De Volta Ao Reino Dos Gatos escrita por Milady Sara


Capítulo 10
Grand finale


Notas iniciais do capítulo

Último cap



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Seiko corria atrás de Barão seguida Muta a alguns metros de distância. Eles viraram em alguns corredores até que Barão se dirigiu a uma escada.

– Espera, esse é o caminho certo? – perguntou Seiko. – Para onde estamos indo?

– Lá embaixo está tudo cheio de guardas! Jamais conseguiríamos passar por eles. Então, vamos por cima!

– Por cima? – repetiu Muta.

– O casamento vai ser no pátio principal, estamos indo para o posto de observação dos guardas, de lá será mais fácil!

– E como chegaremos até embaixo? – disse Seiko.

– Ainda não pensei nessa parte... – os três ouviram um barulho nas escadas abaixo deles e pararam para ouvir o som. – O que é isso? – o som continuava, eram passos. Pesados, porém rápidos.

– Os guardas perceberam que fugi... – sussurrou a garota.

– Está esperando o que? – disse Muta quase gritando. – Vai logo garota! Você também Barão! – os três retornaram a correr, a escada espiralada e pequena quase deixava Seiko tonta, mas tinha que se manter firme.

Chegando ao topo, viram-se em um curto corredor a céu aberto, muito alto. Olhando para um lado via-se o reino de um modo espetacular, e do outro um amplo pátio repleto de gatos, com um palco montado e muitos panos brancos.

Enquanto observavam a jaula de Noboru parada ao lado do altar e Luna chegando com um vestido de noiva com uma grinalda tão grande que deveria ter 3 metros, guardas chegaram pela escada por onde subiram e por uma paralela a esta na direção oposta a deles. Ficaram presos no centro daquele corredor de pedra, sem saída.

Barão e Seiko se apoiaram nos muros do posto de observação e viram um pouco abaixo dele, fios de bandeirinhas brancas que enfeitavam a superfície do casamento. O gato de branco olhou para a garota e ela entendeu o que ele queria dizer.

– Ah não... – ela disse balançando a cabeça negativamente. – Não mesmo!

– É preciso! – Seiko fez uma careta olhando para baixo, para o casamento que prosseguia sem que ninguém notasse o que acontecia ali em cima. A garota suspirou.

– Tudo bem...

– Ótimo! Muta! Ganhe tempo para nós!

– Pode deixar! – disse o gato branco correndo para a fileira de guardas que vinham da direita, derrubou alguns, e correu para os guardas da esquerda e ficou repetindo o processo. Seiko subiu no muro, mas sentiu suas pernas tremerem ao olhar para baixo. – Não, olhe para cima! Para cima! – Barão disse enquanto ela sentava no muro e esticava a perna para chegar até o fino fio que segurava as bandeirinhas. O gato de branco pegou a garota por debaixo dos braços como se esta fosse uma criança e a baixou até o fio, e depois deu sua bengala para a garota segurar. – Pronta?

– Não... – Seiko respirou fundo, soltou a bengala e começou a andar. Um passo de cada vez, movimentando o corpo para recuperar o equilíbrio e não cair, focando-se em seus pés, sem olhar realmente para o chão. Então percebeu que Luna estava mais perto do que longe do altar. – Ah, droga! – dizendo isso começou a andar mais rápido, agitando os braços. – Um, dois, três, um, dois, três, um, dois, três, um... Ah! – o fio balançou e Seiko quase caiu. Olhando para trás viu os guardas tentando segui-la no fio, mas eram todos grandes demais para isso.

A garota começou a andar mais rápido com o coração acelerado. A essa altura, os gatos que estavam no casamento já haviam notado sua presença ali, e ela conseguia ouvir os gritos histéricos da princesa. Estava a certa distância do altar quando alguns guardas lá de baixo começaram a jogar espadas em sua direção, até que uma delas cortou o fio.

Assim que começou a cair Seiko quase entrou em pânico.

– Gatos caem de pé, gatos caem de pé... – repetiu para si mesma e quando chegou perto do chão, virou um pouco o corpo e pisou na cabeça de um dos gatos, se impulsionou para frente e pisou na de outro e assim começou a correr até Noboru. – Desculpa, desculpa, desculpa, ah! Desculpa! – correu até chegar ao altar e a jaula de Noboru. Se jogou ali, segurando as barras e ofegando frente ao rosto de seu namorado.

