Harry e Gina já estavam acostumados comentou a falta que os filhos faziam, não acostumados mas conformados. Aproveitavam a casa vazia para repetir algumas loucuras do tempo de início de casamento, sair para jantar fora no meio da semana, namorar no sofá da sala sem medo de um dos filhos aparecer e os pegar em uma situação constrangedora, viajar no final de semana para algum lugar isolado só para poderem ficar juntos.

Mas, nenhuma época era tão esperada por eles como as férias de verão onde seus três pequenos bruxinhos voltariam para casa. Harry quando era jovem nunca havia pensado que seria tão feliz como ele era com a ruiva e seus filhos, e com esse pensamento ele saiu de seu escritório no Ministério da Magia para poder pegar seus rebentos na estação. Lilly estava voltando de seu primeiro ano, Alvo do terceiro e Tiago do quarto. Durante os meses que ficavam separados, o homem sempre achava, na realidade tinha certeza, que seus filhos mudavam muito. Depois de abraços, beijos e alguns puxões de orelha em Tiago a família Potter se dirigiu para casa, afinal de contas tinham uma ruiva com muitas saudades esperando por eles.

As semanas se passaram e logo os meses e não era difícil ver tanto Harry quanto Gina fazendo algo diferente com os filhos. Tudo ocorria na normalidade até o dia em que receberam uma ligação bem diferente. Gina atendeu ao telefone e se surpreendeu quando a pessoa do outro lado respondeu que era a Duda Dursley. Duda e Harry não eram melhores amigos, os dois até mantinham algum contato, mas o primo do Homem nunca tinha ligado para a casa deles. Surpresa a ruiva perguntou se estava tudo bem e ele respondeu que precisava conversar com eles, e perguntou se poderia ir até a casa dos Potter, tentando segurar sua curiosidade e a surpresa óbvia, Gina disse que os esperaria para o jantar, já que o homem do outro lado da linha parecia muito nervoso.

Harry tinha levado as crianças para um jogo de quadribol junto com Rony, e quando chegou em casa com os filhos percebeu o cheiro de comida sendo preparada.

–Mamãe! – gritou Lilian ao ver a mãe descendo as escadas arrumada. – Você perdeu o jogo! O Chudley tomou uma surra, tinha que ver a cara do tio Rony quando o jogo acabou. – a pequena ruiva gargalhou lembrando.

–Eu imagino! Já falei para o Rony trocar de time no mínimo umas mil vezes. – a mulher sorriu e deu um beijo na cabeça da ruivinha. Os dois filhos e o marido estavam conversando no sofá, vendo os outros resultados do campeonato. – Meninos! Vão para o banho que nós teremos visitas para o jantar, e preciso falar com o pai de vocês. – comentou beijando as cabeças deles, assim como tinha feito com a filha caçula que já havia subido. Os dois resmungaram, mas sabiam que não havia como reclamar com a mãe, e acabaram subindo as escadas disputando quem conseguiria chegar ao andar superior primeiro, Gina tinha certeza que algum dia essa disputa acabaria com algum dos seus filhos machucado, talvez um braço ou uma perna quebrada pela queda na escada.

–Olá, ruiva. – Harry disse puxando a mulher para seu colo. – O que precisa falar comigo? – perguntou dando um beijo nela que sorriu levemente.

–Teremos convidados para o jantar, meu bem. Seu primo, a mulher dele e a filha deles vem jantar conosco. – respondeu se levantando do colo do homem e estendendo a mão para que ele se levantasse. – Você, assim como nossos filhos precisa de um banho, urgente! Não sei como vocês sempre voltam desses jogos como se tivesse passado o tempo todo em campo. – Harry gargalhou da esposa. Ele estava realmente suado, mas também estava curioso, o que seu primo iria querer na casa deles?

–O que ele quer aqui? Aconteceu alguma coisa? – perguntou sem se conter. A ruiva começou o puxar para o quarto subindo as escadas que levavam para o andar superior.

–Uhm, não sei. Mas ele nos ligou hoje, disse que precisava conversar conosco, então os chamei para jantar, parecia urgente. – comentou quando entraram no quarto, e Harry assentiu com a cabeça, ainda sem entender o motivo. – Tome seu banho que vou verificar se os meninos já entraram no chuveiro. – a ruiva disse antes de sair deixando o homem sozinho no banheiro.

