Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 22
Livro 1 :: Destino - Ato 10


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo temo a participação de Shaka, um jovem de incríveis habilidades que ajudará Selene e, é claro, seu reencontro com Saga.



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Um dia ameno. A última noite ofereceu uma madrugada de chuva forte após as pesadas nuvens estacionarem sobre o Santuário no fim da tarde acompanhada de forte vento. Tão logo amanheceu Selene cruzou as Doze Casas, mas nem mesmo pudera parar em Gêmeos. Saga havia partido cedo para um patrulhamento, o que era uma pena. Gostaria de ao menos vê-lo naquele que seria seu primeiro de seu ‘treinamento especial’ com um jovem algumas casas acima.

Até à Sexta Casa Zodiacal, não havia guardiões, embora Câncer estivesse servindo de moradia para o aprendiz de seu antigo Guardião da qual não encontrou presente em sua passagem — e agradeceu por isso. Seguiu adiante passando por Leão e, finalmente, seu destino. Ainda nas escadarias pudera ver as duas estátuas que adornava a entrada, sendo, essas duas, bastante familiares.

Enquanto residiu em Jamir, descera poucas vezes ao vilarejo — sem contar quando fugiu na primeira vez. Numa dessas viagens, conheceu alguns poucos templos existentes na região e viu algumas estatuetas e outros monumentos com aqueles adornos e vestes, além da posição das mãos. Havia alguns, inclusive, no castelo de Jamir. De imediato, imaginou que aquele que a aguardava fosse também um lemuriano.

O templo em seu interior não era diferente dos outros. Passara por eles diversas vezes, sempre vazia. Há alguns dias mesmo, quando subiu ao Templo do Patriarca, não havia sentido qualquer algo semelhante como naquele momento.

Havia uma aura diferente presente naquela Casa, a começar pelo cheiro de campo e de flores. Porém, onde quer que seus olhos alcancem, via apenas pilastras e parede de pedra, com pouco de luz da entrada e pontos mais altos do templo. Não fosse o bastante, aquilo parecia tranqüilizar Selene, esvaindo de sua ansiedade e angústia que a tomava desde que saiu de Áries.

Estava tomada por uma incrível paz.

— O que é isso? Jamais sentiu algo assim quando passei por Virgem... Sentia meu corpo tão pesado e, de repente... — dizia Selene para si mesma num sussurro por baixo de sua máscara, continuando seus passos quando cessou no instante seguinte. — O que é isso? Esse cosmo...

Selene observava um ponto de luz mais adiante, uma luz dourada e crescente que parecia chamá-la, guiando-a até os fundos do grande Templo, onde havia a parede com a insígnia de Virgem em relevo, e diante desta, num patamar mais elevado, havia um grande ornamento em ouro-velho que lembrava uma flor gigante com suas pétalas abertas. Sobre ele, havia um jovem de longos cabelos claros e dourados como o cosmo que o circundava.

Parada junto aos degraus, a jovem apenas contemplava o jovem à sua frente. Era mais novo que Saga e Aiolos, aparentemente na idade de Mu ou mais velho um pouco. Parecia contemplativo indiferente à presença de Selene tão próxima a ele.

O seu rosto estava nublado pela franja que caia sobre sua face, as mãos em repouso em seu colo, com a esquerda sobre o côncavo da direita, ambas as mãos viradas para cima, como bem lembrava ver dos monges em seus templos. Também estava sentado em posição de lótus, indicando que estavam em profunda meditação, exatamente como aquele jovem estava.

“Eu não entendo. O mestre Arles me mandou aqui, mas... Não me parece um lemuriano. Seria ele assim, tão poderoso como Mu me disse?”, indagou Selene, nem percebendo o quanto se aproximava e suas mãos buscando alcançá-lo. Porém, o que viu foi um crescimento repentino de seu cosmo, criando uma forte luz que somente fez Selene desviar o rosto e fechar os olhos, buscando bloquear aquela luz com suas mãos. Quando reabriu os olhos, estes se arregalaram.

A Casa de Virgem havia desaparecido. Não havia mais as pilastras nem as paredes. O chão de pedras tinha dado lugar a um tapete verdejante como de um campo, com pétalas de flores voando junto com a brisa que tocava em sua face trazendo o perfume que sentiu ao entrar naquele templo. A imagem fria do templo deu lugar a uma paisagem bucólica da qual jamais imaginou, muito menos sobre como teria ido parar ali.

— O quê? Que lugar é esse? Como foi que eu...  — dizia Selene para si mesma olhando o jardim encantada, ao mesmo tempo aturdida.

“Não tem porque ficar assustada”, ecoou a voz junto à sua mente, fazendo-a ficar em alerta. “É a minha convidada, Selene. Eu estava esperando por ti”. Disse mais uma vez, e Selene, num impulso ou guiada mesmo pela voz, virou-se em direção onde avistou duas árvores pequenas e arborizadas, dispostas lado a lado. Meio a elas estava o jovem que viu no Templo Zodiacal.

