Fraternidade escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 2
Parte I


Notas iniciais do capítulo

Este é o primeiro capítulo, peço para que vocês não se iludam pelo nyah! porque ele mostra isto como sendo o segundo capítulo :'D



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Trens e Devaneios

Devemos suspeitar das coisas desconhecidas a nossa volta. Apenas com o conhecimento nós iremos deixar de suspeita-las. Entra em vigor na vida de qualquer pessoa. Em 1922 não era diferente.

Pessoas entravam, pessoas saiam; o que se via na estação de trem de Sófia, na Bulgária e em qualquer lugar. Nunca deveria estar melhor e mais confortável naquele simples lugar onde se andava de trem.

Porém, a atenção de todos iam para duas pequenas pessoas, duas crianças, dois irmãos; estavam acompanhados por uma velha senhora - que nem as pessoas pensavam que era apenas uma simples vizinha - que estava um tanto atormentada. Já os dois garotos não demonstravam a mesma agonia.

Pessoas ajudavam a pobre senhora enquanto aquelas duas pequenas pessoas estavam apenas observando.

A senhora chegou perto de um vendedor de passagens, dizendo de imediato:

- Duas passagens para Belgrado, Iugoslávia.

O vendedor olhou surpreso para a mulher.

- A senhora não irá com eles? São muito jovens!

- Não importa! - A senhora respondeu quase gritando. O vendedor deu de ombros e trocou as passagens pelo dinheiro.

- O trem sai daqui a meia hora.

Ela agradeceu e os dois garotos olhavam para os mesmos locais que ela; pareciam não entender, mas estavam aceitando do mesmo jeito. Ambos estavam de mãos dadas com a senhora, que andava depressa - o estranho era que eles a acompanhavam tranquilamente. - até o local onde eles iam pegar o trem.

Pessoas olhando sobre os trilhos; como se estivessem em estado de espera do trem - como se olhar os trilhos ia fazer os trens chegarem mais rápido. - e esperando aqueles trinta minutos. Mas passou-se trinta e cinco; as pessoas já estavam reclamando. O irmão mais velho olhava para todos, com um olhar simples, tranquilo e inocente.

Algumas pessoas paravam e olhavam para ambos os irmãos, perguntando umas para as outras baixinho - como se os irmãos entendessem alguma coisa. - onde estariam seus pais, perguntando-se o motivo de eles estarem ali. Mas nenhuma resposta, nenhuma boa o suficiente para resolver todas aquelas dúvidas. O mistério ainda girava nas cabeças daquelas pessoas; mas logo elas davam de ombros e se preocupavam com outras coisas.

O trem chegou, hora de entrar nele. A senhora os deixou em um dos vagões do trem e eles tiveram de ser guiados por um trabalhador de lá. A viagem era relativamente longa e era preocupante deixar duas crianças menores de dez anos em meio de muita gente adulta. Por isso, de alguma coisa poderia ser certa: Aquela senhora não gostava deles; o motivo? Queira aquelas pessoas saber.

O irmão mais velho, de seis anos, segurava com força a mão do mais novo, três anos mais novo.

O trabalhador - que logo estava segurando a pequena mão do mais velho - perguntou:

- Quais seriam os nomes de vocês, garotinhos?

- Me chamo Alexis... - Ele falava com um pouco de dificuldade, devido a falta de costume de falar. - Meu irmão se chama Vencelau.

O trabalhador ergueu as sobrancelhas; sorriu, afinal.

- Estamos chegando ao lugar de vocês. - Falou antes de mostrar uma cabine com dois sofás largos. - Aqui estamos.

Ele ajeitou aquelas duas crianças na poltrona, logo iria sair. Parou de costas para eles, em meio da porta; virou o rosto e sorriu:

- Tenham uma boa viagem. - E saiu da cabine.

Toda a viagem fluiu. Alexis olhava para o céu estrelado, e não se importava muito com o frio. Com os seus olhos brilhantes de criança encarava o céu. Enquanto Vencelau se contorcia para achar a posição ideal para dormir. No final, Alexis percebeu que o problema de seu irmão era o frio; então, o mais velho tirou o próprio casaco e pôs sobre o pequeno corpo de seu irmão mais novo, com um sorriso no rosto.

Esta provavelmente deve ser uma das cenas de amor fraternal que não são assim tão comuns no cotidiano.

Belgrado ao dispor

Aquela viagem não foi uma das mais confortáveis. Porém, o mesmo trabalhador que os conduzira a entrada, conduziria até a saída. Após pegaram as bagagens, rodaram a estação de Belgrado para encontrarem as pessoas que esperavam ambas as crianças.

