Roommate escrita por Lyandra Delcastanher


Capítulo 6
#6


Notas iniciais do capítulo

Imaginem a voz de Douglas exatamente como nesse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=kI-09zY3GPA. Aproveitem e o usem para acompanhar a música desse capítulo.



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Sabe quando sua vida está prestes a desmoronar? Acho que já narrei isso aqui. Talvez eu já tenha me sentido mal desse jeito, porém não em extremas circunstâncias. Falar que seu coração está quebrado é uma maneira de dizer que se está mal, mas o meu, o meu está quebrado mesmo. Sinto a dor dele se despedaçando dentro de mim.

– Blaine, espera. – Ouço passos atrás de mim, mas sou muito orgulhoso para me virar e encontrar com Kurt. Não quero o deixar ver meus olhos marejados, meu nariz um pouco vermelho, meu rosto em estado de choro.

Em vão. O castanho conseguiu me alcançar antes de eu chegar ao carro e agora segurava meu braço. Não com força, apenas o suficiente para não me deixar a ir lugar algum.

– Blaine. – Ele disse um pouco ofegante por causa da corrida. Fechei meus olhos, contei até três e me virei, encontrando Kurt.

– O que você quer?

– Conversar, explicar. Não sei, qualquer coisa. Só não vá, por favor. – Soltei meu braço das mãos do moreno e os cruzei na altura do peito.

– Explicar? Então me explique. Que mensagem foi aquela e o que aconteceu no começo da semana?

Kurt desviou o olhar e deu um passo para trás. Ele não queria se explicar? Eu estava dando seu espaço. – E então? – Perguntei impaciente.

– Blaine, ele...

– Eu não quero desculpas. Eu quero a verdade. – Olhava nos olhos de Kurt.

O castanho pegou minha mão e começou a falar.

– Começou segunda-feira. Eu estava com Jeff e Ethan no jardim. Jeff tentava se esconder de Nick e Ethan confundia o moreno, falando que Jeff havia ido embora. Quando Douglas sentou ao meu lado no banco. – Revirei meus olhos. – Começamos a conversar, quando ele tocou no seu nome...

– Posso me sentar? – Douglas sorriu, e Kurt se arrumou um pouco mais para o lado, dando espaço para o amigo enquanto assentia com a cabeça e abria outro sorriso.

– Acordei e você não estava mais no quarto. – Falou Kurt, sem tirar os olhos de Jeff que se escondia atrás de uma moita.

– Saí cedo. Fui numa loja de discos aqui perto escolher a música perfeita para as seletivas.

– Encontrou o que procurava? – Kurt desviou o olhar, encontrando-se com os olhos verdes de Douglas.

– Encontrei, e vim te pedir uma coisa. – Douglas levantou e puxou Kurt pelo braço. Aconteceu muito similar com quando Kurt e Blaine se conheceram. Os dois correram pelos corredores da escola de mãos dadas até chegar na sala do coral, que dessa vez, se encontrava vazia. – Ensaia comigo?

Kurt abriu um sorriso de assentiu. Eram poucas as chances que ele teria de ensaiar com o solista do grupo. Ajeitou sua gravata, se sentou no piano ao lado de Douglas e a melodia começou a tocar, e assim, Douglas cantava.

I still hear your voice, when you sleep next to me.

I still feel your touch in my dreams.

Kurt conhecia a letra e não precisou de muito tempo para se adequar à musica. O castanho não sabia tocar piano, porém Douglas queria o ensinar. Pousou sua mão sob a dele e a levou até as teclas, o ajudando.

Forgive me my weakness, but I don't know why

Without you it's hard to survive.

Os dedos entrelaçados tocavam juntos as teclas, e as vozes agora começariam a se tornar uma só. Kurt fechava os olhos e lembrava de Blaine, mas não iria pedir desculpas. Não por ser orgulhoso, porém Blaine precisava aprender.

Cause everytime we touch, I get this feeling

And everytime we kiss, I swear I can fly.

Can't you feel my heart beat fast, I want this to last,

Need you by my side.

Kurt abriu sua boca e lançou sua voz ao ar também. Ele podia jurar que era a melhor música para as Seletivas, e o jeito qual a voz de Douglas se encaixava com a música era perfeito.

Cause everytime we touch, I feel the static

And everytime we kiss, i reach for the sky.

Can't you feel my heart beat slow,

I can't let you go.

Want you in my life.

