Revolução Abissal escrita por brenoool


Capítulo 3
The Brave Tiger


Notas iniciais do capítulo

Se realmente tenho algum leitor aqui, desculpa a demora, serião. O meu box das crônicas de gelo e fogo chegou e, sabe, não dava tempo pra escrever. Até tentei, mas sem perceber já tinha um bastardo e um anão na minha história, aí eu decidi deixa o vício passa hauahuahuaha

Se acontecer qlqr demora igual essa de novo, sério, eu NÃO VOU ABANDONAR. podem ter certeza u.u

caso verem algum erro por aí, deixem pra la, não deu tempo pra revisar, depois eu faço isso XD

Capítulo narrado pelo Karl.

Obs: "tá em terceira pessoa esse" "cadê esse tal de Karl?" leia até o final ^^



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Karl


_Me sinto gorda como nunca antes. Lá se vão todos os meus quilos perdidos pela gravidade. – Bufou a morena de olhos puxados. Estava caminhando lentamente sobre um solo acidentado, repleto de crateras e pedregulhos. O céu se mantinha em uma plena escuridão, tal como perturbadores corvos. Não havia relva ou qualquer sinal de vida, o lugar transparecia um estranho clima de morte; Só existiam estrelas e errantes riscando o céu. Há metros de distância, erguia-se um magistral monumento, apontado como Setor A. – Maldito círculo gravitacional. Que queimem no inferno esses malditos americanos e suas malditas invenções! – Amaldiçoou a morena.

_Os quilos podem subir, mas seu corpo encantador continua conservado, Dora. – Disse um homem robusto de cabelos azuis, se referindo à mulher de olhos puxados. – Com tão poucas mulheres aqui na Colônia Lunar...

_Até alguém com eu sirvo, não é? – Cortou Dora. – Era isso o que queria dizer, Derek?

_Devia parar de tomar esses hormônios, parece uma grávida. – Derek se aproximou devagar dela, e com um comando sobre uma antena que havia em sua cabeça, estava prontamente atrás dela. O lugar antes ocupado havia dado lugar a uma projeção. Ele deu uma grande apalpada em sua bunda, sem a menor cerimônia. – Podem ser o quão malditos quiserem, mas os americanos não erram em suas invenções.

O homem despertara o verdadeiro demônio.

Dora sacou um pedaço de metal em seu pedaço, que rapidamente transformara-se em uma grande lâmina flamejante. A fincou no chão rochoso, fazendo a lâmina multiplicar-se, formando um cerco sobre Derek.

_Fale-me mais sobre o que seu povo evoluído faz. – Riu a mulher.

_E dá-lhe os chineses, o povo de ferro! – Ele levantou as mãos. – Eu me rendo, delicinha. - A última palavra fora mal recebida, pois Dora respondera-lhe com um chute no meio das pernas.

_Queira ou não, continua esse sendo o melhor meio de atordoar homens. – Ela se sentou em um pedaço de pedra qualquer, e apontou para uma parte vazia. – Venha, homem rendido. – Riu. – Sente-se, vamos conversar um pouco.

_Sobre o quê?

_Qualquer coisa. – Ela se apertou contra o casaco espesso de tecido sintético. A Lua era um lugar inóspito, assustadoramente frio, e tivera de fazer modificações em seu corpo para poder se mudar para o lugar. A verdade era que o lugar podia lembrar tudo, menos sua casa. Nunca se sentira em casa na Lua. – É inevitável, aqui.

_Sentir-se sozinho? – Derek perguntou. – Eu concordo.

_A Colônia é remota demais, especialmente o Setor A. Eu sinto falta do calor da Terra, das pessoas de lá... – Disse, olhando para o infinito, para as estrelas. – São as estrelas que me motivam a seguir em frente, a perceber que não estou sozinha. Queria poder subir em cima de qualquer coisa, e agarrá-las.

Derek as observou por um longo tempo.

_As grandes estrelas são azuis. – Disse, por fim, sorrindo e afagando seus cabelos de cores celestes. – Sou a sua estrela, e se o que tanto precisa é agarrar-me e sentir meu calor, estarei a sua disposição.

Ela não evitou, e acabou corando.

_Vá se foder. – Amaldiçoou-o, por entre os risos. Derek não entendera a piada, e ficou a encarando com um rosto de inocência.

_Falo sério. – O homem então tomara a mão de Dora, a recostando sobre seu peito.

_Engraçado. Então você não é só tarado, e também um romântico. – resmungou.

