Parallel escrita por Humberto Rome


Capítulo 6
Capítulo VI - O Orfanato


Notas iniciais do capítulo

Bom...Esse capítulo saiu um dia antes do previsto e eu já estou escrevendo o Capítulo VII xD
Devo admitir que de todos os capítulos que escrevi até agora, esse foi o meu favorito. Espero que gostem!
Revisão por: Fábio Roberto



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Duas semanas passaram-se desde a morte de Brian Mikaellis Jr., Wallace contou a mim e á Sarah que Brian foi assassinado pela tenente Karen e pediu para mantermos segredo e não nos envolvêssemos nisso, até o momento em que ele disser pois ele está arquitetando um plano para revelar essa verdade á toda a Sigma de Amaria e, assim, fazer com que ela pague pelo assassinato e tirá-la do cargo de tenente. Concordamos com o plano de Wallace mas muitas coisas ainda me intrigam com relação a isso. Considerando tudo o que Locke me contou, o que levaria Karen á matar o seu amado ? O que a levaria á assassinar um membro tão importante da sua equipe se ela se importa tanto com a vida de seus membros ? E será que isso tem algo haver com Locke ? Muitas perguntas, nenhuma resposta, o que torna irrelevante pensar em qualquer uma dessas coisas agora.
As missões de hoje são conhecidas como Iniciações, ou "Treinamento de Campo". Nessas missões, alguns membros experientes e com mais de três meses de missões de campo são escolhidos para liderar equipes de três com dois membros novatos que nunca tiveram uma grande experiência de campo. Nosso propósito nessa missão é avaliar o desempenho dos membros e definir o quão aptos eles são para missões de campo, esse desempenho define se eles devem manter-se em missões de campo ou se devem fazer outras funções dentro da organização. E, falando no diabo, eu estava de frente para Karen.
- Laurence, você liderará uma equipe com Ryan Luso e Nizuki Akane. Sua missão será no Orfanato Alrus. - Ela disse, com seu tom de superioridade.
- Alrus? - Comentei, surpreso.
- Sim. Você tem permissão para esconder sua identidade se assim preferir. Está dispensado. - Ela respondeu com seriedade. Saí de sua sala e fui então para o primeiro andar onde, como de costume nessas missões, os novatos aguardam em frente a entrada e os líderes, ao saírem anunciam quem serão seus aliados nessa missão. Ao chegar na entrada, ainda surpreso com o local da missão, disse em voz alta:
- Nizuki Akane e... Ryan Luso. Peguem seus preparativos e me encontrem daqui a dez minutos em frente ao portão central.
Eu conseguia ouvir de longe Ryan comemorando por sua missão ser comigo. Me dirigi ao meu quarto e abri uma das minhas malas que estavam debaixo da cama, tirando de lá uma máscara de porcelana branca, com um rosto inexpressivo e com o desenho de uma rosa negra no lado direito do rosto feito por mim, após a primeira e única missão da qual a usei, no escritório de advocacia onde a mãe da minha ex-namorada trabalhava. Desde então, decidi fazer um desenho nela para cada missão que eu tivesse de fazer usando-a, para descrever uma "ironia" do destino. Vesti um casaco com capuz, um par de luvas e desci até o primeiro andar e caminhei até o portão central, lá estava Ryan, vestindo uma bermuda grande e uma jaqueta preta com uma camisa azul marinho por baixo, acenando para mim de forma extremamente entusiasmada e uma garota com cerca de um metro e sessenta, cabelos castanhos claros, pele branca e uma expressão um tanto insegura, vestindo uma camisa social preta de manga, uma saia também preta, carregando uma bolsa. Caminhei até eles e os cumprimentei:
- Boa tarde. - Ambos então alinharam-se e responderam:
- Boa tarde!
- Deixe-me perguntar. Vocês desejam fazer operações de campo? - Perguntei, usando um tom frio e sério.
- Sim! Claro! Eu estive treinando intensamente para isso! - Ryan, extremamente entusiasmado, respondeu. Notei então que Nizuki era uma garota tímida e que não conseguia se manifestar diante da empolgação de Ryan.
- Certo, já entendi Ryan. E quanto á você, Nizuki?. - Perguntei, virando-me á ela.
- S-Sim... - Ela respondeu, com uma voz baixa e visivelmente tímida.
- Não sinto muita convicção na sua resposta. - Comentei.
- Mas eu quero! - Ela respondeu, agora com mais convicção.
Notei então que a bolsa dela estava aparentemente cheia e perguntei e perguntei:
- O que há dentro da sua bolsa?