Se possível, a voz de Kurt de Douglas juntas combinavam mais do que a voz de Kurt e Blaine. Se Wesley ou Thad vissem isso, certamente iriam sugerir um dueto para a cometição. Kurt esperava que não, pois seu namoro só ia piorar.

Your arms are my castle, you heart is my sky.

They wipe away tears that I cry.

The good and the bad times, we've been through them all.

You make me rise when I fall.

E mais uma vez, a voz de Kurt invadia a sala.

Cause everytime we touch, I get this feeling.

And everytime we kiss, I swear I can fly.

Can't you feel my heart beat fast, I want this to last.

Need you by my side.

As mãos tocavam o piano juntas em sintonia. As vozes se encontravam em uma só. Os olhos de Douglas brilhavam, e os de Kurt também. Essa música era perfeita e aquela tarde de segunda-feira estava ficando cada vez melhor.

Cause everytime we touch, I feel the static.

And everytime we kiss, I reach for the sky.

Can't you feel my heart beat slow,

I can't let you go.

Want you in my life.

Kurt fechou os olhos novamente enquanto sentia seus dedos tocarem as teclas. Ele lembrava de Blaine saindo pela porta de seu dormitório e não voltando mais, não mandando mensagens e não o procurando. Resolveu esquecer e passar o momento com seu amigo.

Cause everytime we touch, I get this feeling.

And everytime we kiss, I swear I can fly.

Can't you feel my heart beat fast, I want this to last.

Need you by my side.

Agora a música ficava um pouco mais lenta e mais fácil de se tocar, Kurt podia fazer isso sozinho, mas Douglas não tirava sua mão da sua. O castanho virou o rosto para o colega de quarto, cantando a ultima estrofe um pouco mais baixo.

Cause everytime we touch, I feel the static.

And everytime we kiss, I reach for the sky.

Os dois cantavam um de frente para o outro, o piano não era mais tocado, porém as mãos continuavam juntas. A canção que saía pela boca de Douglas agora virava um simples suspiro. Kurt sabia o que iria acontecer. Queria se afastar, porém seus pensamentos se voltaram em Blaine saindo do quarto, Blaine esquecendo Kurt, Blaine não mantendo contato.

Can't you feel my heart beat slow,

I can't let you go.

Want you in my life.

Assim que a música acabou, Douglas se inclinou, ainda não tocando os lábios, somente colando sua testa com a de Kurt, como se pedisse permissão para o beijo. O castanho só suspirou, pensando em Blaine o esquecendo, então lábios foram selados. Não era como se Kurt respondesse o beijo, porém não era como se afastasse o amigo.

Alguns minutos depois as bocas se separaram e os olhos se encontraram. Douglas apenas soltou um sorriso e deixou Kurt sentado no piano, pensando sobre o que havia acontecido.

– E eu me culpei na hora, eu juro... – Kurt ainda segurava minhas mãos, até aquele momento, tirei minhas mãos das suas, lembrando que Douglas havia as segurado.

– Tem mais. Tem algo que você não está me contando... – Falei tentando não mostrar minha voz embargada, olhando nos olhos azuis de Kurt, que estavam um pouco vermelhos.

– Blaine...

– Me conte.

– Depois do ensaio do coral...

Kurt sentiu a falta de Blaine na sala, sentado ao seu lado. Depois do ocorrido mais cedo ali mesmo, Kurt ainda não havia conversado com Douglas. Todos os warblers dispensados, Kurt sentiu uma vontade mais forte que ele de seguir até o dormitório de Blaine e pedir desculpas, pelo beijo, por tudo. Mas ele não podia. Não podia contar para Blaine que havia beijado Douglas.

O casal havia brigado por causa do colega de quarto. Como seria contar para Blaine que eles haviam se beijado, e o pior, que Kurt não havia se desvencilhado do beijo. Kurt deu meia volta e seguiu caminho até seu próprio dormitório, esperando que Douglas não estivesse lá.

Abriu a porta e encontrou Douglas no banho. Trocou de roupa rápido, com receio de ser pego e deitou na cama. Alguns minutos depois o colega de quarto de Kurt sai do pequeno banheiro, já vestido com uma camiseta velha e uma bermuda.

– Oh. Não sabia que você estava aí... – Disse ele se sentando na cama, ficando de frente para Kurt. O castanho que estava deitado se sentou também, querendo uma conversa séria.

– Douglas, sobre hoje mais cedo...

