A Breve Segunda Vida De Bree Tanner - Novo Começo escrita por Zoey


Capítulo 4
Capítulo 4 - Jasper amigável


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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O lobo cor de areia me olhou e inclinou a cabeça, como se me observasse. Os outros dois (que não tinham visto Jasper, já que ele havia se afastado de mim quando me escondi atrás dele), assim que me viram, rosnaram ameaçadoramente e se agacharam, como que para pular em cima de mim. Reparei que o de cor de areia não se moveu, mas não parei para pensar nisso. Estava apavorada demais.

Quando os gigantes lobos rosnaram outra vez, e pegaram impulso para pular, pensei:

Vou morrer.              

(...)

Posso jurar que vi minha vida passando diante de meus olhos, assim que vi aqueles caninos brancos e pontiagudos em minha direção. Nem pensei em me defender; sabia que nunca conseguiria lutar contra aquelas coisas gigantes.

Só achei uma sacanagem do caramba ter acabado de escapar da morte, com os Volturi, e uma hora depois já estar prestes a morrer de novo.

Porém, isso não ficou em minha cabeça por muito tempo. A próxima coisa que vi foi o lobo maior, o preto, saltar sobre mim.

-Não, Sam! – gritou uma voz, que reconheci sendo a de Jasper.

Por incrível que pareça, o lobo preto o obedeceu. Ele ia cair bem em cima de mim, mas no último segundo se desviou e aterrissou alguns centímetros ao meu lado. Só pude olhar para a estranha criatura, e não ousei me afastar dela. Mesmo estando extremamente incomodada e amedrontada com a proximidade do lobo, tive medo de atrair a atenção dele para mim.

Atenção que estava centrada em Jasper.

Os outros lobos, que antes estavam rosnando e esganiçando para mim (exceto o cor de areia), pararam imediatamente ao ouvir a voz do vampiro Cullen. Qual deles era Sam? Por que eles não pularam em cima de mim? Por que o obedeceram?

O lobo preto, para o meu alívio, afastou-me alguns metros de mim ainda encarando o vampiro. Ele virou-se para Jasper, para mim e então para Jasper de novo. Em uma pergunta silenciosa, mas clara.

-Ela está conosco – respondeu o Cullen, para minha surpresa se aproximando e ficando entre os lobos e eu.

O maior, que saltara para perto, girou o corpo e disparou para atrás da mata. Pensei, por um momento, que eles iriam embora. No entanto, os outros ficaram ali, olhando para nós.

Atrás das árvores consegui ouvir um barulho, bem baixinho. Não era uma voz, era mais um som, uma tremulação. Como um tremor.

E então, um homem saiu do mato. Assim, sem mais nem menos. Era alto, moreno e musculoso. Estava sem camisa, descalço e parecia não ter medo nenhum dos lobos gigantes, e nem dos vampiros presentes na clareira.

Quem diabos é você?

Foi aí que aconteceu o inesperado: ele se dirigiu a Jasper. Falou com ele até áspero, obviamente sem temor algum.

-O quê, Jasper?

O vampiro em minha frente respirou fundo, antes de dizer:

-Ela se rendeu durante a luta de hoje cedo, Carlisle não quis destruí-la. Por pouco os Volturi não a mataram. Então, por enquanto, ela está conosco. Estou levando-a para caçar, por isso estamos tão perto das fronteiras.

-Caçar? Agora? –questionou o homem, confuso.

-Por causa de Bella. Ela ficou muito tempo livre – resumiu Jasper.

-Jasper, ela consegue se controlar? – ele olhou de soslaio para mim.

-Estamos testando, mas ela não fará nada de imprudente agora – o vampiro olhou para mim em um aviso claro.

O homem, que imaginei que seria Sam, virou-se para mim e perguntou:

-Qual o seu nome, garota?

-Bree – Respondi, com um fio de voz. Sabia por experiência própria que demorar a responder uma pergunta dessas podia causar grandes problemas.