Nizuki então abriu sua bolsa e mostrou-me, pegue a bolsa de sua mão e comecei á vasculhar. Dentro dela continham alguns salgadinhos, água, sedativos, e dois kits de primeiros socorros.
- Pensei que seria necessário levar isso. - Ela comentou. Tirei da bolsa então três garrafas d'água, um kit de primeiros socorros e um sedativo, coloquei-os em suas mãos e chamei um dos seguranças que estava no portão, entregando-o a bolsa
- Precisaremos apenas disso. - Disse e caminhei até o carro que estava á nossa frente.
- Mas. Eu pensei que seria bom se precaver. - Nizuki, me seguindo e muito sem graça por conta da minha atitude, respondeu. Virei me e encostei no carro.
- Escutem bem. Á partir de agora vocês serão friamente analisados e avaliados como possíveis futuros membros de elite da Sigma, toda e qualquer atitude que tomarem daqui pra frente serão consideradas durante a avaliação. Entendido? - Disse, com um tom de voz sério.
- Sim senhor! - Ambos responderam.
- Certo. Dou aqui algumas dicas para vocês: Primeiro, confiem em si mesmos, confiem no seu potencial caso contrário sua insegurança irá fazer com que você seja sucessível á falhas e falhas nesse trabalho pode significar sua morte e a morte de seus companheiros. Segundo, trabalhem em equipe! Toda e qualquer missão da Sigma é bem sucedida graças ao trabalho em equipe que seus membros são capazes de realizar, é necessário ter sincronia e saber quando deve tomar uma ação junto de seus companheiros. E terceiro, tenham autocontrole! Não se empolguem, não se desesperem, não tomem ações desnecessárias, elas podem custar muito caro. Entendido? - Disse, ainda com seriedade
- Sim senhor!
- Certo. Um de vocês sabe dirigir? - Perguntei, abrindo a porta do banco de frente do carro.
- Eu sei! - Ryan, entusiasmado, respondeu. Já abrindo a outra porta do carro e sentando-se ao volante, Nizuki sentou-se no banco de trás, quieta. Colocamos os materiais que peguei de sua bolsa no banco de trás.
- Nosso destino é o Orfanato Alrus, eu poderia te indicar o caminho mas eu quero ver suas habilidades ao volante. - Eu disse para Ryan, ativando o GPS e o coordenando até o orfanato.
- Pode deixar sensei! Não irei desapontá-lo!. - Ryan, ainda bem entusiasmado, respondeu, comeando a dirigir e seguindo as coordenadas do GPS. Enquanto isso resolvi conversar com Nizuki.
- Bom. Eu já tive uma conversa com Ryan anteriormente então farei o mesmo com você Nizuki, se importa?
- N-Não senhor. - Ela respondeu sem graça.
- Quantos anos você tem?
- Quinze.
Quinze anos? É estranho ver pessoas dessa idade adentrando á Sigma já que a idade mínima requerida para entrar na organização é dezesseis anos, resolvi então perguntar:
- Seus pais lhe deram permissão para adentrar a organização ou eles fazem parte da organização? - Nizuki então se calou por um tempo, olhando pra baixo e respondeu:
- Meus pais me abandonaram em Amaria e voltaram para o país deles.
- O QUE?! - Ryan disse em voz alta;
- Relaxe e concentre-se. - Respondi á Ryan.
- Mas... - Ele começou á falar mas logo o interrompi:
- Todos nós temos nossos problemas, isso deve ser algo ruim de se conversar então não seja inconveniente.
Ryan então suspirou e disse:
- Tudo bem. Desculpa. - Nizuki então deu uma leve risada e respondeu:
- Não precisa, eu não me importo.
- Certo. Ryan, vire á direita e estaremos no estacionamento do orfanato, você pode então estacionar em qualquer vaga disponível. - Disse, Ryan então virou á direita e estacionou na vaga mais próxima do orfanato. Prendi meu cabelo, tirei do meu casaco a máscara de porcelana e a coloquei em meu rosto, balançando a cabeça para garantir que ela não cairia em hipótese algum e, por fim, coloquei o capuz do meu casaco.