_Você sabe cortar o clima. – suspirou. – Não adianta negar, eu também tenho aqueles novos poderes psíquicos da nossa pesquisa, e sei sobre o que você sente por mim.

_Se tivesse os recebido por completo, saberia que é só afeto, idiota. – Ela pôs-se a olhar novamente para as estrelas. – E você é meu meio-irmão, droga. Deveria te presentear com um Ero-Robot de aniversário, já que está tão necessitado. Sou uma mulher da ciência, não uma égua reprodutora.

_Se ao menos trouxessem mulheres para cá. – cuspiu. A saliva desceu direto para o solo, provavelmente por causa da bolha gravitacional instalada no céu. – E não me ofereça esses brinquedinhos chineses nojentos.

_Já não então tenho mais nada a oferecer, então vá procurar sua melhor amiga para te ajudar. Sua mão – sorriu Dora. Balançou seus cabelos pretos, que quase sumiam no horizonte do espaço, e saiu andando. – Isso é se conseguir encontrá-lo aí dentro, com todo esse frio.

A morena andou por um longo tempo, e caminho parecia infinito, por culpa da imensidão imutável do céu. Todo o terreno estava devastado, mas de certa forma, era como se sempre fosse daquela maneira. Ali, não reinava o frio em si, mas a ausência do calor. Ausência de vida. Era como se o lugar, outrora, houvesse sido beijado pela morte.

Depois de um longo tempo, Dora chegou enfim a conjunto de construções, que em sua maioria mal se erguiam. Havia ali alguns pequenos tubos com espaço para não mais que cinco pessoas, que desciam para o subsolo. Fora eles, erguiam-se apenas algumas máquinas, que pareciam extrair uma substância vermelha da terra, e no centro, um largo e alto edifício circular, com um grande A pintado em garrafais nele. Mesmo por quilômetros, podia ser facilmente visto. Pequenas bandeiras em farrapos, de todas as cores e desenhos, erguiam-se em fila, empoleiradas no teto do monumento. No fim da sequência, jazia um grande estandarte rubro, com 5 estrelas no canto superior esquerdo. Era duas, três, cinco vezes maior do que todos os outros.

_Nós estamos sempre na frente. – Murmurou Dora.

Centenas de metros adiante, uma garota careca apareceu, vindo do edifício A. Parecia uma pequena formiga diante do colossal monumento, e demorou certo tempo para chegar a Dora. Estava tremendo até a espinha de frio, e usava apenas um trapo sujo. Se aproximou, cautelosa, com os grandes olhos côvados observando-a com medo. Seus braços não eram nada senão ossos, o que deixava seus movimentos tortuosos até bizarros.

_Senhora Dora... – começou ela, olhando para os próprios pés, com visível temor. – o chefe Huyong tem um mandato direto para buscá-la. – terminou, e saiu correndo o mais que pôde.

_Menina! – chamou-a Dora. – Espere um minuto! – A garota realmente parou, e ficou esperando. A morena decidiu correr até ela. – Você é realmente engraçadinha, hein? Mas o que faz aqui? Não deveria haver outra mulher além de mim.

A garota olhou para baixo, querendo enfiar a cara em alguma daquelas crateras da lua.

_S-senhora... tenho ordens diretas para não conversar com ninguém aqui. Me desculpe... – Ela já fazia menção em se virar novamente, quando Dora tentou puxá-la pelo braço magrelo. A menina se esquivou em um giro quase invisível a olho nu, mas não foi o suficiente para superar o treinamento militar de Dora.

_Você vai ficar aqui, garota maldita! – cuspiu – Eu estou dando as ordens agora, e não há ninguém superior a mim nessa espelunca. Agora, me diga.

_Na verdade, há sim, senhora. – A menina estava engolindo saliva, por pavor. – o próprio Senhor Huyong. – Ela deixou algo no ar, e abriu a boca para falar algo, mas parece ter se arrependido. Provavelmente, algo que ela não deveria falar.

Dora revirou os olhos e franziu o cenho, sinalizando que pensava em algo.

_Esse sotaque... qual o seu nome, menina?

_Costumavam me chamar de Jenny lá nos Estados Unidos. Jennifer. – Ela deu um sorriso e estendeu uma mão, mas rapidamente abafou seu gesto com um pequeno grito. – Deus! Eu também não deveria ter falado isso! – gritou e esperneou, desesperada, e dessa vez fugiu de verdade.