Douglas não deixou Kurt continuar. Colocou suas mãos no rosto do mais novo e capturou seus lábios. Kurt não se soltou do beijo, mais uma vez. Se separaram e Douglas mantinha o mesmo sorriso no rosto que antes. Ainda com as mãos no rosto de Kurt, o puxou para um selinho terno.

– Boa noite, Kurt. – Disse e se deitou, deixando Kurt sem palavras. Em um dia, havia traído Blaine duas vezes. Se deitou também, pegando seu celular e olhando o visor. Só Deus sabe como ele queria que chegasse uma mensagem naquele momento de Blaine. Uma mensagem o convidando para ir no telhado namorar como antes.

Fechou seus olhos e imaginou seus momentos com Blaine, e como tudo era mais fácil antes. Como tudo havia mudado em tão pouco tempo?. Antes de dormir, uma lágrima rolou por seu rosto.

Olhava para Kurt terminando de contar o que havia acontecido incrédulo. Ele tinha os olhos marejados e tentava pegar minhas mãos, porém eu não deixava. Em um dia que deveria ser o melhor de todos, eu descobri que fui traído duas vezes.

– Me desculpa... – Ele sussurrou no fim.

– Isso aconteceu segunda-feira. Por que você só veio falar comigo sexta-feira? – Falei o suficiente. Sabia que se falasse mais alguma coisa, iria desabar em lágrimas, e o que eu menos queria agora era isso. Eu queria parecer forte. Pelo menos parecer, porque naquele momento eu estava quebrado por dentro.

Kurt não respondeu minha pergunta, apenas abaixou sua cabeça, deixando as lágrimas caírem. Por mais que aquela fosse uma imagem dura e difícil de se ver, era pior ainda de sentir. Se Kurt estava mal, imagina eu mesmo.

Dei a volta e continuei meu caminho até o carro, finalmente deixando as lágrimas caírem. Eu nunca pensei que Kurt fosse capaz de fazer isso comigo. Se aquela cena que ele me contou havia acontecido segunda-feira, imagina o que pode ter acontecido o resto da semana.

Droga, Blaine. Pare de imaginar esses momentos sufocantes e entre logo nesse carro. Girei a chave e logo, a imagem de Kurt no meio da rua ficou pelo retrovisor. Eu precisava sair de Lima imediatamente. Tudo naquele lugar me lembrava Kurt. E afinal, o que não me lembrava Kurt?

Liguei o rádio na tentativa de esquecer o que estava acontecendo, mas a conspiração do universo contra mim só aumentava quando começara a tocar “Everytime We Touch”, a música que Douglas e Kurt cantaram juntos.

Dirigi algumas horas sem rumo, apenas dando voltas, entrando em rodovias e saindo. Meu celular não parava de apitar, sendo com mensagens e com ligações. Eu sabia quem estava me ligando. Eu sabia que a única pessoa a querer falar comigo naquele momento era a última com quem eu queria falar.

Acabei me dando conta estacionado no pátio da Dalton. Antes de sair do carro, peguei meu celular e chequei. 45 mensagens enquanto 76 ligações perdidas, todas de Kurt. Fechei meus olhos e encostei minha cabeça no banco. Porque as coisas não podem dar certo pra mim?

Peguei meu celular e entrei nas mensagens. Se eu tinha o intuito de ler, eu não sei. Apaguei toda minha conversa com Kurt – desde o dia que começamos a namorar até hoje, que eu nunca havia apagado – e com um pé atrás, apaguei seu número de minha agenda. É claro que eu ainda sabia de cor, é claro que apagá-lo da minha vida não seria assim tão fácil, porém eu deveria tentar.

Segui até meu dormitório, e antes de entrar cumpri o de sempre, olhei para a esquerda no fim do corredor, aonde eu costumava ver Kurt na porta sorrindo pra mim esperando eu entrar no meu quarto. Balancei a cabeça em forma de negação. Eu deveria parar com aquilo.

– Blaine, você está bem? – Perguntou Nick ao me ver abrindo a porta do quarto. Neguei com a cabeça e me joguei na cama, me deixando cair em lágrimas. Não seria nem a primeira, nem a última vez que Nick me veria chorando.

Cause everytime we touch, I get this feeling.

And everytime we kiss, I swear I can fly.

Can't you feel my heart beat fast, I want this to last.

Need you by my side.

Porque toda vez que nos tocamos, eu tenho esse sentimento.

E toda vez que nos beijamos, eu juro que posso voar.

Não pode sentir meu coração bater rápido, quero que isso dure.

Preciso de você ao meu lado.


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Notas finais do capítulo

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