E eles acharam.

Era um jovem alemão de vinte e nove anos, com a sua esposa, uma mulher inglesa de vinte e seis anos. O homem tinha cabelos loiros e olhos profundamente azuis e parecia ser mais novo do que sua idade possa transmitir; a mulher tinha cabelos escuros, com olhos da mesma tonalidade.

- Alexis e Vencelau? - Perguntou o homem ao trabalhador.

- Sim, são eles... Você os procura, senhor?

O homem fez que sim. Pegou alguns papéis, papéis de adoção.

- Eu sou o pai adotivo deles.

O trabalhador deu uma bela olhada nos papéis e confirmou.

- Está certo. Aqui estão eles. - Falou mostrando as crianças ao homem, que inclinou um pouco a cabeça ao olhar para eles.

- Oh sim... - Observou Alexis, já que era mais alto e visívelmente o mais velho, ele estava com os olhos de criança um pouco baixos, mas não demonstrava nenhuma emoção. Olhou em seguida para Vencelau, que parecia estar com um pouco mais de medo, pois "escondia-se" atrás do irmão mais velho. Suspirou. - Está certo. Obrigado por tudo.

O trabalhador respondeu, virou-se e seguiu o seu destino.

O casal olhou para os filhos; a mulher deu um sorriso largo. Se abaixou, ficando de joelhos. Abriu os braços para eles.

- Podem vir... - Falou a moça. - Não vou machucar vocês.

Vencelau olhou diretamente à mulher e percebeu que ela não era tão assusatadora. Aos poucos, saía de trás do irmão e caminhava em passos lentos e tímidos a quem futuramente chamaria de "mãe". Até que chegou o mais próximo possível dela, que logo o pegou nos braços, levantando-se.

Aquela mulher já podia sentir que aqueles agora eram seus filhos.

O marido sorriu, pegando as bagagens, colocando uma por baixo do braço e outra na mão; segurou a mão de Alexis com força.

- Vamos pra casa. - E finalizou.

Ensino e vida

Já era o dia seguinte quando Wagner Brauer acordou os seus dois novos filhos, chamando-os para o café da manhã. No momento em que eles sentaram-se nas cadeiras, o homem começara a falar:

- Escutem... Vocês agora moram aqui. De agora em diante, me chamarão de "pai". - Ele apontou para a sua mulher, Emilie Brauer. - E ela... Vocês a chamarão de "mãe". - Ele abaixou o braço. - Espero que entendam isto.

Alexis abaixou o olhar, entendia perfeitamente o que estava acontecendo, aqueles eram os seus pais, não tinha dúvida disto. Tinha se acostumado com o servo-croata antes mesmo de sair da Bulgária, já que sabia que deveria ir para àquela casa.

- Sim senhor... - Alexis falou com dificuldade.

Vencelau apenas olhava, sem falar nada. Wagner logo olhara para o mais novo, suspirou.

- E você...? Vencelau, não é?

O pouco que ele falou, podia entender. Então, Vencelau apenas balançou a cabeça positivamente.

- Ora, vamos... Fale comigo.

- Ele não sabe... - Alexis interrompeu. - Ele não sabe falar direito.

Wagner arregalou os olhos.

- Ele tem três anos e não sabe falar... - Falou incrédulo. - Ao menos, consegue me entender, não é?

Vencelau balançou a cabeça positivamente outra vez.

- My love... - Interrompeu Emilie. - É só falar devagar que ele entende. - Ela sorriu para Vencelau.

Wagner suspirou.

- Tudo bem, sem problemas. Comigo não tem problema nenhum, afinal. - Sentiu-se orgulhoso. - Vamos dar um jeito nisto. - Voltou sua atenção a Alexis. - Você sabe ler, Alexis?

Alexis corou um pouco.

- Não senhor... Quer dizer... Só um pouco...

Wagner suspirou novamente, sentando-se ao lado de Alexis.

- Depois do café, vou ensinar algumas coisas a vocês dois.

O que mais eles poderiam fazer? Concordar era a única alternativa.

Depois daquele dia, todos os outros iriam ser seguidos de maneiras iguais: Depois de tomar o café da manhã, eles seguiam Wagner até ao seu escritório, que ele ensinava algumas técnicas de fala e leitura.

Logo, se adaptavam à nova família.


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Notas finais do capítulo

Está aqui, a primeira parte da história! Espero que tenham gostado :'D



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