Dora deu os ombros. Que segredo quer que tivesse a garota, seria descoberto agora com Huyong. Andou a passos largos pelo estranho terreno lunar, ainda que pouco incomodada, como se não pertencesse ao lugar.

Entrou em um dos tubos, e desceu até o subsolo, por cinquenta, cem, duzentos metros. O lugar era quente comparado à superfície, mas ainda tinha o mesmo clima de morte. De vazio. Seu tubo estacionou em um pátio colossal, que mal parecia caber dentro daquele pequeno astro, fazendo-o até parecer oco. No centro, jazia solitária no alto de um cume uma bandeira da china. Não havia qualquer luxo ali; fora deixado claro que o lugar era exclusivo para o ramo da ciência. Homens estouravam de todos os cantos, sem fim, e apesar da grande confusão e gritaria, sentia-se como se fosse mais um dia normal no local.

Dora percebeu que a maioria dos homens eram, na verdade, robôs. Os que restavam eram chineses barulhentos e mal humorados. A lua não parecia ser um lugar querido a todos.

Roubou um dos trabalhadores robóticos e montou-o, como um cavalo. Gritou algumas ordens em mandarim, e o coitado correu tanto quanto suas rodas o permitiam, pelo longo pátio, que se estendia por uns dois quilômetros até o seu destino. Deu um rápido relance para as banhas saltando para fora do tecido sintético, e desceu do robô. Precisava perder peso, e ir a pé pareceu mais atrativo.

A sala de Huyong literalmente brilhava. Não acharia estranho se gente da terra a visse a olho nu de lá. O chefe usara uma rocha qualquer que achou nas escavações da lua, e a fundiu com outra coisa menos importante, que gerou aquelas lâmpadas bizarras. A única que coisa em que aquilo parecia mostrar êxito era chamar atenção, e era exatamente isso o que Huyong mais amava na vida.

Agradeceu ao entrar na sala, ao perceber que o interior não brilhava. Claro, o que importava era manter as aparências lá fora.

Huyong não tinha mais do que cem anos, e usava uma longa trança verde e vermelha de meio metro, que partia dos pelos de seu nariz. Um anel de rocha vermelha prendia a trança, que descia até quase seus joelhos, em seu corpo pequeno que começava a envelhecer. Usava lentes vermelhas, da cor da China, da cor do sangue, mas só o faziam parecer um albino frangote. Bebia um copo com liquido cor índigo, e ao lado da mesa havia uns dez vazios, apenas com algumas espumas lilases.

_Se não fosse essa comida instantânea, seria o homem mais gordo da Lua. – riu Dora. – Título engraçado para um escravagista não acha? Impõe medo.

Huyong entendeu a ameaça, e riu antes dela terminar a fala.

_Já sabia que ia reclamar sobre a garotinha desde que esse pensamento brotou nessa sua maldita mente. - Juntou seus dedos ossudos. – A garota e os que vieram junto não são escravos. Digamos, prisioneiros de guerra.

_A Terceira Guerra terminou há dez anos, velho idiota. – Ela batia o pé e rangia os dentes, enfurecida. – Os prisioneiros nada ver tinham com nós, e já foram libertados.

_Órfãos. Eles deveriam me agradecer por os tirarmos daquele buraco que chamam de Estados Unidos. Iriam morrer de uma forma ou outra, naquela terra bombardeada e infectada. Se eu os salvei, suas vidas pertencem a mim. – Soltou um risinho abafado. – E eu posso usá-las como bem entender.

Dora compreendeu. Deixou seu queixo cair até onde conseguia, pasma. Numa gota da água, em um segundo, girou o mais rápido que podia e se colocou a frente de Huyong, cara a cara. Seu Discover, cravado em sua cabeça, quase trovejava de tantas faíscas que soltava. O de Huyong soltava um cheiro de queimado, de destruído.

_Não é a toa que chegou até aqui. – ironizou ele. – Destruiu o ramo mortífero de meu Discover, que todos os militares, bem como eu e você, têm. E isso apenas com a força de seus poderes psíquicos. Incompletos, por sinal.

_Cale-se, e respond...

_Se qualquer um de vocês pudessem me sobrepujar, eu não estaria aqui, comandando o setor espião da China na base inimiga mais forte do mundo. Permiti que destruísse meus Discover, não se engane. E eu comandei sua pesquisa, ou se esqueceu? – Seus olhos vermelhos opacos agora brilhavam, ardiam. Lembravam mais o fogo do que o escarlate da bandeira Chinesa. Farejava-se nele o medo. Ainda assim, Dora não recuou. - Todos os poderes, que permiti que os tivesse, com toda a minha generosidade. Mas só tem uma parte deles, claro. Eu os tenho, inteiros. – Sussurrou, sua baba de velho voando no rosto de Dora.

