Forças de Alguém escrita por silensce


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Destino de Vector


Notas iniciais do capítulo

Tudo que Vector deveria fazer era ter uma boa noite de sono, e acordar no dia seguinte para as Olimpíadas de Tecnologia, um grande evento que iria acontecer em sua escola. Mas, no meio da noite, uma criatura estranha invade seu quarto e revela uma notícia incrível e gigante, que mudaria a vida do garoto para sempre.



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 O Sr. e a Sra. Maximillium se orgulhavam em dizer que seu filho, Vector, era o menino mais inteligente do Colégio Astruball. De fato, isso era verdade, Vector tinha apenas treze anos, era magro, com cabelos escuros e curtos, um rosto angelical e muita vontade de estudar. Sempre tirava dez nas avaliações escolares, e todos o invejavam. Mas para Vector, ser inteligente demais tinha um preço - ele não tinha nenhum amigo, vivia vagando pelos corredores do colégio sozinho, como um lobo solitário.

 Como acontece todos os anos, as Olimpíadas de Tecnologia que sua escola estava formando se aproximava, e Vector era um dos preferidos - como sempre - para ganhar a Taça do 1º Lugar, simplesmente porque Vector era o nome que havia sido escrito nas taças dos seis anos anteriores, junto as palavras 1º Lugar nas Olimpíadas de Tecnologia de Flauran / Reino Unido.

 Naquela noite, a família Maximillium havia saído para jantar fora num dos restaurantes mais chiques de Londres (a cidade vizinha), chamado Le-Gourmet (era um restaurante com donos franceses), e por isso sairam cedo de casa. Próximos das dez da noite, o pai, e mãe e o filho Maximillium chegaram em casa. Vector foi para o seu quarto e pôs seu pijama preferido (comprido, listrado verticalmente de verde claro e preto). Reiniçiou a leitura de Memórias de um Hipogrifo Inocente, um livro que ele havia começado a ler há uma semana, e ia lendo um capítulo por dia. Deveria dormir cedo, pois no dia seguinte, seria a data da grande Olimpíada de Tecnologia. De repente a porta de seu quarto abre-se e ele se assusta, precipitando-se para o lado, visualizando quem o interrompera.

 -Boa Noite, Querido - disse a voz doce e meiga de sua mãe, dando-lhe um beijo a distância no rosto - Não vá dormir tarde.

 -Já estou indo dormir - respondeu o menino, marcando a página do livro e posicionando-o em cima de uma prateleira próxima - Boa noite, mãe - falou, agora apagando a lâmpada acesa que estava no quarto, ouvindo sua mãe fechar a porta, e deitando na cama, embaixo dos três edredons, fechando os olhos e apagando sua atividade diária. Fora dormir.

 A noite parecia longa, estava muito frio lá fora, e o vento zumbia chiados incomunicáveis sobre os ouvidos distraídos de Vector. De repente, a maçaneta da porta do quarto de seu quarto começa a girar, lentamente. Uma mão pálida empurrava a porta para frente, e um pequeno rangido ecoou em todo o quarto. Como num susto, Vector abre os olhos, aflito com os pequenos sons. O relógio em cima da prateleira apitou, rapidamente, três sonzinhos, significando então que eram três horas da madrugada. Ele ouve a porta ranger mais um pouco, e rapidamente empurra seu corpo para frente, sentando na cama, e olhando subitamente para a porta entreaberta. Não havia ninguém.

 Mas já era tarde, o garoto havia perdido o sono. Pos-se de pé e fechou a porta, tomando cuidado para não fazer barulho. Uma leve brisa passou por seus ouvidos, e como se tivesse levado um soco, o garoto fixou a janela, do outro lado do quarto, agora aberta. Caminhou, precipitando-se para perto dela, e fechando-a com muito cuidado, arrastando as cortinas. De súbito, a luz de seu quarto se acendeu. Vector virou-se o mais rápido que pode em direção ao interruptor, do lado da porta, e visualizou ali, de pé, um menino com uma aparencia de 16 anos, branco feito leite, uma roupa de frio tipo moleton branca e uma calça comprida e ainda mais branca, com uma auréola flutuante em sua cabeça, loiro, descalço e junto a longas asas brancas que saiam de suas costas, e que pareciam ter sido feitas de penas brancas ou incolores.

