Pov. Angie.

Fiquei surpresa com a notícia que Leon me deu. Tenho que admitir que minha culpa diminuiu, mas não conseguiria voltar para os palcos sem lembrar de Maria.

Era muito bom saber que eu tinha German comigo. Para me apoiar, não importa o que eu fosse decidir. Era tão bom estar ali com ele, deitada ao seu lado no silêncio, até que alguém bateu na porta. Afastamos-nos e ele se levantou para abrir a porta.

- Papai, eu posso falar com a Angie agora?

German me olhou e concordei com a cabeça. Ele deu passagem para Violetta entrar e continuou parado ao lado da porta me olhando com carinho.

- German, posso falar com a Violetta?

- Claro que sim – ele se aproximou e olhou nos meus olhos. – Eu te amo.

Ele beijou minha testa e antes de sair pela porta Violetta disse a ele:

- Papai, seja simpático com Leon.

German sorriu e saiu sem dizer nada.

Pov. Angie Off.

Violetta olhava para sua tia atenta. Depois de um tempo de silêncio Vilu a abraçou.

- Angie, eu quero que você saiba que não te culpo por nada, simplesmente por que você não é a culpada.  O que aconteceu foi um acidente, você não pode se culpar pelo resto da sua vida, muito menos se penalizar não voltando para os palcos. Cantar é o que você ama e o que a mamãe iria querer que você fizesse para sempre.

- Obrigada Vilu – foi tudo que Angeles conseguiu dizer.

- Agora sorria e vamos voltar para sala porque Leon está lá sozinho com papai e não sei até onde isso é uma boa coisa.

- Está certo – Angie sorriu. – Leon deve estar em perigo.

As duas sorriram e voltaram para a sala. Leon estava sentado em um sofá mirando o chão enquanto German estava sentando no sofá a sua frente o olhando atento. Quando as meninas chegaram, ambos olharam para elas. Assim que o olhar de Angie e German se encontraram eles sorriram, qualquer um percebia a paixão que existe entre eles.

- Com licença – Olga entrou na sala – o jantar está servido.

- Então vamos – falou Violetta estendendo a mão para Leon – por que eu estou faminta.

Os quatro se dirigiram a mesa que já estava organizada para quatro pessoas.

- Papai, cadê o Ramalho?

- Ele está resolvendo alguns assuntos.

- Aconteceu alguma coisa com a empresa?

- Não, não – German sorriu e sentou-se em seu lugar habitual. Leon sentou-se ao lado de Violetta, no antigo lugar de Angie.

Depois que todos estavam servidos o silêncio prevaleceu até que German perguntou:

- Leon você ainda estuda economia? – O garoto olhou para namorada e eles sorriram.

- Não, senhor German. Na verdade sempre estudei música.

- E Leon é muito talentoso – Angie completou.

- Violetta daqui a dois dias é seu aniversário... Se você quiser fazer uma festa... – German sugeriu.

- Poderíamos fazer no Resto. Se conversarmos com Lucca e o deixarmos cantar, com certeza ele vai autorizar.

- E poderíamos nos apresentar para mostrarmos para o Antônio que conseguimos montar mais um show. – Leon completou a sugestão.

- Por mais que eu concorde com a ideia de fazer a festa no Resto, não acho que seja uma boa ideia vocês provarem qualquer coisa que seja para o Antonio – Angie falou calmamente.

- Você sabe de alguma coisa Angie?

- Não Vilu, mas hoje alguém do teatro procurou pelo Antônio e pelo Pablo. Vamos nos concentrar na sua festa de aniversário.

- Tá bom, amanhã eu converso com o Lucca e com a Fran.

- Qualquer coisa que precisar, pode pedir, eu quero que você tenha a festa de aniversário perfeita. – German concluiu.

O jantar seguiu tranquilamente. German foi simpático com Leon todo o tempo, mas no fundo não aceitava que sua filha já estivesse namorando. Quando eles terminaram o jantar foram para a sala. Violetta estava feliz por seu pai estar pelo menos tentando ser simpático com Leon.

- Senhor German, obrigado por tudo, mas agora eu realmente preciso ir para casa.

- Já?

- Não quer ficar mais um tempo? – Angie sugeriu.

- Não, não obrigado. Eu preciso mesmo ir.

- Foi bom conhecer você, de verdade. – German falou apertando a mão de Leon.

- Desculpe pelas mentiras, mas foi por uma boa causa.

German levantou uma sobrancelha o que deixou Leon em dúvida sobre o que aquele gesto significava.

- Tchau Leon – Angie se despediu. – Foi muito bom ter você jantando conosco.

