New Eclípse escrita por Luiza Marie Swan Cullen


Capítulo 14
Espelho




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Eu forcei os meus olhos - que estavam congelados e arregalados com o choque - a se moverem pra que eu não pudesse examinar tão de perto o objeto oval que foi arrancado da raiz com os seu cabelos tremulo e ígneo.
Edward estava em movimento de novo. Rápido e friamente profissional, ele desmembrou o cadáver sem cabeça.
Eu não podia ir até ele - eu não conseguia fazer os meus pés responderem; eles estavam travados à pedra embaixo deles. Mas eu estudei a ação a cada minuto, procurando por qualquer evidência de que ele tivesse sido machucado. O meu coração diminuiu a um ritmo mais saudável quando eu não encontrei nada. Ele estava tão leve e gracioso como sempre. Eu não podia nem sequer ver um rasgão nas roupas dele.
Ele não olhou pra mim - onde eu estava grudada à parede do penhasco, horrorizada - enquanto ele empilhava os membros trêmulos e os cobria com gravetos secos.Ele ainda não encontrou o meu olhar chocado enquanto ele se embranhou na floresta procurando por Seth.
Eu não tive tempo pra me recuperar antes que ele e Seth estivessem de volta, Edward com os braços cheios de Riley. Seth estava carregando um volume grande - o tórax - em sua boca. Eles adicionaram seu fardo à pilha, e Edward puxou um triângulo prateado do seu bolso. Ele abriu o isqueiro a gás e segurou a chama na madeira seca. Ela acendeu imediatamente; línguas longas de fogo laranja lamberam rapidamente a pilha.

-Pegue todos os pedaços-disse Edward a Seth.

Juntos, o vampiro e o lobisomem vasculharam o local, ocasionalmente atirando pedaços pequenos de caroços brancos de pedra nas chamas. Seth manuseou os pedaços com seus dentes. O meu cérebro não estava funcionando bem o suficiente pra entender porque ele não mudava de volta pra uma forma com mãos.
Edward manteve seus olhos no trabalho.
E aí eles tinham acabado, e a pilha granda estava mandando uma grossa fumaça asfixiante em direção ao céu.
A fumaça grossa se curvava lentamente, parecendo ser mais sólida do que devia; ela tinha cheiro de incenso queimando, e o cheiro era desconfortável. Ele era pesado, muito forte.
Seth fez aquele som de risada de novo, no fundo do seu peito.
Um sorriso de abriu no rosto tenso de Edward.
Edward esticou o braço, e curvou a mão no punho. Seth deu um sorriso, revelando a long fileira de dentes afiados, e bateu o seu nariz na mão de Edward.

-Belo trabalho em equipe-murmurou Edward feliz.

Seth tossiu uma risada.
Aí Edward respirou fundo, e se virou lentamente pra me olhar.
Eu não entendí a expressão dele. Os olhos dele estavam cautelosos como se eu fosse outro inimigo - mais que cautelosos, eles estavam com medo. E mesmo assim, ele não demonstrou medo nenhum quando enfrentou Victoria e Riley... A minha mente estava travada, tão pasma e inútil quanto o meu corpo. Eu encarei ele, desnorteada.

-Bella- ele disse no tom mais suave, caminhando em minha direção com lentidão exagerada, as mãos dele estavam pra cima, com as palmas viradas pra frente. Ofuscada como eu estava, isso me lembrou estranhamente de um suspeito se proximando do policial, mostrando que ele não estava armado...-Bella, você pode soltar a pedra, por favor? Cuidadosamente. Não se machuque.

Eu tinha esquecido da minha arma crua, apesar de ter me dado conta de que eu estava segurando ela com tanta força que a minha mão estava gritando em protesto. Será que ela estava re-quebrada? Dessa vez Carlisle com certeza ia colocar um gesso.
Edward hesitou a alguns metros de mim, as mãos dele ainda no ar, os olhos dele ainda amedrontados.
Eu levei alguns segundos pra lembrar de como os meus dedos funcionavam. Aí a rocha resvalou no chão, enquanto a minha mão ficou congelada na mesma posição.
Edward relaxou um pouco quando as minhas mãos estavam vazias, mas não se aproximou mais.