 -Desculpe te incomodar tão tarde, caro Vector, é que eu tinha que vir o mais rápido que pude - pronunciou ao menino, tranquilamente.

 -Q-Quem é você? - interrogou Vector - E como você sabe o meu nome?

 -Todos nós sabemos... - começou o outro garoto - Ah, sim, havia me esquecido das formalidades, perdão. Chamo-me Ludovy Ganster, e sou um verdadeiro anjo.

 Vector olhou para Ludovy incrédulo, aquilo parecia ser uma grande mentira.

 -E o que você quer?

 -Bom - disse, agora fitando Vector vibrantemente, como se ele fosse uma barra de ouro valiosa - Vim aqui para te matar.

 O menino arregalou os olhos e tentou se afastar de Ludovy, mesmo sabendo que já estava encostado na parede. Mas o anjo continuou.

 -Tenho uma missão importante para você, uma missão no qual você foi o escolhido para a exercer, e se você é o escolhido, você deve completá-la. Mas para isso eu preciso te matar.

-Nunca! - gritou, mesmo sabendo que seus pais poderiam acordar e abrir a porta a qualquer instante - Eu não quero morrer, eu quero viver. Vá embora!

-Bem... - disse o anjo, num tom muito triste e monótono - Então terei que fazer isso da pior forma...

 A anjo aproximou-se três passos de Vector, que estava traumatizado no canto do quarto, levantou os dedos e estalou-os, dizendo poucas palavras numa lingua irreconhecível. Vector fechou os olhos, havia perdido a consciência, seu corpo desabou no chão, causando um enorme estrondo, e ele adormeceu.

 Depois do que parecia ser dez minutos, Vector voltou a abrir os olhos e a retomar a consciência, enxergou ao lado seu corpo ainda jogado no chão.

 Levantou-se assustado, olhou para sua palma e para suas pernas, tudo estava normal, como se nada tivesse acontecido, mas ele estava ali, em seu quarto, de pé na frente de seu próprio corpo. Mas como? Ele não tería dois corpos. Procurou Ludovy com o olhar, mas não o encontrou.

 Num baque, a porta do quarto abriu-se, e entraram no recinto seus pais, parecendo olhar apenas para o corpo de Vector jogado no chão, e soltando, juntos, um enorme grito. Sua mãe jogou-se contra o corpo caído de Vector e acudiu-o, perguntando-se se ele estava dormindo ou não. Seu pai estava do outro lado, olhando para o filho e tomando seus pulsos. Os dois desataram em chorar.

 -Eu estou aqui, mãe! - gritou Vector, mas ninguém ali pareceu ouví-lo. Jogou-se com toda a sua força contra o corpo de sua mãe, e ele simplesmente atravessou-a, como se ela fosse uma miragem. Olhou bem para aquela cena, de seus pais chorando em cima de seu outro corpo caído, e pequenas lágrimas escorreram de seu rosto, ameaçando deixar o garoto num estado de choque, trêmulo, nervoso, semi-morto.

 -Desculpe - disse uma voz ao lado de Vector, e ao virar-se, o menino deparou-se com Ludovy, que havia aparecido ali de repente - Só você precisa cumprir essa missão, ela foi enviada para mim, para que você a fizesse. Esse era o seu destino, foi por isso que você nasceu.

 Vector, então, pareceu convencer-se, não tinha mais nada a perder, até porque aquele anjo havia tirado o que era mais importante para ele.

 -O que eu devo fazer? - perguntou.

 -Você deve proteger uma pessoa - disse, e Vector pareceu não entender - Você precisa cuidar de uma determinada pessoa e iluminar seu caminho, para que ela se tornasse uma garota agradável, gentil e feliz, é esse o desejo dele - disse, apontando para cima - Na verdade, ele queria que todos fossem felizes, mas...

-Garota? - perguntou Vector, interrompendo Ludovy. O jovem era péssimo quando relacionado com garotas.

-Sim. Ela se chama Clarice, e vive em Fantsburg. Você deve cuidar dela como se fosse seu anjo da guarda, entendeu?

