz alterado.

– Então... – Sarah começou a comentar, mas a respondi: - Eu não sei, não faço a menor ideia do que aconteceu, eu não faço a menor ideia de quem é o responsável por isso ou como isso foi acontecer. E nem mesmo Karen sabe, ela não estava mentindo quando disse que não sabia o que ocorreu naquela noite!

– Laurence, relaxe... Ainda vou dar um jeito de encontrar a resposta para você do que realmente aconteceu naquela noite, lembre-se que sou especialista em coletar informações. – Beatrix me respondeu, tentando me acalmar.

– Beatrix... Tem algo de muito estranho que está me incomodando profundamente enquanto observo a copia dos arquivos. Se eles se originam de Midgard, se eles estão sendo extraídos de Midgard, por que eles estão vindo com a sigla “Solaria” ? Na verdade, o que é Solaria ? - Wallace perguntou. Uma voz familiar o respondeu:

– Bom, existem duas possibilidades: A primeira é que eles venham de um setor desconhecido da Sigma de Midgard, que somente a própria tenha acesso.

Logo fomos lançados para longe por uma forte corrente de vento e eletricidade ao mesmo tempo e com muita força, como uma chicotada. Ao olharmos a nossa frente, nos deparamos com Karen, portando em sua mão um enorme chicote de ferro, concentrado com Artes de eletricidade.

– A segunda possibilidade é que exista um quarto setor da Sigma chamada Solaria, e que este manda arquivos confidenciais para Midgard por algum motivo que desconhecemos. Então Sir Wallace, qual você acredita ser a resposta certa? - Ela comentou, batendo seu chicote contra o chão, preparando mais um ataque.


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Notas finais do capítulo

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Capítulo VIII - A Verdade Banhada em Sangue



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