Ela sentiu algo frio na nuca. Acordou, mas não lembrava de ter dormido. Sentiu vontade de gritar, de se levantar e correr para longe. Mas resistiu aos impulsos.

Tivera um pesadelo. Em que ela estava em uma caçada. E ela era a caça. Seu caçador se divertia. Ela acordou com uma risada soando em seus ouvidos.

Ainda estava naquele lugar estranho, de frente para uma placa negra como o breu. Olhou em volta para depois se levantar, então examinou a placa.

Nela, setas com inscrições apontavam para lugares diferentes. Infelizmente para ela, as inscrições eram em inglês. Avery era péssima em inglês.

Tentou ler o que estava escrito. Só conseguiu algumas poucas palavras que se aproximavam de sua língua, e elas não eram nada boas. Ela tinha de seguir para algum lugar.

Sua cabeça começou a girar. Um vento muito estranho, vindo de algum lugar desconhecido, soprava uma direção. Avery decidiu ir por ali, sem nem mesmo saber aonde aquilo ia a levar.

Ela sabia que teria outra longa caminhada pela frente até encontrar algo e que esse algo bem provavelmente podia não ser bom. Mas era melhor correr o risco do que ficar ali.

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Andando sempre em linha reta, Avery já estava pensando que se não enlouquecera, certamente ela o faria.

Sentia dor, estava cansada. Aquela névoa fria passando por ela, espiralando para mil lugares ao mesmo tempo.

Aquele lugar estranho onde ela estava. Sem encontrar nada ou ninguém, vagando com medo de ser pega, ou morta. Ela morreria ali. Será que morreria?

Começou a enxergar formas negras na névoa. Será que ela estava alucinando? Ela chegou muito perto. Parecia sólido, parecia feito de fumaça...Continuou andando, certamente ela ia atravessar aquilo...

Bateu. E logo em seguida caiu no chão, ou melhor, na névoa. Aquilo era uma parede, de verdade. E sólida, estava mesmo ali. Isso talvez significasse que havia algo ali.

Foi seguindo a parede e encontrou uma abertura. Era um portal. Ela via tudo nitidamente agora, parecia uma civilização. Mas era tudo negro. Prédios, casas, ruas, postes, tudo negro. Sombras pairavam por ali, algumas maiores e conduzindo outras, vagando.

Ela ouvia, não sabia como, mas ouvia suas vozes. Seus sussurros de repente a atingiram. Como ela ouvia aquilo, essas figuras sem forma? Começaram a vir em sua direção.

Avery se encheu de medo. “Fuja, fuja, fuja!!”, pensou, desesperada. E obedeceu. Virou as costas e correu o mais rápido que pode por uma rua qualquer. Sempre que olhava para trás, as sombras estavam lá, ainda mais e mais perto que antes.

Quando virou, bateu com força em algo e de novo caiu. “Agora estou perdida”.

-Humana?! Impossível... – disse uma voz. –Se levante.

-Não consigo. –ela respondeu. Não sabia para quem ou para quê. Seus olhos transbordaram. Ou ela estava á beira da morte ou da histeria.

O dono da voz a agarrou e correu. Avery nem via para onde estava sendo levada ou quem a estava levando. Ela só sentiu uma sensação familiar, mas que lhe parecia desconhecida. Segundos depois sentiu uma dor lancinante na cabeça. Desmaiou.

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-Acorda! Acorde, humana, acorde rápido! Acorde... –A voz dizia firmemente, pontuando as palavras com fortes bofetadas em seu rosto.

Desta vez, ela nem pensou, agiu por puro impulso. Fechou o punho e socou seu agressor.

-Ai! Porque me bateu?! –A voz soava irritada agora. –Levante logo daí e vá embora rápido!

Finalmente, Avery abriu os olhos e se apoiou no cotovelo. Parecia estar em um beco, muito escuro e sem saída.

-Onde estou? –Perguntou, ainda sem conseguir ver direito quem a salvara.

-Onde acha que está?! No céu é que não é, esse maldito lugar! É a Terra das Sombras, elas é que te perseguiram.

Ela se levantou, devagar e cambaleando.

-Quem é você e como saio daqui?

-Quem sou eu? Respondo depois. Vamos sair daqui primeiro. –Talvez tenha visto algo que ela não, então disse: - Feche os olhos.

-Por quê? O que vai...?

-Feche! –O dono da voz ainda não saiu do lugar onde estava, mas ela pode sentir seus olhos sendo tapados por uma mão.