 -E o que eu ganho com isso? - perguntou Vector, incrédulo.

 -Uma passagem só de ida para o céu - respondeu o anjo, com um enorme sorriso - Está pronto?

 Vector ficou sério, deu uma pequena olhada para os seus pais, e voltou a olhar para o anjo. Ele não queria viver sem os seus pais, mas um dia ele voltaria a encontrá-los, e isso era reconfortante.

 -Sim - respondeu.

 Ludovy deu um sorriso alegre e inocente.

 -Sempre que precisar de mim, apenas pense em conversar comigo - disse.

 Os pés de Vector afundaram no chão, e ele foi puxado por uma enorme força para bem longe de sua casa, atravessando paredes e casas. Fechou os olhos, mal sabia que agora o menino sobrevoava toda a cidade de Flauran. Subitamente, ele sentiu que havia levado um gigantesco tombo, e sua cabeça murrou contra algum chão. Abriu os olhos e olhou em volta. Deu a parecer que finalmente havia chegado ao lugar onde ele deveria estar. Estava num armário de vassouras. Mas ele precisava encontrar Clarice, e protegê-la.

 -Lembre-se - disse uma voz do além - Ela só saberá de sua existência quando você se apresentar para ela - comentou a voz.

 Do outro lado da porta, além do armarinho de vassouras, uma voz masculina de uma criança dizia:

 -Por Favor, Clarice, NÃO!

 Vector levantou-se rapidamente. Tentou descobrir de onde vinha o som, e atravessou a porta do recinto, sem abrir-la. Olhou em volta, havia um gigantesco corredor, com uma tapete vermelho que levava para o resto dos corredores, grandes janelas ponderavam na outra parede, e a noite estava caída sobre ele, mesmo com poucas lampadas acesas no teto, lá no alto. Percebeu rapidamente que Clarice vivia num internato, senão ele não estaria ali. Procurou a voz que continuava a gritar, seguiu pelo corredor e virou para a esquerda, em seu final.

 Encontrou ali uma cena horrível, no qual ele arregalou os olhos e levou a mão a boca. Havia um menino de pelo menos onze anos de idade, jogado no chão, chorando. Cinco meninas altas e bonitas estavam em volta, rindo e gritando, e uma garota alta, loira, com roupas peculiarmente rosas, chutava o garoto frenéticamente, mesmo sabendo que talvez ele estivesse sentindo muita dor.

 -Bate mais, Clarice, chute mais! - gritou uma das cinco meninas. Vector não acreditou, aquela menina malvada que chutava o menino sem piedade era Clarice.

 Depois de uns dois minutos, Clarice pareceu cansar-se de chutar. Olhou para o jovem e disse:

 -Isso é para você aprender a não se meter conosco! - exclamou, agora olhando para as outras garotas - Vamos, meninas!

 Clarice seguiu pelo corredor, e ia bem em direção a Vector, mas como seus pais, ela também não conseguiu enxergá-lo, e as outras garotas também. As cinco garotas seguiram Clarice em fila, e Vector acompanhou-as pelo olhar até elas virarem o corredor e desaparecerem de vista. Correu então para o menino jogado no chão, que agora soluçava.

 -Vai ficar tudo bem - disse ele, passando a mão em sua testa, para conferir se ele não estava com febre. Mas sua mão atravessou sua cabeça, e ele lembrou-se que havia virado um semi-morto. Recordou-se também da voz que ouvira do além, dizendo que Clarice só chegaria a vê-lo quando ele se apresentasse.

 Ele não entendia. Por que Ludovy queria tanto que Vector morresse apenas para cuidar daquela garota desprezível e insolente? Por que ela?

 -Isso não vai ser fácil - sussurrou ele, pensando se sua vida realmente valia a proteção de Clarice, e seu desejo infinito de fazer o mal, como tinha feito agora pouco.


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Notas finais do capítulo

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Espero que tenham gostado e se divertido com esse primeiro capítulo - e prometo divertir mais ainda com o resto da série.
Se gostaram - ou não - por favor, comentem, mandem reviews, dizendo o que acharam e o que esperam para o próximo capítulo. Obrigado :D
Até o próximo capítulo!