Havia anoitecido na Soul Society, era possível ver borboletas infernais voando em todas as regiões da Sereitei, sendo iluminadas com o brilho majestoso da lua cheia.Levavam consigo a mensagem autoritária do comandate Yamamoto, ordenando a seus capitães que se reunissem urgentemente em seu quartel, para discutirem sobre a misteriosa invasão que havia ocorrido algumas horas antes.

Estava acontecendo exatamente o que Ulquiorra havia previsto, quando orientou Mayuri sobre como deveria agir perante o comandante, quando este organizasse uma reunião de emergência. Fora orientado a não oferecer informações que o prejudicassem, evitando ao máximo fornecer pistas que ajudassem o comandante a capturá-lo.

O capitão Kurotschi Mayuri, ainda se encontrava trancado em seu laboratório, estava empenhado em consertar os danos provocados pelo estranho invasor. Ele não queria ser perturbado, por isso tratou de ordenar a seus subordinados que não o incomodasse, a menos que fosse algo muito importante, como uma mensagem de borboletas infernais por exemplo. Estava muito agitado, pois perdera dados importantes devido ao que havia ocorrido em seu laboratório. Nemu fazia o possível para ajudar Mayuri, mas era bombardeada com xingamentos e demonstrações de impaciência constantes. Ela não se revoltava com as atitudes de seu capitão, pois de alguma maneira extraordinária sentia-se agradecida, pelo cientista ter curado seus ferimentos causados por ele próprio, durante a fuga do invasor.

-Aquela aberração maldita! Destruiu parte dos arquivos sobre aquele meu experimento, Nemu! Terei de refazer grande parte do projeto! – exclamou Mayuri, levantando-se de sua poltrona. Logo em seguida, começou a caminhar pelo laboratório em passos apressados que demonstravam impaciência.  

-Capitão, existe alguma forma de recuperá-los? – indagou Nemu,após se recostar na parede assumindo uma expressão de preocupação.

-Infelizmente, não! –exclamou Mayuri, parando em frente à tente, virando-se para ela. Tomou uma expressão séria e em seguida bateu seu punho fechado esquerdo na palma da mão aberta direita. – Eu já sei o que vou fazer! Não vou deixar este hollow me controlar dessa forma! Você, Nemu! Vá até o computador central e inicie um backup de todos os dados de todo o departamento. – acrescentou Mayuri, olhando para Nemu seriamente.

-Um backup? São tantas informações capitão, não teremos tempo suficiente, demorará dias, semanas, talvez meses. – disse a tenente, assumindo uma expressão de espanto.

-Não discuta! Volte todos os computadores do departamento para esta ação se for preciso, mesmo que cancele os últimos experimentos e que destrua alguns protótipos, mas faça isso! Assim que estiver concluído me avise, pois tratarei de perseguir este hollow insolente, até encontrá-lo. E assim que eu o encontrar, eu o matarei com minhas próprias mãos, este tempo será ótimo para eu arquitetar uma morte extremamente dolorosa para este inseto! – exclamou Mayuri, saindo da frente de Nemu para que esta pudesse chegar à porta.

-Mas...capitão... – disse Nemu, olhando-o com uma expressão confusa.

-Rápido! Será que não entendeu? Vou ter que explicar de novo? Vá logo! Quando mais cedo você começar isso, mais cedo vai terminar! – exclamou Mayuri, em tom impaciente.

-Sim capitão! Irei imediatamente! – exclamou Nemu, e se dirigiu rapidamente á porta abrindo-a em seguida. Assim que a abriu, uma borboleta infernal se dirigiu para dentro da sala, e tenente parou ali mesmo para poder ouvir qual era a mensagem enviada para o capitão. O cientista olhou a borboleta com o canto do olho e fez uma expressão de indiferença.

