Trouble escrita por Jackie101


Capítulo 2
Nova Jornada


Notas iniciais do capítulo

Voltei finalmente. Espero que gostem do capítulo!



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- Ellen, pra dentro! – a voz da mãe a tirou de seus pensamentos.

Fechou o livro rapidamente e o enfiou dentro da mochila de couro. Levantou-se preguiçosamente e seguiu pra dentro de casa, não antes de a noite cair completamente. Fazia aquilo sempre.

Estava cansada da sua vida monótona.

Acordava todos os dias cedo pra ir pra a escola. Onde ouvia piadinhas sobre seu cabelo, ou sobre a sua forma de se vestir. Dos seus óculos fundo de garrafa que foram do avô no passado e da sua inteligência de outro mundo.

Ela era um mistério para qualquer um.

Uma garota hiperativa com uma sabedoria invejável. Era tachada de estranha, mas sempre faziam fila pra ficar com ela nos trabalhos, e ela sempre aceitava. Como uma boa garota. Era o que seus pais ensinavam. A ser uma boa garota.

A primeira da turma, a estranha da escola. Não havia nada nela que chamasse a atenção. Ou melhor, havia... Suas roupas estranhas, seu modo estranho de se expressar, sua curiosidade, suas músicas.

Estava cansada de tudo aquilo.

Jogou-se na cama assim que atravessou a porta do quarto. Ali costumava ser seu porto seguro. Costumava.

Observou mais uma vez o caderno sobre o criado-mudo e deixou um sorriso escapar. Há dias perguntava a si mesma se realmente iria fazer aquilo. E há dias, respondia que sim. Só não sabia como... Ou melhor, sabia.

Ela tinha todas as respostas. Uma semana de pesquisa. E por incrível que pareça, ela tinha encontrado tudo o que queria. Procurando desde livros a filmagens, passagens jornalísticas, jornais velhos, depoimentos... Vídeos no youtube. Tudo que comprovasse aquele diário.

“Diário de Elena Gilbert”

Repetia pra si mesma. Havia decorado todo seu conteúdo em poucos dias, havia associado e se preparado para o que faria a seguir.

Sempre fora fascinada por livros. Principalmente os livros com histórias. Histórias fascinantes. Nunca fora fã de romance, mas aquele realmente lhe chamara a atenção. Todos aqueles sentimentos daquela menina que um dia fora como ela. Uma garota órfã... Adotada, que viveu com a tia por alguns anos após a morte de seus pais adotivos.

Sentia-se parte na vida da garota. Sentia-se mal quando falava da morte dos pais, de como queria tentar ser outra pessoa. E dava conselhos para o diário. É... Ela realmente fazia isso.

Perguntava-se se era destino. E costumava acreditar que sim. Perguntava-se se aquilo não era simplesmente uma historinha. Se essa Elena na verdade nunca existira, ou existira, e fosse apenas uma garota com a imaginação fértil.

Perguntava-se sobre Damon e Stefan. Perguntava-se sobre a tal Katherine. Perguntava-se sobre Caroline, sobre o irmão de Elena... Perguntava-se se aquilo realmente era acreditável e desejou ter a vida da garota.

Perguntava-se sobre vampiros, bruxas e lobisomens. E ria de si mesma por acreditar naquilo.

- - - - - - - - - -

Seus passos quebravam o silêncio da madrugada. Todos dormiam, e as luzes estavam apagadas, como de costume. Desceu as escadas no silêncio absoluto, com cuidado para não acordar ninguém.

Pegou a mochila detrás do sofá e seguiu em direção à porta. Parada em frente à mesma, perguntava-se se um dia voltaria ali. Se um dia voltaria a ver seu pai, sua mãe, ou até mesmo seu irmão. Hesitou... Mas logo tomou o controle de volta. Precisava encontrar um propósito pra sua vida. E se isso significasse que ela teria de partir, que assim fosse.

Sai de casa sem olhar para trás, sabia que se o fizesse, não seria forte o suficiente para continuar. Haviam atividades de física e química para entregar, e ela as fizera, apenas por diversão. Nunca tivera a intenção de participar de tais aulas.

Pretendia chegar ao lugar desejado antes do pôr-do-sol. E perguntava-se quanto tempo iria durar tudo aquilo. E se se daria bem no final. Uma tola... Ela era uma tola.

O frio a fazia tremer e lacrimejar. Sentiu falta da mãe e de seu colo. Sentiu vontade de voltar. Imaginava-se o que pensaria quando visse que havia ido embora. Pelo menos, não teria mais problemas com a filha problemática.

Olhou pra trás antes de entrar no trem. Gravou a imagem da sua pequena e simples cidade e entrou. Não sabia se iria voltar. E aquilo lhe dava uma enorme sensação de adrenalina.

- - - - - - - - - - -

- Aqui está senhorita! – a moça lhe entregou o bilhete um tanto hesitante – Ah... Tem certeza de que é pra esse lugar que quer ir? – perguntou incerta, e a garota arrancou o bilhete de suas mãos.

- Absoluta! – respondeu decidida e observou o papel antes de enfiá-lo no bolso. – Em quantas horas eu chego lá?

- Antes do pôr-do-sol! – disse fazendo a mesma sorrir. Cálculos perfeitos. Agradeceu a moça e seguiu direto para o táxi.

- Para onde, menina? – o motorista perguntou divertido ao observá-la no banco do carona. Ela apenas entregou-lhe o bilhete e o mesmo a fitou espantado – O que uma menina fará nesse bairro?

