A Breve Segunda Vida De Bree Tanner - Novo Começo escrita por Zoey


Capítulo 9
Capítulo 9 - Conhecendo Seth


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
Me perdoem por não ter respondido os reviews ainda, vou fazer isso agora! É que essas últimas semanas foram terríveis, sério T-T
Espero que gostem!



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E ele usou realmente o máximo de seu poder! Foi só eu dar um passo que senti novamente repulsa, e caí no chão. A repulsa dessa vez estava bem pior, tive de me controlar muito para não vomitar. Novamente fiz um ruído desagradável, que fez meu amigo parar e se aproximar outra vez para me ajudar, já murmurando desculpas. Porém, antes que ele pudesse me ajudar, surgiu detrás das árvores um lobo.

 Um enorme lobo cor de areia.

(...)

Não sei explicar exatamente a cena que aconteceu a seguir, porque eu mal a vi. Estava muito ocupada tentando evitar vomitar ali mesmo, no chão. Encolhida em posição fetal, e abraçando a barriga, parecia para quem visse de fora que eu havia sido seriamente atacada e ferida.

Não precisei do dom de Edward para saber que era exatamente isso que o lobo estava pensando ao rosnar para Fred, após me ver daquele jeito. Fred, reagindo ao instinto, rosnou também, e se colocou em posição de ataque no mesmo momento em que o lobo gigante saltava sobre ele.

Pelo canto do olho pude vê-los rolando pela grama, ambos com os dentes à mostra. O lobo tentava morder e arranhar o rosto de Fred, que revidava tentando mordê-lo no pescoço. Surpreendentemente, pareciam em pé de igualdade até o vampiro usar seu dom.

A criatura bege recuou e cambaleou para trás, mas não caiu. Após se controlar para não vomitar, rosnou para Fred, embora ainda tonto e com ânsia. Como a mira do poder foi para o lobo, parei de me sentir mal instantaneamente, e percebi que se não fizesse algo eles poderiam se matar.

Me levantei rapidamente e me pus entre os dois, torcendo para que eles não me ignorassem e continuassem lutando, só que comigo no meio.

-Parem!

Graças a Deus, eles pararam e me encararam, surpresos. Olhei para Fred, que estava ofegante, e depois para o lobo, na mesma posição.

-Fred, eu o conheço. Ele me ajudou antes, quando eu estava indo atrás de você. Não vai me fazer mal – eu acho, pensei enquanto me virava para o lobo, sem saber muito o que dizer –Hum... senhor lobo, o Fred não vai me machucar, estávamos apenas brincando.

O grande animal tombou a cabeça para o lado, e juro que vi uma expressão cética surgindo em seu rosto.

-Ei, é sério! Era uma brincadeira!

O lobo ergueu as sobrancelhas.

-Não duvide de mim! – rebati, ficando irritada. – É que Fred tem um dom incomum, e o usou quando lutamos. Por isso fiquei caída no chão.

Vocês acreditariam se eu dissesse que, naquela hora, ele riu? De verdade, uma risada-latido saiu da boca do lobo, enquanto comecei a xingar baixinho e praguejar. Não sabia por que, mas aquele animal conseguia me fazer mudar as emoções rapidamente. Talvez, fossem seus olhos castanhos, amigáveis e calorosos...

Espere aí. Eu já vi esses olhos antes!

-Era você, não era? – perguntei do nada, fazendo o lobo levantar as orelhas. – Eu sabia que já tinha visto esses olhos antes! Parecem com os olhos daquele garoto, o que devia ter morrido mas não morreu.

Outra vez a expressão cética surgiu, e a risada escapou novamente de sua boca canina.

-Não ria de mim! – guinchei. – Era você! Mas espere... por que você não morreu?

A risada do lobo aumentou, ao mesmo tempo em que ele erguia as sobrancelhas.

-Droga, pare de rir de mim!

-Ahn, Bree, que diabos você está fazendo? – a voz de Fred se fez presente, alguns metros atrás de mim.

Caramba, esqueci completamente do Fred!

Me virei para ele, envergonhada por tê-lo esquecido e pelo meu estranho diálogo com o lobo ter sido assistido.

