A Breve Segunda Vida De Bree Tanner - Novo Começo escrita por Zoey


Capítulo 3
Capítulo 3 - Encontro com Caninos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse! Comentem, viu? Beijos!



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Passamos mais uma meia hora ali sentados, o tempo que demorou até que Carlisle e Esme conseguissem me contar tudo. Eu não conseguia acreditar que eles fingiam ser humanos, e que quando o sol aparecia em Forks, diziam para todos que iam às montanhas acampar.

Diziam também para os humanos que todos os filhos eram adotados, o que não deixava de ser verdade. Era uma concepção diferente, que eu nunca havia visto antes. Eles iam ao supermercado para manter as aparências, se formavam na escola e trabalhavam todos os dias. Como uma família comum.

Os Cullen, para os humanos, eram pessoas normais, apenas dotadas de uma beleza incrível.

Inacreditável.

Mas, nada era mais inacreditável do que veio a seguir.

–Lobisomens existem, Bree. Eles nos ajudaram na luta contra o seu bando, por isso o massacre que houve.

–Lobisomens? – engasguei, arregalando os olhos.

Carlisle explicou pacientemente sobre os quileutes, e o trato que fizeram anos atrás. Contou que os lobisomens e os vampiros eram inimigos por natureza, praticamente não se suportavam.

–Então, por que os lobos ajudaram vocês? – perguntei confusa.

Foi aí que veio a bomba maior: a humana, Bella, estava envolvida com um deles. Tinham uma amizade forte, e ao que parecia o lobo Jacob estava apaixonado por ela. Por isso, os dois bandos fizeram uma espécie de aliança, para protegerem-na.

Óbvio que, depois dessa, tive que me encostar no sofá e tomar um ar.

A garota despertou o amor de um vampiro e um lobisomem, e eles a amavam tanto que foram capazes de formarem uma aliança e lutarem lado a lado! Como isso era possível?!

Esme e Carlisle me acalmaram, explicando tudo detalhadamente. Era cada coisa incrível que diziam! Coisas que eu nunca poderia sequer imaginar no bando de Riley, e que eu com certeza não descobriria se não tivesse encontrar os Cullen.

Para falar a verdade, eu nem estaria viva se não os tivesse encontrado, constatei segundos depois.

Após uma meia hora, quando haviam terminado de me contar tudo sobre a vida deles, Carlisle entrelaçou as mãos e me olhou sério.

–Bree, se quer ser uma Cullen, terá que caçar apenas animais e abster-se de sangue humano. Acha que consegue fazer isso?

Pensei bem nas palavras antes de responder, e mesmo assim, gaguejei ligeiramente.

–Eu... não sei. Posso tentar, mas... acho que não vou conseguir. Desde que fui criada, apenas bebi sangue humano.

Esme sorriu, solidária.

–Não se preocupe, querida. Você vai conseguir. –Ela afagou meu ombro. – Jasper consegue.

Encarei curiosa, o vampiro calado, que se retesou ao perceber meu olhar.

Então o todo centrado e protetor Jasper, também tem dificuldade perto da humana? Interessante.

No entanto, meus olhos não ficaram nele por muito tempo, pois novamente a voz de Carlisle me chamou a atenção.

–Além de que, daqui a algum tempo, terá que conviver com os humanos e inclusive com Bella. Sabemos que Bella tem um cheiro atraente, mas é uma filha para nós e companheira de Edward. Ou seja, se fizer algo contra ela, não perdoaremos.

Isso seria um grande problema, já que o cheiro daquela garota não era somente bom. Era maravilhoso! Se o cheiro era tão atraente, imagina só o sangue!

–Bree? – pressionou o patriarca Cullen, com as sobrancelhas franzidas.

–Será difícil – admiti. – Muito.

–Você tentará? – perguntou ele.

–Sim. Só tenho medo de não conseguir me controlar, e acabar machucando-a.

–Nós te ajudaremos, mas terá que treinar seu autocontrole – instruiu Esme, a voz pela primeira vez mais séria. Assenti, refletindo.

Mesmo que o sangue da humana fosse incrivelmente atraente, eu não queria matá-la. Não só pelos Cullen, em não querer magoá-los depois de tudo. Mas, também, pelo fato que aquela garota salvara minha vida. Arriscara a própria, desafiando Jane, para me salvar.

