Quando os deuses amam

Prova do cálice.

Já se faziam alguns dias desde que Tsunade trouxera as meninas até o templo. Só restaram seis.

Sendo que uma delas ia ser uma deusa.

Então tinha mais cinco meninas. Queria quatro. Três sacerdotisas e uma sumo. Precisava fazer mais um teste com as suas candidatas... E tinha a idéia perfeita, Tsunade sorriu mostrando a fileira de dentes brancos.

Chamou todas as meninas com o seu pequeno (e incomodo, se bem que jamais admitiria isso) sino até uma sala. O chão de tatame com a porta aberta em direção ao jardim. O shoujo brilhava com a luz externa e a fonte que jorrava no jardim adicionava a paisagem o sentimento da mais completa paz. Algumas plantas dançavam com o vento como se em compasso com uma musica que apenas elas podiam ouvir.

Algumas vezes Tsunade invejava as plantas.

“Tenho uma missão para vocês.” A voz de Tsunade interrompeu o momento de meditação de algumas das meninas.

Todas, exceto Hinata estavam ali. A jovem aprendiz de deusa estava ao lado de Tsunade. Mais vermelha que uma rosa e tremendo tanto quanto um tambor em meio a um festival.

“Sairemos do templo. A prova será na floresta ao redor do daqui” A loira continuou a explicar. Recebia olhares confusos e até assustados das jovens meninas. Elas entre oito e dez anos e com certeza nenhuma tivera treinamento de sobrevivência. Ah sim, escolhera uma ótima tarefa. Sorriu mentalmente.

“Perdi um cálice dourado naquela floresta outro dia, enquanto buscava ervas, quero que achem para mim. Não tenho tempo de procura-lo eu mesma. No entanto preciso de volta do meu cálice” A Miko disse em um tom de voz entediado.

 As meninas piscaram confusas quanto à ordem de Tsunade, e viraram todas a atenção quando Sakura levantou a mão e perguntou.

“Que espécie de Cálice?” Tsunade sorriu, um estranho brilho cobriu seus olhos.

“Cabe a vocês descobrirem” Coçou o queixo e continuou a falar, ignorando os olhares perplexos das garotas. “Tudo bem, eu dou um conselho.” Sorriu quando ouviu um pequeno suspiro de alivio vindo da platéia, afinal a loira não era tão má assim... “Irão achar sobre o meu cálice na sala de livros. Ou biblioteca. Depois terão que procurar o meu cálice na floresta.” As meninas assentiram. Tsunade sorriu novamente, os seus olhos agora parecendo pequenos faróis de tão brilhantes.

Ela estava adorando aquilo...

“Podem começar, têm até o fim do mês para me entregarem” Todas as garotas, menos Sakura, correram até o local onde guardavam os pergaminhos e livros do templo. Sakura olhou para Hinata e sorriu.

“Hinata-chan vai participar?” Hinata corou e olhou para Tsunade.

“Não, temos outras coisas para fazer, Sakura-san, por que ainda não começou a busca?” Sakura olhou para a loira e sorriu.

“Tem razão Tsunade-sama. Com licença” Falando isso, se curvou e saiu. Mas ao invés da biblioteca, foi direto ao jardim. Tsunade ergueu uma sobrancelha ao observar as costas da garota de cabelo rosa se distanciar. Hinata olhou de Sakura para Tsunade e deu de ombros, apenas ali, observando.

Chegando ao jardim, Sakura sentou-se em um dos bancos de pedra, apoiou o cotovelo no joelho e a cabeça nas mãos. Deu um longo suspiro. Mesmo se quisesse procurar sobre o cálice na biblioteca, esta estaria lotada com as outras meninas. Todos os livros já ocupados com certeza enquanto continuavam a pequena busca.

“O que eu faço Bibi-chan?” Sakura perguntou para a ninfa que surgiu em sua bola de luz ao lado de Sakura no banco. Bibi-chan empertigou-se mas respondeu por fim.

“Não posso te falar Sakura-chan” Sakura a olhou confusa, virando a cabeça para o lado e arregalando os olhos verdes. “Contra as regras.” E com isso sumiu de vista, antes desaparecer do que sucumbir ao olhar cachorrinho-chutado-e-sem-dono que Sakura fazia.

 Mas antes disso deu uma mensagem para Sakura.

“Só vou voltar a aparecer se você achar o cálice” Isso chocou Sakura. Ela havia começado a gostar da pequena ninfa. E agora a companhia dela só seria obtida novamente se Sakura encontrasse aquele tal cálice da sumo do templo Uchiha.

“Por que ela quer que a gente saiba o que é o cálice dela antes de procurar?” A menina perguntou para si mesma levando as mãos ao queixo “Por que não apenas ir até a floresta e procurar por ele?” De repente Sakura piscou quando teve uma epifania.

Mas era claro, por que ela não pensara naquilo antes?

Ela podia sair por ai procurando pelo que Tsunade dissera ser um cálice. Jamais encontrar nada parecido. Por isso saber o que é. Agora ela só tinha que descobrir aquilo, o que era aquele Cálice.

Não podia ser tão difícil assim.

“O que é o cálice da Tsunade-sama?” Coçou a cabeça e olhou pelo jardim procurando por algo que lembrasse um cálice, talvez tivesse uma idéia.

Algumas flores copo-de-leite ainda não desabrocharam. Mas Sakura sabia que quando isso acontecesse, elas ficariam que nem um cálice. De alguma forma aquilo fazia sentido! Sim. Sakura tinha uma idéia. Precisava apenas confirmar.

Saltou do banco onde estava e caminhou até a ponte do templo, em direção à floresta. Recebendo no caminho diversos olhares confusos. Anko veio até ela com as mãos na cintura.

“Não pode ir sozinha até lá.” Sakura olhou para a Miko. “Já sabe o que é o cálice?” Anko não podia segurar a sua curiosidade. Para aquela menina querer sair só podia ser aquilo.

“Sim e não, quero confirmar.” Devolveu o olhar de Anko, porem o efeito não foi o que esperava pois suas bochechas coraram um pouco. “Vem comigo Anko-san?” Tentadoramente pediu, preparando-se para a resposta negativa, foi pega de surpresa quando Anko assentiu e a pegou pela mão, levando-a até a saída.

Atravessaram a ponte caminhando juntas.

“Sabe onde tem alguma clareira ou campo de flores pela floresta?” Sakura perguntou. Anko a olhou desconfiada. Queria saber como Sakura chegara àquela conclusão, mas segurou sua vontade de perguntar, iria seguir a garota silenciosamente para sanar sua curiosidade.

“Sim... Por aqui...” Continuou a puxar Sakura pela mão. Floresta adentro.