Após verificar se as crianças estavam limpas e devidamente arrumadas a ruiva voltou a descer para ajeitar o jantar, faltavam apenas alguns minutos para o horário marcado com a família do marido. Ela havia dispensado Monstro, afinal de contas, Sophie não tinha intimidade com a vida bruxa, ela só sabia que os Potter eram diferentes, ajeitou a mesa para que pudessem ter a refeição e ouviu os passos dos filhos, junto com suas vozes animadas, ainda conversando sobre o jogo, ela sorriu sozinha, aquelas crianças não negavam o sangue, amavam quadribol.

–Muito bem, preciso que os três se comportem! O primo do pai de vocês, vem jantar aqui com a família dele. – Gina disse ao chegar na sala.

–Porque? – Lilian perguntou olhando o pai descendo as escadas. – Pensei que eles não viessem aqui. – comentou jogando os cabelos ruivos para trás, coisa que a fazia parecer muito com a mãe.

–Também quero saber, ruivinha. – Harry disse. – Vamos descobrir em breve. – respondeu. – Que horas marcou com eles, Gina?

–As sete. Eles devem chegar em breve, queridos. – a mulher ajeitou mais uma vez a sala, vendo se não tinha nada fora do lugar. Rindo dos comentários de Tiago sobre o jogo, os Potter ouviram a campainha e Harry se levantou para atender a porta, voltando alguns poucos minutos depois com o primo, a esposa e a filha deles Margareth.

–Oi, Sophie! – Gina exclamou, indo cumprimentar a mulher. – Como vão?

–Ah, estamos bem, Gina. Obrigada, e vocês? – ela respondeu meio tímida, olhando a casa ao redor, afinal das contas ela nunca havia estado ali. –Bem, imagino que estejam com fome. Porque não jantamos, e depois podemos conversar.

–Ah claro! – a mulher respondeu e Gina os guiou para a sala de jantar. Todos se serviram e começaram a comer em silêncio, a ruiva até estranhou os filhos estarem tão calados, mas então ela se lembrou que não comentavam sobre a vida “bruxa” deles assim, eles tinham um feitiço que Hermione tinha desenvolvido para que se precisassem receber visitas de trouxas em casa eles não perceberiam nada estranho na entrada. Então, para todos os efeitos, os Potter eram apenas ricos excêntricos. A ruiva estava comentando sobre a última coleção de uma marca de bolsas que ela havia visto quando tinha ido fazer compras com Lilian, Sophie riu indicando com a cabeça que também adorava bolsas.

–Nossa, então você precisa ver o closet da mamãe. Acho que mais algumas e ela vai ter que expulsar um de nós dos nossos quartos para poder fazer um armário maior. – comentou Tiago e Harry gargalhou. Ele sabia que sua esposa era um pouco exagerada, e amava compras.

–Já sabemos que se isso acontecer será você que irá sair de seu quarto, Tiago Sirius. – Gina falou se fingindo de brava e depois riu também. – Não posso me controlar algumas vezes. São tantas coisas lindas nas lojas, sempre acabo trazendo algo para casa. Mas também sempre trago presente para meus filhotes e pro meu maridinho. – comentou enquanto se levantava para pegar a sobremesa que era um doce que havia aprendido com a Sra. Granger quando ela tinha ido para casa de seus pais no último feriado. As duas famílias comeram e logo em seguida as crianças foram para a sala assistir um programa de televisão que eles gostavam.

–Ahn, se precisar posso te ajudar Gina. – Sophie comentou ao ver a ruiva se levantar com algumas coisas para levar para a cozinha.

–Não, imagina. Eu dou um jeito nisso em dois minutos. Harry, acho que seu primo está meio nervoso para conversar, porque não os leva para o escritório, encontro com vocês lá em alguns minutos. – disse e Harry concordou com a cabeça, dirigindo o casal para o escritório dele. Assim que eles saíram do seu campo de visão, a ruiva fez alguns floreios com a varinha e a louça flutuou para a cozinha e começou a se lavar em seguida. Antes de entrar no escritório ela deu uma olhada nas crianças e viu Lily e Margareth conversando, enquanto Tiago e Alvo jogavam videogame. Bateu na porta, entrando logo em seguida. Duda estava aparentemente nervoso sentado em uma das cadeiras de frente para Harry, e Sophie parecia da mesma maneira, como se prestes a contar algo muito grave.