Estremeci ao lembrar de Jane.

-Muito bem – continuou o cara. –Meu nome é Sam, não sei se os Cullen já te contaram sobre lobisomens.

-Já.

-Isso facilita. Somos nós os lobisomens, e ouvimos seu rosnado. Como não o reconhecemos, achamos que fosse algum vampiro forasteiro.

Assenti, sem dizer nada. Ainda estava amedrontada pelo que acontecera, e Sam deve ter percebido, pois suspirou e disse:

-Desculpe-nos, Bree, por quase tê-la atacado – a fala me surpreendeu. – Nós protegemos os humanos, e todos os vampiros, tirando os Cullen, que passam por aqui, sempre querem caçá-los. Achamos que você fosse fazer o mesmo, principalmente pelo rosnado.

-Ah... –murmurei envergonhada.  –Desculpe. É que eu não conhecia o cheiro, e instintivamente acabei rosnando. Desculpe, o cheiro é muito diferente.

Sua expressão era serena quando concordou.

-Entendo. Sei como é, o cheiro de vocês também não é muito bom para nós.

-Verdade? – perguntei curiosa, esquecendo momentaneamente da situação.

-Sim – o moreno deu um meio sorriso, surpreendendo-me outra vez. – Mas Bree, tenho que pedir: não faça isso de novo. Avisarei ao meu grupo que tem mais uma na família Cullen, por isso eles não atacarão. No entanto, seu rosnado pode chamar a atenção não só de lobisomens, mas de humanos e de vez em quando até outros vampiros.

Assenti outra vez, timidamente.

-Certo. Bom, peço desculpas, novamente.

Dito isso, Sam se virou para Jasper.

-Jasper, nos desculpe por ter invadido a fronteira. Espero que isso não quebre o tratado, apenas estranhamos o rosnado.

-Não se preocupe com isso, dessa vez. Estamos bem no meio da fronteira, Bree quase a ultrapassou. Não percebi porque a estava vigiando.

Revirei os olhos enquanto eles trocaram mais algumas palavras, sobre um tal de Jacob. Jasper já não estava mais em minha frente, havia se afastado para conversar com Sam. Não prestei atenção no que diziam, apesar de ouvi-los. Estava olhando o lobo cor de areia, que também me observava.

Ele possuía olhos da mesma cor de sua pelagem, diferenciando-o um pouco dos outros, que tinham olhos bem castanhos ou pretos. Por incrível que pareça, seu olhar não me amedrontou. ´Pelo contrário, até fiquei um pouquinho mais relaxada.

Respirei fundo, pela primeira vez, depois do rosnado. Agora o cheiro estranho que eu sentira (que era de lobisomem!) estava muito forte. E também cheirava um pouco ... mal. Está bem, o cheiro dos lobisomens era ruim. Fedia.

Fiz uma careta quando o senti, e o lobo cor de areia fez um barulho, que tive certeza que era uma risada. Olhei para baixo, envergonhada.

Bem de acordo com o que Sam dissera, o cheiro de vampiros para eles também não devia ser bom. O lobo estava com uma cara engraçada, com o nariz torcido e a língua de fora. Principalmente por que era uma cara de lobo, era bem engraçado.

Involuntariamente, dei uma risadinha. A primeira que dera em muito tempo. Pude notar os olhos de todos se direcionando para mim, mas me concentrei apenas naquele amigável e belo ser. Que, por acaso, ouviu minha risada e sorriu também.

Embora o sorriso com os enormes dentes caninos fosse aterrorizante, a língua pendia para o lado, como um cachorro brincalhão. Dei outra risada, vendo-o rir juntamente comigo.

Naquele momento Sam e Jasper terminaram de conversar, e o moreno novamente pediu desculpas. Então chamou todos os outros, que com passos tranquilos foram desaparecendo, um a um, pelas árvores.