- Vamos. - Disse, saindo do carro. Deu pra notar que tanto Ryan quanto Nizuki estranharam o fato de eu vestir uma máscara, o que não é surpresa tendo visto que eles jamais entenderiam que estamos em frente ao orfanato do qual eu morava há quatro meses atrás, o lugar onde estão pessoas que ao olharem para mim provavelmente iriam querer me matar e isso arruinaria a missão, o orfanato onde Richard e seus capangas que quase me mataram moram, o orfanato onde sou considerado um estuprador. O orfanato não tinha mudado muita coisa: Continuava com sua estrutura de concreto revestida numa cor azul bebê com linhas brancas, isso sempre trouxe um ar muito relaxante para os visitantes.
Seguimos então até o portão onde toquei a campainha. Aguardamos um pouco e quem nos atendeu para minha surpresa foi uma jovem mulher branca de cabelos loiros cacheados.
- Posso ajuda-los? - Ela perguntou, nitidamente estranhando o fato de eu estar usando uma máscara.
- Boa tarde, somos membros da Sigma e viemos aqui sob o pedido da Srta. Laura. - Eu disse, tentando ser o menos expressivo possível para não ser reconhecido
- Ah sim, Laura me disse que vocês chegariam hoje. Por favor, venham comigo. - Ela respondeu, deixando-nos entrar. O orfanato não tinha mudado em nada: Era hora do recreio no orfanato e as crianças corriam pelo pátio e pelos corredores do orfanato, brincavam, fingiam ser super-heróis... Tudo exatamente como era há quatro meses atrás. Subimos para o segundo andar e fomos até a direção e lá estava a diretora Laura, mãe de Richard que preferiu acreditar em seu filho do que no professor de suas crianças. Ficamos de frente pra ela, um ao lado do outro, em linha reta.
- Então, vocês são da Sigma?
- Sim senhora. - Respondi, alterando um pouco minha voz para que ela não reconhecesse.
- Entendo. Bom, inicialmente os agradeço por vir aqui. Meu nome é Laura, sou a diretora desse orfanato e essa jovem moça que lhes atendeu é Katherine, nossa professora. E vocês são? - Laura perguntou.
- Devido a nossas regras de conduta, não temos permissão para nos apresentarmos - Expliquei á ela. Laura então inclinou-se na cadeira e respondeu:
- Entendo. Bom... com relação ao nosso caso, temos ouvido uma série de barulhos estranhos vindos do nosso porão e, bom, a única pessoa que foi lá para ver o que era voltou completamente ferida e sangrando, não resistindo aos ferimentos.
- Poderia nos dizer exatamente como são esse barulhos e como eram os ferimentos do homem que foi verificar? - Perguntei.
- Bom, parecem engrenagens, ou algo tipo, e o homem parecia ter sido cortado, atingido por uma lâmina. - Katherine respondeu.
- Certo, há quanto tempo isso tem ocorrido? - Perguntei á Katherine.
- Umas...Duas semanas mais ou menos. - Ela respondeu.
- Então, poderão nos ajudar? - Laura, aparentemente impaciente, perguntou. Virei me em sua direção e respondi com um tom arrogante.
- Sim, iremos ajuda-la mas fazendo essas perguntas podemos ter uma ideia do que está acontecendo.
- Entendo, desculpe e tomem o tempo que precisarem. - Laura respondeu, notando que estava sendo impaciente.
- Se não se importa, iremos para o estacionamento, precisamos ter uma reunião de equipe. - Eu disse, seguindo então para a escadaria. Nizuki e Ryan me seguiram e fomos até o estacionamento.
- Sensei, você tem ideia de que tipo de criatura habita ali? - Ryan me perguntou, ainda entusiasmado e curioso.
- Bom... Pela descrição, é uma maquina, algo robotizado, provavelmente um Yothi.
- Yothi? - Nizuki perguntou, sem saber o que era.
- Bom...São criaturas de porte médio, do tamanho de um adolescente, seus rostos são inexpressivos, feitos de cobre portando uma enorme lâmina em seu braço direito e portando uma Mitama como fonte de energia. São oponentes fáceis de se vencer com eletricidade mas não temos como obter eletricidade aqui, por sorte Yothis tem uma estrutura física frágil, o que significa que qualquer impacto bem dado em seus corpos pode desmonta-los e imobiliza-los.
- Então, devemos carregarmos energia do ar aqui, certo? - Nizuki comentou.
- Exatamente. Uma coisa importante, vocês sabem moldar a energia antes de utiliza-la mas as vezes é necessário fazer isso rapidamente principalmente contra inimigos ágeis como um Yothi. Quero dizer que, fiquem atentos á isso e usem suas habilidades com precisão. Antes um ataque errado mas certeiro do que o ataque certo desviado.
