A cozinha estava completamente em silencio, ninguém ousou quebrar o silencio da sala, a ruiva olhou para sua amiga loira, ela estava mais pensativa que o normal, Mira estava feliz, o sorriso não saia de seus lábios e Laxus parecia estar na mesma situação.

– O que você precisa falar conosco Lucy? - a ruiva quebrou o silencio, logo ela se arrependeu, pois todos fixaram os olhares sobre si, a ruiva se deixou encolher ao ver uma expressão não tão convidativa no rosto da amiga loira.

Um leve tremor passou pelo corpo de Erza, aqueles olhos lhe davam medo, os olhos de Lucy expressavam apenas seriedade, olhando naqueles olhos Erza se permitiu voltar no passado, num tempo que não gostava de lembrar, um tempo onde a vida era apenas significado de tristeza, naquela época Erza passara por momentos tão ou mais complicados que seus tempos na torre do paraíso.

Flashback on

Não muito distante da cidade de Magnólia, uma ruiva caminhava entre as arvores, em sua mão esquerda estava um buque de flores azuis, a cor que ele mais amava por isso Erza não podia deixar de olhar para elas e derramar lágrimas.

Ela saiu da floresta e se deparou com o lindo mar azul a sua frente, aquela era uma cena linda, naquela parte da praia as pessoas não iam, era realmente deserta, Erza se deixou levar pela beleza do lugar onde se encontrava o lindo por do sol atrás daquele lindo mar. Aquela seria uma cena perfeita para um casal, mas para Erza era apenas mais um dia de tristeza.

A ruiva sentia ódio ao ver aquele por do sol, o mundo não devia parecer feliz, o mundo devia estar tão triste quanto ela, Erza estava sendo egoísta, mas ver o mundo “feliz” era a mesma coisa que insultá-lo.

Erza se deixou caminhar pela areia da praia, fazendo o mesmo caminho de todos os dias, ela caminhou até o outro extremo da praia, onde não muito distante pode avistar uma enorme pedra, sua parte inferior estava gasta pela água do mar, deixando assim um enorme vão entre a pedra e o mar.

Sobre a pedra uma lapide podia ser vista, Erza caminhou até lá, quando finalmente chegou ao topo pode avistar a escrita na lapide.

Haru Heartfilia.

Um ótimo irmão e um querido amigo, aqui você poderá ver o por do sol e estar perto do mar como sempre gostou.

Na opinião de Erza aquelas palavras eram muito poucas, pois ali naquele tumulo jazia o homem que mais amava no mundo, seus joelhos cederam e a ruiva foi de encontro ao chão, seu joelhos bateram violentamente contra a pedra, mas a ruiva pouco se importou, colocou as flores em seu devido lugar.

Eram as prediletas dele, as que ele tanto gostava, ela ainda se lembrava de duas semanas atrás, quando seu mundo desabara, vendo o sorriso dele morrer assim como ele, vendo o mundo alcançar o seu fim para ela.

Ali diante de seu tumulo Erza se permitiu chorar, chorar por ter sido fraca e incapaz de salvar o homem que amava, ela se deixou levar pela tristeza, qualquer um que visse a cena não acreditaria, a poderosa titânia estava ali, em frente um tumulo chorando sem limites, tão fraca, tão vulnerável.

Erza levantou o olhar quando sentiu uma mão em seus ombros, ela se encontrou com um olhar sério, frio e calculista, ela tremeu ao ver aquele olhar, aquele olhar não podia pertencer a sua amiga de lindos olhos chocolates, olhos estes que já não tinham mais brilho.

– Chega disso Erza- falou a loira sem nenhuma emoção na voz - Já basta, temos uma missão para terminar, não podemos ficar aqui parados chorando, temos sorte, consegui mascarar nosso cheiro para que nem Natsu, Gajeel ou Wendy possam nos encontrar, mas isso não vai durar muito tempo - a loira estava séria demais para o gosto da ruiva, ela não devia estar tão ruim ou pior que Erza? Então ali olhando para Lucy Erza se deu conta de algo, Lucy era quem devia estar pior entre os quatro.

No olhar da mais nova a ruiva pode ver uma tristeza sem fim, era como se Lucy estivesse caindo em um abismo de dor e quanto mais profundo ela ia mais dor sentia, Erza se sentiu culpada, ela chorou dias a fio sem se importar com nada, mas sua amiga agüentou muito mais que ela, agüentou sozinha a culpa pela morte do irmão e do pai.