_CALE-SE, VELHO IMUNDO! – Urrou Dora. – E responda as minhas perguntas, com honestidade.

_Honestidade? Tanto tempo que não ouço essa palavra, tão doce... Seria tão bom, se ela existisse, de fato.

Dora talvez pensou em esbofetá-lo. Antes dela fazer o menor dos movimentos, ele levantou a mão para proteger o rosto. Eu sei, eu sei de tudo, lia-se no rosto de Huyong.

_A menina... Ela parecia com medo, confusa, sem saber... Saber o que acontecia de verdade. – Parou, mas rapidamente tomou firmeza à voz. Não iria recuar. – Os que levava como experimento, não os deixava contar aos outros o que acontecia?

Dessa vez, o chefe foi pego. Desviou os olhos, encarando o chão.

_Eles nunca voltavam. – Cuspiu ele. – Sei o que se passa em sua mente. E não a culpo por sentir pena da garota. É bom saber que alguns de nós, chineses sujos, ainda entende a humanidade. - A morena vacilou, e vacilou de novo, até desistir de fazer qualquer coisa contra o chefe, ou se vingar pela garota e pela provável família morta dela. – Sei que me idolatrava quando chegou aqui. Que um dia, queria mesmo é estar sentada onde estou. É muito inocente ainda, e só por isso ainda não conquistou seu lugar. Todos aqueles que governam, todos aqueles que lideram... É tão tola por achar que não tiveram sua cota de sacrifício e ludibriagens para chegarem onde estão? Só conquistamos a pesquisa, eu, você, e aquele tal de Derek, por causa das cobaias necessárias. E dessa vez, chimpanzés infelizmente não serviram. - Dora estremeceu, e recuou. – Sabia que não faria nada comigo.

Ela afundou-se na cadeira brilhante que havia ali, com a testa franzida, batendo os pés com força no chão. Estava inquieta, querendo fazer algo que não podia.

_Por que me chamou aqui, afinal? – disse ela, em seguindo bufando e revirando os olhos, mostrando desinteresse.

_Envolve a nossa pesquisa. O que faremos dela, na realidade.

_Nossa pesquisa nunca deveria ter existido, não aqui, nesse ninho de cobras dos Estados Unidos.

_E vai negar os orgasmos de felicidade que teve quando a concluímos? – Ele endureceu o olhar. – Ela está pronta, e temos de agir quanto isso. Com esses poderes de Deus em nossas mãos... – Huyong deixou algo a falar no ar, mas Dora compreendeu o que viria a seguir. “Faríamos uma guerra de um lado só”, seus olhos diziam.

_Isso é loucura, sabe disso. Nossos soldados seriam indestrutíveis em nossa mão, e é aí que mora o problema. Se esse é o poder de um deus como têm falado, será uma guerra entre bilhões de deuses orgulhosos. O poder cegará os homens. – Dora entrelaçou seus dedos, e o encarou, com frieza. – Assim como parece ter o cegado. Nossa descoberta devia significar evolução, e não guerra.

_Não está sendo sensata, é só uma garota...

_E ser sensato é encarar uma guerra que destruirá todo o planeta? – Rebateu, vermelha de raiva. - Na última guerra mundial, metade dos Estados Unidos foi bombardeada, e sabe bem a quantas mortes isso levou.

_Apesar da minha idade, ainda me resta um pouco de memória para lembrar isso. – Ele riu. A risada parece ter vindo na hora errada, e foi respondida com um olhar fuzilante de Dora. – É a única escolha. Se usarmos nossa descoberta para outro fim, irão descobrir nossa ambição e nos impedir. Como você tinha dito, aqui é um ninho de cobras, e não nos foi permitida trazer nossas forças bélicas para cá.

_Com nossos poderes, poderíamos aguentar cem ou duzentos de seus robôs militares, mas logo nos sobrepujariam. – Dora concluiu.

_Já está aprendendo a ser esperta, garota. - Huyong sorriu.

_De fato, mas me pergunto... – ela hesitou.

_Porque os americanos não descobriram nossas pesquisas até hoje? Realmente, foi minha falha não lhe contar. – ele afagou sua trança melequenta gigante, e seu toque fez com que mudasse cor; agora era roxa estampado pequenas caveiras rosa. – Os radares e satélites não podem nos localizar. Só verão minas de extração de Artômio em um campo acidentado deserto.

