No dia seguinte, liguei para a Andy assim que acordei. Ela não atendeu da primeira vez, mas depois de eu ligar mais seis vezes (qual é, é uma coisa importante), ela atendeu, parecendo bem zangada.

- O que é tão importante que eu tenho que acordar pra saber? - ela praticamente gritou.

- Eu o e Nathan nos beijamos. Mas é claro que, se você não quiser saber, eu vou entender...

- O QUÊ? - dessa vez ela realmente gritou.

- Isso mesmo. Não é incrível?

- Como assim? Que história é essa?

Contei a ela tudo o que havia ocorrido no dia anterior. Depois de dar risadas e gritinhos, ela disse alguma coisa que fosse possível entender:

- Então você simplesmente gritou pra ele que estava apaixonada?

- Claro que não... quer dizer... mais ou menos. Saiu sem querer, sabe? Mas eu não me arrependo.

- Você tem uma puta sorte, o Nathan é lindo.

- Eu sei!!

- Vocês formam um casal muito fofo.

- Obrigada, mas nós não somos bem um casal, não é? Quer dizer, foi só um beijo.

- Juliette Anne Cooper, quando você ficou tão lerda? O Nathan te adora! Ele deve ter ficado tão feliz quanto você.

- Qual é, nenhum garoto é assim.

- Você fala como se não existisse nenhuma exceção. Olha, eu sei que aquele seu ex namorado de quem você nunca fala te machucou muito e tal, mas nem todos são como ele, Julie! Tem um monte de caras legais por aí! E o Nathan é um desses caras.

- Como você sabe?

- Ele por acaso parece esse tipo de cara?

- Não sei. Sabe, não dá pra se identificar esse tipo de cara.

- Para com isso, Julie. O Nate é um cara legal e você sabe disso.

- Ta bem, ele é legal. Mas, sei lá... eu só namorei uma vez e não deu muito certo.

- Pessoas diferentes, namoros diferentes, queridinha. Agora trate de ligar pro Nathan.

- Pra quê?

- Sei lá. Chama ele pra sair.

- Eu? Chamar um garoto pra sair?

- É, Julie. Em que século você vive? As garotas chamam os garotos pra sair há muito, muito tempo.

- Então ta bem, né.

- Por que você ainda ta falando comigo? VAMOS LOGO, MINHA FILHA!

- TA BEM, NÃO GRITA!

- Me conte tudo depois - ela desligou, sem o menor aviso. Às vezes eu acho que a Andy tem probleminhas. E em momentos como esse, eu tenho certeza.

Eu realmente pensei em ligar pra ele, mas era muito cedo (mentira, eram 9:30), então eu liguei a TV e fiquei assistindo, com o celular na mão caso ele me ligasse. As horas se passaram e ele não me ligou. Diferentemente da Andy, que me ligou mais de cinco vezes. Parece até que é ela quem vai ter um encontro. Depois de duas horas esperando, resolvi ligar pra ele. Felizmente, ele não demorou a atender.

- Alô, Julie? Sabe, eu tava pensando em te ligar agora mesmo.

- Ah... sério?

- É. Bem, eu queria saber se você ta livre essa sexta.

- Eu toco no restaurante na sexta - falei, repentinamente detestando meu trabalho.

- Ah, é verdade... - ele riu fraco. - Me esqueci. E no sábado?

- Sábado ta OK.

- Te busco às 19:30, pode ser?

- Claro. Ah... vou ficar te esperando.

- Você ia me dizer alguma coisa?

- Não, nada importante.

- Então... te vejo no sábado?

- Onde você vai me levar?

- Ah, isso é uma surpresa.

- Não gosto muito de surpresas.

- Vou fazer você começar a gostar. Então, até lá.

- Até.

Ele desligou e eu continuei ali, com um sorriso enorme estampado no rosto. Ia ligar para a Andy quando meu celular tocou de novo. Mas não era o Nate, nem a Andy, nem um número conhecido. Eu atendi mesmo assim. Minha curiosidade não me permite rejeitar essas ligações não identificadas.

- Julie? - uma voz conhecida falou do outro lado da linha.

- Harry? - perguntei, só pra ter certeza.

- Eu. Por que você não fala mais comigo?

- Ah... minha vida ta tão movimentada ultimamente que eu mal tenho tempo livre - menti. Pensei em dizer "porque já tenho outro melhor amigo que não me trocou pela minha irmã, seu idiota", mas acho que seria rude de mais.

- Sei... De qualquer jeito, eu liguei pra te dizer uma coisa.

- O que foi?

- Eu e a Gio vamos te visitar no sábado.

- O quê? Esse sábado?

- É. Por quê? Já tem algum compromisso?

- Na verdade, tenho.

- De tarde?

- Não, de noite.

- Então tudo ótimo, nós vamos mesmo assim.

- Vocês não podem vir no outro sábado?

- Infelizmente não.

- Droga. Então... tudo bem, acho que podem vir.

- Ótimo. Bom, eu tenho que ir, então até mais.

Ele desligou na minha cara. Agora eu tenho que arrumar um jeito da minha irmã sair daqui antes das 19:30, ou não vai ser um dia nada, nada legal.