– O que você acabou de fazer? – ele disse impressionado.

– Eu... Precisava tentar... Uma última vez... – a garota já conseguia ouvir os gritos de princesa. Então, passou os braços pelas grades abraçou Noboru, que retribuiu. – É... Parece que não deu certo de novo...

– Podia ter sido pior. – disse ele rindo sem humor separando-se um pouco dela. – Pelo menos minha madrinha veio para o meu casamento. – foi à vez de Seiko rir.

– Bela madrinha essa... – a garota ouviu gritos e olhou para cima, Barão e Muta pularam também, e estavam abrindo caminho até ela. – Eles são loucos...

– Minha noiva é mais... Infelizmente. – dizendo isso os dois já podiam ouvir os gritos de Luna. – Mas antes que eu acabe casado com essa doida, tenho que fazer uma coisa.

– O que... - mas Seiko foi interrompida quando Noboru espremeu o rosto nas barras e a beijou. A garota ficou confusa um segundo, mas logo correspondeu.

– Mas o q... – Seiko olhou para trás e viu Luna com um vestido de noiva pomposo com cara de furiosa. – PAPAAAI!

– O que foi minha filha? – disse o Regente aparecendo entre a multidão. – O que? Como ela...

– COMO ELA SAIU DO CALABOUÇO? SEUS IMCONPETENTES! JOGGUEM-NA LÁ OUTRA VEZ E GARANTAM QUE NUNCA MAIS SAIA! – como bons vassalos os guardas foram até onde Seiko estava, esta se abraçou com Noboru mais forte. Enquanto os guardas tentavam afastá-la da jaula, mais os dois se seguravam mais forte enquanto Muta e Barão tentavam acabar com os guardas. – SEU FRACOTES! Faça alguma coisa papai!

– O que? – o Regente disse confuso. – O que eu posso fazer?

– DÁ UM JEITO!

– Er... Vamos inúteis! Gastei muito com este casamento!

– SOLTE O MEU NOIVOOOO!

Os gatos que eram convidados do casamento somente assistiam a cena se divertindo como se aquilo fosse um show de comédia ou coisa assim.

– Mas o que está acontecendo aqui?! – gritou mais alto que o barulho uma voz que Seiko não conhecia e que fez todos os gatos se calarem. – Que bagunça é essa? – a voz vinha de trás da multidão, e todos os gatos se afastaram, formando um longo corredor que levava até o altar, onde tudo estava acontecendo.

Na ponta desse corredor estavam dois gatos, Seiko não conseguia vê-los direito por estarem muito longe. Um estava à frente do outro, e transmitia uma imagem imponente de respeito. Os dois começaram a andar em direção a eles.

– Ele voltou mais cedo... – sussurrou Luna.

– Só deveria chegar amanhã... – disse o Regente puxando sua filha pra perto de si no canto oposto ao que Seiko, Noboru, Muta e Barão estavam. Tonari foi para a ponta onde o corredor acabava, ajeitou os óculos e assumiu uma posição intelectual.

– Agora sim! – disse Muta enquanto os guardas se afastavam e assumiam posição.

– Ele vai resolver tudo isso. – disse Barão limpando o pó de sua roupa e ajeitando a cartola.

– Quem é? – perguntou Seiko soltando Noboru e se se encostando à jaula.

– Parece poderoso... – comentou Noboru.

O gato chegou até o final do corredor e Seiko pôde vê-lo bem. Seu pelo tinha o mesmo tom cinza azulado que o Regente e Luna, os olhos eram um vermelho e um verde e usava uma roupa parecida com a de príncipes de contos de fada. Ao seu lado, estava uma gata com um pelo perfeitamente branco, como neve fofa, olhos azuis, usava um laço rosa no pescoço e uma pequena saia rendada que lhe caia muito bem.

– Apresentando nosso governante, rei Lune e sua esposa rainha Yuki! – disse Tonari e todos os gatos ali presentes fizeram uma longa reverência.

– Mas o que é que está acontecendo aqui afinal de contas? – perguntou Lune.

– Fiiiilho! Já de volta? – disse o Regente chegando perto. – Norinha querida! Como está?