— Você é Shaka? — ela apenas viu a sombra do que poderia ser um sorriso, mantendo ainda seu rosto nublado pela franja que caia sobre sua face. — O que é este lugar?

— Este é o Jardim das Árvores Gêmeas. — respondeu ele serenamente, mas mesmo sendo muito jovem, tinha um timbre de voz forte. — É uma sala da quais apenas aqueles convidados por mim podem vê-lo e entrar. Será onde faremos seu treinamento.

Selene sentia-se impelida de perguntar novamente, mas não queria ser inconveniente ou algo parecido, mas nem mesmo foi preciso fazer a pergunta, pois o próprio ou teria lido sua mente ou simplesmente respondeu o que parecia ser óbvio demais.

— É o lugar ideal para trabalharmos em seus medos e nas suas dúvidas, sem a preocupação do tempo e do espaço. Em outras palavras, vou ajudá-la a entender o seu verdadeiro estado de plenitude de seu ser. — respondeu à Selene sem que ela tivesse feito necessariamente a pergunta.

A jovem ficou sem palavras naquele momento. De fato, a visão que teve há alguns dias a perturbou completamente, sem contar os sonhos que, há algum tempo, a atormentavam com dúvidas e receios.

No entanto, Mu comentou sobre ‘fechar’ sua mente, algo da qual ela não compreendeu como seria feito e não entendeu do porquê ser com aquele jovem. Porém, assim como há pouco, Selene o viu levantar a cabeça e revelar sua face, delicada de expressão serena.

— Uma pergunta. — ela disse somente, aproximando-se dele, sentando-se sobre as próprias pernas e olhando-o com misto de curiosidade e receio. — Por que tem seus olhos fechados?

— Abdicar um dos sentidos permite que possa sentir o mundo à sua volta sem que seja enganado por eles. É dito que os olhos são a janela da alma, mas ela também pode ser a entrada para o mal, através da mentira daquilo que queremos enxergar e não propriamente a realidade. — dizia ele confiante, sem alterar seu tom de vez, para a surpresa de Selene. — Os seus olhos, veem além, mas os seus medos e suas angústias interferem na realidade, levando-a a interpretações errôneas. Por isso está aqui. Sou o único que pode ajudá-la nesse processo e compreender a essência desse universo.

Não somente aquelas palavras surpreenderam Selene como também a imagem que ela viu surgir atrás dele. Selene viu a imagem de Buda atrás de Shaka, fazendo-a arregalar os olhos. “Buda? Por um acaso esse jovem é a reencarnação de...”, pensou ela, voltando-se para um Shaka inabalável, sereno, compenetrado. Sentou-se em posição de lótus, mantendo as mãos repousadas em seu colo, mas não como ele as tinha.

— O controle de suas emoções é o mais importante. Muitas são as adversidades, os desafios da qual será testada o seu medo. — aconselhou Shaka com serenidade. — Não vencerá na primeira vez. Mantenha sua mente vazia!

Ela apenas o ouviu sem nada dizer, apenas assentindo e fechando os olhos. Tão como Shaka havia dito, perdeu a total noção do tempo enquanto naquele jardim

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— Você disse... dez dias? — indagou Selene piscando aturdida para Mu que assentiu despreocupado, amarrando as ataduras em seu braço. — Mas... mas isso é... impossível! A sensação que tive foi de algumas horas e... e...

Selene não tinha palavras para aquela surpresa, olhando para Mu e para a saída de Áries como se olhasse em direção de Virgem, a sexta Casa no Monte Zodiacal. De fato, havia estranhado sair de Virgem e observar o sol quente de início de tarde, quando bem lembrava que aquela manhã o céu não parecia tão limpo — mas tudo poderia mudar numa questão de horas.

Saber que foram dias ausentes junto ao garoto Shaka, soava absurdo. Mu parecia se divertir com seu desespero dizendo ser normal perder a noção de tempo enquanto em meditação, ainda que isso tivesse levado dias.

— Mephisto, aquele sucessor a Cavaleiro de Ouro de Cancer, perguntou por você. — dizia Mu buscando outras ataduras enroladas no chão, não percebendo o certo calafrio sentido por Selene ao ouvir aquele nome. — Ele estava com o espanhol, Shura, e estavam seguindo para o anfiteatro quando falei que estava melhor, mas em treinamento. Saga estava com eles, seguia para um patrulhamento.

Ouvir que Saga sabia de sua ausência era um alívio, mas ainda se preocupava e esperava encontrá-lo o quanto antes.

Contando os dias que ficara em Áries em repouso aos cuidados das servas e mais aqueles dias em Virgem, estava praticamente duas semanas ausentes, o que deixou suas aprendizes sem uma tutora e com as avaliações tão próximas — algo que àquela altura já deveria ter acontecido.

Precisava procurar por Aelia para saber melhor de como tudo se deu em sua ausência, sem nem mesmo aguardar pela liberação do Mestre Arles.

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Enquanto cruzava os corredores do Santuário com destino ao anfiteatro, remetia às lembranças sobre aqueles dias em Virgem. Aquelas idas e vindas meio suas meditações tão perturbadoras no início, não poderia ser de alguns minutos ou horas. Parando para pensar sobre isso, de fato, aquilo se prolongou por dias e noites ininterruptas. ajudado por manter-se naquele jardim de paisagem bucólica da qual parecia que o tempo havia simplesmente parado para os dois.

