Broken Trust escrita por Eleanor Rigby


Capítulo 7
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Fim do flash back, de volta ao presente. [E capa nova, rs.]



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Soul Eater POV


Eu e Maka ficamos ali sentados por mais de uma hora, enquanto eu contava o que tinha visto naquela noite. Ela não me interrompeu em nenhum momento sequer. Certas vezes eu percebia um desconforto expressar-se em sua face, deixando clara a provável vontade que ela tinha de gritar comigo, me acusando por falta de confiança, assim como aconteceu anos atrás. Mas ela se conteve até que eu encerrei as palavras ao chegar no fim da minha falação toda.



– Bom... É isso. Depois disso, nós dois já sabemos o que aconteceu. – Me referi ao momento em que ela bateu a porta indo embora do nosso antigo apartamento. Fitei a garota loura ao meu lado, indo de encontro com suas íris esverdeadas que me observavam reciprocamente. Tive minha atenção desviada para os lábios de Maka, que, depois de umedecê-los com a língua, os separou para dar lugar a algumas palavras que eu já premeditava que viriam a ser soadas.



– Você ainda não acredita na minha inocência, não é? – A sua indagação veio acompanhada de um olhar desapontado. Eu fiquei sem saber responder, ainda mais com aquele olhar intimidador que me fazia sentir culpado por duvidar dela. Ao perceber o silêncio tomar lugar de minha resposta, Maka prosseguiu com as palavras.


– Quer saber... – Abruptamente ela soergueu o corpo do banco e colocou-se à minha frente, me encarando de cima com os braços cruzados e aquela cara de mandona. – Eu vou te provar que eu não fiz nada do que você me acusou. Nós vamos investigar isso juntos. – Houve uma pausa antes que ela continuasse. – Soul, se algum dia você teve o mínimo de consideração por mim, por favor, me ajude a encontrar a explicação pra isso tudo.


Afastei meus lábios um do outro, dando a ideia de que estava prestes a responder à súplica de Maka. Mas de minha garganta nenhum som emanou-se, devido à hesitação que ainda permanecia em mim.



– Eu não quero fazer isso por causa própria. – Maka proferiu, atropelando meu silêncio, depois de suspirar. – Eu quero fazer isso porque eu quero meu melhor amigo de volta.



Arqueei as sobrancelhas esboçando uma expressão de comoção. Meu olhar que até então encarava o chão, agora se ergueu para observar Maka. E quando tal ato foi executado, percebi uma das mãos de Maka se estendendo até mim. Quando fitei lhe a face, notei que ela sorria de um jeito meigo e doce, de um jeito que me fazia lembrar os velhos tempos.


Foi inevitável que uma inesperada onda de nostalgia quebrasse sobre mim. Além disso, eu podia sentir uma energia purificadora provindo daquele sorriso, que funcionava como um chuveiro emanando água límpida e cristalina, caindo sobre mim e levando todo o peso que havia sobre minhas costas.

De súbito, todas aquelas dúvidas que me corroíam sumiam gradualmente. Não havia mais hesitação, nenhum sentimento que demonstrasse relutância. Eu tinha que ter fé nela.

Levei uma mão de encontro à mão estendida de Maka, e me levantei com suporte dela.


– Vamos logo investigar isso. – Disse depois de ser tomado por sorriso de orelha a orelha. Escutei uma risadinha abafada de satisfação vinda de Maka. A garota loura saltitou, pendurou os braços sobre meus ombros e afundou o rosto próximo ao meu pescoço, dando início a um abraço apertado. Meus braços envolveram sua cintura estreita, tornando aquele abraço mútuo. As pernas dela pendiam no ar já que eu suspendi o corpo dela por ser mais alto.


Continuamos com os corpos unidos, mas agora ela havia tombado a cabeça para trás e me olhava, ainda sorrindo. Acabei vidrado por aquele sorriso e seu olhar penetrante, como um inseto fica preso na teia de uma aranha.

O sorriso dela aos poucos deu lugar a uma expressão de seriedade. Sua língua percorreu seus lábios rosados, voltando a umedecê-los como antes. Acompanhei esse movimento milimetricamente com o olhar, involuntariamente imaginando como seria o sabor daquela boca...

