Soluço e choro ao mesmo tempo,como isso pôde acontecer?Por que Oito?Ele era tão dócil,tão gentil.tão...bonito.Nós precisamos salvá-lo,mas é muito arriscado,se os mogadorianos nos localizaram,nós devemos partir,mas não sem Oito.Essa deve ser a intenção dos mogadorianos,nos atrair para sua base e nos matar.Mas porque não maram Oito ainda?Afinal já que estamos todos reunidos(menos Cinco),o feitiço está quebrado e eles podem matá-lo.Mas prefiro não pensar nisso.

Seis me abraça e diz:

-Marina,fique calma,eles ainda não o mataram,e nem irão o matar.

-Como você sabe?!-Grito.

-Alguma cicatriz apareceu em sua perna até agora?

-Não-respondo.

-Então não há com o que se preocupar.

Ela está certa,não posso me preocupar,não agora.Mas não posso deixar Oito pra lá,ele é importante,não apenas para mim,mas para Lorien.

Lorien,diz algo em minha cabeça,parece um sonho tão distante agora.

Não demoro a perceber que a voz é de Ella,doce e inocente,querendo acordar deste pesadelo.Ela tem apenas 12 anos,não deveria estar aqui,lutando por um planeta sustentado por 7 adolescentes e 9 anciões que estão sabe-se-lá onde.Seu maior feito foi reunir a Garde,e só o conseguiu o fazer com seus legados,que há pouco se desenvolveram.Às vezes me pergunto se ela chegará a viver para poder restaurar Lorien,se lutará,se desenvolverá seus legados.E se sobreviver e todos morrermos?Ela não pode se defender,nem lutar.Eles a matarão rapidamente e facilmente.Lorien será esquecido,é meu dever protegê-la.

Fecho os olhos e tento me concentrar em um plano de resgate.Mas não consigo.Sei que Ella está me causando essas emoções,tentando fazer com que eu tire a cabeça de Oito e me lembre do meu dever.Preciso fazê-la parar,mas seu legado de controle mental associado a sua telepatia é extremamente forte.A força telecinética na sala é enorme e destrói alguns vasos de flores.Começo a chorar e ela para.Os cacos de vidro caem no chão e se quebram em mais pedaços.

Seis corro para ver o que causou o barulho e grita,quando vê o estrago.

-Ella?-Pergunta,mas não é necessária uma resposta.

A menina aparece,feliz e sorridente.Não sinto meu corpo e estou de olhos fechados,mas percebo que ela me abraça.O cheiro de seus cabelos é inconfundível.

-Me desculpe-diz.

-Claro,-respondo.

Abro os olhos e a encaro,a menina é muito poderosa,mas seu legado não funciona com mogadorianos ou com quem está a mais de 50 metros dela.Crayton me disse uma vez no avião que Ella era uma Garde mental,de defesa.Nenhum de seus legados seria útil para lutar. Loridas também  era um,foi extremamente idiota ao pensar que poderia matar os mogadorianos usando seus legados.Se ele tivesse entrado na nave junto com Ella,os animais e os três cêpans(que ninguém sabe onde estão,a não ser Crayton,que era um deles e já está morto)nem precisaríamos nos separar,talvez Crayton ainda estivesse vivo,talvez Adelina ainda estivesse viva.

Passo horas pensando até que Seis chama para o jantar.Nove joga pedaços de pão em Quatro.Seis arruma a mesa e Ella tenta usar uma das pedras da arca de Oito(que por algum motivo estava aberta)para tentar se comunicar com ele. Todos estão felizes,não porque Oito está desaparecido,mas porque eles ainda estão aqui.O jantar é alguma pasta preta que Seis cozinha todas as noites.Pego um pouco e como.Apesar da aparência,tem um gosto bom.

Ella joga a pedra no chão,no alto,sopra nela,encosta na têmpora,mas nada,nada acontece.

Todos comem e eu tiro a mesa para lavar a louça.Ella me ajuda e começo a lembrar do orfanato,de como eu sinto saudades de Irmã Dora,de Irmã Lúcia,das garotas,de Adelina.Duas horas se passam e eu fico assistindo TV antes de dormir.Ella está deitada no sofá,segurando a pedra.

Estou quase dormindo,desligo a TV e apago a luz,acabo adormecendo.

Um chiado começa e todos se viram para a pedra.Mas nada acontece novamente,o chiado continua por cerca de duas horas.

E então,acontece o que estou esperando durante todo o dia.

-Hm...Alô?-diz uma voz feminina,que sai da pedra.-Aqui quem fala é a Número Cinco,sei que vocês estão juntos.E se estiverem me escutando,saibam que existe esperança.