Dora rapidamente compreendeu.

_O círculo gravitacional...

_Exato. Porque outro motivo acha que colocaríamos uma esfera magnética em volta de nós?

_N-não sei... – respondeu ela, corada. Havia realmente achado que era só para fazê-la mais gorda. Ele lera seu pensamento de novo, e riu com isso, deixando-a ainda mais envergonhada. – Mas não me chamou aqui, só para isso, eu sei. Consigo enxergar que está tramando algo nessa sua cabeça fedorenta.

_E acertou, pelo que parece.

_Vá direto ao ponto.

_Irei. – Ele se endireitou na cadeira e gorgolejou. – É honesta demais para me enganar, eu saberia se o fizesse. Por isso, tenho uma missão direta para você. Falhe, e toda nossa nação falhará. – Sua expressão mudou em uma fração de segundo, e estava sério como ela nunca antes o vira. – Iremos agir à moda antiga. – Sorriu. Ela arregalou os olhos, e ele continuou. – É isso mesmo o que está pensando. Bombardearemos. Mas não será os Estados Unidos, dessa vez. A Conexão Indiana acabou de conseguir uma fusão com a falida Conexão Europeia. As terras da Europa estão falidas e como sempre, fáceis de invadir. Metade do poderio foi convocada para a ilha de Sri Lanka.

_Estão prontos para zarparem.

_Sim. Os países africanos da costa ocidental do Mar Vermelho pertencem à nossa Conexão, como sabe. Iniciamos uma falsa rebelião popular nessa costa, e nossos soldados se passam como populares comandando robôs ultrapassados. – Ele soltou uma gargalhada de triunfo. – A causa exigida por eles é simplesmente comida para comer, e mentem sentir inveja da rica região da Arábia, onde há fartura. Segundo sugerido por mim mesmo, eles dizem que “Não estamos do lado de nenhum império comandado por líderes barrigudos”. – Huyong enxugou as lágrimas de riso.

_Europa, Ásia Meridional, Oriente Médio, Índia... O que todos esses querem tanto para se unirem?

_Nem eu sei ao certo... Me desculpe. A maioria do conselho de guerra acha que querem conquistar a África, que não aliou a ninguém exceto a ela mesma, até agora. Com esse nosso novo mundo sem religiões, caso decidissem voltar ao uso de escravos, não o seria questionado. – Ele estudou o horizonte por mais algum tempo. Dora tentara entender seus pensamentos, mas eles eram muito rápidos e embaralhados. - Os europeus passarão a força pelo canal de Suez, e atravessarão o Mar Vermelho para chegar até Sri Lanka. No Mar Vermelho, também estará metade das forças da Península Arábica, quando descobrirem que a revolta do povo não é uma simples revolta. A outra metade zarpará da Península pelo Golfo Pérsico, se dirigindo para se unirem à tropa em Sri Lanka.

_E onde entram as bombas? – perguntou ela, armagurada.

_Serão três. Uma para a região do Mar Vermelho, para pegar a frota europeia e parte do exército árabe de uma vez. Nosso exército do lado ocidental do Mar Vermelho receberá um aviso antes da hora e recuarão o quão longe puderem. Os árabes verãos nisso uma vantagem e começarão a conquista do continente a partir dali, e logo atravessarão o Mar. A segunda – enumerou com sua mão ossuda – é um presente para o Golfo Pérsico. Sairão todos pelo golfo rumo à Sri Lanka, e faremos chover essas embarcações árabes. A terceira, bem...

_O óbvio, cairá sobre Sri Lanka.

_Levando a baixo todo o poder bélico da Índia e seus países vizinhos bajuladores. Arrisco quinhentos milhões de homens, juntos de incontáveis robôs de guerra.

_Acho uma merda esse prazer que você e o nosso povo chinês têm de destruir. Aonde isso vai nos levar? Não vai haver vitória nenhuma em conquistar um mundo explodido e em farrapos – Cuspiu. – E pensava que o nosso inimigo fosse os Estados Unidos.

_Não me esqueci disso. Mas o mundo esqueceu de nós. – Ele lhe deu um sorriso de velho, babado. – Todos acham que aqui há apenas escavadeiras que extraem artômio para pesquisas com lulas gigantes na China. Se vissem meteoros os bombardeado, seria uma indubitável obra dos Estados Unidos. A Conexão Indiana e aquele buraco de país se matarão até o fim dos seus dias, que será quando entrarmos na guerra. Devíamos ter terminado de bombardear o Estados Unidos depois da Terceira Guerra, mas precisávamos do seu artômio.