O lobo cor de areia hesitou um pouco ao partir e me olhou, como se estivesse se despedindo. Acenei com a cabeça, sorrindo. Talvez eu tivesse arrumado um novo amigo. Sua boca novamente se abriu em um sorriso, quando ele enfim sumiu pelos arbustos e plantas.

Quando todos enfim haviam partido, Jasper começou a correr para o lado oposto. Já me acostumando, o segui tranquilamente, ainda pensando no curioso e diferente sorriso.

Alguns minutos depois, de repente o vampiro estacou e se virou para mim, aparentemente furioso.

-Por que fez aquilo?! Você é burra?! Se eu não estivesse aqui, eles a teriam matado!

Confesso que, naquela hora, fiquei irritada. Desde que eu chegara à casa, a única coisa que Jasper fizera fora me humilhar ou me tratar mal! Realmente, eu não devia ter rosnado, foi uma idiotice. Contudo ele não precisava ficar tão irritado. Eu era nova nisso, não estava acostumada a nada do que estava acontecendo. Jasper não podia me culpar tanto.

-Desculpe. Não consegui me conter – murmurei entredentes.

-Da próxima vez, seja mais racional e pense com a cabeça, não com o instinto. Entendeu? –Era um bom conselho, tenho que admitir. Mas, vindo de sua voz parecia um desafio, e que ele tinha certeza que eu não poderia cumprir.

-Entendi. – resmunguei.

-Ótimo.

Então, sem mais nem menos, Jasper disparou a correr, voltando à casa. Enquanto corria, resmungava consigo mesmo “Isso nunca vai dar certo”, e “Onde Carlisle estava com a cabeça?” e também “Ela parece um bebê. Não vai aprender”.

Por muitos segundos, não falei nada, apenas o deixei me insultar. Porém, depois fiquei cansada. Se ele me trataria sempre assim, não daria certo. Nunca me sentiria aceitar na família, se algum deles me humilhasse daquele jeito sempre.

Em um impulso de coragem empaquei no lugar, questionando alto:

-Jasper, por que você me odeia tanto?

O vampiro parou como se tivesse topado com um muro.

-O quê? – perguntou, virando-se para mim.

-Você ouviu. –Tentei não parecer mal educada ou amedrontada – Por que me odeia tanto? Eu não fiz nada pra você!

Para minha surpresa, Jasper me encarou por alguns segundos. Então, respirou fundo, engoliu em seco e respondeu:

-Olhe, Bree. Peço desculpas se tenho sido mal educado ou grosseiro com você.

-Por que faz isso? – perguntei, quando ele ficou em silêncio.

-Tenho muita experiência com recém-criados, e nunca vi um caso igual ao seu, em que o oponente se rende. Em todos os casos, eles lutam até a morte e fazem o possível para matar o inimigo.

-Mas eu não fiz isso! Nunca tentei matar nenhum de vocês!

-Sei disso. No entanto, tenho um motivo plausível. Temos uma humana em nossa família, Bree. Se não fosse o caso, eu estaria um pouco menos preocupado. Acredite, entendo perfeitamente como o sangue dela é atraente.  Mesmo que você tente se controlar, será muito difícil.

-Sabe disso? – bufei. – Você parece ser o mais rígido e cuidadoso da casa.

O vampiro pôs uma das mãos no pescoço, parecendo um pouquinho desconcertado.

-Na verdade, não é assim.

-Como sabe que o sangue da Bella é atraente?

-Sei porque pouco tempo atrás eu só me alimentava de sangue humano, só parei quando me uni a Alice e sua família. Uma vez, perdi o controle com Bella por perto. Se não tivessem me segurado, eu a teria matado.

Fiquei pasma. Jasper, o todo controlado e rígido, perdendo o controle?

-Sou assim porque quero a segurança para minha família. Se vai ficar conosco, admito que no começo serei muito rígido. Todos seremos. Porém, se conseguir se controlar e provar que pode ficar perto de Bella e de nós sem nos machucar, não serei mais assim – ele lutava para usar um tom gentil.