-Desculpe, Fred.

-Você estava conversando com o lobo? – questionou, um pouco incrédulo.

-Ele estava caçoando de mim! – me defendi, ouvindo a risada do lobo ao fundo. – Viu? Esse lobo está tirando sarro de mim!

Fred me encarou, obviamente confuso, mas minha atenção não permaneceu nele por muito tempo. Quando escutei os passos do lobo se afastando, me virei rapidamente e disse:

-Espere, não vá embora!

O lobo apenas deu uma olhada para trás e continuou andando, parecendo ignorar o meu pedido completamente. Eu já ia grunhir em irritação, quando um som incomum chamou minha atenção.

Sabe nos filmes, quando a pessoa se transformar em algo? Tipo no Harry Potter, quando o Sirius Black se transformava em um cachorro. Se bem que não me lembro, agora, se fazia algum barulho... mas enfim, sabe quando alguém se transforma ou sei lá, troca de corpo? Faz um pequeno barulho, como uma ondulação do ar que produz som... foi isso que eu ouvi. Algo que nunca tinha escutado antes, só nos filmes.

E então, de onde desaparecera o lobo, surgiu um garoto.

O mesmo garoto que vira ao entrar na floresta, em Vancouver, e o mesmo que eu e Fred encontramos em cima da árvore. Eu não estava errada, era realmente ele!

-Era mesmo você! – comentei, surpresa, ao vê-lo se aproximar.

-É... hum... oi. – respondeu, tímido, e depois se virou para Fred. – Desculpe, cara, achei que fosse algum vampiro estranho que estava atacando a Bree.

Ele se lembra do meu nome?

Fred piscou, parecendo surpreso tanto pela transformação, quanto pelo pedido de desculpas.

-Tudo bem. Você deve ser um dos lobisomens que os Cullen mencionaram mais cedo... é isso mesmo? – meu amigo olhou para mim, pedindo a confirmação.

-Sim, provavelmente. O... – me virei para o garoto, pois não sabia seu nome.

-Seth. Meu nome é Seth.

-O Seth é um deles – continuei, observando-o. Era mais bonito do que eu me lembrava. – Agora que estou pensando, acho que já te vi antes... quando Sam quase me atacou, não foi?

-Sim, eu também estava lá – respondeu o outro, me fitando.

Depois disso ficou um silêncio um pouco constrangedor, no qual ficamos simplesmente nos encarando. Mesmo não tendo olhos azuis, ou verdes, os olhos de Seth eram muito bonitos. Emoldurados por longos cílios, estavam me encantando. Eu nunca vira olhos escuros tão bonitos assim antes.  

Como Seth era bem alto, tive que olhar para cima e ele para baixo, enquanto nos olhávamos. Era um pouco estranho, pois ao mesmo tempo em que eu sentia o cheiro desagradável do moreno e queria recuar, não conseguia tirar os olhos dele e não queria me afastar de seu calor.

Seth era quente, e eu conseguia sentir isso mesmo estando a alguns poucos metros de distância.

Foi então que a voz de Fred surgiu outra vez, me fazendo acordar.

-Bree?

Balancei a cabeça, quebrando o contato visual e me afastando. O garoto fez o mesmo, e nos olhamos envergonhados.

-É, então... – fiquei sem graça, não sabia o que dizer.

-Eu já vou indo – murmurou Seth, parecendo igualmente tímido. – Novamente, me desculpem pelo que aconteceu.

-Está tudo bem – respondi automaticamente. – Ninguém se feriu, não é?

-Sem problemas, Seth – falou Fred, e fiquei surpresa ao detectar a simpatia em sua voz.

-Obrigado – suspirou o quileute, aliviado. – Tchau, então. Gostei de te conhecer, Bree – disse, antes de virar o corpo numa velocidade inumana e sair correndo até desaparecer entre as árvores.

Fiquei olhando suas costas até desaparecerem completamente, e depois me virei para o meu amigo, que me encarava com uma cara engraçada.

-O que foi?

-Só faltou sair faíscas dessa encarada de vocês dois.

-Claro que não! – rebati nervosa.