-Você não precisa ter medo, Bella- Edward murmurou. -Você está a salvo. Eu não vou te machucar.

Essa promessa sem sentido só me confundiu ainda mais. Eu encarei ele como uma imbecil, tentando entender.

-Tudo vai ficar bem, Bella. Eu sei que você está amedrontada agora, mas está acabado. Ninguém vai te machucar. Eu não vou te tocar. Eu não vou te machucar- ele disse de novo.

Meus olhos piscaram furiosamente, e eu encontrei minha voz. 

-Porque você fica dizendo isso?
Eu dei um passo instável em direção a ele, e ele se inclinou pra longe do meu avanço.

-O que hà de errado?-eu sussurrei. -O que você quer dizer?

-Você está...- de repente seus olhos dourados estavam tão confusos quanto eu me sentia. -Você não está com medo de mim?

-Medo de você? Porque?
Eu dei outro passo pra frente, e aí tropecei em alguma coisa - provavelmente meus próprios pés. Edward me pegou, e eu enterrei meu rosto no peito dele e comecei a soluçar.

-Bella, Bella, eu lamento. Está acabado, está acabado.

-Eu estou bem- eu ofeguei. -Eu estou bem. Eu só estou. Enlouquecendo. Me dê. Um minuto.
Os braços dele se apertaram ao meu redor. 

-Eu lamento- ele murmurou, de novo e de novo.

Seth choramingou; era um som ansioso, inquieto.
Ele fez os cabelos da minha nuca se arrepiarem.
Tudo ficou em um silêncio de morte por um segundo sem fim.
E aí Edward ficou sem fôlego. 

-Não!- e uma das mãos dele vôou como se fosse pra pegar alguma coisa que eu não podia ver. 

-Não !
Um espasmo balançou o corpo de Seth, e um uivo, empolado de agonia, escapou dos seus pulmões.
Edward caiu de joelhos nesse exato momento, agarrando os lados da cabeça dele com as duas mãos, o rosto dele contorcido de dor.
Eu gritei uma vez com um terror desnorteado, e caí de joelhos ao lado dele. Estupidamente, eu tentei puxar as mãos dele do seu rosto; as minhas palmas, brilhando de suor, escorregavam da pele de mármore dele.

-Edward! Edward!
Os olhos dele se focaram em mim; com um esforço óbvio, ele separou seus dentes trincados.

-Está tudo bem. Nós vamos ficar bem. É - Ele parou e gemeu de novo.

-O que está acontecendo?-eu chorei enquanto Seth uivou angustiado.

-Nós estamos bem. Nós vamos ficar bem- Edward resfolegou. -Sam , ajude ele .
E eu me dei conta nesse instante, quando ele disse o nome de Sam, que ele não estava falando de sí mesmo e de Seth. Nenhuma força desconhecída estava atacando eles. Dessa vez, a crise não era aqui.
Ele estava usando o plural do bando.
Eu havia me queimado com tada a minha adrenalina. Já não restava nada mais de mim. Eu caí, e Edward me pegou antes que eu pudesse atingir as rochas. Ele ficou de pé, comigo em seus braços.

-Seth!- Edward gritou.
Seth estava curvado, ainda tenso de agonia, parecendo que estava se preparando pra se lançar floresta à dentro.

-Não!- Edward ordenou. -Você vai direto pra casa. Agora. O mais rápido que você puder!
Seth choramingou, balançando a cabeça de um lado pro outro.

-Seth. Confie em mim.
O enorme lobo olhou pra os olhos agoniados de Edward por um longo segundo, e aí ele se endireitou e vôou para as árvores, desaparecendo como um fantasma.
Edward me apertou com força contra o seu peito, e aí nós também estávamos correndo pela floresta sombria, tomando um caminho diferente do do lobo.