Juntos ouviram a mensagem do comandante Yamamoto ordenando uma reunião de emergência, e logo em seguida o capitão tomou a palavra:

-Eu havia esquecido este detalhe, sempre que há uma invasão deste tipo o comandante toma a atitude de realizar uma reunião de emergência. Isso é uma grande perca de tempo, nunca fica algo claro e eficiente decidido nessas reuniões desorganizadas, realmente é uma grande perca de tempo. – disse Mayuri, fechando os seus olhos e assumindo uma expressão de deboche. – Este tempo desperdiçado nestas reuniões, poderia ser facilmente direcionado para um reforço na segurança imediata ou na preparação de um ataque em massa ao invasor. E estas borboletas infernais em vez de carregarem uma mensagem tão inútil como esta,poderiam divulgar ordens diretas para os esquadrões orientando-os a se dirigirem a um local da Sereitei aleatório, que é o que sempre é ordenado pelo comandante nestas reuniões. – acrescentou Mayuri, soltando o ar rapidamente que havia inspirado.

-Capitão, o senhor não confia no comandante? Deve ter alguma razão importante para estas reuniões. – disse Nemu, sem se importar com o que Mayuri poderia fazer com ela por tamanha ousadia.

-Ah...Eu confio? Sim, confio. Veja só, Nemu! – exclamou Mayuri, colocando sua mão direita em seu rosto, soltando uma curta gargalhada em seguida, estava de costas para ela. – Veja só o que este hollow fez, estou começando a duvidar da capacidade do nosso comandante. A coragem deste hollow me impressiona, ele deseja roubar a zanpakutou do comandante, utilizando qualquer meio possível para isso. Veio até meu departamento, destruiu grande parte dos meus melhores cientistas, destruiu dados importantes do meu sistema, e mesmo assim não resolveu voltar de onde veio, está aqui em algum lugar esperando que eu faça o trabalho por ele, me usando de fantoche. HAHAHAHAHA!Isso é muito inconveniente! E eu agora estou começando a criticar o comandante, percebe o que este hollow fez Nemu!? – indagou, virando-se para sua tenente.

-Sim...capitão, mas o senhor conseguirá capturá-lo, e ele pagará por tudo isso! – disse a tenente, olhando o capitão com uma expressão confusa, não conseguia entender o estado dele, mesmo tendo conhecimento do tamanho de seu orgulho.

-Ahhhh...Pois bem, não tem porque me preocupar com isto agora, pensarei em uma forma de conseguir aquela zanpakutou sem o velho perceber, assim com ela eu atrairei o hollow, e o matarei em seguida.É simples. – disse Mayuri, assumindo uma expressão calma subitamente, impressionando Nemu.

-Sim...ca..pitão . – disse a tenente, assustando-se com a mudança repentina da expressão de seu capitão.

-Estou indo para a reunião, e você trate de fazer o que eu mandei. – disse Mayuri, passando por Nemu, se dirigindo para o quartel do general. – Não me desaponte! – acrescentou, levantando sua mão direita em um gesto de despedida.

-Sim! – exclamou a tenente, fazendo uma reverência, e assumindo uma expressão de reflexão, tentando entender o que havia ocorrido. 

Mayuri chegou ao quartel, e tratou de se posicionar na fila no lugar de sempre. Percebeu que praticamente todos estavam ali, estava faltando apenas Zaraki Kenpachi.A sala ficou em silêncio por alguns minutos, até que Zaraki abriu a porta rompendo com o silêncio, e tomou seu lugar na fila.Todos o olharam meio curiosos, mas antes que alguém pudesse dizer algo, o som do cajado do comandante impediu qualquer palavra de ser dirigida a ele.

-Agora que estão todos aqui, vamos iniciar a reunião de emergência da Gotei 13, para discutirmos sobre a invasão de um ryoka a Sereitei! – exclamou o comandante Yamamoto, em tom firme e autoritário. 

-Comandante, eu gostaria de focar no assunto dos Menos primeiramente, creio que existe alguma relação com o ryoka. – disse Ukitake Jyuushirou,capitão do 13º esquadrão.

-Hum...prossiga. – disse o comandante, perdoando a interferência.