Era visto naquele olhar que não importa o quanto Erza e seus amigos dissessem que Lucy não se perdoaria, podiam saber que Lucy estava instável, que ela tinha perdido a razão, mas nada mudaria o fato de que foram suas mãos que tiraram a vida de Haru e Ryu. Bem no fundo Erza sabia que jamais perdoaria Lucy por isso, sabia que jamais conseguiria olhar para a amiga e sentir o mesmo afeto de antes.

– Se levante. Ele morreu, mas não quer dizer que você tem que morrer também - a loira levantou Erza um pouco bruscamente de mais, mas a ruiva se permitiu ser arrastada pela amiga, sabia que não teria forças nem para se levantar.

Flashback off

– Erza? - a loira chamou a ruiva, passando sua mão na frente dos olhos da mais velha, esta despertou de seus devaneios e soltou uma leve risada.

–No mundo da lua, Erza? - a albina perguntou, todos deram risadas, mas logo a tensão voltou para a sala - O que estava falando Lucy? - a albina fez a pergunta para retornar ao assunto.

– Eu estava falando sobre um ocorrido logo depois do meu surto e da boca grande da Mira - falou Lucy. Laxus e Erza soltaram uma risadinha enquanto Mira abaixava a cabeça em sinal de vergonha - Eu não sei explicar como ou o que aconteceu direito, eu só sei que tive um encontro com meu pai - ao falar tais palavras ela conseguiu uma mistura de surpresa, indignação e incompreensão de seus colegas.

– Como assim Lucy? Você bateu a cabeça por acaso? - perguntou Laxus em deboche, Lucy lhe olhou séria, ela não estava brincando e isso logo fez seus amigos ficarem sérios - O que ele falou? - Laxus perguntou sério mais uma vez, se Lucy não estava brincando então a noticia era séria.

– Ele disse algo como seguir a luz do fim da noite que ela vai me guiar até o livro da sabedoria e que ele vai me curar e que eu só tinha até a lua cheia celestial - ao falar tais palavras seus amigos ficaram pensando.

– Então Lucy, o que são essas coisas? - Mira perguntou na maior inocência, todos lhe olharam se perguntando se ela estava mesmo falando sério.

– Não é obvio que se ela está nos contando isso é porque ela não sabe nada? - perguntou Erza para albina, já esta colocou a mão na cabeça em sinal de desculpas, aquilo foi o suficiente para acabarem com o clima tenso no recinto, todos deram longas risadas, pelo menos isso não mudara no grupo, sua animação e sua felicidade.

– Vamos começar do inicio - falou Laxus - O que você sabe? - ele perguntou à loira, esta olhou para o lado e falou.

– Eu sei algo sobre a lua, ela só ocorre de mil em mil anos, pelo que eu sei é a noite mais sagrada para um mago celestial, não tenho idéia de quando vai ocorrer, nem o que ela faz, mas eu estou incomodada, nós temos que saber o que é o livro até esse dia, caso contrário estamos muito ferrados - depois de tais palavras o grupo se calou, todos estavam pensativos, foi então que Erza se lembrou de algo.

– Lucy - ela exclamou se levantando, todos olharam para ela curiosos - Você não tem o Cruz para lhe contar este tipo de coisas? - ao ouvir tais palavras a maga sorriu, estava sendo mesmo muito burra, estava tão preocupada em descobrir o que eram tais coisas que nem se lembrou de seu espírito que sabia de tudo um pouco.

– É claro - a loira exclamou se levantando, pegou seu cinto de chaves e procurou a chave de prata, tinha muitas chaves, entre elas as doze chaves do zodíaco e até a do terceiro portão, tinha dez chaves de prata, todas muito prestativas em ajudar, logo encontrou a chave que tanto almejava, invocou o espírito rapidamente, este apareceu na frente do grupo que estava super ansioso - Você poderia me dizer algumas coisas? - a loira perguntou educadamente, já fazia anos que não usava seus espíritos para batalha, mas mesmo assim não deixara de amá-los tanto quanto antes.

– O que deseja saber Lucy-sama? - a Cruz perguntou respeitoso.

– Você sabe algo sobre a lua cheia celestial? - a loira perguntou, a cruz se deixou pensar e logo estava dormindo, alguns segundos depois ele acordou - E então? - a loira perguntou esperançosa.