– Bem, obrigada. – disse Yuki franzindo o cenho enquanto observava aquela cena estranha.

– Irmão querido! Como foi a... – disse Luna.

– Ótima! Até eu descobrir no meio do caminho o que você fez!

– Er...

– O que deu em você afinal Luna?! – o rei praticamente gritava. – Será que não basta tudo que você já fez antes?!

– Você não entende! Nunca entendeu! Eu o...

– Ama?! Me poupe disso! Você só quer o que não pode ter! – Luna se encolheu com aquilo. – E vocês o que estão esperando? – ele disse para os guardas. – Soltem o rapaz! - dois dos guardas se apressaram em cumprir a ordem de seu rei e logo Noboru saiu da jaula e abraçou a namorada. – Depois dessa você não vai sair do reino por um bom tempo! – decretou Lune.

– Faz muito bem meu filho! – disse o Regente. – Faz muito...

– E você hein pai? – continuou Lune. – Eu o deixei no comando para terminar a destruição do labirinto e a construção do jardim de Yuki, e olha só! Nem sequer limpou a área! Os restos do labirinto demolido ainda estão lá! E nem ao menos conseguiu controlar sua filha! Vou manda-lo para uma de nossas fazendas e vai ficar lá com Luna. Agora saiam daqui. – finalizou e o Regente e a princesa saíram com as cabeças baixas.

– Sinto muito por tudo o que passaram... – disse o rei chegando perto de Noboru e Seiko. - Não achei que algo assim fosse acontecer enquanto viajava por alguns dias.

– Realmente sentimos muito pelo que passaram. – completou a rainha ao lado de seu marido. – Luna nunca teve muitos limites mais... Ela exagerou dessa vez.

– Tudo bem. – disse Seiko. – Estamos todos bem então...

– Fale por você... – disse Muta. – Desloquei meu ombro pelo menos três vezes... – falou enquanto girava o braço.

– Pare de reclamar. – falou Barão.

– Podemos... Ir para casa agora? – perguntou Noboru.

– Claro, mas... – disse Lune. – Temos um problema.

– O quê? – Seiko disse quase se desesperando novamente.

– Venham. – disse o rei levando todos por um corredor que funcionava como atalho até a torre a qual Barão queria levá-los antes.

– A torre que leva ao seu mundo não chegou a ser reconstruída desde que... Haru nos visitou. – disse Yuki enquanto andavam a passos rápidos pelo corredor. – A passagem ainda leva para o nada.

– Não necessariamente um nada, - disse Barão. – Leva sim para um lugar, mas teremos de ser rápidos! Está quase amanhecendo e precisamos ser rápidos! – então chegaram à base da torre. Era um espaço com diversas aberturas, uma parte mais alta da parede circular continha um mural com diversas figuras e algumas formas de escrita que lembravam hieróglifos.

– Tem razão, vocês tem que ir logo! – disse Yuki dando um rápido, mas caloroso abraço em Seiko e Noboru.

– Desculpem novamente pelo que aconteceu. – disse Lune. – Isso não se repetirá, prometo.

– Tudo bem, nós... – começou Seiko, mas foi logo puxada por Muta que começou a leva-la para a escada espiralada que rodeava a torre por dentro.

– Amanhecendo! Amanhecendo! Amanhecendo! – disse ele enquanto a puxava.

– Ele tem razão! – disse Barão puxando Noboru sobre o braço. – Vamos rapaz! – Seiko deu um ultimo aceno para os gatos na base da torre enquanto corria velozmente pela escada.

Quanto mais corria mais distante o topo da torre parecia estar.

– Não vai dar tempo! – disse Muta.

– Tem razão, estamos muito devagar! – disse Barão. – Tive uma ideia! – se adiantou e foi para o lado de Seiko, então pegou a garota no colo sem parar de correr e começou a correr mais rápido.

– Entendi! – disse Muta levantando Noboru do chão.

– Ei!Ei!Ei! – disse Noboru, mas Muta o colocou em suas costas e também aumentou sua velocidade.

Era a segunda vez em menos de três dias que Seiko era carregada daquela maneira e não pôde evitar se sentir como um bebê novamente. Logo, o fim da escada chegou e estavam no topo da torre, e onde deveria estar o teto, havia um grande buraco. Quando barão continuou correndo e deu um salto por aquela abertura, o coração de Seiko disparou e logo, viu-se em queda livre.

