Forças de Alguém escrita por silensce


Capítulo 5
Capítulo 5 - O Anjo-Mau


Notas iniciais do capítulo

E pensar que ficar longe de Clarice seria uma coisa fácil. Quando Vector descobre mais um motivo para cuidar da garota, percebe que um sentimento diferente tomou-o de uma só vez.



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 Vector estava sentado numa cadeira velha de madeira, ao lado da cama de Clarice. O relógio de pulso girava tão rápido que quando as outras moradoras do dormitório chegaram, Vector levou um susto.

 Todas entraram no local já de pijamas, foram deitando em suas camas e conversando ao mesmo tempo. Era um quarto gigantesco.

 -O que aconteceu com a Clarice? - perguntou uma delas, cobrindo-se com um edredom.

 -Amanhã agente pergunta, não seria bom acordá-la - proclamou outra, colocando na cabeça um tipo de máscara que tampava seus olhos. 

 Com o tempo, os abajures em cima das mesinhas ao lado das camas foram se apagando, e em questão de minutos, tudo estava completamente escuro. Vector pôs suas mãos na testa de Clarice novamente, e ela estava fresca. Aproximou-se da única janela aberta, e visualizou em seu relógio de pulso que já eram nove horas da noite. Atravessou a porta e foi caminhando pelos corredores escuros e úmidos do internato, até a diretoria.

 Tudo estava completamente escuro. Silenciosamente estranho, para um lugar que mostravava ser tão movimentado. Depois de ter caminhado bastante, Vector finalmente chegou no terceiro andar, e abriu a porta da diretoria com cuidado, para não chamar a atenção.

 Naquela sala, a vice-diretora estava sentada em sua mesa, com mais papéis nela do que antes, e apenas com um abajour ao lado aceso, dando um ar sombrio e aconchegante ao recindo. A mulher levantou a cabeça, e olhou para o jovem.

 -Sente-se - disse, voltando-se para seus papéis.

 -Nessa cadeira? - perguntou Vector, apontando para uma das cadeira em frente a mesa da vice-diretora.

 - Ahan - respondeu. Vector então sentou-se.

 -Sabe, eu dei uma olhada nos registros e não encontrei o seu nome...

 -Aah - completou Vector, tentando alimentar mais uma mentira - O pessoal que toma conta disso ainda não deve ter atualizado, vim para cá essa semana.

 -Estranho ninguém me informar... - reclamou - Enfim, você não deve ficar zanzando pelo internato quando quiser, além do mais...

 -Com todo respeito - cortou o jovem, num tom meio arrogante - Você me chamou aqui num horário em que todos deveriam estar na cama, e não deveria reclamar sobre eu estar zanzando por aí.

 Mesmo sabendo que a vice-diretora falava sobre o capítulo passado, o menino estava disposto a ser insuportável. A mulher arregalou os olhos.

 -Que insolência! 50 Minutos fazendo exercícios extras na minha sala até o final do mês, começando agora. Vamos ligar para os seus pais e providenciar uma detenção! Sim... Limpar todos os troféis do...

 -Não!

 Vector interrompeu a mulher novamente, dando uma pequena risada de arrogância. Tudo que deveria fazer era tirar a mulher do sério, afinal, ela acabaria fazendo a maior "festa", e descobrindo que ninguém poderia finalmente vê-lo. Era a única forma dela acreditar numa criança.

 -COMO OUSA, SEU...

 -AAAAAAH.

 A mulher foi cortada novamente, porém desta vez com um terrível grito vindo do andar de cima, no que parecia ter sido produzido por uma menina.

 -CLARICE! - gritou a vice-diretora e Vector em uníssono.

 Os dois levantaram-se e puseram-se a correr em direção ao quinto andar. Correram tão esforçadamente que em menos de um minuto já estavam no dormitório. Todos os abajures do local estavam acesos, todas as meninas estavam comprimidas num canto do quarto, gritando de medo. Clarice, no entanto estava com a boca, a mão e as pernas amarradas; de pé sobre o parapeito da janela, pronta para ser jogada prédio abaixo, e sofrer uma terrível morte. Atrás de Clarice, um homem pálido como leite, mais pálido que Ludovy, com um casacão rasgado e negro sobre o corpo, e cabelos muito cacheados e marrons, olhos azuis e um sorriso tímido e maléfico nos lábios.