-3 Menos Grandes invadiram a Sereitei a algumas horas atrás, e recebi a informação de que um ser trajando uma roupa branca e uma aparência estranha,algo como meio hollow e meio humano, foi o responsável por guiar esses Menos, tudo indica que este é o ryoka que estamos perseguindo. – disse Ukitake, se dirigindo a todos os capitães presentes, esperando algum complemento em sua informação.

-Tenho uma sensação estranha sobre tudo isto. – disse Kyouraku Shunsui,capitão do 8º esquadrão, colocando sua mão direita na parte frontal de seu chapéu, puxando-o para baixo.

-Que sensação Shun? – indagou Ukitake.

-Algo me diz que Aizen está por trás disso. – disse Shunsui, assumindo uma expressão séria.

-Aizen!? – exclamou Hitsugaya Toushirou, capitão do 10º esquadrão, e logo em seguida os capitães começaram a cochichar entre si sobre o comentário de Shunsui.

-Impossível! Aizen não enviaria apenas um de seus soldados para cá, ele não seria tão estúpido a ponto de subestimar a Gotei 13 desta forma. – disse Soi Fong, capitã do 2º esquadrão assumindo uma expressão de indiferença.

-O que te faz achar que Aizen está por trás disto? – indagou Hitsugaya ao capitão Shunsui, com uma expressão de espanto no rosto.

-Não sei...é só uma intuição, talvez eu esteja errado. – disse Shunsui, sorrindo para hitsugaya, sabia que havia arriscado demais no palpite, e agora tentava consertar a situação.

-Não podemos descartar esta possibilidade, precisamos estar bastante atentos a qualquer evidência. – disse o comandante Yamamoto, batendo a ponta de seu cajado no chão fortemente, tentando não fazer a hipótese de Shunsui se perder na ignorância dos capitães.

‘Este cajado barulhento, é a causa de toda esta bagunça!’ – pensou Mayuri, estava analisando também a possibilidade de o invasor ter alguma relação com Aizen, pois com a rapidez dos acontecimentos, não pôde prestar atenção no invasor a ponto de conseguir ter certeza de que havia alguma relação. 

-Capitão Kurotsuchi Mayuri! – exclamou o comandante Yamamoto, batendo a ponta de seu cajado fortemente no chão mais uma vez. 

Mayuri estremeceu, e olhou para o general com uma expressão de espanto.

-Vamos ouvir seu depoimento, sobre o ocorrido no departamento de tecnologia.O ryoka acabou aniquilando vários cientistas de seu departamento, você com certeza deve ter algumas evidências importantes para que possamos chegar à alguma conclusão, para sabermos se Aizen realmente possui algo a ver com isso. – acrescentou o comandante, em tom firme e autoritário.

Mayuri estava suando, lembrou-se imediatamente das palavras do invasor, sobre não entregar informações que contribuíssem para a caçada do mesmo. ’Ele não para de bater este cajado, isso é tão irritante! E agora? O que eu digo?’.Refletia.

-Ahm...sim, o ryoka assassinou muitos cientistas do departamento, mas eu não consegui capturá-lo, ele era muito rápido e eu não tive como reagir dentro do meu laboratório, o que pude ver foi apenas um vulto, antes de ele romper com a parede de uma das salas do departamento.Por um momento, eu consegui perceber que ele não era mesmo um ser comum, realmente estava trajando uma roupa branca e tinha uma aparência estranha. – explicou o cientista, tentando contornar a situação seguindo o que o invasor havia lhe recomendado,mas ao mesmo tempo tentava entregá-lo sem se comprometer.

-O quê? Não conseguiu capturá-lo porque ele era muito rápido? Você não poderia ter impedido que ele matasse seus cientistas pelo menos? – indagou Hitsugaya, estranhando toda a estória de Mayuri.

-Não consegui impedi-lo. – disse Mayuri, olhando-o com desprezo.

-Hum....tem algo estranho no seu depoimento. – acusou Hitsugaya, olhando-o com o canto do olho e com uma expressão também de desprezo.