O vampiro gargalhou.

-Ora, Bree, por favor, eu não sou cego. Aconteceu algo aí, entre você e o lobisomem.

-Lobisomens e vampiros não se misturam desse jeito, Fred. Não viaja – revirei os olhos, ignorando a sensação ruim que tive ao pronunciar as palavras. Eu podia pelo menos ser amiga de Seth?

Após mais algumas provocações amigáveis, e mais gargalhadas do Fred, finalmente decidimos voltar para casa. Notamos que Jasper ainda não havia voltado, o que era estranho considerando o que havia acabado de acontecer.

-Jasper deve ter morrido – observei, ao corremos de volta.

-Ou então passou algum humano a dez mil quilômetros daqui, e ele ficou preocupado achando que íamos matá-lo – ironizou Fred, rindo também.

-Eu avisei que ele era paranoico.

-Uma excelente análise, devo dizer.

Ao entrarmos em casa cumprimentei todos, e descobri por que Jasper havia retornado antes de nós. Alice tivera uma visão, que inicialmente parecia séria, mas que depois descobriram que não era. Se fosse em outra ocasião, eu teria ficado muito curiosa e imploraria para Jasper contar o que ela havia visto, mas não me interessei muito no momento. Estava pensando em outra pessoa. Adivinhem qual pessoa era.

Quem pensou no Seth, acertou.

Eu estava curiosa e um pouco intrigada, afinal Seth era diferente. Havia me deixado passar por ele em Vancouver – ou seja, confiara em mim –, não me atacara na primeira vez que nos vimos, tentara me proteger de Fred, e ainda fora gentil comigo... lobisomens são sempre tão legais assim?

De qualquer forma, senti que comecei a simpatizar com o jovem Seth. Será que os Cullen achariam muito estranho uma amizade entre uma vampira e um lobo?

Isso pelo visto não é algo muito comum por aqui. Os quileutes e os Cullen parecem ser rivais, na verdade.

Subi para o meu quarto, querendo ler um pouco, e Fred foi para o dele. Passei algumas horas lendo e tentando ocupar a cabeça, mas por fim desisti. Não conseguia tirar o jovem lobo da cabeça. Ele me lembrava Diego, tão gentil e diferente.

Não foi muito difícil constatar que eu muito queria vê-lo de novo.

Deixei outro bilhete sobre a cama, só para o caso de Esme ficar preocupada, e saí pela janela. Enquanto corria na direção da fronteira quileute, onde com certeza algum lobo estaria vigiando, percebi que caminhar pela floresta se tornaria um hábito.

Ao chegar na divisa entre as terras dos vampiros e lobisomens, chamei timidamente, mas com a voz alta:

-Seth?

Nenhuma resposta, apenas o farfalhar das árvores.

-Seth? –tentei outra vez.

Após alguns segundos ouvi um barulho, que reconheci como sendo de patas gigantes, e aguardei esperançosa. Porém, não foi o lobo cor de areia que apareceu, e sim um cinza claro, bem menor que os outros. Quase do meu tamanho.

Quando ele me olhou, tive a certeza de detectar hostilidade em seu olhar. No entanto, eu queria realmente ver Seth, por isso ignorei e perguntei educadamente:

-Seth está aí?

O pequeno lobo foi atrás das árvores, e após alguns minutos, veio alguém. Pensei que seria algum homem ou garoto alto e forte, mas me surpreendi, vendo uma garota.

Espere um momento, existem lobisomens mulheres?

A garota, que possuía os mesmos traços dos quileutes, novamente me encarou com antipatia e superioridade, e quando respondeu foi com os dentes cerrados.

-O que você quer com o meu irmão?

Ele era irmão dela? Droga!

-Ele é seu irmão? – expressei minha dúvida em voz alta, fazendo-a revirar os olhos.

-É. Me avisaram que tinha uma vampirinha nova na área, e não te achei nada de mais. Agora, o que você quer com meu irmão?

-Qual é seu nome? – perguntei, resistindo ao impulso de pular em seu pescoço. Ô menina chatinha, viu.

-Leah. E não, não tenho a menor curiosidade em saber o seu.