–Hoje mais cedo, um pouco antes de ligar para vocês, tivemos uma vista muito surpreendente em nossa casa. Uma mulher bateu em nossa porta e falou que minha filha tinha vaga em uma escola diferente. – Duda começou. – A Maggie é bruxa.

–QUE? – Harry exclamou sem se conter. Ele estava achando aquela situação mais do que cômica. Se não fosse a cara de pânico do primo e de Sophie ele com certeza estaria tendo uma crise de risos.

–Ela foi convidada para ingressar em Hogwarts no próximo ano. – Sophie comentou meio em dúvida. – Eu não sei nem o que é isso, eles chegam na minha casa e dizem que a minha filha é bruxa! Isso só pode ser uma brincadeira. Dizem que minha filha tem uma vaga nessa escola, que lá ela vai aprender a controlar e entender magia. – disse balançando a cabeça, como se dessa maneira as coisas pudessem começar a fazer sentido.

–Sophie, provavelmente Duda já te contou, mas eu, Harry, nossos filhos, somos todos bruxos. Não há nada de errado nisso. – Gina comentou chegando perto da mulher. – Eu posso te explicar muitas coisas, posso te ajudar a entender tudo. Sua filha vai estar na melhor escola possível.

–Como vou poder participar da vida dela se não sou bruxa!? – perguntou assustada olhando para a ruiva. Gina convidou a mulher a se sentar no sofá que ficava no canto do escritório e sentou-se do lado dela.

–Bem, a minha melhor amiga, e do Harry também, era como a Sophie, veio de uma família de não bruxos, e os pais dela participam de sua vida normalmente, vão aos almoços na casa dos meus pais que são bruxos, iam comprar o material escolar com a filha deles sem nenhum problema, eles só não fazem magia, mas não tem problema nenhum em lidar com ela. Sei que é tudo novo, mas sua filha é incrível, e você vai entender isso com o tempo, claro que se vocês a colocarem em Hogwarts.

–Ela tem a opção de não ir? – perguntou Duda de onde estava. Ele também ainda não sabia o que pensar, sua filha era uma bruxa, como seu primo que ele menosprezou por tanto tempo.

–Claro. Não é obrigatório, ela pode muito bem escolher não ir para lá. Assim como se ela for e depois achar que prefere viver sem magia ela também pode optar. É tudo uma questão de querer. – disse Harry.

–Bem, eu só não quero que a minha filha corra perigo, Harry. – Disse Duda. – Eu me lembro de muitas coisas da época que você morava conosco. Não quero que minha filha fique em perigo.

– São outros tempos, Duda. Muitas coisas mudaram, sua filha não estaria em perigo em momento nenhuma, bem, eu também não mandaria meus filhos para lá se eles não fossem estar seguros, e você pode perguntar para os três sobre a escola, eles adoram. Apesar de Tiago passar mais tempo nas detenções do que em qualquer outro lugar daquele castelo. – completou Harry, seu filho mais velho tinha conseguido herdar todos os genes de seu pai e aparentemente de seus tios Fred e Jorge.

–Vocês poderiam nos explicar um pouco melhor sobre tudo? – perguntou Sophie. – Ainda não conversamos direito sobre isso, mas acredito que essa escola seja o melhor para nossa filha, Dud. Ela sempre foi tão tímida, talvez lá ela consiga fazer amigos de verdade.

–Claro que podemos, Sophie. E lá sua filha nunca vai estar sozinha, minha família é muito numerosa e os Weasley-Potter sempre estão prontos para agregar mais alguém ao grupo, não se preocupe com isso. – disse Gina sorrindo. – Vocês já contaram a ela?

–Não... Pensamos em vir conversar primeiro com vocês. Duda falou que vocês saberiam o que dizer para gente. Obrigada. – Sophie disse sorrindo para Gina. – Imagino que vocês tenham que mudar algumas coisas para que eu possa vir aqui não é? Antes de saber de tudo... – ela riu.

