Quando retornou à mansão aquele dia, Narcissa Malfoy imediatamente soube que algo estava errado. Estava tudo... quieto demais. O jardineiro não estava no jardim, a cozinha estava vazia, e não havia nenhum cantarolar irritante das empregadas que, toda vez que pensavam estar sozinhas, soltavam a voz. 

Com um feitiço, as sacolas das compras feitas durante a tarde foram levitadas até seu quarto, enquanto ela, varinha em punho, caminhava com fluidez pelos enormes corredores, encontrando cômodo atrás de cômodo vazio. A cada porta que abria seu coração batia mais rápido. Algo estava errado. 

Executou outro feitiço, dessa vez para identificar alguma presença humana na casa. Quando sua varinha apontou em direção ao escritório de Lucius, a loira soltou um suspiro de alívio. Alarmou-se a toa. É claro que ele estava no escritório. Como não havia ido direto para lá? Com o intuito de questionar o marido por que infernos ele havia dispensado os funcionários mais cedo, Narcissa abriu a porta.

Lucius estava sentado à mesa e virado de costas para ela, o longo cabelo caindo desordenado pelo encosto da cadeira. A mulher ergueu uma sobrancelha, esperando o homem ao menos se dignar a virar-se para reconhecer sua presença. Ela era a única pessoa que entrava no escritório sem bater antes. 

- Lucius. - Sibilou, adiantando um passo.

Silêncio.

- Lucius. - Insistiu, adiantando outro passo. 

Cansada de esperar uma resposta, a mulher aproximou-se para virar a cadeira e forçar o homem a encará-la. Quando estava do lado da escrivaninha, quase foi ao chão ao tropeçar em uma elevação do piso. Seus olhos baixaram, irritados, e arregalaram-se quando registraram corretamente o que viam. Não era uma elevação. Virou bruscamente a cadeira do marido, finalmente mirando-o de frente.

Narcissa forçou o olhar do corpinho magro do elfo doméstico morto para os olhos vidrados do marido morto. Então ela gritou. E gritou, e gritou. Seu grito perturbando a quietude mórbida da Mansão Malfoy.