Antes que Leon pudesse dizer mais alguma coisa, Violetta o puxou pelo braço e quando estavam na porta ela disse.

- Vou levar Leon até o portão. – Com isso os dois saíram rapidamente da casa.

- Violetta! Volta aqui – German falou levantando-se novamente do sofá, mas quando estava chegando à porta uma loira parou na sua frente impedindo sua passagem.

- Posso saber aonde o senhor vai? – Ela perguntou cruzando os braços.

- Pegar a minha filha...

- Ah não. Isso eu não vou deixar você fazer.

- Mas ela é a minha filha!

- Eu sei, e você é um bom pai, que confia nela, confia no namorado dela e deixa os dois se despedirem. – Angie falava calmamente.

- Eu não confio nesse Leon...

- Mas eu confio. E o conheço a muito mais tempo do que você.

- E o que você vai fazer para me impedir? – Ele perguntou desafiando-a.

- Vou te prender aqui.

Pov. Angie.

Assim que falei, entrelacei meus braços em volta de seu pescoço e o beijei. Acho que ele não esperava, mas em pouco tempo colocou a mão na minha cintura e correspondeu. De olhos fechados escutei quando uma porta se fechou. Separamos-nos e fiquei impressionada, quando Ramalho entrava em casa.

- E a Violetta? – German perguntou.

- Está conversando com Leon – antes que German pudesse dizer mais alguma coisa Ramalho completou – apenas conversando.

Eu mantinha meu olhar baixo. Já sentia minhas bochechas vermelhas e meu coração continuava batendo forte.

- Conseguiu? – Foi a única coisa que German perguntou e quando olhei para ele, notei que algo estava errado.

- Não, podemos conversar sobre isso?

- Claro, já vou lá.

Ramalho foi para o escritório e German me olhou.

- German, está acontecendo alguma coisa com a empresa? – Perguntei preocupada.

- Não é nada de mais. Já venho, certo?

- Aham – concordei com a cabeça e ele me deu um selinho.

Alguma coisa estava acontecendo na empresa para German e Ramalho estarem agindo assim, mas como ele não quis me dizer nada resolvi não insistir.  Assim que sentei no sofá, a porta se abriu novamente e Violetta entrou na casa.

Ela veio correndo e sentou na minha frente.

- Despedida demorada né, dona moça?  - Falei brincando.

- É – ela riu. – Ai Angie, eu estou tão feliz. Acho que finalmente meu pai aceitou que estou namorando o Leon e vocês dois estão juntos! O que mais eu poderia querer?

Dava para notar a alegria que transbordava pelos olhos de Violetta. Seus olhos brilhavam a cada palavra que ela me contava. Ficamos conversando sobre o Studio, sobre as amizades, sobre garotos, até que a porta do escritório abriu.

Paramos de conversar sobre o que estávamos conversando e sorrimos.

- Sim Angie eu realmente acho que aquele vestido ficou muito melhor.

German nos olhou desconfiado e eu disse imitando o tom de voz da Jade:

- Ai, queridinha você precisa da um jeito nesse cabelo. Se você vai usar um vestido tão lindo como aquele não pode deixar isso assim... AH!

Eu e Violetta rimos muito e quando German se aproximou ficamos em silêncio.

- Então eu acho que já vou dormir – Violetta falou levantando-se do sofá. – Boa noite Angie, boa noite papai.

- Boa noite Vilu – Eu e German falamos juntos e Violetta subiu as escadas.

German sentou ao meu lado e me puxou para perto, fazendo com que minha cabeça ficasse recostada em seu peito.

- Desculpe pela brincadeira com a Jade, mas é que as vezes eu não resisto.

E é verdade, ainda me surpreendia com a “inteligência” que aquela mulher tinha, ou melhor, com a inteligência que ela não tinha.

- Tudo bem – German falou sem se importar muito.

Precisava mudar de assunto, mas não sabia o que dizer então nós ficamos no silêncio abraçados no sofá. Era tão bom ter ele por perto, sentir seu cheiro, estar em seu abraço e nada mais importava.

- German eu preciso ir para casa – falei de olhos fechados sem querer que aquele momento acabasse.

- Por que?

- Por que minhas coisas estão lá, eu preciso preparar aulas para segunda feira, preciso das minhas roupas e das minhas coisas. – German me puxou mais para perto e abri os olhos.

- Você está na sua casa – fechei os olhos e deixei que ele me beijasse para mostrar que aquele era o meu lugar.

Naquele momento esqueci-me de todas as minhas obrigações e me deixei levar pelo amor que sentia por German e que a cada dia crescia mais dentro de mim.