_O Estados Unidos enfraquecido como sempre esteve, e a Conexão Indiana sem exército e suas maiores cidades bombardeadas... Será uma guerra de paus e pedras. – Disse Dora, com medo em sua voz. Medo por parte de todos que iriam morrer e virar órfãos naquela guerra. – Parece que Einstein acertou mais uma.

_Faz tempo que não ouço alguém citando Einstein. Ele era famoso quando nasci, em 2000. Mas foi ultrapassado por muitos, como eu, por exemplo. – Huyong riu. Dora se limitou a lançar outro olhar impaciente. – Agora, sobre sua missão.

_Achei que nunca ia acabar de me enrolar.

Ele a ignorou.

_Preciso que você vá até a China em um foguete levando nossa descoberta até Gavva, o presidente do MSICC. Já o comuniquei sobre a pesquisa em seu nome pelo meu Discover, e enviei parte dos poderes a ele. – Ele tossiu, jogando catarro para todo lado. Às vezes, aparentava ser muito mais velho que realmente era. – Também levará no seu foguete um volume imenso do novo remédio regenerador, descoberto pela nossa ala médica de pesquisa.

_Foguete? – perguntou, estupefata. – Há um elevador espacial para isso, e um lançamento de foguete chamaria muita atenção. Ninguém os usa há trinta anos.

_Fique feliz, será a primeira em trinta anos. – Pigarreou, para chamar atenção; iria falar algo sério. – Irá levar o máximo de pílulas possíveis para Hong Kong, para que possam recriá-la lá. Se perguntarem, diga que é uma diplomata. Você irá embora daqui minutos antes da guerra estourar, para não correr o risco de seu foguete ser confundido com um americano, e ser interceptado pelos indianos. – Seus olhos vermelho opaco brilharam por um segundo, sérios. – Reconhece o quão responsável tem de ser agora?

_Sim, senhor. – falou ela automaticamente.

_Vasculharão cada canto da Colônia quando esses meteoros colidirem em seus destinos. Estamos escondidos, mas até quando? – Ele levantou, avançou com dificuldade, e a deu um meio-abraço torto. Dora estava borbulhando de raiva, e ele sabia, mas não se importou. Ela virou e saiu, sem pedir permissão. Quando abria a porta, Huyong gritou-lhe – A China confia em você!

Ela saiu a toda velocidade, o mais rápido que podia. Não conseguia pensar, havia coisas de mais em sua cabeça para permitir isso. Um robô ofereceu para levá-la, e ela o chutou, mas o robô de aço ficou intacto.

Mal se lembrou de quando subiu o tubo, e o frio da interminável noite da Colônia arrepiou sua espinha. Lágrimas escorriam quentes de seus olhos, e terminavam congeladas em seu queixo.

_Pela nossa pátria mãe, a Grande China – começou, uma espécie de oração entre seu povo. – Pelo Japão e pela Rússia, pelos Tigres do Sudeste e pelos Centrais da Ásia, morreremos pela justiça e pela ciência, e viveremos pela consciência universal e pela paz. – Terminou engolindo um cuspe. A oração era contraditória; os chineses em breve morreriam pela paz e viveriam para a ciência. Já mal sabia o que faria. – O povo que a qual pertenço é o que deveria ser exterminado.

Em meio volta de segundo, um estalo se passou em sua mente, e seus olhos se esbugalharam.

_Como produziriam meteoros-mísseis aqui na Colônia? – continuou, falando sozinha. Estava muito assustada para perceber sua loucura. “Mísseis de artômio”, sussurrou a si mesma, assustada. “Matarão toda a Conexão Indiana pela doença, pelo artômio.” Seu corpo tremia de frio, mas suava, da mesma forma.

Mudou em direção, dessa vez sem correr, parecia tensa e paralisada demais até para isso. À sua frente, esperava um pátio plano de lançamento, no meio de todo o terreno rochoso da Lua. O maior foguete que já vira se encontrava no centro, colossal e imponente. Estava pintado com o rubro sangue com estrelas douradas em seu topo: A bandeira chinesa.

Erguia-se a mais de cem metros, e esbanjava terror, não luxo: era legitimamente chinês. Dezenas de foguetes menores, não muito maiores do que Dora, se encontravam em plataformas de lançamentos. “Mísseis”, sussurrou ela. “Perdoe-me, Grande Mãe Pátria, testou minha honra e eu falhei”.