– Como você deve saber a lua só ocorre uma vez a cada mil anos - falou a cruz, a loira assentiu - Pelo os arquivos dizem que ela é uma noite especial, pois todos os poderes dos magos celestiais que a presenciam aumentam drasticamente, triplicando a força deles - falou a cruz, a loira olhou para ele, aquilo era uma novidade - Não é apenas uma noite, os poderes se mantém pelo resto da vida do mago e passa para seus filhos e assim por diante, mas apenas para aqueles que quiserem se mantiver no mundo da magia celestial - a loira assentiu.

– Isso quer dizer Lucy, se você presenciar esta lua cheia... - Mira começou a falar.

–... Os seus poderes... - Laxus adicionou.

–... Irão triplicar - Erza terminou - Se isso acontecer... - Erza não conseguiu terminar a frase, mas Lucy fez isso por ela.

– Meu corpo não vai agüentar a quantia de poder, eu irei perder os sentidos e não poderei controlar o meu próprio corpo - Lucy terminou a sentença olhando para o chão - Quando ela ocorre? - Lucy perguntou para a cruz.

– Em um mês e meio - ele falou cabisbaixo - Se a senhora não se importa eu voltarei ao mundo dos espíritos, o rei está me chamando - falou a cruz, Lucy apenas fez sinal que ele poderia partir em um clarão o espírito desapareceu. Lucy olhava para o chão, ela estava pensativa, sua mente focada nas palavras de seu pai.

Se ele havia falado da lua isso queria dizer que ele queria que ela presenciasse tal evento seus amigos perceberam sua linha de pensamentos, não podia ser verdade, o pai de Lucy não podia querer que a filha se tornasse um animal, pois era isso que ocorreria se ela presenciasse tal lua - Lucy talvez seja outra coisa - falou Mira, mas era obvio que ela não acreditava em tais palavras - Seu pai não te mandaria para uma missão suicida - ela tentava de toda forma argumentar, mas era mais do que obvio que era aquilo que tinha que fazer.

– Acho que ele só quer que eu pague pelos meus pecados - falou a loira se lembrando que seu pai sempre lhe cobrava quando ela fazia algo errado, e por que seria diferente agora que estava morto? Lucy tinha errado no dia em que perdeu sua força e não se controlou por este erro seu pai e irmão não estavam mais com ela, agora seu pai vinha lhe cobrar pelo erro.

– Não fale uma coisa dessas Lucy - Laxus se pronunciou - Ele jamais ia querer algo assim para uma filha sua, deixe de pensar besteiras - ele falou tentando acreditar, mas não era algo desconhecido o temperamento do pai da loira.

– Lucy, por favor, não - falou Erza tristemente, lágrimas caiam dos olhos da ruiva, ninguém queria perder mais uma de suas amigas.

– Vai ficar tudo bem - falou a loira olhando para baixo - Deixem-me pensar um pouco, amanha nos falamos - a loira forçou um sorriso para os amigos, mas nenhum deles se pronunciou, deixaram o local rapidamente, a loira ficou ali atrás sem conseguir completar nenhum pensamento.

Foi em direção de sua cama e se deitou, nem colocara uma roupa para dormir, apenas se deitara, sua cabeça estava a mil, tudo lhe dizia que ela tinha apenas um mês e meio de vida, mas que loucura, quem diria que isso poderia acontecer. A loira se deixou cair em pensamentos, se lembrou de seu tempo na Fairy Tail, de como encontrara Natsu, sua primeira missão juntos e é claro quando ele lhe salvara no ataque da Phanton Lord.

Ela estava tão distraída que quase não percebeu Happy entrando no apartamento desesperado, Lucy se sentou ao ver o pequeno gato entrando tão rápido, ele arfava e sua respiração estava descompassada, a loira se deixou cair mais uma vez no colchão pensando ser mais uma das loucuras de Natsu e Happy.

– O que foi dessa vez Happy? O que você e Natsu estão aprontando? - a loira perguntou, o gatinho voou até Lucy com a respiração mais estável, ele se sentou ao lado de Lucy chamando atenção da mesma, a loira viu nos olhos do gato lágrimas e se perguntou que merda estava acontecendo - O que foi?

– Eles pegaram o Natsu - ele falou - Alguém seqüestrou o Natsu - falou o gato, a loira se levantou de supetão e olhou o gatinho, só pode ser brincadeira, ela só pode ter jogado pedra na cruz, por que tudo de ruim tinha que acontecer com ela? Deixou os pensamentos sobre seu pai para trás e pegou o gato pelo rabo e pulou a janela da casa.

