POV Catherine

O Nicholas disse que a Lisa viria aqui mais tarde. Com toda essa história do ex-namorado dela, e do namoro com meu irmão, nem me lembro da última vez que nos falamos direito. E eu preciso falar com ela, eu preciso conversar com a minha amiga. Hoje eu fiz umas comprinhas no shopping, e comprei a calça que eu tanto queria. Talvez eu a use hoje, se a Lisa topar passear comigo.

Bem, já eram cinco da tarde, e o trabalho do jardim eu tinha deixado nas mãos do Nicholas. Mas ultimamente ele não tem cumprido suas tarefas direito. A maioria das minhas flores já estava na beira da morte e eu precisava salvá-las. Coitadinha das minhas plantinhas! O nosso jardim não era muito grande, e a maioria das flores era a mamãe que trazia pra mim. Mais um motivo pra que eu cuidasse delas direito.

No fundo da casa tinha um quartinho. Lá você encontrava todo tipo de antiguidades e aquelas coisas que apesar de não prestarem pra nada, você nunca joga fora. Entrei e peguei um regador e uma tesoura de jardineiro que estava pendurada na parede. Voltei ao jardim e comecei a cuidar das minhas flores.

– O que você está fazendo? – eu ouvi a voz do Nicholas na varanda.

– O seu trabalho. – ele riu abafado.

– Você sabe que eu não levo jeito com jardim. – ele se aproximou, e eu continuava agachada.

– Boa desculpa, seu preguiçoso. – nós rimos.

– Essas flores são lindas. A mamãe tem um bom gosto incrível.

– Eu sei. – me levantei.

– Pois é. – ele só me observava. - Não vou te atrapalhar mais. Só mande a Lisa entrar quando ela chegar. Eu vou lá pra cima. – ele disse enquanto se afastava.

– Mas é claro! – revirei os olhos.

Me concentrei nas flores por longos minutos. Estava cuidando delas junto com todas as plantas do jardim. Eu estava longe do portão, até que escuto alguém chegando. Devia ser a Lisa.

– O Nicholas está lá dentro, Lisa. – gritei

– E quem disse que é Lisa?

Me virei rapidamente. Claro, era o Flack. Esse cara não tem o que fazer não?

– Ah! É só você. – disse com desdém.

– Quanta felicidade em me ver. Fiquei emocionado! – ele disse em tom de brincadeira.

– Você já escutou, o Nicholas está lá dentro. – voltei a mexer nas flores.

– O que você está fazendo?

– Cuidando do jardim. Não parece obvio? – revirei meus olhos.

– Precisa de ajuda? – ele admirava as plantas.

– Não! Me viro sozinha. – o olhei de canto, observando como ele olhava pras flores. – O que você veio fazer aqui mesmo?

– Ah tá! Sei que a minha presença lhe incomoda. Com licença, preciso falar com seu irmão.

Ele saiu do jardim e entrou na casa. Aquele garoto era extremamente irritante, o que não impedia ele de ser muito lindo. Meu Deus, o que eu disse?

POV Lisa

Quando cheguei na casa do Nicholas, a Cat estava cuidando do jardim. Hoje o tempo estava agradável, e o fim de tarde estava lindo.

– Cat, tudo bem? – disse sorridente.

– Tudo sim, e você? Nunca mais a gente se viu. – ela me abraçou.

– Pois é, a correria está demais. Vamos combinar de sair, pra gente colocar o papo em dia.

– Eu ia te dizer isso agora. Pode mais tarde, à noite?

– Claro, marcado então. – eu sorri – Cadê seu irmão?

– Ele está lá dentro, com aquele mala.

– Você quis dizer o Flack, não é?

– Você entendeu.

– Okay, vou entrar então. Até mais tarde. - sorri

Entrei na casa devagar, e nenhum sinal daqueles dois. Chamei pelo Nick, e ele respondeu. Estavam na cozinha.

– O que vocês estão aprontando? – os dois estavam lanchando.

– Quer? – o Flack levantou o prato que tinha um sanduiche.

– Não, obrigada! – respondi rindo da cara que ele fez.

– Bem, sei que estou sobrando. Vou indo embora. Mais tarde a gente se fala, cara.

Os dois se despediram com um cumprimento que só eles conheciam.

– Tchau Lisa. – ele beijou meu rosto.

– Tchau Flack.

Ele atravessou a cozinha em passos largos e foi embora.

– Tem certeza que não quer comer? - o Nick se levantou até mim.

– Tenho.

– Agora estamos sozinhos – ele foi se aproximando.

– E o que você queria tanto me falar? – estávamos bem próximos.

– Podemos deixar essa conversa pra mais tarde? – ele sorria de canto.

– Com certeza. – sorri também.

E como sempre, mais um beijo aconteceu, ali no meio da cozinha. E automaticamente eu me lembrei do nosso primeiro beijo, que tinha sido naquele mesmo lugar, no dia do brigadeiro. Ah, obrigada brigadeiro!

– Eu te amo! – ele sussurrou depois que nos separamos.

– Eu te amo mais!

– Vamos lá pra cima. Preciso te contar uma coisa.

– Está bem então. Vamos!

Seguimos em direção ao andar de cima, e entramos no quarto dele.

– Por que a janela está fechada? Está abafado aqui dentro. – comecei a abrir a janela.

– É que ela está emperrando. – ele me olhava sentado na cama.

– Me ajuda aqui. Está muito duro. – eu tinha dificuldade pra abrir.

– Deixa comigo. – ele se levantou e conseguiu abrir – Pronto!

– Assim está melhor. – me sentei em uma cadeira de frente pra cama.

Ficamos em silencio por alguns segundos, até que eu me pronunciei.

– O que você queria falar mesmo.

– Bem, o sem noção do Austin veio falar comigo esse dias.

– Com você? – aquilo parecia sem sentido.

– Sim, comigo. E eu posso te afirmar que aquele cara não presta. Fica longe dele Lisa.

Eu me afundei na cadeira. Como eu poderia me afastar do Austin se volta e meia ele estava atrás de mim?

– Eu sei disso. Eu tenho que dar um jeito dele ir embora. Ele já causou confusão demais.

– Isso, o convença a ir, sei lá. Acho que seria melhor para todos.

– Mas ao mesmo tempo eu sinto pena dele. Ele está sozinho, a família mora longe. Não é fácil pra ninguém ficar sozinho.

– Mas a gente não pode dar jeito em tudo nesse mundo, Lisa.

– Nisso você tem razão.

– E tem mais. Você sabia que ele conhece a Iris?

– Não! Não sabia. Quem te disse isso? – fiz cara de espanto

– A Catherine os viu um dia em uma cafeteria juntos.

– Que estranho! – disse pensativa.

– Eu vou descobrir que relação esses dois tem, e como se conheceram. Mas eu preciso que você se afaste deles. Só por precaução.

Eu fico muito feliz sempre que o Nick se importa tanto comigo. Me faz querer estar com ele sempre.

– Obrigada Nicholas, por sempre se importar comigo. – levantei e sentei ao seu lado.

– Isso é minha obrigação, minha namorada. – ele sorriu largamente.

Ficamos nos olhando fixamente, e depois nós abraçamos de um jeito bem reconfortante. Eu o apertei bem forte, como se alguém fosse roubá-lo de mim a qualquer instante. Eu realmente amo esse garoto!