-Estranho?...não há nada estranho.Eu não consigo vigiar o departamento inteiro, e eu teria que ter uma bola de cristal para prever ataques como esse.Aqueles Menos fizeram um estrago também considerável na Sereitei, e mesmo eles terem aparecido próximo ao seu quartel, seu esquadrão não foi rápido o suficiente para eliminá-los, pelo que eu fiquei sabendo eles nem sequer apareceram no local.Então você terá que concordar comigo, que o que é estranho aqui, é o fato de um esquadrão liderado por um capitão arrogante como você ter sido mais incompetente do que o 11º esquadrão que pelo menos conseguiu chegar no local. – disse Mayuri, colocando as palmas de suas mãos para cima e logo em seguida balançou seu rosto, em um gesto de negação e deboche.

-Argh!Mayuri! – exclamou Hitsugaya, ficando irritado com a provocação do cientista.

-É isso mesmo, até mesmo o 11º esquadrão conseguiu ser um pouco mais prudente neste caso, apesar de também terem tido uma certa incompetência em chegar no local, logo depois da luta já ter terminado.Esta atitude parece ser comum neste esquadrão, porque até mesmo o capitão se atrasou para chegar aqui. – provocou Mayuri, se dirigindo a Zaraki Kenpachi indiretamente.

-Humm? Não me culpe pela incompetência daqueles idiotas, eu tratei de matar aqueles Menos assim que cheguei no lugar. - disse Zaraki Kenpachi.

-Então você concorda que mesmo podendo utilizar o shunpo, ás vezes não conseguimos ser rápidos o suficiente, para podermos impedir certos atos imprevisíveis de acontecerem. - disse o cientista, direcionando seu olhar para o capitão do 11º esquadrão.Com tais palavras procurou reforçar seu falso depoimento para que não fosse considerado um suspeito.

-Não me compare com você, e eu vou tratar de cuidar deste ryoka pessoalmente. – disse Zaraki, olhando Mayuri seriamente.

-Não mesmo, seu gorila, vá procurar algumas bananas pra você se entreter, porque eu vou cuidar deste ryoka por conta própria, vou encontrá-lo e se o comandante desejar eu o matarei da pior forma possível. – retrucou o cientista, encarando o capitão Zaraki.

-Como você fará isso? Você mesmo disse que ele foi tão rápido que nem conseguiu enxergá-lo completamente, talvez você seja lento demais para capturá-lo. – provocou Hitsugaya, não estava querendo deixar barato o que Mayuri havia dito a ele.

-Ora, seu moleque... – antes do cientista completar sua frase, o comandante Yamamoto bateu novamente seu cajado no chão e tomou a palavra:

-Silêncio! – gritou, cessando a discussão entre os capitães – Não temos tempo para essas brigas infantis!Eu escolherei quem cuidará do ryoka! – acrescentou, e ficou em silêncio logo em seguida, tentando entender o que estava causando essa rivalidade entre os capitães.

-Capitão Kurotsuchi Mayuri, ouvi relatos de que o ryoka assim que ouviu o alarme sendo disparado, escapou de dentro do laboratório aonde estavam você e sua tenente.Como você explica o fato de ter se confrontado com o invasor e mesmo assim não ter sido capaz de imobilizá-lo? – indagou Kuchiki Byakuya, capitão do 6º esquadrão, dirigindo a palavra á Mayuri.Finalmente havia tomado a palavra, pois nestas reuniões, poucas vezes se manifestava, assim como Komamura Sajin, capitão do 7º esquadrão.

-Ahm... – disse Mayuri, meio desorientado com a pergunta desafiadora de Byakuya,sempre o considerou bastante inconveniente.

-Que bom...eu estava prestes a perguntar algo parecido, então vou apenas acrescentar.Por que você não foi capaz de perceber a reiatsu do invasor a tempo de se precaver?Pois ele teve que passar por vários cômodos até chegar em seu laboratório, não foi? – indagou o capitão Komamura Sajin, colocando Mayuri em uma posição desconfortante.

-Ahm...eu.... – Mayuri estava encrencado, os dois últimos questionamentos eram difíceis de se esquivar.