-Edward-eu forcei a sair pela minha garganta bloqueada. -O que aconteceu, Edward? O que aconteceu com Sam? Onde estamos indo? O que está acontecendo?"

-Nós temos que voltar para a clareira- ele me disse com uma voz baixa. -Nós sabíamos que havia uma boa probabilidade disso acontecer. Mais cedo essa manhã, Alice viu isso e passou de Sam pra Seth. Os Volturi decidiram que era hora de interceder".
Os Volturi.
Era demais. A minha mente se recusava a entender o sentido das palavras, fingia que eu não conseguia entender.
As árvores passavam voando por nós. Ele estava correndo abaixo tão rápido que eu sentia como se estivéssemos levitando, perdendo o controle.

-Não entre em pânico. Eles não estão vindo por nós. É só o contingente normal da guarda que geralmente limpa esse tipo de bagunça. Nada importante, eles só estão fazendo seu trabalho. É claro, eles parecem ter planejado o timing de sua chegada muito cuidadosamente. O que me leva a acreditar que ninguém na Itália teria sentido muito se um desses recém-nascidos tivessem redizido o tamanho da família Cullen- As palavras sairam entre os dentes dele, duras e inexpressívas. -Eu vou saber com certeza o que eles estavam pensando quando eles chegarem na clareira.

-É por isso que estamos voltando?- eu sussurrei. Será que eu podia lidar com isso? Imagens de robes flutuantes se grudaram na minha cabeça contra a minha vontade, e eu me separei delas. Eu estava perto do ponto final.

-É parte da razão. Em grande parte, será mais seguro se nós apresentarmos uma frente unida a esse ponto. Eles não tem motivos pra nos atacar, mas... Jane está com eles. Se ela soubesse que estávamos em algum lugar, longe dos outros, isso podia tentar ela. Como Victoria, Jane provavelmente vai adivinhar que eu estou com você. Demetri, é claro, está com ela. Ele podia me encontrar, se Jane pedisse isso a ele.
Eu não queria pensar nesse nome. Eu não queria queria ver aquele rosto impressionantemente primoroso, infantil, na minha cabeça. Um som estranho saiu da minha garganta.

-Shh, Bella, shh. Vai ficar tudo bem. Alice consegue ver isso.
Alice podia ver? Mas... então onde estavam os lobos? Onde estava o bando?

-O bando?

-Eles tiveram que ir embora rapidamente. Os Volturi não honram tréguas com lobisomens.

Eu ouví a minha respiração ficar mais alta, mas eu não conseguí controlá-la. Eu comecei a asfixiar.

-Eu juro que eles ficarão bem- Edward me prometeu. -Os Volturi não reconhecerão o cheiro , eles não se darão conta de que os lobos estão aqui, essa não é uma espécie com a qual eles estão familiarizados. O bando ficará bem.
Eu não conseguí processar a explicação dele. A minha concentração estava aos trapos por causa do medo. Nós vamos ficar bem, ele havia dito antes... e Seth, uivando de agonia... Edward tinha evitado a minha primeira pergunta, me distraiu com os Volturi...
Eu estava muito próxima do limite - me segurando com as pontas dos dedos.
As árvores estavam passando por ele como um vulto ao redor dele, como água de jade.

-O que aconteceu?- eu sussurrei de novo. -Antes. Quando Seth estava uivando? Quando você estava machucado?
Edward hesitou.

-Edward! Me diga!

-Está tudo acabado- ele sussurrou. Eu mal conseguia ouvir ele com todo o vento que a velocidade dele criava. -Os lobos não contaram a metade deles... eles acharam que já haviam destruído todos. É claro, Alice não pôde ver...

-O que aconteceu?!

-Um dos recém-nascidos estava se escondendo... Leah encontrou ele , ela estava sendo estúpida, convencida, tentando provar alguma coisa. Ela cercou ele sozinha...

-Leah -eu repetí, e eu estava fraca demais pra me sentir envergonhada pelo alívio que tomou conta de mim. -Ela vai ficar bem?