–Ah, algumas coisas, como esconder algumas fotos. Nossas fotos são diferentes das de vocês. E algumas matérias de jornal que acabamos pendurando na parede, sabe, ia soar meio estranho para você ler algumas daquelas coisas. – Gina comentou. – Mas faz parte. Vocês podem nos visitar com mais frequência, se quiserem saber de algo, ou tiverem alguma dúvida. Foi horrível para mim quando o Tiago foi para Hogwarts pela primeira vez, e eu ainda tinha dois filhos em casa para fazer um pouco de bagunça, agora imagino vocês, que a casa já vai ficar silenciosa, ainda mais porque vocês não conhecem muito bem esse universo no qual ela está entrando. – os quatro ainda conversaram alguns minutos antes deles saírem do escritório, quando chegaram a sala, os filhos estavam conversando sobre o programa de televisão. Harry havia sugerido que eles conversassem com a filha assim que chegassem em casa e contassem para ela tudo, e deixasse que a menina opinasse também, afinal de contas seria a vida dela. Eles se despediram e as mulheres combinaram de se encontrar para conversar dali alguns dias, já que Sophia tinha muito o que entender. Quando eles fecharam a porta e voltaram para a sala os três filhos estavam jogados no sofá, Gina foi até a mesa do escritório e pegou na gaveta alguns pedaços de papel e foi sacudindo até a sala,

–Bem, como todos vocês se comportaram muito bem hoje tenho uma surpresinha. – disse sorrindo e Alvo logo pulou do sofá.

–O que é, mãe? – perguntou animado enquanto os irmãos se juntavam a ele, Harry também estava curioso, Gina não havia dito nada a ele.

–Enquanto vocês estavam fora hoje chegou isso aqui para nós. – ela disse entregando aos filhos os ingressos para a final do campeonato. Os três começaram a pular em volta dela, eles nunca tinham ido a uma final, Gina dizia que ainda eram muito novos, mas esse ano, ela sabia que já era hora. – Tenho um para você também. Sr. Potter. Aceita ir comigo na final? – perguntou sorrindo ao marido.

–Pensei que fosse cobrir para o jornal. – ele disse abraçando a cintura da mulher. – Mas claro que aceito, não perderia esse jogo por nada, é a primeira final dos nossos filhos, uma pena que não puderam ver a mãe deles jogar, você com certeza acabaria com todos. – sorriu.

–Vou escrever para o jornal sim, mas nada que me impeça de aproveitar com vocês. – ela disse, e se virou para os filhos. – Quero muitos beijos de agradecimento, e que vocês se comportem muito bem. – ela brincou e os três a abraçaram. Harry olhou e sorriu com uma pontinha de inveja, será que ele era tão bom pai como Gina era boa mãe? Antes que pudesse pensar qualquer outra coisa a mão de Lily o puxou para o abraço.

–Vocês são os melhores do mundo. – a ruivinha comentou. – Papai, sei que você andou dizendo para mamãe que nós já tínhamos idade para irmos em jogos importantes. Obrigada! – ele abraçou os filhos de volta e deu um selinho na mulher.

Algumas horas mais tarde, depois de conseguir acalmar os ânimos dos filhos, e coloca-los na cama, não sem antes muitos beijos de boa noite e obrigados, Gina e Harry estavam deitados na cama deles. A mulher fazia um carinho no marido enquanto ele passava os dedos lentamente pelos fios ruivos, eles estavam abraçados e a mulher pode sentir quando Harry começou a rir descontroladamente. Ele ria tanto que a mulher acabou gargalhando junto com o marido por bons minutos.

– O que foi isso, Potter? – ela perguntou secando algumas lágrimas que tinham escorrido devido aos risos.

–Ah Gina, eu amo como o mundo dá voltas! Quem diria que a neta do Tio Valter ia ser uma bruxinha! – Harry comentou rindo outra vez. – Mal posso esperar para ver a cara dele quando descobrir.

–Harry! – ela recriminou o marido, mas acabou rindo também, ela sabia que o homem tinha sido sempre muito avesso ao mundo bruxo, e realmente, o mundo dá muitas voltas. -–Acho que ela vai ficar uma graça vestida com o uniforme de Hogwarts.

–Sim, não tão linda como Lily ficou da primeira vez que usou. Acho que vou enviar um cartão para a casa do tio Valter com uma foto da Maggie usando o uniforme, vai ser tão engraçado. – o homem comentou e Gina deu um tapinha no braço do marido. Mas ela sabia que aquilo estava só começando, ah, como a vida era irônica, não é mesmo?