The Uncommon Life escrita por Espiador Multiversal


Capítulo 7
Chapter 7 - The Uncommon Change




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Abri os olhos lentamente. Fui acordado pelos raios de sol que passavam por baixa das cortinas do meu quarto.

Percebi que Amy não estava mais na cama. Levantei e olhei para o relógio. Eram dez da manhã. Me lembrei que hoje seria o dia em que eu e Amy nos mudaríamos.

Depois de me trocar, desci as escadas e a ouvi sussurros vindos da cozinha. Espiei pela parede que divide a sala da cozinha e vi Amy conversando com meus pais. Decidi ficar escutando um pouco da conversa antes de revelar que havia acordado. Estava curioso para saber o que Amy discutia com meus pais em uma das poucas vezes que falavam a sós.

- Não se engane, Amy. - Ouvi minha mãe dizer. - Nós nos preocupamos com você como se fosse nossa filha.

Aquilo de certa forma me aliviou. Minha mãe continuou:

- Estamos pensando no futuro de vocês dois. Não haveria como nós sustentarmos mais uma pessoa na família. - E acrescentou em tom de brincadeira: Ainda mais alguém que consegue comer três bois de uma vez só!

Amy então se pronunciou:

- Sim, entendo que essa seja a melhor saída. Só não quero causar problemas.

Foi a vez de meu pai falar:

- De jeito nenhum está causando problemas. Só não estávamos preparados para isso. Achamos que essa seja a melhor solução. E por mais que vocês estejam um pouco mais longe, estaremos sempre de olho. - Coloquei minha cabeça para fora de meu esconderijo lentamente novamente e vi meu pai colocar sua mão na cabeça de Amy. - Desculpe por ter que ser assim.

Resolvi aparecer. Todos viraram a cabeça em minha direção. Eu estava feliz pelo que ouvi. Nunca teria imaginado aquilo. Meus pais considerando a Amy como uma filha, assim como eu? Fiquei muito aliviado. Já estava pensando que eles apenas queriam se livrar dela.

- Bom dia! - Falei.

Amy foi a primeira a responder. Sorriu e falou animadamente:

- Bom dia, Ryu! Estava conversando com seus pais!

Pude sentir a alegria na voz dela. Meus pais também sorriram. Eles me explicaram a situação financeira mais detalhadamente e a decisão que precisou ser tomada. Sempre concordando com a cabeça, entendemos porque precisaríamos sair de casa e morar por conta própria. A partir do dia seguinte, nosso treinamento para o mundo adulto iria começar. 

Se, em dois meses, conseguíssemos ter um bom desempenho, poderíamos morar sozinhos de verdade. "Temos que nos esforçar!", pensei.

Almoçamos como uma verdadeira família unida e, logo após, começamos a ajeitar todas as coisas. Encaixotei quase todos os meus livros e revistas em quadrinho, pegamos todas as roupas e algumas coisas na cozinha.

O dia estava ensolarado. Meu pai estava com uma expressão séria enquanto colocava o colchão no porta-malas do carro, mas podia-se notar orgulho em seu olhar.

Eram mais ou menos quatro e meia da tarde quando saímos de casa. O carro estava lotado, pois minha mãe e minha irmã resolveram ir junto.

O sol começava a descer quando descarregamos tudo e posicionamos as caixas dentro do apartamento. O espaço não era muito grande, mas era suficiente. A sala e a cozinha eram separadas por um pequeno portal. Um estreito corredor levava, do lado direito, ao "escritório" bagunçado de meu pai. Do lado esquerdo, a um pequeno banheiro.

Depois de todas as coisas se arrumarem, minha mãe falou:

- Não é muito, mas acho que por enquanto tá bom. O restaurante que vocês trabalharão fica a uns 10 minutos daqui. - Colocou as mãos em meu rosto e me fitou com os olhos levemente úmidos. - Confio em vocês.

Nos despedimos da minha irmã, que não entendia muito bem o que estava acontecendo, mesmo já tendo dois anos. Logo depois dei um longe abraço nos meus pais. Amy também se despediu, agradecendo e se desculpando pela trigésima vez. 

Acompanhamos meus pais até o carro e observamos o mesmo se afastar. Talvez por sorte, talvez pelo destino ou por qualquer motivo que fosse, o pôr do sol estava lindo. Olhei para Amy e segurei sua mão.

Seus olhos reluziam e brilhavam ainda mais com a luz avermelhada vinda da grande estrela. Seus cabelos loiros também brilhavam e moviam-se lentamente por causa do vento. Ela falou:

- Como é lindo! Se eu pudesse ter visto isso todos os outros anos...

- Tenho certeza de que cada pôr do sol é um momento especial. A partir de agora quero ver infinitos deles com você. E tenho certeza de que nunca vai deixar de ser especial.

- Por quê?

- Porque com você tudo é especial. Acredite.

Ficamos observando o sol sumir por mais um tempo e, depois que isso aconteceu, subimos para a nova casa.

Aquele dia havia sido cansativo para nós dois, mas ainda tínhamos mais coisas a fazer.

Retiramos os livros da caixa e os empilhamos em um canto da sala, acumulando mais de 100 exemplares. 

Limpamos o banheiro e tiramos o pó dos móveis. Depois fomos até o escritório de meu pai e colocamos nossas roupas em um pequeno guarda-roupa ao lado da mesa do computador.

A televisão velha da sala não permitia que o vídeo game funcionasse, para nossa infelicidade. O vídeo game teria que esperar. A pouca comida que trouxemos seria suficiente para aquela noite. Preparei o macarrão instantâneo enquanto Amy fazia algo que, como ela disse, era secreto.

Não havia sofá no apartamento. Apenas uma poltrona e uma cadeira para o computador (que era muito confortável, por sinal). Acabei sentando no próprio colchão que havia sido deixado no meio da sala. Liguei a televisão e chamei Amy para jantar. Veio correndo e rindo levemente do escritório.

- Gostou do novo pijama?

Ela me surpreendeu. Era lindo. Estava usando uma camiseta azul com o desenho de uma lua branca bem no centro e um shorts azul claro curto feito do mesmo tecido da camiseta. 

Eu sorri e falei:

- Você está... - Sim! Eu fico nervoso quando elogio! - Você está linda! Adorei o novo pijama!

Ela mostrou a língua de forma provocativa, fez um ''V" com os dedos da mão na frente de um dos olhos e falou:

- Yes! Vitória para Amy!

Começou a pular como uma criança. Fico feliz por ela ter gostado do elogio. Realmente, eu devia falar mais vezes.

Seus saltos foram interrompidos pelo som de seu estômago roncando. Tudo aquilo foi muito divertido. Ela olhou com uma cara ameaçadora para meu macarrão, como se quisesse devorar tudo e levar meu braço junto.

- Calma! Calma! - Falei em um tom de divertimento. - Aqui está o seu!

Comemos tudo com muita vontade, tomamos banho (um de cada vez, claro. Só porque estamos sozinhos, não significa que você deve pensar em coisas maliciosas!) e nos deitamos. Estávamos exaustos. Enquanto eu fazia carinho na cabeça da Amy, falei:

- Amanhã teremos que trabalhar... - Não consegui esconder a má vontade na voz.

- Não pode ser tão ruim! E temos que fazer isso para ficarmos juntos, você sabe.

Amy tinha razão. "Vou me esforçar!", pensei novamente. Ia falar tudo que estava pensando, mas a única coisa que saiu da minha boca foi um boa noite. Mesmo pensando outra coisa. Mesmo pensando:

"Te amo, Amy"


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado! :D voltando ao ritmo hehe comentem aí!



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