Ainda estava no colo de Barão quando percebeu que estava crescendo e perdendo suas feições de gato. Logo, voltara ao seu tamanho e forma original, e Barão era novamente um gato bípede de tamanho normal, e ambos continuavam caindo. Ao ver que uma corrente de ar distanciou o gato dela, Seiko esticou o braço e aninhou Barão em seu colo.

Olhando para o lado pôde ver Noboru, que também havia voltado ao normal segurando Muta. Os dois esticaram os braços até conseguirem dar as mãos e estarem todos juntos. Abaixo deles, podiam ver toda a cidade, e cada vez mais estava mais próxima.

– Estamos ferrados... – falou Noboru com uma careta.

– Ainda não! – disse Barão.

– Aonde aquela galinha preta se meteu? – perguntou Muta. Seiko e Noboru não entenderam nada, mas enquanto ainda olhavam para baixo, puderam ver uma espécie de mancha negra ficando cada vez maior.

– Mas o que...? – perguntou Seiko e então a mancha bateu neles. Era composta por milhares e milhares de corvos, e os mantiveram no ar, como um gêiser e logo, formaram uma espécie de escorregador com seus corpos por onde os dois garotos deslizaram ainda segurando cada um, um gato. – O que é isso?

– Agradeçam depois! – Seiko olhou para o lado e viu Toto voando para baixo na mesma velocidade que eles desciam. – Estamos quase chegando a sua escola!

– Nossa escola? – a garota olhou para baixo e viu que o escorregador feito de corvos terminava no terraço de sua escola, e havia alguém ali, olhando para cima como se esperasse por eles. Era Haru.

O escorregador acabava em vertical, então Seiko e Noboru caíram de pé no terraço, soltaram os gatos e logo Haru foi correndo até eles.

– Seiko-chan! – a garota disse se atirando nos braços da amiga. – Está bem? Se Machucou? – Seiko fez que não com a cabeça e Haru abraçou Noboru. – Inoue-kun ainda bem que está a salvo! – se separando dele olhou para os dois ao mesmo tempo. – Fiquei incrivelmente preocupada com vocês!

– Estamos bem graças a Barão. – Seiko disse dando a mão novamente e chegando mais perto de Noboru.

– Barão? – Seiko olhou pra baixo e viu os dois gatos sorrindo. – Barão! Muta-san! – e os agarrou como se fossem bichinhos de pelúcia. – Que saudade!

– Também sentimos Haru! – disse Barão educadamente.

– É, é agora nos solte, estou ficando sem ar! – disse Muta de modo nem tão educado e Haru os largou.

– Arigatou por ajudarem eles!

– De nada. – disse o gato de cartola se curvando. – Se precisar de nós, sabe onde nos encontrar. – deu um salto enquanto Muta estendia as patas da frente para cima, Toto passou por ali e os pegou, em seguida voou para longe deixando audível somente um “adeus crianças.”.

– Sayonara! – gritou Seiko acenando em adeus. – Obrigada por tudo! – apesar de não ter ouvido resposta, a garota sabia que a tinham ouvido. Gatos tem uma ótima audição. Haru também acenava, mas de um modo alegre e nostálgico.

– Nossa... Em pensar que eu quase me casei... – disse Noboru.

– Pois é... Teria a vida feita se casasse com a princesa rica. – Seiko disse em tom de brincadeira.

– É, mas acho que ela era meio retardada.

– Por que diz isso?

– Porque mesmo quando eu deixei bem claro que já estava apaixonado por outra, ela não me deixou ir embora. – Seiko riu de como seu namorado era meloso.

– Hm... Mesmo? E quem seria essa daí?

– Adivinha.

– Aquela atriz que você acha linda?

– Não, alguém muito mais linda. – Seiko riu novamente.

– E você reclama quando eu falo que você enche muito o meu ego. – Noboru riu.

– Vale a pena. – disse por fim e segurou Seiko pela cintura enquanto está moveu as mãos para a nuca dele, e a beijou.


Fim


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Notas finais do capítulo

Triste aki...
Termino a fic sem nenhum review...
Fazer oq...