Repentinamente, voltei a mim quando um sutil estalo soou próximo ao meu rosto. Investiguei com os olhos a fonte daquele ruído, e percebi os lábios de Maka juntos formando um biquinho. Liguei os fatos e concluí: Ela havia beijado a ponta do meu nariz.

Senti minha face corar, então a coloquei no chão, enfiei as mãos para dentro dos bolsos frontais da calça jeans e virei o rosto na tentativa de disfarçar a vermelhidão no rosto.

Notei Maka girar sobre os calcanhares e arrancar alguns passos na direção da saída da quadra. Seus passos prosseguiam quando ela girou gentilmente para trás seu pescoço junto aos ombros e gesticulou para que eu a seguisse.

Esbocei um sorriso de canto, enquanto caminhava até ela, admirando-a ao longo do percurso. Eu estava completamente enfeitiçado pelo seu encanto.


– O que foi? – A loura perguntou, enquanto caminhávamos pela calçada, se sentindo incomodada pelo meu olhar que não desgrudava dela. Ela passou a mão apressada pelo cabelo e pelo rosto, como se suspeitasse que houvesse algo de errado com ela, já que eu não parava de olhá-la.


Eu ri de maneira disfarçada e permaneci com o olhar sobre ela.

– Não é nada. É só... Saudade. – Retirei uma das mãos do bolso, levando-a até o topo da cabeça de Maka, passando a acariciá-la gentilmente. Ela me fitou por um instante e sorriu, em seguida cercou minha cintura com os braços. Abaixei a mão erguida até sua cabeça e a levei até os ombros de Maka, nos mantendo unidos. Assim, andamos por um bom tempo, até que chegamos à casa dela.


– Você vai entrar? – Maka indagou depois de me soltar e apanhar o molho de chaves que abria a porta.


– Não, eu vou até o Shibusen buscar a minha moto. Depois eu vou pra casa da Naom-...– Quando me dei conta já era tarde demais, já tinha falado. Mas interrompi a frase, por não saber se eu deveria ter tocado no nome dela na frente da Maka.

Ela parece ter ignorado ou mesmo não ter ligado, pois ela continuou sem se alterar.

– Tudo bem então. Eu vou procurar algum jeito ou algum lugar para começar a investigação. Qualquer coisa nova eu te ligo, tudo bem?

– Estarei esperando. – Acompanhei minhas palavras com um formoso sorriso estreito, sem mostrar os dentes.

Ela assentiu cordialmente com a cabeça e adentrou a casa, fechando a porta em suas costas. Logo girei o corpo e iniciei uma nova caminhada, com destino o Shibusen.


_________




Chegando ao colégio, avistei o veículo de 2 rodas estacionado no mesmo lugar onde eu havia deixado na noite anterior. Caminhei até o local afim de averiguar se estava tudo como foi deixado, e acabei confirmando minhas expectativas, estava tudo certo.



Estava pronto para montar na moto e seguir até o apartamento de Naomi, mas antes que realizasse tal ato, uma voz oriunda do portão principal do colégio soou chamando por mim.

– Soul! – Era uma voz masculina que repercutiu firme e séria. Dirigi meu olhar para quem havia me chamado e reconheci de imediato quem era...


– Stein-sensei. – Permaneci imóvel observando o professor se aproximar.



– Que bom vê-lo por aqui, estamos precisando de você como monitor no turno da tarde. Tudo bem pra você?



– Ta. Eu vim buscar minha moto mas eu estou livre nessa tarde. – Era horário de almoço, eu pretendia almoçar e continuar ali à tarde para auxiliar os professores que precisassem. Deixei a moto no mesmo estado e avancei para dentro do colégio junto com Stein.


Estávamos em um corredor próximo à sala dos professores, quando me veio à lembrança cenas daquela noite de anos atrás. Lembrei-me também que eu precisava ajudar Maka na investigação, portanto, quanto mais cedo eu começasse a investigar, melhor seria.


– Stein... Você lembra do baile de gala há 4 anos atrás? – Indaguei balbuciando em certos momentos. Eu tinha que ser cauteloso para não perguntar nada além do necessário, para que Stein não desconfiasse de nada.



– Mas é claro. Por que a pergunta? – Ele rebateu.