- Entendido! - Ambos disseram. Começamos então á focar a nossa energia e concentra-la junto ao ar dos leves ventos que sopravam, absorvendo sua energia e guardando-a conosco, fundindo-a á nossa própria energia. Terminado isso, aguardei mais um minuto e perguntei:
- Prontos?
- Sim senhor! - Ambos responderam. Entramos novamente no orfanato e fomos até o escritório de Laura. No caminho, vi um garoto de oito anos, se não me engane seu nome é Brian, pegando o brinquedo de um garoto menor que ele e saindo correndo. O peguei pelo braço e o fiz me entregar o brinquedo, por conta da minha máscara, ele ficou visivelmente com medo, me entregou e saiu correndo gritando. Caminhei até o garoto e o entreguei o brinquedo, ele então olhou de forma admirada para mim e disse:
- Muito obrigado! Quando o tio Laurence estava aqui ele fazia isso todo dia. Ele era muito legal!
Limitei-me a dar uma leve risada, apesar de que fiquei feliz com a reação da criança e segui então até Ryan e Nizuki, que me observavam surpresos com meu comportamento.
- Você é tão bondoso... - Nizuki comentou, aparentemente admirando minha atitude.
- Né? O Sensei é incrível! - Ryan, entusiasmado e, digamos, orgulhoso com a minha atitude, comentou.
Fiquei calado e subi as escadas, indo até o escritório de Laura e, chegando lá, pedi:
- Srta. Laura, poderia por favor levar suas crianças aos seus dormitórios e mantê-las lá? Será melhor para evitar problemas.
Laura então levantou-se da cadeira e respondeu:
- Tudo bem, esperem aqui por favor.
Esse tipo de coisa eu realmente estranhei, Laura nunca recolheu os alunos e os mandou para os dormitórios por conta própria, ela sempre mandava á mim, Richard e seus funcionários fazerem esse tipo de trabalho. A propósito, eu notei que não encontrei nenhum dos antigos funcionários aqui e muito menos Richard, onde eles estão? O que aconteceu aqui? Sinto que há algo de muito estranho no orfanato ao mesmo tempo que tudo parece ser como eram há quatro meses atrás. Será que a pessoa que foi morta no porão foi Richard? Ou será que foi um de seus funcionários e Richard abandonou o orfanato? Ou será que, quando fui resgatado pela Sigma, eles prenderam Richard? O que aconteceu aqui? Pensando bem, também é visível um ar nitidamente triste na expressão de Laura e esse ar não era tão nítido há quatro meses atrás. Algo aconteceu, algo muito sério e provavelmente tem alguma ligação com Richard e talvez com o caso que estamos lidando. Mas acho que não devo interferir, fui abandonado quando precisei então os assuntos do orfanato são apenas responsabilidade de Laura, eu devo fazer a minha missão e ir embora sem que ninguém saiba que Laurence, o estuprador pedófilo esteve aqui novamente. O orfanato parece estar organizado e as crianças bem alimentadas e aparentemente felizes, se elas estão bem então o resto pouco me importa.
- Senhores, as crianças já estão nos dormitórios. - Katherine disse, entrando na sala junto com Laura.
- Essas crianças deram trabalho hoje. - Laura reclamou,sentando-se em sua cadeira.
- Bom, iremos resolver o caso agora então, por favor, certifiquem-se de que nenhuma criança se aproximará do porão. - Pedi á elas.
- Certo, pode deixar isso comigo. - Katherine respondeu.
Virei-me então e saí da sala
- Vamos. - Disse á Nizuki e Ryan, que me seguiram e então fomos até a entrada do porão.
Em frente á entrada, dei meu ultimo conselho:
- Geralmente, temos uma formação na equipe antes de partirmos para uma batalha. Eu gosto da formação clássica de dois membros na ofensiva e um membro na defensiva sendo suporte. Geralmente, membros mais experientes conseguem intercalar de posições rapidamente e isso cria um perfeito trabalho de equipe, mas eu usarei essa tática com vocês já que vocês são inexperientes.
- Entendido. - Responderam.
- Bom. Vocês estão aqui para serem avaliados então eu serei o suporte e vocês serão a ofensiva porém, Yothis são ágeis e provavelmente tentarão nos atacar assim que nos notarem, então eu darei o primeiro ataque para afasta-los e assim possamos nos estabilizar, o resto é com vocês. Estão prontos ? - Perguntei.
- Sim senhor! - Ryan, com um tom auto-confiante respondeu.
- Sim... - Nizuki respondeu.
