Eu sempre vivi assim... ninguém me entendia. Eu era o ‘antissocial’ da família. Não falava com ninguém, não tinha amigos. Sofria no colégio, ninguém gostava de mim. Eu só queria voltar no tempo, fazer tudo de novo, para evitar me transformar nesse monstro... Eu era apenas um garotinho assustado. Apenas um menino tímido. Hoje sou um dos maiores assassinos da história. Não consigo me controlar, tenho que matar pessoas. Preciso sentir o sangue inocente em minhas mãos. Mas não é minha culpa, eu acho. Eu nunca sorria, e agora minha face está mantida em um sorriso eterno. Vivia chorando, no canto do meu quarto. Agora eles estão abertos. Abertos para sempre. Nunca ninguém me entendeu. Nunca alguém se preocupou em me entender. Agora é culpa de vocês que estou aqui, derramando sangue inocente. Se alguém tivesse se preocupado comigo... Mas não, eu sou apenas um garoto bobo, não é mesmo? Eu não sou importante? Agora sintam a dor que eu senti.

Mais uma vítima para matar hoje. Uma criança, deve ter por volta de 7 anos. Estava me preparando para partir do meu esconderijo, a policia estava me procurando. Peguei minha faca, fui para a casa da menina. Ela estava dormindo, em seu quarto decorado com bonecas. Os pais ainda não tinham trancado a janela, ótimo. Pulei a janela, entrei para de baixo da cama.
– Ela deve estar cansada... Acordou as 7h da manhã hoje. – uma voz masculina falou, devia ser o pai – Por que crianças sempre acordam cedo no seu aniversário?
– Você também era assim – uma voz, agora feminina falou. Um estalido indicou que ela tinha trancado a janela. – Boa noite querida.
A mulher beijou sua filha e saiu do quarto. Verifiquei se tinham saído mesmo; eles haviam saído. E ainda melhor, tinham fechado a porta. Menos chances de alguém me ver.
Saí de baixo da cama, me levantei. Tirei minha faca do bolso, a segurei contra o peito da menina. Ela disse assustada:
– Q-Quem é você?
– Vá dormir. – Falando isso, afundei minha faca contra seu peito, enquanto ela soltava um grito de dor. Trabalho concluído. Comecei a destrancar a janela rapidamente, logo os pais iriam vir no quarto. Destranquei a janela, quase no mesmo momento o pai abriu a porta.
Saí correndo, conseguia ouvir ao longe os gritos de tristeza dos pais.
Eu era um monstro, mas o que eu podia fazer?
Eu nasci assim.