Murmúrio escrita por bundadopatch


Capítulo 48
Seis por meia dúzia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/337087/chapter/48

- O que acha de Charlotte? - Patch perguntou. Estava com seu macacão jeans todo sujo de tinta e um sorriso de orelha a orelha.
- É acho meio fresco. - Respondi, sorrindo. Eu estava usando uma camisa dele que também estava completamente suja. - Outro.
- Melissa? - Ele perguntou mais uma vez enquanto molhava o rolo na lata.
- Eu gosto. - Sussurrei. Já havíamos pintado boa parte da casa, até que não estava ruim, Patch levava jeito pra isso. - E se for menino?
- Alexander? - Ele havia colocado o rolo no descanso e agora estava sentado em numa lata vazia.
- Você só gosta de nomes complicados. - Eu soltei uma gargalhada. 
- Sabe que eu não tenho muito jeito com isso. - Ele estava corando. 
- Eu gosto de Anthony - Comentei, puxando uma linha imaginária da blusa. 
- Eu também gosto muito de Anthony. - Ele murmurou. - Na verdade eu acho perfeito.
- Sério? - Meus olhos se iluminaram.
- Sim. - Ele havia se levantado para olhar janela a fora. 
Fui atrás dele e o abracei por trás.
- O que está te preocupando? - Sussurrei em suas costas.
Ele se virou e pôs as duas mãos sobre meu ventre, eu suspirei. Ficamos em silêncio por um bom tempo, até que o toque do meu telefone nos tirou do transe.Era o número de Vee.
- Oi, Vee. Tudo bem? - Eu quase berrava.
- Não grite. - Era a voz de Scott. - Você tem duas horas pra sair do seu conto de fadas e me procurar. Sabe onde me encontrar e não diga nada ao anjo.
- Ah, Vee. - Forcei minha voz. - Também estou com saudade, estarei ai.
- Muito bem. - Scott falou do outro lado antes de desligar.
Eu estava congelada, alguma coisa iria acontecer com Vee? Eu não podia deixar. Só percebi a proximidade de Patch quando ele beijou minha nuca.
- O que queriam? - Ele perguntou. Percebi que não usou o nome de Vee, ele ouviu a conversa?
- Ah… Você pode me dar algumas horinhas? - perguntei, tentando esconder o medo que já se espalhava pela minha corrente sanguínea. - Eu volto.
- Claro. - Ele sorriu. - Mas eu vou junto.
- Não precisa. - Sussurrei, colocando seu rosto entre as minhas mãos. - É sério.
- Anjo… - Ele fechou os olhos. - Você sabe que se alguma coisa acontecer…
- Não vai. - Silenciei sua boca com um beijo. 
Não era justo mentir para Patch, mas a vida de Vee estava em jogo e eu não podia me dar o luxo de pagar pra ver. Subi as escadas correndo, mal parei para escutar todas as mensagens que minha mãe havia deixado na secretária eletrônica.
Tomei banho, peguei um vestido vermelho justo tomara que caia e coloquei um scarpin preto. Sequei meu cabelo e passei alguma maquiagem. Em 20 minutos em estava me dirigindo para o prédio que algum tempo atrás eu tinha invadido com Scott.
- O que deseja? - Um rapaz nos seus 28 anos me perguntou quando passei pela porta. Ele me olhava de cima a baixo.
- Quero falar com Scott. - respondi, minha garganta estava seca.
- Entrarei em contato com o Sr. Parnell. - Ele retirou um celular do bolso. - E quem ele deve a honra?
- Nora Grey. - Sibilei, passando a língua pelo lábio inferior.
A cor sumiu do rosto do rapaz.
- É um prazer conhece-la. - Ele disse estendendo a mão.
- Igualmente. - Eu respondi, ignorando seu gesto.
Subi alguns lances de escada até chegar a uma sala que continha uma placa com letras em dourado ” Scott Parnell”, na minha primeira batida ele abriu.
- Grey. - Ele me abraçou. - Uau, sempre me surpreendendo. Como você está? 
- Bem. - respondi, observando a sala. - Seja breve.
As paredes eram pintadas de uma cor escura, havia uma mesa com uma cadeira giratória, esculturas de de vidro, algumas poltronas e um telão.
- Alguém precisava por ordem, não é mesmo? - Ele disse.
- Claro. - Sorri, me sentando em uma das poltronas. Eu precisava parecer calma, cruzei as pernas e resolvi ir logo ao ponto. - O que quer?
- Sempre tão ansiosa. - Ele sorriu, sentando em cima da mesa. - É o seguinte, sua amiga está aqui.
- Deixe-me falar com ela. - rugi.
- Calma, anjo. - Ele destacou o adjetivo com um certo nojo. - Deixe-me terminar, quero ser breve como você pediu. Sua amiga não está grávida, nunca esteve.
- O que? - gritei.
Ele soltou uma gargalhada e usou seu indicador para cutucar sua têmpora. Claro, ele havia usado truques mentais.
- Ela está sobre meus cuidados. - Ele continuou, sua voz era calma. Seus dedos procuraram um controle entre as esculturas e logo foi direcionado para o telão. A imagem de Vee tomou forma, ela estava deitada num quarto cinza que continha apenas uma cama. As lágrimas teimaram em aparecer.
- Solte-a, Scott. - Minhas voz já estava embolando. - Ela não merece isso, ela não tem culpa de nada.
- Eu sei. - Ele respondeu, desligando o telão. 
- Você a ama? - perguntei, as palavras embaralhadas.
Ele soltou uma gargalhada.
- Você a ama? - repeti.
- Não, Grey. - Ele me fuzilou com o olhar.- Eu não a amo, mas a questão é a seguinte, ela é um ponto fraco seu e precisamos de você aqui. Então ela só vai sair quando você resolver ficar.
Meu mundo desmoronou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Murmúrio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.