 De fato, a roupa do homem era esquisita. Vector teve a impressão de que ele havia pegado um pano enorve e velho, feito um buraco no meio, e lá enfiado a cabeça. Ponderava em suas costas uma terrível asa negra.

 -Clarice, não pule! NÃO PULE - gritou uma das meninas.

 -MAS O QUE É QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? - perguntou a vice-diretora.

 -Nós acordamos com um barulho - disse uma garota - E quando vimos, Clarice parecia estar sendo empurrada por alguma coisa até a janela, com a boca, as mãos e os pés amarrados e amordaçados com um pano.

 -Empurrada? Empurrada por quem?

 Vector percebeu: Ninguém conseguia ver aquele homem a não ser ele. Não hesitou, saiu correndo um direção áquele ser, e sem perceber sua aproximação, jogou-se em cima da criatura, comprimindo-a no chão, e tentando socá-lo, pois estava cheio de raiva, afinal, ele queria jogar Clarice pela janela. O homem empurrava Vector, tentando se afastar, mas não tinha sucesso.

 -Quem é você? Quem é você? - perguntou Vector, sem fôlego.

 Como de fosse mágica, ou pior, como se a vice-diretora tivesse acordado de um sonho, arregalou os olhos para Vector e gritou:

 -UM HOMEM! TEM UM HOMEM NO QUARTO!

 A vice-diretora havia conseguido enxergar o outro homem com aquela capa grotesca. As outras meninas, no entando, olhavam para a mulher incrédula. PAra elas, nada acontecia. Clarice ainda estava ponderada no parapeito da janela.

 Uma enorme luz apareceu no quarto, uma luz tão forte que ninguém conseguia imaginar de onde havia saído. Imediatamente, Vector pode ver, ainda em cima daquela criatura, os pés e o corpo de Ludovy se formando pela luz que aparecia no quarto, e logo, o anjo estava correndo em direção ao dois.

 -Largue o homem - sugeriu Ludovy, completamente sério. O mais sério que Vector já viu. O jovem largou aquele ser esquisito, e levantou-se. O cara ainda estava jogado no chão, olhando para os dois de uma forma mortífera.

 Ludovy agachou-se e segurou o pescoço pálido do homem tão forte, que Vector imaginou ver o anjo estrangulá-lo. Mas as coisas aconteceram de uma forma bem mais estranha. A capa que o homem usava começou a diminuir, a ficar apertada. Num baque, o homem desapareceu, sua capa havia virado cinzas, e seu corpo transformou-se numa gigantesca fumaça.

 Vector segurou Clarice e levou-a até o chão. Desamarrou as cordas que nela havia, e colocou-a na cama. A menina estava chorando, trêmula, abraçou Vector de uma forma desesperada. Por um segundo, por um breve segundo, Vector pensou em beijá-la no rosto. Mas não era a casião certa. A menina ficou olhando de Vector para o anjo, e do anjo para a vice-diretora e as meninas, que não enxergavam Ludovy e Vector, e nada que havia acontecido.

 -Aquele era um anjo-mau - explicou Ludovy, aproximando-se - Ele se parece com um anjo como eu, mas eles não tem alma. Sua veste negra é tão feia e velha porque eles estão submissos ao mal. Quando um anjo do bem o toca, eles morrem.

 -Ludovy... - perguntou Vector - Por que você sempre aparece nas horas certas?

 O anjo sorriu.

 -Mas o que ele quer comigo? - interrogou Clarice.

 -Sabe - iniciou o anjo - Os anjos não podem ter filhos, e quando eles teem, o anjo morre.

 Vector e Clarice se entreolharam, não entendo a resposta do "amigo".

 -Se um anjo-mau atacar o filho de um anjo do bem, o filho morre, e o anjo-mau cria uma semi-vida, uma vida quase imortal. Quando o filho do anjo está prestes a completar treze anos, coisas ruim começar a acontecer...

 -Você está dizendo que... - falou a menina.

 -Sim, sua mãe era um anjo.

 A vice-diretora arregalou os olhos.


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Notas finais do capítulo

A vice-diretora conseguiu ver Ludovy? E os anjos-mau, o que realmente eles querem? E como Vector pode proteger a garota, sendo que ele também não é anjo? O que realmente aconteceu com os pais de Clarice? Será que a vice-diretora irá aceitar Vector? Será que Clarice poderá ser assassinada? E se aparecer um anjo-mau quase imortal? No próximo capítulo...
E POR FAVOR, MANDEM REVIEW!!!!!!!!!!!!!!!!!