-Leah não se machucou- Edward murmurou.
Eu encarei ele por um longo segundo.
Sam - ajude ele - Edward tinha ofegado. Ele, não ela.

-Estamos quase lá- Edward disse, e ele olhou para um ponto fixo no céu.
Automaticamente, os meus olhos seguiram os dele. Havia uma nuvem escura roxa pairando baixa acima das árvores. Mas estava tão anormalmente ensolarado... Não, não uma nuvem - eu reconhecí a coluna grossa de fumaça, assim como aquela no nosso acampamento.

-Edward, eu disse, minha voz quase inaudível. -Edward, alguém se machucou.
Eu tinha ouvido a agonia de Seth, visto a tortura no rosto de Edward.

-Sim- ele sussurrou.

-Quem?- eu perguntei, apesar, é claro, de que eu já sabia a resposta.
É claro que eu sabia. É claro.
As árvores estavam ficando mais lentas ao nosso redor enquanto nos aproximavamos do nosso destino.
Ele levou um longo momento pra responder.
 

-Jacob- ele disse.
Eu fui capaz de balançar a cabeça uma vez.

-Não- eu sussurrei.Meu choramingo ecoou pelas árvores.
E aí eu escorreguei do limite ao qual eu estava me segurando dentro da minha cabeça.
Tudo ficou preto.
Primeiro eu fiquei consciente das mãos frias me tocando. Mais do que um par de mãos. Braços me segurando, uma palma curvada pra levantar a minha bochecha, dedos alisando a minha testa, e mais dedos pressionados levemente na minha cintura.
Aí eu tive consciencia das vozes. No início elas só estavam cochichando, e aí elas aumentaram de volume e clareza, como se alguém estivesse aumentando um rádio.

-Carlisle , já se passaram cinco minutos- A voz de Edward, ansiosa.

-Ela vai acordar quando estiver pronta, Edward-, a voz de Carlisle, sempre calma e segura. -Ela teve que lidar com muitas coisas hoje. Deixe que ela proteja sua mente por sí só.
Mas a minha mente não estava protegida. Eu estava presa no conhecimento que não havia me deixado, mesmo na inconsciência - a dor que era parte da escuridão.
E me sentí totalmente desconectada do meu corpo. Como se eu estivesse aprisionada a alguma outra parte do meu cérebro, que já não estava sob controle. Mas eu não podia fazer nada em relação a isso. Eu não conseguia pensar. A agonia era forte demais pra isso. Não havia como escapar dela.
Jacob.
Jacob.
Não, não, não, não, não...

-Alice, quanto tempo nós temos?- Edward quis saber, a voz dele ainda estava tensa, as palavras tranquilizadoras de Carlisle não haviam ajudado.
De mais distante, a voz de Alice. Era um chispado brilhante. 

-Mais cinco minutos. E Bella vai abrir os olhos em trinta e sete segundos. Eu não duvidaria que ela estivesse nos ouvindo agora.

-Bella?- Essa era a voz suave, reconfortante de Esme. -Você consegue me ouvir? Você está a salvo agora querida.
Sim, eu estava a salvo. Isso realmente importava?
Aí haviam lábios frios no meu ouvido, e Edward estava falando as palavras que me permitiram escapar da tortura que havia me prisionado dentro da minha própria cabeça.

-Ele vai sobreviver, Bella. Jacob Black está se curando enquanto eu falo. Ele ficará bem.
Enquanto a dor e o medo se acalmavam, eu encontrei meu caminho de volta para o meu corpo. As minhas pálpebras levitaram.

-Oh, Bella- Edward suspirou aliviado, e os lábios dele tocaram os meus.

-Edward- eu sussurrei.

-Sim, eu estou aqui.E me desculpe.Anciedade.
Eu fiz minhas pálpebras se abrirem, e eu olhei para o dourado cálido.

-Jacob está bem?- eu perguntei.

-Sim- ele prometeu.
Eu procurei em seus olhos algum sinal de que ele estava tentando me acalmar, mas eles estavam perfeitamente claros.


 


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