- Mantenham a calma e tomem sua ações com responsabilidade, não deixem a emoção ou o nervosismo tomarem conta de vocês e principalmente, confiem em seus potenciais. Vamos. - Eu disse, abrindo a porta do porão em seguida, esperei que todos entrassem e tranquei a porta, caminhando para a frente de Ryan e Nizuki e desci as escadas.
Ao chegar no porão, senti algo se aproximando de mim e estendi o braço, lançando um tufão de ar pelo porão inteiro e lá estavam eles.
- Cinco Yothis... - Comentei. Nizuki e Ryan ficaram á minha frente e lançaram esferas de ar em dois deles, porém eles desviaram e tentaram contra-atacar, mas lançei outro tufão.
- Estamos em desvantagem! - Ryan disse em voz alta.
- Não mais. - Eu disse, estendendo minhas mãos e usando a minha energia em conjunto com a energia do ar para criar dois corpos do meu tamanho feitos puramente de ar em alta velocidade, fazendo-os lançar outro tufão para afastar os Yothis. Nizuki olhou admiradamente e comentou:
- Marionetes? Incrivel!
- Não há mais tempo á perder, vamos!. - Ryan disse, saltando em direção ao teto usando o impulso do ar e em seguida usando o mesmo impulso para saltar em direção á um dos Yothis e lançando-o uma esfera de ar certeira na cabeça, desmontando-o. Usei então outro tufão com minhas Marionetes para que Ryan pudesse pegar impulso e se defender do ataque de outros dois Yothis. Nizuki então saltou até um dos Yothis afastados pelo tufão e deu-lhe uma voadora, seguida de uma esfera de ar, desmontando outro mas não notou um Yothi bem atrás dela. Usei uma das minhas marionetes para defender seu ataque contra Nizuki e aumentei a intensidade do ar á um nivel que despedaçou sua lâmina, desfazendo uma de minhas Marionetes. Ambos então vieram para o meu lado enquanto eu usava outro tufão para afastar os Yothis restantes.
- Dois já foram, faltam três! - Ryan comentou, empolgado e saltou em direção á outro Yothi que tentou ataca-lo mas, para minha surpresa, Ryan deu um soco em alta velocidade impulsionado com o vento no braço da criatura, desmembrando-o de seu braço e em seguida o chutou no tórax, despedaçando-o.
- Minha vez! - Nizuki disse, lançando uma esfera de ar em um dos Yothis enquanto eu usava um tufão para afastar o outro, ela então lançou uma grande esfera de ar no chão para ganhar impulso e saltando, dando uma cambalhota pelo ar e atacando o Yothi com ambas as pernas, desmontando-o. Eles então cercaram o único que restava e eu decidi que estava na hora de mostrar o meu potencial também. Imprensei a criatura em um contínuo tufão de ar e disse:
- Esperem! - Ambos então olharam para mim e eu continuei:
- Afastem-se. Deixem esse comigo.
Eles então se afastaram e eu caminhei á frente deles, ficando á uma distância de dois metros e meio da Yothi e o soltei do tufão contínuo. Ele então veio em minha direção e tentou atacar-me com sua lâmina mas, usando a energia do vento ao meu redor, estendi a mão, afastando-o rápidamente enquanto ele atacava e e me aproximei dele em alta velocidade, colocando a mão sobre seu peito, empurrando-o contra a parede enquanto ele se despedaçava com o impulso do empurrão. Virei-me de costas e ambos olhavam para mim espantados.
- S-Sensei... Você está bem? - Nizuki, aparentemente assustada, perguntou.
- Sensei? Pensei que só o Ryan me chamava assim. - Comentei, dando uma leve risada.
- Nós...Nem vimos você desviar do ataque. - Ryan, também assustado, respondeu.
- Porque eu não desviei. - Respondi. Ambos então ficaram assustados e correram até mim, procurando feridas.
- Você se machucou? - Nizuki perguntou.
- Ta tudo bem? - Ryan perguntou.
- Ei! Deixe-me explicar. - Eu disse, com seriedade. Ambos então alinharam-se á minha frente e eu expliquei:
- Eu usei o vento como uma barreira de alta intensidade, afastando-o enquanto ele me atacava então sua lâmina não foi capaz de me atingir.
Ambos então olharam surpresos e Ryan gritou:
- Sensei! Você é demais!!
Caminhei então até as escadas enquanto notava o olhar admirado de Ryan e Nizuki, pedi então:
- Por favor, não me chamem mais de Sensei quando sairmos do orfanato.
- Sim senhor! - Ambos responderam.
Abrimos o porta do porão e lá nos esperavam Katherine e Laura.