Isso porque eu queria matá-la, e ela sabia disso!

Eu podia ser uma vampira louca por sangue, sem nenhum controle e recém-criada. Porém, ainda possuía senso ético e moral. Sabia que seria terrível me controlar, mas estava disposta a tentar. Devia isso à humana, Bella.

–Bree, o que disseram a você sobre o sol? – perguntou Esme de repente, tirando-me de meus devaneios.

–Riley disse que havia três ou quatro dias no ano que o sol batia num ângulo diferente, e que hoje era esse dia. Durante esses dias, era seguro sair ao sol.

–No entanto, essa não é a verdade – disse Carlisle cauteloso, como se esperasse uma explosão.

–Eu sei –Respondi, torcendo as mãos.

–Você sabe? Quem lhe contou? – eles pareciam surpresos, até Jasper.

–Diego – novamente, o buraco abriu em meu peito, e minha garganta parecia inchada; obriguei-me a continuar. –Um dia Diego me mostrou isso, e não tem nada dessa coisa de quatro dias. Você pode sair quando quiser, que só parecerá um pisca-pisca.

Carlisle riu, enquanto Esme sorria e Jasper revirava os olhos.

–Mas, enfim. –continuei. - Diego ia tentar mostrar isso a Riley, dizer a ele que o sol não oferecia perigo. Certo dia o seguimos, quando ele foi se encontrar com... Victoria. –Parecia estranho dizer o nome, ao invés de “Ela”. – Foi nesse momento que vimos os mantos escuros indo para a casa.

–Ah... compreendo. E eles não viram vocês e nem sentiram seu cheiro?

Balancei a cabeça.

–Não. Diego disse para irmos por cima das árvores, que elas disfarçariam o cheiro.

–Ele é bem inteligente... e esse Diego, acreditava em Riley?

–Não. Nunca acreditou, como eu e Fred. Fred é outro amigo meu, que está vivo – acrescentei.-Bom, continuando, Diego fingia que acreditava, para Riley não desconfiar.

–Ele lutou conosco? –À essa frase, pude perceber que Carlisle odiava violência. A palavra “lutou” saiu de mau gosto. –Eu odiaria ter... matado o seu amigo.

–Não... Diego... ele... ele não morreu na luta. Ele... ele...

Quando percebi, estava chorando, mas sem lágrimas. Apenas o som do choro. Carlisle pôs a mão em cima da minha, reconfortando-me, e Esme afagou meus ombros.

–Ele morreu antes, quando foi contar a Riley sobre o sol. Foi a última vez que eu o vi. Riley e ela o mataram. –Abaixei a cabeça, os olhos ardendo com as lágrimas que eu não podia mais derramar. – Desgraçados, e ainda tiveram a coragem de me dizer que Diego estava vivo e que me encontraria. Malditos! – grunhi, ainda chorando.

–Tudo bem, Bree. Acalme-se. –Esme me abraçou e eu abracei também, com um pouquinho de hesitação. Ainda não estava acostumada com tanta proximidade, e só correspondera e permitira o abraço porque estava emocionalmente frágil.

Carlisle olhou para mim, com solidariedade. Por incrível que pareça, até Jasper parecia um pouco... penalizado.

Foi então que o som de um celular tocando se fez presente, e o patriarca Cullen se levantou rapidamente do sofá, foi em direção a uma mesinha e pegou o aparelho, atendendo-o em seguida. Aproveitei o momento para me recompor, endireitando os ombros e respirando fundo. Após me controlar, observei-o ao telefone.

–Aqui é Carlisle. Ah, olá Edward. Sim. Sim, entendi. Avisarei, até logo.

Dito isso, encerrou a chamada e fechou o celular. Depois, virou-se para mim e disse:

–Bree, Edward e Bella chegarão logo. Sei que está satisfeita, posso ver em seus olhos que se alimentou recentemente. No entanto, o sangue de Bella é muito atraente e você não conseguirá se controlar. É melhor ficar longe dela, por enquanto.

–Entendi.

–Mas, por preocupação, acho que seria melhor se caçasse e ficasse até mais do que satisfeita. Assim, o risco é menor.

Assenti compreendendo, e me levantei. Estava disposta a fazer de tudo para controlar aquela sede perto da garota. Eu realmente devia isso à ela.

–Tudo bem. Vamos lá.

