‘’Pessoas são como músicas

Algumas gostamos desde o início, outras, depois de um tempo

São feitas para serem ouvidas e compreendidas

Algumas tocam nossa vida, mas tem uma a mais especial

Que é a nossa trilha Sonora ‘’

Acordo mas não reconheço onde estou. Fecho os olhos e abro-os tentando me acostumar com a claridade. Eu estava em um quarto todo branco, que eu logo identifiquei sendo um hospital. Minha cabeça estava doendo tanto que demoro um tempo tentando ameniza-la, mas a dor apenas piora quando eu relembro tudo o que aconteceu...

–A...Alice? O que está fazendo aqui?

–Mamãe, esses são modos de me receber? Depois de tanto tempo? pensei que estivesse com saudades- digo em ironia - estava tentado ficar com a voz forte, mas ela falhou um pouco.

–Sua idiota, o que esta fazendo aqui? Pensei que nunca mais fosse tiver, Não tem medo ?- ela diz essa ultima parte com um sorriso diabólico no rosto

–Bom, eu vim aqui te ver... mas porque eu deveria ter medo?

–Sua garota insolente. O que acha que posso fazer com você hein? Você matou meu marido, merece uma punição

–Você não teria coragem

–Não diga o que eu não posso fazer... Você sabe muito bem do que sou capaz

Ela se aproxima de mim e eu tento me afastar. Eu sabia do que ela era capaz, e esse era o meu maior medo.

–Esta fugindo do que filhinha querida, eu apenas quero lhe dar um abraço.

Desconfio no inicio, mas logo cedo eu vou ao seu encontro lhe dando um abraço. Ela na mesma hora aproxima sua boca de meu ouvido e com um sussurro, ela diz algo que faz o meu corpo estremecer.

–Pronta para morrer?

–O que? – me afasto na mesma hora, com os olhos arregalados. Ela não teria coragem...

As lágrimas insistem em cair do meu olho, mas as impeço a todo custo. Eu não podia parecer fraca. Não agora. Não na frente da mulher que eu mais odeio nesse mundo, mas eu não aguentei.

–Já não basta tudo o que você me fez passar?- desabo e começo a chorar. Ela não diz nada, apenas fica me observando, então continuo a falar, o que eu sempre desejei a minha vida inteira.

–Eu estava no orfanato e eu realmente achei que teria uma família quando vocês me adotaram. Eu amava vocês como se fossem meus pais. No inicio eu também pensei que gostasse de mim, mas então eu percebi que você é uma pessoa amarga. No lugar do coração você tem uma pedra, não é? Quem em sã consciência iria ameaçar a filha? Dizer que a vida dela tem prazo de validade, somente em prol da saúde do pai. Uma vez que você o julgava mais importante. Desde que ele ficou doente, vocês começaram a me abandonar... Sabe o que é viver trancada sozinha durante anos dentro de um quarto? Não. É claro que não. Você não sofreu isso , mas me obrigou a sofrer. Eu te odeio, e agora eu percebo você não merece ser presa, você precisa é ser internada. Você É MALUCA- digo enquanto soluçava

Sinto uma enorme dor em minhas bochechas, foi então que percebo que ela havia dado um tapa no meu rosto e minha raiva aumentou ainda mais. Engulo o choro e respirando fundo a encaro.

–Percebo que o que você sofreu não a fez mudar nem um pouco não é? Você é ingrata. Eu te dei casa, comida, precisava roubar o amor do meu marido? Ele me obrigou a te adotar, eu nunca te quis... E fico ao menos feliz por saber que você foi infeliz... Porque eu também fui. Eu te odeio Alice... Você só serviu para atrasar minha vida. Quando descobri que o Phill estava doente, encontrei a solução perfeita. Iria me livrar de você e salvar meu marido. Parecia um sonho para mim... Mas você não se contentou não é? Teve que estragar tudo... No final das contas ele morreu e você? Está viva... Mas não por muito tempo- ela diz essa última frase e então avança para cima de mim. Não consegui pensar muita coisa. A raiva subiu a minha cabeça e a partir dessa hora, eu não consegui me segurar, voei literalmente em cima da minha mãe. Ela fica surpresa e dá um grito. Dou um tapa em seu rosto, fazendo-a soltar um ganido de dor. Puxo os seus cabelos, e toda a raiva que eu vinha acumulado dela se libertou naquela hora. Eu não podia responder pelos meus atos. Ela havia provocado e agora tinha que aguentar as consequências. Dou um soco, que atinge certeiramente em seu nariz, que começa a sangrar. O que imediatamente fez com que sua raiva aumentasse e então sou acertada por um tapa. Foi tão forte que fiquei um pouco atordoada. Dou mais um tapa que atinge diretamente o seu braço, o que faz um estalo enorme. Ela vem para cima de mim, e a minha visão vai ficando embaçada. Uma enorme dor invade o meu corpo que eu caio. Coloco a mão em minha cabeça e o sangue se espalha por ela. Tento me levantar, mas eu estava tão fraca que apago.