- E então? - Katherine nos perguntou.
- O problema foi resolvido, vocês podem descanar tranquilamente agora - Respondi. Laura então respirou fundo aliviada e respondeu:
- Do fundo do meu coração, aceitem meus mais profundos agradecimentos!
- A senhora não precisa agradecer, é o nosso trabalho. - Respondi, sacando o dispositivo de pagamento do bolso do meu casaco e o entregando á Laura, que pagou os quinhentos dessa missão e colocou seu polegar no indicador para confirmar a transação. Entreguei o dispositivo para Nizuki, virei-me de costas e disse:
- Vamos.
- Espere! - Laura, em um tom de voz um pouco mais alto, disse.
- No que mais podemos ajuda-la? - Perguntei.
Laura então olhou fixamente para minha máscara e disse:
- Você poderia vir comigo até meu escritório, há algo que gostaria de conversar a sós com você.
É. Parece que no fim o meu disfarce foi descoberto. Pude notar Ryan querendo rir ao meu lado pensando maldade mas resolvi ignorar.
- Sim senhora. Vocês dois, me esperem no carro. - Respondi.
- Sim senhor! - Ambos responderam e seguiram até a saida enquanto fui até o escritório de Laura, que fechou a porta e sentou-se na cadeira.

Laura continuou me encarando fixamente, então tomei a iniciativa de perguntar:
- Diga-me, o que quer? - Ela então levantou-se, respirou fundo e respondeu:
- É você, Laurence?
Limitei-me á dar uma leve risada, em seguida tirei minha máscara e soltei meus cabelos e olhei fixamente para Laura.
- Esse olhar... esse ódio penetrante, de mim, desse orfanato. Eu consigo sentir isso de longe - Ela comentou.
- O que você esperava, milady? - Perguntei, com um tom frio e arrogante.
Laura então caminhou até o canto da sala e pegou um copo d'água enquanto respondia:
- Não, não esperava nada mais além disso. Afinal, o que fizemos com você com certeza foi algo muito ruim.
Virei-me á ela e perguntei algo do qual já estava obvio pra mim desde aquele dia:
- Então você sabia, não é mesmo? - Laura tomou o copo d'água em um gole só, suspirou e respondeu:
- Sim, desde o princípio eu sabia que Richard estuprava as crianças desse orfanato, duas vezes por semana. Ele tinha sérios problemas e tendência á ser agressivo e acabava por descontar o seu ódio ao molestar essas pobres crianças...
- E você não fazia nada, não fez nada até hoje aposto. - A interrompi, ainda de forma grosseira. Laura então calou-se, e lágrimas começaram á correr em seu rosto.
- Eu...Não podia, eu não conseguia ter coragem de denunciar o meu filho. Mesmo considerando tão cruel e desprezível o que ele fazia, ele era o meu filho, o meu único filho e a única pessoa que eu ainda tinha comigo desde que meu marido faleceu. Richard era um bom garoto até meu marido falecer, foi um choque muito grande pra ele que gerou uma adolescência rebelde regada á bebidas, drogas e sexo até o dia em que ele conheceu uma garota....E essa garota é Katherine, ela mudou Richard completamente, ele ficou mais calmo, mais alegre, mais gentil e foi aí que fundamos esse orfanato. Mas..Richard ainda tinha sérios problemas com bebídas, bebia demais e ficava agressivo e isso acabava sobrando para a pobre Katherine que terminou com ele por não aguentar tamanha pressão. Desde o dia em que ela terminou com ele, Richard ficou em depressão, sentia um profundo ódio de Katherine e... nesse dia, uma semana antes de você chegar, eu ouvi uma criança gritando no quarto de Richard e, ao abrir a porta vi aquela cena horrenda. Ele gritou comigo, jogou coisas em mim, me fez trancar a porta e deixar que ele continuasse e eu... não tive como contê-lo. Tentei conversar com ele milhões de vezes á respeito disso mas nada adiantou, ele continuava impiedosamente. - Ela tentou se explicar.
- É mesmo? Que pena pra ele. Você por acaso pensou em o quão abalado ficaria o psicológico de cada criança que ele tocava e estuprava? O quanto isso vai afetá-las no futuro? E quantas delas foram violadas sem nem sequer notar como teria sido o caso da Rachel se eu não tivesse chegado á tempo? Você acha isso certo diretora Laura?! Você está mesmo me dizendo que o amor que você tem pelo seu filho é mais importante do que o futuro de milhares de crianças?! Você está realmente me dizendo isso?! - Respondi, levantando a voz e continuando:
- Contarei uma coisa então, que você já deve saber também. No dia em que fui embora daqui, Richard tentou me matar. Ele injetou uma Fúria em mim! E você sabe o que ele me disse? Que as garotas daqui pediam com seus olhos que ele as violasse! Você realmente acha esse tipo de comportamento certo Laura?!.