- Familiares! – respondeu com um sorriso de canto e voltou seus olhos para a janela. Precisava ser aquilo. Ao menos, seus cálculos diziam que sim, suas pesquisas e... O diário. Mais do que precisava. Lembrava-se das palavras de seu pai. “É só um livro de fábulas, nada mais!” Dissera-lhe antes de viajar a trabalho semana passada. Ela orava pedindo a Deus que ele estivesse errado.

Ansiosa para chegar. Queria vê-lo face a face. Queria lhe fazer todas as perguntas. E principalmente queria saber se realmente era verdade. Sua primeira oportunidade de fazer a diferença. Primeira e última.

Era ali que sua jornada começava.

- Aqui, senhorita Ellen! – o motorista respondeu parando o táxi numa esquina.

Saiu do carro e deixou a porta aberta.

- É aqui mesmo? – perguntou incerta e o motorista assentiu com a cabeça.

- A última casa da rua. – disse apontando para uma casa abandonada que parecia não ser capaz de sofrer nenhum dano. A garota sorriu incerta e agradeceu ao motorista. Observou-o desaparecer na poeira e voltou seus olhos para a última casa da rua.

Uma rua esquisita. Sentiu arrepios em seu pescoço quando a observou melhor. O silêncio era maior do que o da madrugada. E isso a fazia temer. Do que mais tinha medo? Ah, sim... Tinha medo de escuro. Sentia-se uma criança. Uma criança indefesa.

Caminhou lentamente pela areia. Aquilo parecia um deserto, claro se não fossem pelas casas. Mais abandonadas do que os cachorros em sua rua. O único silêncio que ouvia além de o de seus tênis ao chão e a sua respiração assustada, era o de uma televisão. Um som distante, mas o suficiente para ser audível.

Pensava em quem morava naquela rua. Quem teria coragem? Bom... Era o lugar perfeito para ela. Ou para alguém que almeja se esconder.

Agora se via parada à casa que lhe parecia mais assustadora. Ouviu algo ranger e logo uma madeira caiu de encontro ao chão. Piscou e voltou seus olhos para a porta de madeira desgastada. Apenas um empurrão a faria cair. Arrumou os óculos.

Sentia-se num filme de faroeste;

Aproximou-se da porta e bateu na mesma duas vezes com devido cuidado para não derrubá-la ao chão.

- Com licença! – chamou mais uma vez.

Afastou-se da porta. Tinha medo, ao mesmo tempo que estava ansiosa para o que viria a seguir.

- Pois não? – uma voz rouca a tirou de seus pensamentos. Ergueu os olhos e o observou por cima dos óculos. Não devia ter mais de oitenta anos, sua voz era prova disso. Suas roupas eram tão antigas quanto ele, e estava com um cigarro na boca. O que a fez dar um passo atrás.

Aquilo a faria mal.

Observou mais uma vez o senhor de idade, que também a analisava com seus olhos castanhos muito fracos. Era como se faltasse vida nele. E ela sabia o que aquilo significava.

- Estou procurando por alguém. – falou indecisa dando um passo a frente. Aquilo a faria mal, pensou mais uma vez, mas continuou seguindo.

- Se não for eu... Veio ao lugar errado! – respondeu sem desviar o olhar. Procurava o medo nos olhos da garota. Mas não encontrava. Parecia estar decidida naquilo. E isso o assustou. – Quem é você? E quem procura? – perguntou erguendo a cabeça levemente.

- Meu nome é Ellen Mourdock. Estou a procura de Damon Salvatore! – suas palavras foram tão intensas, que o cigarro nos lábios do velho despencou ao chão. O mesmo a olhou cautelosamente.

- Não sei quem procura! – respondeu dando um passo pra trás.

- Senhor, não vamos levar isso longe demais! – falou subindo as escadas e aproximando-se cada vez mais. Sem hesitar – Me leve até ele...

- Senhorita Ellen, não sei o que procura! – disse com o olhar distante e ela percebeu que estava conseguindo o que queria.

- Ah, sabe sim... Me leve até ele, Senhor... E eu prometo que nada de mal irá acontece-lo. – disse decidida e o velho afastou-se temerosamente.

- Não pode me fazer nada. É só uma garota! – respondeu tentando convencer a si mesmo disso. E ela percebeu.

- O senhor sabe que não. Sabe o tanto quanto eu, que as coisas não são como as pessoas acreditam. Mas talvez não saiba tudo. Me leve até ele, e eu prometo que não lhe farei mal.

Adentrou a casa incerto, sem tirar os olhos da garota loira que lhe observava com a mesma cautela desde que chegara. Ela o seguiu, observando cada canto da casa.

Nenhum luxo em comum a não ser uma TV de tantas polegadas. O resto era tão simples quanto ela. Móveis mofados, pia suja, até parecia que ninguém vivia ali. Ele a seguiu por uma escadaria grande, que provavelmente a levaria para o sótão.

Observou o velho perguntando a si mesma se ele a estaria enganando. Não importava. Tinha entrado na casa, era tudo o que queria.

Desceu as escadas vagarosamente, sem fazer nenhum barulho. Então viu a porta se fechar atrás de si. Por alguns segundos o desespero tomou conta dela.

O escuro. E o silêncio.

- Você não pode me machucar!


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Notas finais do capítulo

Que acharam? Se encontraram algum erro, deixem nos reviews e me ajudem a corrigi-los. Deixe sua opinião, é sempre importante. Até o próximo capítulo! :D



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