Pela primeira vez, Jasper se pronunciou.

–Deixem que eu a levo. Vai ser difícil para ela se controlar, e é perigoso. Sei lidar melhor com recém-criados.

Imediatamente minha disposição murchou e me senti pior. Eu sabia que Jasper não gostava nem um pouco de mim, e que provavelmente seria bem rígido.

Mas que droga.

Para minha frustração, Carlisle pensou por um segundo e concordou.

–Hum... acho que vai ser melhor. Jasper têm experiência nesse assunto. Algum problema, Bree?

–Não, tudo bem. – menti. Queria gritar: “por favor não me deixem com ele!”. Contudo, óbvio que não faria isso.

–Então vá com ela, Jasper. Mas seja gentil. – instruiu Esme, como da outra vez.

O vampiro assentiu, saindo pela porta em seguida. Não tive escolha se não ir atrás dele, lançando um olhar medroso para Esme. Ela apenas sorriu tranquilizadora, alegando que ficaria tudo bem.

Não tenho tanta certeza assim se vai ficar, pensei desanimada enquanto passava pela porta de entrada, saindo na varanda que dava para o jardim da frente. Mal tive tempo de descer as escadas, quando Jasper disparou em uma direção na mata, desaparecendo em segundos dentre as árvores.

–Droga, custava esperar?! – praguejei, enquanto corria atrás. Por ser mais jovem e estar mais alimentada, não demorei a encontrá-lo e parar ao seu lado, diminuindo um pouco a velocidade para não passá-lo.

Saímos correndo juntos por pouco tempo, pois Jasper acelerou, indo bem na minha frente. Assim, deixou bem claro que queria que eu ficasse atrás, o que achei melhor não contestar. Diminuí a velocidade para ficar atrás dele, de modo que ele determinasse a direção e eu o seguisse.

Disparamos mata adentro, pulando lagos e nos afastando cada vez mais da casa e de qualquer estrada dos humanos. Corríamos entre as árvores, e andamos uns bons setenta quilômetros em poucos minutos. Quando estávamos bem longe, numa pequena clareira, Jasper parou.

Parei atrás, observando cuidadosamente o local e sentindo alguns cheiros diferentes. Naquele momento, o vampiro se virou para mim, dizendo:

–Aqui há muitos cervos. O cheiro deles é diferente, e você não achará apetitoso. Talvez, se der sorte, vai achar um puma.

Ele disse bem mais gentilmente do que da primeira vez que falou comigo, mas sua voz estava dura. Decidi deixar isso para lá, e inalei fundo me concentrando no turbilhão de cheiros que me aturdiu.

Senti vários odores ali por perto, e um cheiro que achei que fosse um cervo. Confesso que o cheiro não era nada apetitoso, mas o olhar firme de Jasper reforçou que ou era aquilo, ou não voltaríamos tão cedo para a casa.

Fechei meus olhos por um segundo, concentrando-me unicamente no cervo. Quando descobri a localização exata do bando dos cervos, corri atrás, com Jasper em meu encalço.

Encontrei o bando logo, torcendo o nariz com o cheiro. Disse a mim mesma para me acostumar com isso, que seria minha refeição pelo resto da vida.

Deprimente.

Balancei a cabeça afastando os pensamentos desanimados, e foquei os olhos no bando. Desliguei meu cérebro e deixei o instinto me dominar, algo que já estava acostumada e que treinara em Seattle. Saltei sobre o rebanho de cervos e abati uma fêmea, não muito grande.

Como nunca gostei de ver nenhum ser sofrendo, a morte dela foi rápida e praticamente indolor. Quando finquei minhas presas em seu pescoço já imóvel, estremeci. Sentir o gosto de seu sangue foi um choque.

Minha primeira reação foi tirar a boca de lá, e cuspir o sangue que estava em minha boca.

–É horrível!

Para minha surpresa, Jasper respondeu:

–Tente de novo, depois de um tempo não fica tão ruim.

Segui o conselho, mordendo a corça novamente e bebendo seu sangue. Depois de alguns minutos, constatei que ele estava certo.

De fato, o sangue não era muito bom, mas acabei acostumando. Quando terminei de beber o sangue dela, pulei sobre o bando novamente e abati outra maior que a primeira, apesar de não ser a maior fêmea do rebanho. Depois de sugar o sangue da segunda, senti-me satisfeita, pois algumas horas atrás eu já tinha caçado e havia matado uns quatro ou três humanos. Agora me sentia bem saciada.