– Mostre-me onde o pegaram - falou Lucy - Acho que tenho que dar uma surra em alguém - ela falou. Sua voz irritada se permitiu ser ouvida muito distante - Temos que avisar a guilda, depois que me mostrar onde vocês estavam pode voltar a guilda e chamar ajuda talvez Laxus e Erza, eles ficariam bravos comigo se eu ficasse com toda a diversão.

Assim a loira acompanhada de Happy correu para o lugar onde Natsu fora visto pela ultima vez, o cheiro ainda estava no lugar, a loira se sentou no chão e deixou o cheiro lhe preencher por completo – Vá logo Happy traga ajuda, eu cuido disso de agora em diante - o gato saiu voando, deixando para trás uma loira preocupada.

Sentira um cheiro não tão desejado, aquele cheiro lhe era conhecido, era o cheiro da Dark Guild que ela e Laxus tinham destruído há alguns anos, mas eles tinham parado de tentar atacá-los há alguns anos, ou era isso que Lucy pensava, a loira ativou seus sentidos de dragão e correu em direção do cheiro.

A loira seguiu seu caminho até estar no meio da floresta, era um lugar muito bonito, Lucy teria parado para olhar se não estivesse tão ocupada atrás de Natsu, mas o cheiro acabava ali, por que tudo na vida da loira tinha de ser tão complicado? Uma pergunta que Lucy jamais tivera resposta e que duvidava seriamente que teria uma.

Foi então em meio aos seus devaneios que viu um lindo brilho vermelho não muito a frente de onde estava, era um rugido, um rugido de dragon slayer de fogo, se permitiu abrir um sorriso, Natsu não era tão fraco a ponto de se deixar levar assim tão fácil, conhecendo ele da forma que a loira conhecia tinha certeza que o rosado tinha se distraído com algo por isso não deveria ter revidado.

A loira correu em direção da luz e avistou uma cena a seu ver muito linda, era mesmo a mais bela de todas as cenas que tivera o prazer de conhecer, com um simples olhar Lucy se deixou olhar para ela, a água ainda caia em seus braços, era tão acolhedora aquela sensação, era a mesma que sentira mais cedo, quando finalmente voltara para casa, era uma sensação de nostalgia, misturado a cena tudo lhe agradava.

Ver Natsu lutando tão bravamente contra os magos negros lhe era engraçado, ver ele com aquele seu jeito brincalhão e tudo mais era a melhor visão para ela, ver seus potentes ataques em direção dos inimigos, verem seu sorriso ao derrubar mais um, tudo estava lhe agradando, até mesmo o som das explosões que o inimigo lançava.

Era a cena perfeita, tudo que Lucy gostava em uma única paisagem, lutas e mais lutas, Natsu parecia um soberano enquanto lutavam, todos caia perante sua força, ninguém podia contestar suas palavras, pois ele era quem mandava ali.

Seu fogo tinha ganhado proporções assustadoras ao ver de Lucy, mesmo com a água caindo em tamanha escala ele não se abalava, Natsu se tornara tão forte nos últimos anos, provavelmente poderia bater Erza em força, não em inteligência, pois a única coisa que fazia era seguir instintos, mas provavelmente com um bom treinamento ele seria muito forte.

Ao ver ali o homem que amava Lucy se tocou que ele era tudo que a fazia ainda estar lutando, pois mesmo depois de perder seu pai o que lhe impulsionava a seguir em frente era se lembrar que ainda tinha Natsu, e assim Lucy se deu conta que o mundo não tinha sentido sem Natsu.

Ele era seu parceiro eterno e ela era a dele, isso tornava para Lucy a separação ainda pior, pois o mundo de Natsu desabaria se Lucy o deixasse, ela se decidiu que tornaria Natsu o segundo mago mais poderoso de Fiore, ela era a primeira e nem ele seria capaz de vencê-la, mas o tornaria forte para que ele pudesse viver feliz depois sem ter que se preocupar com acontecimentos como esse.

Com estes pensamentos ela deixou o local, sem nem mesmo falar com Natsu, ele saberia que ela estivera ali, pois sentiria seu cheiro e Happy lhe contaria, mas não se importou, um novo dia estava chegando e ela tinha que estar preparada para ele, enviou uma mensagem para Happy avisando que o rosado ficaria bem e que ele poderia voltar.

Assim se dirigiu para sua casa no intuito de ter uma boa noite de sono, mas ela não sabia que esta noite ainda lhe aguardava muito.