Laura então olhou-me nos olhos, ainda chorando e respondeu, com a voz rouca:
- Ele... Ele sempre te odiou, desde que você chegou porque você limitava os passos dele. Ele dizia que tinha prejuízo tendo de comprar mordaças e anestésicos e que era muito menos divertido fazer isso sem ouvir os gritos de dor e desespero, ele dizia que um dia iria lhe matar. Eu sempre achei isso horroroso, cruel. Richard era um verdadeiro monstro mas um monstro que veio dentro de mim! Você não é pai, você nunca vai entender esse tipo de sentimento!!.
Logo cansei dos argumentos insanos e podres dela, caminhei em sua direção e dei um tapa em seu rosto, dizendo em seguida:
- Que tipo de diretora você é? Não...Que tipo de pessoa você é? Ou melhor, que tipo de ser vivo você é? Que senso de justiça você tem? Que amor você tem ás crianças que você cuida? O que você é além do mais podre dos lixos?
Laura então abaixou sua cabeça, ajoelhou-se e disse, com a voz rouca e chorando muito:
- Laurence... Por favor, me perdoe. Me desculpe.
- Não é a mim que você deve pedir desculpas, mas a todas as crianças que aquele monstro estuprou. - Respondi, virando-me de costas e caminhando até a porta: - Destranque a porta, estou indo embora.
Laura então levantou-se e respondeu:
- Ta bom, eu destranco mas... Laurence, por favor, me diga uma coisa.
- O que é? - Perguntei.
- Onde está Richard? O que aconteceu com ele ou...O que você fez com ele? - Ela perguntou. Olhei para ela e, confuso, tive de perguntar:
- Como assim?
Ela então sentou-se na cadeira, enxugou os olhos em um lenço e respondeu:
- Desde aquele dia, Richard nunca mais apareceu no orfanato, não atende telefone, e nunca mais tivemos notícias do paradeiro dele. Se ele tentou lhe matar, eu entenderei se você tiver o matado mas...Por favor, me diga a verdade! Onde está o meu filho?
Richard desaparecido? Como? Por que? E isso explica então o fato dele ou dos capangas dele não estarem mais aqui mas...O que pode ter acontecido? Será que Karen os matou para me salvar? Como não sabia a verdade, resolvi usar a lógica e responder:
- Naquele dia, ele injetou uma Fúria em mim e eu fiquei inconsciente. Quando acordei, já havia sido socorrido pela Sigma então... Creio que ou ele está preso agora, ou ele está foragido. Mais provavelmente foragido.
Ela então calou-se por um tempo, fechou os olhos e respirou fundo.
- Entendido. Tome, essa é a chave. - Ela respondeu, estendendo a mão. Peguei a chave e fui em direção ao portão.
- Espere! - Ela disse.
- Eu não lhe responderei mais nada. - Respondi, caminhando até a porta e destrancando-a.
- Não, não é isso. As crianças gostariam de lhe ver, elas sentem muito a sua falta. - Ela respondeu.
Parei em frente á porta e respondi. Respirei fundo e, após pensar um pouco, respondi, guardando minha máscara no bolso:
- Diga para elas que o tio Laurence veio visitá-las.
- Certo!

Segui então para a entrada do orfanato, onde Katherine e Laura chamaram todas as crianças avisando da minha chegada e muitas das crianças do orfanato vieram correndo até mim, me abraçando, gritando, todas estavam visivelmente felizes e alegres em me ver aqui. Elas me faziam muitas perguntas e diziam muitas coisas ao mesmo tempo e naquele momento eu realmente senti o que é ser amado.
- Acalmem-se! Acalmem-se! Sentem, por favor! Tenho algumas coisas para dizer a vocês. - Disse em voz alta. Todas as crianças então sentaram-se em filas que organizei com a ajuda de Katherine e então comecei o discurso:
- Primeiramente, boa noite crianças!
- Boa noite! - Todas responderam animadamente.