Entrou na cabine que havia ao lado, e apertou várias localidades por todo o mapa, com medo e receio. Apertou dezenas de vezes sobre a China, e algumas sobre Hong Kong, e outras sobre várias áreas superlotadas; Sri Lanka, Golfo Pérsico, Estados Unidos, Japão, Américas e Oceania, deixando a África quase que intacta.

Fechou os dedos sobre o painel para diminuir o zoom, e viu o Sistema Solar. Apertou uma vez sobre a sua Lua, e dez ou vinte vezes em e Marte e Vênus. “Não escaparão para lugar algum” disse.

Saiu da cabine, e contemplou o grande vermelho que se formava a sua volta. Bolas incandescentes de artômio riscavam o infinito do céu, e se preparavam para varrer toda a vida em seu destino.

“Eu não falhei, a humanidade o fez” falou ao vento, amargurada. “O mundo precisa ser reconstruído, e eu o farei.” Viu uma movimentação atrás de si, vanguardeada por um homem ossudo de olhos vermelhos.

Riu, e sem olhar para trás, adentrou o foguete.

E voou.



Onde estou?







Um sol escaldante esbofeteou meu rosto com fúria, e por um momento me perguntei para onde teria ido todo aquele frio. Claro, um sonho. Outro maldito sonho. Ultimamente eles vinham me atormentando a toda hora, e eu mal podia escolher quando a hora de dormir chegava. Vinham cada vez mais estranhos, e por vezes até entrava na pele dos protagonistas do sonho.







Eu era uma mulher. E tinha seios. Me arrependo de não tê-los apalpado.



Os sonhos eram a minha única lembrança, junto de meu nome, Karl. Andava há dias sem rumo, me alimentando de aranhas venenosas de metro e meio de altura. Poderiam ter me esquartejado, mas fugiam de medo quando me viam, por qualquer motivo.

E havia elas.











As Orcas de Marfim, o esquadrão de elite de uma sociedade de duas bilhões de baleias. Tinham aquele nome pelas presas imensas que cresciam para baixo e se enrolavam, atingindo até dois metros. Nos meus sonhos, o mundo era habitado por pessoas como eu. Na vida real, bichos de cinco metros loucos para me verem estripado.























Me perseguiam há dez longos dias, e sempre voltavam com uma tropa maior. Um som agudo e irritante saía de suas bocas gigantes, e soava mais como um xingamento. Sentia puro ódio em seus gritos estranhos e estridentes, por mais que não conseguia os entender.















Na última investida trouxeram dezenas de... Baleias. Elas impunham medo sim, mas eram ridiculamente lerdas ao andar, como se não fossem feitas para isso. Avançavam no máximo cem metros, e depois recuavam, para se banharem com um tubo de onde saía água, abastecida por um grande tanque colado às suas costas.



Havia uma baleia maior do que as outras, que chegava a uns bons sete metros. Uma de suas presas estava cortada, um feito meu. Após aquilo, eu o apelidara de Banguela. Ele parecia ser o alfa entre eles, e aparecia sempre em cima dos prédios, observando, como se tudo não passasse de um jogo.

Jogo este que sempre perde. Os planos do líder eram incríveis, me fazendo até acreditar que as baleias eram até um pouco espertas. Mas não tanto quanto eu.

Ouço um rugido agudo há centenas de metros, acompanhado de um BUM! BUM! BUM! no chão, causado pelas toneladas que pesavam as baleias refletidas em suas pisadas. Acordara do sonho na hora certa.

Uma rápida observação me faz perceber que estava em um ninho de ruínas, do qual um dia foram grandes prédios. Dou uma olhada para um monumento colossal que estava ao meu lado, e me deparo com o que esperava: o Banguela, vendo se suas peças estavam em seus devidos lugares. Ele sempre se antecipa.

Uma grunhida surge ao lado, e deparo com um corpo redondo pulando em minha direção.

A Mercenária. Assim chamava-a, uma Orca que andava lado a lado com o chefe dos Marfim, e também lutava por ele. Ela me ajudara a perceber, há dez atrás, o quão difíceis de matar as baleias eram. Era a única realmente rápida, a ponte de me fazer passar dificuldades. Braços mecânicos surgiam como mágica em suas barbatanas antes inúteis. Eles se transmutavam, de serras a lasers.