– Bom... Aquela tarefa extra que você tinha passado para mim e para a Maka, bem no dia que antecedia o baile. Por que você a deu logo pra nós?



– Que tarefa?



– Aquela que você nos mandou procurar por evidências de alguma ilegalidade na sala dos professores. – Quando balbuciei as últimas palavras, nós paramos abruptamente no meio do corredor. Na verdade foi Stein que parou. Eu, por reflexo, interrompi meus passos e coloquei-me ao lado dele. Notei que ele tinha o cenho franzido e os olhos semicerrados apontados diretamente a mim.



– Mas eu nunca mandei vocês fazerem isso. – Stein me encarava sério, com ar de intrigado.


Eu deixei uma risada nervosa escapar. Aquilo só podia ser brincadeira do sensei, pois eu me lembrava perfeitamente, como se fosse ontem, ele me convocando no início do dia para que eu e Maka executássemos tal tarefa. Mas quando percebi, Stein ainda estava sério, deixando mais do que claro que não havia brincadeira nenhuma ali.


– Se eu tivesse designado uma tarefa desse nível para vocês, eu com certeza me lembraria, mesmo que se passassem 100 anos. – Os olhos de Stein por trás das lentes do óculos de grau transmitiam a sinceridade em sua voz. Ele agora parecia mais do que intrigado. Depois de girar pelo menos 5 vezes o grande parafuso que possuía na cabeça, ele prosseguiu com uma indagação. – Me conte mais sobre isso, Soul.



Eu engoli seco. Me vi receoso em continuar com aquele assunto e acabar tocando em algum ponto que não deveria. Por sorte, fui salvo pelo sinal do colégio que soou, fazendo os corredores se enxerem de transeuntes. Eu aproveitei a confusão para sair fora daquela situação.



– Er... E-eu devo ter me confundido sensei. Afinal, se passaram tantos anos, eu realmente devo estar com a memória ruim. – Dei mais uma risadinha nervosa levando a mão até a nuca. – Eu acho que preciso de um parafuso como o seu para manter as ideias no lugar. – Balbuciei rindo forçadamente, tentando não encarar a face séria de Stein. – Bem, acho que ouvi o professor Sid me chamar, vou até ele. Sayonara sensei!


Tirei proveito do trânsito de pessoas naquele corredor para sair dali.

Passei o resto da tarde alternando minhas atividades em executar as tarefas como monitor, fugir do Stein e tentar me convencer de que eu não estava louco.


________



O ronco do potente motor cessou quando estacionei a moto próxima ao meio fio da calçada, em frente ao apartamento de Naomi. Era noite, e meu serviço como monitor havia acabado. Por ventura, não me encontrei com Stein de novo. Mas outra pessoa que eu também não tinha encontrado era Naomi. Era para eu ter visto-a, já que ela estuda em período duplo, durante a manhã e a tarde. Suspeitei de que ela estivesse passando mal, ou algo do tipo, e acabou ficando em casa.


Envolto por esses e outros pensamentos, subi até o último andar do prédio à minha frente e abri a porta do apartamento.

As luzes estavam apagadas, o que indicava que Naomi não estava em casa.

Estranhei, já que minha suposição sobre a justificativa da falta dela no Shibusen agora se tornara inválida.

Caminhei no escuro até metade da sala, tateei a parede com as mãos afim de encontrar o interruptor, e quando o encontrei, o utilizei para acender as luzes.


O ambiente revelado pela luz me espantou.


Haviam cadeiras jogadas e estilhaços de um espelho quebrado jogados pelo chão.

Marcas de mãos sangrentas contrastavam bem nas paredes brancas.

Senti uma sensação de pavor me atingir em cheio.


Quando me virei para averiguar a outra metade da sala é que veio o verdadeiro choque.



Na parede, havia uma mensagem.



Uma mensagem escrita com sangue:


“O próximo é você. Não adiante correr.”


Meu choque se duplicou quando eu notei um objeto ensanguentado largado no rodapé daquela parede.



Aquilo era...





Uma estaca.





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Notas finais do capítulo

Desculpem-me se meu vocabulário parecer muito repetitivo, sou dessas que tem uma limitação de criatividade, rs.
Não se espantem se ficar um pouquinho confuso, futuramente tudo será esclarecido.
Enfim, até a próxima!