Afasto-me de meus devaneios e olho para o lado. Assusto-me ao ver Richard. Ele estava me fitando com seus enormes orbes azuis

–Alice!- ele diz surpreso e em seguida vem ao meu encontro.- Como você está?- ele pergunta de um jeito tão preocupado que eu dou um sorriso

–Eu estou bem, mas... O que houve depois que eu desmaiei?

–Alice, nós chegamos lá, pois ouvimos muitos gritos. Nós vimos você desmaiada e sangrando muito... a sua mãe estava prestes a te matar mas os policiais conseguiram contê-la e a prenderam... Alice, você se saiu muito bem e deu tudo certo.

–Eu consegui?

–Conseguiu- ele diz dando um sorriso

Eu não podia acreditar... Eu havia conseguido, era tanta felicidade que eu tinha medo de que alguma coisa estragasse, já que sempre foi assim a minha vida inteira.

–Onde ela está?

–Ela foi internada no hospício.Os policiais ouviram a gravação e perceberam que tudo que você disse era verdade

Dou um enorme sorriso não conseguindo conter a minha felicidade. Eu estava livre. Poderia viver... Finalmente. Sem me conter, dou um enorme abraço em Richard.

O abraço é interrompido com o barulho da porta. Fernanda e Lucas entram o que faz com que eu fique mais feliz

–Você conseguiu Alice- Fernanda diz me dando um abraço, e Lucas também.

–Eu sei... Finalmente estou livre, nem posso acreditar.

–Pois é... – Fernanda diz não tão entusiasmada

–Fê o que ouve?

–Ah Alice nada de mais, não quero estragar o seu dia com meus problemas.

–Fala Fê. Eu quero saber

–Lucas, vamos ali comer algumas coisa- Richard diz puxando Lucas para ir embora e me deixando a sós com Fernanda.

–Vai Fernanda, fala. O que houve?

–Bom... a minha mãe saiu do coma...

–Nossa, que bom Fernanda.

–Não sei...

–Por quê?

–Bom... Lembra que eu passei um ano no Canadá?

–Lembro

–Então meus pais ligaram para a diretora e eles, vão morar no Canadá, e eu vou ter que ir com eles.

Nossa, eu não sabia o que dizer. Fernanda havia se tornando a minha melhor amiga, eu nunca havia tido uma amiga antes... não sei o que seria de mim sem ela... Mas ela tinha uma família, a mãe acabou de sair do coma, é claro que ela iria amar ir para o Canadá com eles’

–Fernanda- Digo depois de um tempo, fazendo com que ela me encare

–Eu sei que não quer ir por que você gosta de ficar com Lucas, comigo e com o Richard, mas lá é a sua família... Por mais que nós fiquemos com saudades, você merece o melhor, que é ao lado deles, além do mais eu nunca vou me esquecer de você.

_ah Alice, promete que não vai me esquecer, e nem colocar outra amiga no meu lugar?

–Ah é claro que prometo- digo deixando uma lágrima cair

–Eu te amo Alice

–Ah Fernanda, não me faça chorar, eu também te amo

Nos abraçamos e ficamos um tempo uma olhando para a outra.. Ela iria embora e eu não sabia se a veria de novo. Quando ela estava prestes a sair pela porta, um homem que eu não o conhecia adentrou no quarto.

–Fernanda- ele diz entrando

–Oi papai

–Eu sem querer ouvi a conversa de vocês e bom... Decidi uma coisa.

–O que?

–Alice... Eu fiquei sabendo da sua história e fiquei muito triste e comovido,você deve ter sofrido muito e bom... Lá no Canadá nós compramos uma casa enorme e eu gostaria que fosse morar lá conosco

O que? Ele estava falando serio?

–Nossa eu nem sei o que dizer... ninguém nunca me ajudou assim

–Eu sei minha querida, deve ser difícil, mas então o que acha?