- Como vocês devem saber, eu estive sumido nos últimos quatro meses e da mesma forma que vocês sentem minha falta, eu também sinto uma profunda falta de vocês e dos momentos que estivemos juntos. Felizmente o tio Laurence agora trabalha para um departamento de polícia que está pronto para proteger e acolher cada um de vocês quando vocês precisarem. Sim, foi ruim ter de abandonar nossas aulas mas eu prefiro poder protegê-los do que ensiná-los e sinceramente eu gostaria de dar meus parabéns á senhorita Katherine, que está criando e educando vocês de forma tão boa. Amem e a respeitem da mesma forma que vocês me amam e me respeitavam. Ok?
- Sim! - Elas responderam.
- Então vamos começar com uma enorme salva de palmas para Katherine pelo maravilhoso trabalho que ela tem feito como professora do Orfanato Alrus. - Continuei o discurso, batendo palmas em seguida. Todas as crianças do orfanato então bateram palmas comigo para Katherine, cujo olhos brilhavam de emoção.
- Por fim, há algo importante que gostaria de dizer a todos vocês. - Todas as crianças então calaram-se e olharam para mim.
- A vida nunca é algo fácil, e sempre temos de enfrentar grandes dificuldades e grandes desafios. As vezes passamos por experiências traumáticas, aterradoras, coisas que nos derrubam completamente psicologicamente e emocionalmente. Sejam fortes, não deixem que isso afetem toda a sua vida e não deixem que destruam você em silêncio, todos nós temos o direito de sermos felizes. Não desistam da capacidade que vocês tem de serem felizes agora e no futuro!
As crianças então ficaram quietas e Katherine começou á bater palmas para mim e as crianças, e até mesmo a diretora Luisa a acompanharam.
- Obrigado. - Disse e continuei:
- Só mais uma última coisa antes do tio Laurence ter de voltar ao trabalho. Eu ficarei mais um tempo sumido e sem dar notícias, tenho ainda muito trabalho á fazer e isso me impossibilitará de vir aqui.
As crianças então começaram á reclamar e eu estendi a cabeça, olhando fixamente para Laura e terminei o discurso:
- Mas um dia eu voltarei. Um dia! E nesse dia eu me tornarei o novo diretor do Orfanato Alrus!.
Elas então começaram á comemorar enquanto eu e Laura nos encarávamos fixamente, e eu disse em voz alta para Laura:
- Nowd uo aekt yadomes. - Que, na denominada língua sagrada significa "Um dia eu irei expulsá-la daqui".
Laura então abaixou a cabeça e eu saí do orfanato, indo até o carro e entrei, sentando-me no banco de trás.
- Esqueceu de colocar a máscara. - Ryan comentou.
- Eu era professor desse orfanato, ela apenas queria confirmar se era eu mesmo. - Respondi.
- Mas não tem problema você revelar sua identidade? - Nizuki, sentada no banco da frente, perguntou.
- Sim mas esse caso é uma exceção desde que ninguém saiba. Esse lugar significou muito pra mim e, amanhã de manhã eles não lembrarão de mais nada mesmo. - Respondi, com um sorriso no rosto enquanto Ryan dava partida no carro e começava á dirigir. Nesse momento, eu vi Katherine e algumas crianças saindo pela porta e acenando para mim. Abri um leve sorriso e peguei a máscara e um pilot que estava guardado no bolso da minha calça, escrevendo em sua bochecha esquerda com símbolos antigos a frase "Amor e Esperança".



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CAPÍTULO EXTRA - Amor & Esperança



Na manhã do dia seguinte, no Orfanato Alrus. Rachel, uma jovem menina de sete anos correu em direção á Katherine.
- Tia Katherine! - Ela disse.
Katherine então abaixou-se e perguntou:
- Sim, o que foi Rachel?
- Eu tive um sonho incrível! - Rachel respondeu.
- Sério? E como foi ele? - Katherine perguntou gentilmente.
- O tio Laurence vinha pra cá, ele tava trabalhando com a polícia e ele dizia que um dia vai voltar, pra termos esperança no nosso futuro e que a gente deve respeitar e amar você como amávamos ele!. Então vou te dar um abraço como eu dava nele todos os dias! - Rachel respondeu animadamente, dando um forte abraço em Katherine. Katherine então sorriu e, emocionada, comentou.
- Laurence era uma ótima pessoa, não é mesmo?
Rachel respondeu, com um enorme sorriso estampado no rosto:
- Sim, o tio Laurence era incrível!


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Notas finais do capítulo

Aaaand é isso xD
Semana que vem tem mais e agradeço á todos que estão acompanhando a série e me dando apoio e ajuda na divulgação.
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Capítulo VII - Revelações



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