O primeiro grupo de ataque chegara junto dela, disparando contra mim lâminas flamejantes em bestas. Os movimentos da Mercenária eram leves e ágeis, e usava agora uma estranha lança com dentes. Quando o confronto iniciava, tudo ao meu redor ficava mais perceptível, a qual era minha característica de sobrevivente, meu triunfo. Não importava quantas estocadas ou disparos, meu corpo os desviava como se fossem penas a serem atiradas, não lasers.

O grupo aumentava a cada instante, e haveria mais atrás do prédio e dentro dele, se eu bem conhecia o Banguela. Numa última escolha, me colo as ruínas, e escalo o monumento, rumo ao líder. Arrancarei sua outra presa, e a usarei como arma daqui em diante. Será chamado de Duplo Banguela.

Eu me agarrava ao prédio como minha vida dependesse disso, e levo algum tempo para subir. As baleias lançavam pedras e flechas em mim, mas as rebatia no momento exato com meu outro braço. Chego ao topo, arquejando, e vejo Banguela apontando com suas barbatanas inúteis para a presa arrancada, soltando grunhidos irritantes com sua boca babada de orca.

Um terremoto se concentra ao meu lado, e lá estava a Mercenária, criando uma naginata de ponta vermelha. Ela era da metade do tamanho do líder, e até menor do que as outras, mas impunha medo. Seus olhos brilhavam vermelhos de fúria, juntamente com seu corpo, branco com um preto misturado de carmesim. A maldita deveria demorar horas para subir até aqui. Um crac se ouve do outro lado, e Banguela me lembra de sua presença.

Ele se joga sobre o chão e se comprime sobre a forma de uma bola, e rola como um monstro até mim. Me jogo para o lado esquerdo, onde aguardava a Mercenária, que investe com a naginata. Era longa demais, e adentrei sua guarda antes que pudesse recuá-la para defesa. Ela transmuta uma espécie de campo de força e me repele para trás, em um abismo, onde Banguela retornava rolando, soltando faíscas e um líquido vermelho de seu corpo.

Ele se põe em pé, queimando com sua faísca tudo ao seu redor. Ela rodava novamente sua lança enquanto mudava para outras armas, pronta para avançar. Era impossível enfrentar os dois, juntos.

Quando um emaranhado de cabelos róseos aparece a minha frente, tampando toda a minha visão. No segundo seguinte, uma mão robótica arranca a última presa do Banguela. Olho para a Mercenária, mas ela estava imóvel, quase que perplexa. A nuvem rosa aparece, e me agarra com o braço. Ela dá um salto rumo a um grande robô voador, me carregando para longe do perigo.

_Não esperava encontrar um homem vivo por aqui depois de tanto tempo. – Disse a garota de cabelos rosa. Era carrancuda, mas agora sorria, com expectativa. - Enfrentou mesmo esses dois sozinho? – Riu. – Têm muita coisa para nos contar. Meu nome é Rey, da Força Humana de Resistência.


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Notas finais do capítulo

~PRA QUALQUER CASO DE "WTF IS THAT?"~

EM 2100

O mundo era separado por meio de Conexões, que na verdade têm o mesmo significado de império. As conexões são:

—>Chinesa: China, Tigres Asiáticos, Japão, parte da África e da Oceania, Rússia e Ásia Central. Liderada pela China.

—>Indiana: Índia, Oriente Médio, Ásia Meridional e agora a extinta Conexão Europeia. Liderada pela Índia.

—>Americana: América Central e do Sul, parte da Oceania. Liderada pelo Brasil.

—>Africana: África, menos o nordeste (controlado pelos chineses). Comandado por África do Sul, em constante aliança com a C. Americana.

—>Estados Unidos: Expulso da Conexão Americana e isolado politicamente. Começou a ganhar destaque e a ascender novamente devido ao artômio e suas vacas e baleias.

EM 2500

Até eu achei a história e o passado do Karl interessantes pra cacete, sério, ces vão adora (nem so metido haha) vale a pena continua a acompanha essa fanfic u.u (propaganda fail)

E sim, o Banguela, a Mercenária e seu grupo, são BALEIAS. Eu sei o quão idiota isso parece XD, mas vai ficar tudo bem explicadinho depois, sério huahauhaua

~CURIOSIDADES~

Huyong: Hu significa tigre em chinês, e Yong, corajoso. Daí o título do capítulo :p (ta, fico mt idiota, eu sei)

Se não entenderem qualquer parte da história, mandem nos reviews.

Se quiserem me criticar, me matar, me beijar, tbm mandem reviews, eles me motivam :D