Voltei para perto de Jasper, meio acanhada, pois ele havia observado cada movimento meu.

–Acho que estou satisfeita. –Falei baixo.

–Cace um pouco mais. –Disse com a voz dura, mas percebi que se esforçava para ficar gentil.

–Ahn, não, obrigada. Estou bem.

–Vá – o pouco de gentileza sumiu quando ele respondeu, irritado.

Obedeci, de mau gosto. Eu me sentia muito cheia, até meio empanturrada. Porém, tinha que obedecer o senhor general.

Voltei a perseguir o rebanho de cervos, que à essa altura já percebera que havia uma predadora ali. Dessa vez estavam mais espertos, mas não o suficiente para fugir de uma vampira. Abati a segunda maior fêmea do bando, e quando acabei de beber seu sangue, voltei para perto de Jasper.

–Cace mais dois cervos. E pegue o macho maior desta vez.

Fiz uma careta. Tinha certeza que não precisaria caçar por mais uns três ou quatro dias.

–Vá! – ordenou outra vez, grosso.

Bufei alto, revirando os olhos. Cacei o macho e outra fêmea, e já não aguentava mais nada. Sem contar que o sangue dos cervos era ruim e enjoativo. Só porque eu havia me acostumado um pouco, não significava que era bom.

Quando voltei para perto do vampiro, esperava alguma palavra legal e reconhecedora por parte dele. Ledo engano. Jasper mal olhou em minha cara, apenas se virou na direção oposta e saiu correndo.

Bufando de novo, fui atrás. Quando estávamos a uns quarenta quilômetros da casa dos Cullen, senti um cheiro forte, estranho. E o cheiro era bem recente, como se o dono dele tivesse passado há uns três ou quatro minutos.

O cheiro era horrível.

Instintivamente, rosnei. E bem alto. Jasper, que estava correndo, parou, e quando viu o que eu estava fazendo voltou que nem um raio para perto de mim.

–O que você está fazendo? –Ele perguntou, como se eu fosse alguma criança comendo cola. Como se eu fosse burra.

–Rosnando, se não percebeu – retruquei ácida.

Naquele momento, meus ouvidos detectaram um barulho, como alguém correndo bem rápido em nossa direção. Só então percebi como fui idiota, de rosnar. Se houvessem outros vampiros, e ouvissem meus rosnados, eles viriam e me matariam.

Quem quer que fosse o dono daquele rastro estranho e fresco, havia sido atraído pelo meu rosnado. Obviamente fiquei assustada, pois pelo barulho, era algo muito grande ou várias coisas enormes que vinham diretamente para mim.

Mesmo que ele me chamasse de covarde depois, corri para trás de Jasper, e me escondi ali. Surpreendentemente – ou não –, o vampiro saiu da minha frente, deixando-me com muita raiva. Eu sabia que ele não gostava de mim, mas me odiava o suficiente para me deixar morrer?

No entanto, não tive tempo para xingá-lo ou gritar com Jasper. Isso porque, de repente, aquilo que estava vindo chegou. E logo identifiquei o que eram as coisas enormes que eu ouvira.

Imensos lobos, bem maiores do que eu, saíram de trás do mato. Eles deviam ter o triplo da minha altura, e havia quatro deles ali. Um preto enorme, um cinza escuro não tão grande, um cor de chocolate e um cor de areia.

O cor de areia era o menor, mas ainda sim era bem maior que eu. Imediatamente, reparei no cor de areia, que achei o mais bonito. Me lembrava um cachorrinho que eu tive quando era pequena, e que o adorava.

O lobo cor de areia me olhou e inclinou a cabeça, como se me observasse. Os outros dois (que não tinham visto Jasper, já que ele havia se afastado de mim quando me escondi atrás dele), assim que me viram, rosnaram ameaçadoramente e se agacharam, como que para pular em cima de mim. Reparei que o de cor de areia não se moveu, mas não parei para pensar nisso. Estava apavorada demais.

Quando os gigantes lobos rosnaram outra vez, e pegaram impulso para pular, pensei:

Vou morrer.


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Notas finais do capítulo

Até mais! Comentem, por favooor! Preciso saber o que estão achando!Grande beijo!