Admito que essa irritou, apesar de também ter me deixado confusa. Por que a tal da Leah me odiava tanto? Bom, dane-se, educação não faz mal para ninguém.

-Sou a Bree – falei, apenas para provocá-la.

-Eu disse que não queria saber – lembrou-me, cínica.

-Infelizmente para você, não me importo – retruquei.

-Não lembro de ter pedido que se importasse.

-Não lembro de ter dito que ligava para o que você quer.

-Muito engraçado – ironizou.

-Pena que não posso dizer o mesmo – rebati.

Aqui se faz aqui se paga, colega.

Leah ficou algum tempo em silêncio, com os dentes trincados, provavelmente pensando no que iria retrucar.

-Se você quer ver Seth, acho que deveria ser mais educada comigo – disse, por fim.

-Foi você quem começou – comecei me defendendo, mas percebi que ela tinha razão. Suspirei, derrotada – Certo, me desculpe. Eu só queria falar com ele, por um minuto. Ele está por perto?

-Não. – respondeu a garota, curta e grossa.

Senti muita vontade de responder, mas acabei respirando fundo e decidindo deixar para lá. Afinal, se eu queria ser amiga de Seth, teria que pelo menos me dar bem com a irmã dele, não é? Foi pensando nisso que acenei brevemente com a cabeça, e comecei a dar a volta para ir embora.

Bem naquele momento, ouvi outro farfalhar de arbustos, e girei meu corpo a tempo de ver outro lobo gigante aparecendo. Reconheci Sam, com todo aquele tamanho e negror do pelo. Com certeza, era Sam.

Ele tombou ligeiramente a cabeça, no que imaginei ser um cumprimento, e como da outra vez, se transformou e voltou para onde estávamos, sorrindo levemente.

-Olá, Bree. Como vai?

Antes que eu pudesse sequer responder, a voz irritante de Leah se fez presente.

-Por que está falando com ela, Sam? A garota é um deles.

-Não somos amigos dos Cullen, mas pelo menos tentamos manter a paz – replicou ele, firme, e depois suspirou. – Ela acabou de chegar, Leah. Dê uma chance a ela.

 -Respeito por esses assassinos? Qual é, Sam! Ela é uma sanguessuga, e você detesta sanguessugas.

É, isso foi cruel.

Sam me olhou desconcertado, parecendo realmente se envergonhar disso.

-Me desculpe por isso, Bree.

-Tudo bem, eu entendo. Deve ser difícil mesmo.

-Você não faz ideia – ironizou a quileute.

-Leah, não seja cruel. –Sam a repreendeu, frustrado.

Pensei que Leah iria retrucar, grosseira, mas ela simplesmente encolheu os ombros.

-Desculpe, Sam. A garota quer saber do meu irmão, e fiquei preocupada.

O olhar de Sam se acendeu, depois ele disfarçou a expressão.

-Seth?  O está procurando? – perguntou educadamente.

-Eu só queria falar com ele, mas se não estiver volto outra hora.

-Ele está dormindo, mas deve acordar logo. Se quiser esperar...

-Não, tudo bem. Já vou indo – eu não queria causar mais discórdia no lugar.

 -Quer passar algum recado?

Pensei rápido.

-Pode ser. Diga que eu o estou procurando e... diga que agradeci. Por favor.

Sam pareceu surpreso, porém foi gentil ao responder.

-Claro, avisarei.

-Obrigada.

Após agradecer e me despedir com um aceno de cabeça, virei e saí caminhando na direção contrária. Não fiz questão de ouvir Leah falando mal de mim, e Sam discutindo com ela, pois pensava em algo.

Os quileutes pareciam tranquilos e amigáveis, ou pelo menos alguns. Seth e Sam haviam sido muito gentis, o que me surpreendeu bastante. Se eram assim, porque existia tanta rivalidade entre os Cullen e os quileutes?

De qualquer forma, eu estava determinada a não deixar isso me atrapalhar. Queria muito me aproximar do Seth, e quem sabe ser amiga dele?

Afinal, o que pode dar errado em uma amizade entre uma vampira e um lobisomem?


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Notas finais do capítulo

Beijo grande!