-Ah... – murmurei.

-Não precisa ficar com medo de mim ou achar que eu vou matá-la, ao menos por enquanto. Mas, se você atacar a qualquer um de nós, prometo que vai perder a vida.

-Isso é muito animador, Jasper. Segundos atrás pedia desculpas e depois já avisa que pode me matar.

O vampiro deu de ombros.

-Só se controle, não machuque ou ataque ninguém, e vire vegetariana. Então, tudo bem.

-Eu realmente não quero machucar nenhum de vocês, de verdade. Tentarei ao máximo agir como... como uma vampira racional. Mas, vai ser muito difícil com a humana. Ela tem um cheiro bom – comentei cabisbaixa.

Jasper tentou sorrir.

-Isso é verdade.

Parecia que não íamos nos matar, então. Pelo menos ele tentaria não me odiar. Já era um começo.

Finalmente voltamos para a casa, em um silêncio menos tenso desta vez. O vampiro não mais reclamou ou me insultou, apenas corremos calados e tranquilos. Porém, quando nos aproximamos da casa dos Cullen, ele estacou.

-Espere, Bree.

Parei também, apesar de não entender. Jasper correu para dentro da casa, e voltou segundos depois.

-Ouça, eu nunca faria isso normalmente, mas vou abrir uma exceção. Bella está em casa – revelou. – Esta vai ser sua primeira chance para se controlar, e se não conseguir, será a última. Acha que consegue?

-Não sei – admiti. – Mas, bebi tanto sangue que nem me imagino caçando.

-É com isso que estou contando. Tente ao máximo se controlar, estarei por perto para ajudar.

-Jasper, e se eu não conseguir? Você vai me matar, não vai? Então não é melhor eu não tentar dessa vez?

-Talvez seja mesmo melhor, mas preciso testar seu autocontrole. Olha, estarei por perto para te segurar caso não consiga.

-Você não disse que iria me matar? – questionei, erguendo uma sobrancelha.

-Te darei um desconto nos primeiros dias, apenas isso. Vamos.

Eu nem havia concordado, mas acabei seguindo-o. Imediatamente, quando passamos pela porta, senti o cheiro da humana. O cheiro dela e de Edward estava forte, e eu podia dizer exatamente por onde caminharam até chegarem à sala.

Foi então que respirei fundo, testando meu autocontrole. O cheiro fresco entrou por minhas narinas, dilatando-as. Jasper ficou por perto, atento.

Fiquei surpresa com o que senti.

Minha garganta ardeu ao sentir o cheiro do sangue humano, mas eu estava tão saciada que não queimou tanto como da outra vez. Eu esperava ter um ataque louco e disparar atrás de Bella, como um animal. No entanto, não aconteceu nada disso.

O cheiro incomodou, bastante. Mas não era o suficiente para eu ir até ela ou fazer algo ruim. Além de que, meu lado racional se recusava veementemente a sequer pensar em fazer algo do tipo. Não depois de toda a confiança depositada em mim.

E também, eu estava satisfeita.

Jasper teve razão em me mandar caçar mais que o necessário, tenho que admitir.

Ele olhou para mim antes de entrarmos na sala, perguntando silenciosamente se estava tudo bem e se eu conseguiria. Assenti hesitante, olhando o arco de madeira que me separava do recinto onde a humana se encontrava.

Você consegue, disse a mim mesma.

Você pode fazer isso.

Você não vai atacá-la.

-Tem certeza? – perguntou Jasper, dessa vez alto.

-A ideia não foi minha! Mas tudo bem, posso conseguir.

E então, finalmente, passei pelo arco e entrei na sala.

Agora vamos ver o quanto consigo me controlar.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor! A história só poderá continuar se eu ver que estão gostando!
Grande beijo! ♥