Era um lugar realmente relaxante e calmo, que a ajudava com sua concentração, mas quando se via diante daquela grande porta, algo sempre parecia assustá-la o bastante para recuar e gritar, meio a dor e agonia, fazendo-a despertar. Na última vez, sentiu as mãos dele sobre seus olhos, enquanto sua voz ecoava em sua mente:

 “É preciso vencê-las. Não se deve entregar o medo, mas enfrentá-la. Os seus olhos trazem a revelação e é preciso atravessar as brumas que a fazem temer se quiser entendê-las, compreender o que está diante de seus olhos, mas nublados pelo seu medo”

Os olhos que se negavam a abrir, observava, mais uma vez, a grande porta diante dela, avançando ainda com receio. Não entendia o que era aquilo ou o que representava. Esticava o braço para tocá-lo, mas acaba por recuar. "Não tenha medo. Avance!", dizia Shaka em sua mente.

Quando ela tocou a porta, respirou aliviada, empurrando com calma até que uma forte luz a envolveu, obrigando-a a cobrir o rosto. Somente abaixou os braços quando percebeu a luz dissipar-se, e encontrando-se de volta a Virgem tão quando ali chegou.

— O quê? Mas o que aconteceu...? — indagava perdida, observando Shaka, em sua posição de lótus, silencioso, imóvel diante dela. O que ouviu dele oi em comunicação direto com seu cosmo.

"Você conseguiu vencer o seu primeiro obstáculo, e podemos encerrar por aqui por hora. Descanse e retomaremos de onde parou. Saberá quando deverá vir, Selene. Eu a chamarei quando for preciso."

Dias. Foram dez dias naquela luta para vencer aquela barreira. Era o que aquela grande porta representava. Desde então se sentiu mais leve e confiante, mas não deixava de sentir-se curiosa sobre o que a aguardava a partir dali.

Esperaria a convocação do próprio Shaka para dar continuidade aos seus treinamentos, mas isso não a impediria de continuar tentando por si só. Porém, não aquele momento, queria apenas encontrar Aelia e saber das meninas, encontrando-a no anfiteatro.

A recepção da amiga foi calorosa. Conversaram sobre os treinamentos em sua ausência e não se animou muito com o que soube, principalmente pelo fato de que Jisty havia assumido o treinamento.

— Sinto muito, Aelia... — dizia Selene com pesar na voz.

— Não se culpe! Soubemos o que aconteceu e todas ficaram preocupadas com você. Mas, está se sentindo melhor? O mestre Arles permitiu que saísse? — indagou Aelia, também preocupada. — Estou aqui falando, falando e nem deixei dizer o que aconteceu. Como se sente?

— Digamos que ainda estou tentando entender. — respondeu Selene, apoiando os braços na perna e olhando para os jovens aspirantes mais abaixo, no centro do anfiteatro. — Diria que tudo explodiu em minha mente e não aguentei o tranco, perdendo os sentidos. — Selene observou a amiga levar a mão na altura dos lábios. mesmo com a máscara, imaginava com clareza sua expressão de surpresa. — Estou melhor, não se preocupe. Eu fiquei preocupada com as meninas... — dizia Selene, ouvindo a amiga agradecer a 'consideração que tinha por ela', num tom de brincadeira, fazendo as duas rirem. — Desculpa! Você é mais experiente e sabe como tudo aqui funciona diferente delas. Dizendo que Jisty assumiu o treinamento delas... a Marin! A garota ruiva, lembra? Estávamos treinando juntas e ela estava evoluindo tão bem.

— Ela foi quem me ajudou a lidar com as meninas. Quero dizer, aquelas que ficaram... — disse Aelia com certa tristeza na voz. — Ah, Selene, foi horrível! Agora que voltou, espero que seja definitivo.

— E eu vou! Preciso apenas ter a autorização do mestre Arles e retomar a turma. Pode avisar as meninas que voltei. — dizia Selene segurando forte a mão da amiga quando ouviu aquele pigarro e aquela voz soar às suas costas, fazendo as duas se levantarem.

Ambas assistiam Jisty, olhando-as de cima, acompanhada de suas meninas, incluindo a mais jovem, na idade de Marin, usando os adornos metálicos, mostrando seu nível de aprendiz elevado.

— Já não era sem tempo, Selene. — Jisty estava usando sua armadura de Prata em tonalidades escuras azul e detalhes em vermelho, acompanhado de sua máscara de presas. — Não disse, meninas, que uma hora ou outra a princesa despertaria de seu sono profundo? — as meninas riram, sem hesitação. Aelia e Selene mantinham-se mudas. — Quem será que foi o príncipe que a despertou? Melhor dizendo... Quem foi o cavaleiro, Selene? Que saudades... De volta às atividades? — indagou, com suas palavras impregnadas de veneno.

— Olá, Jisty! — respondeu Selene, contendo a sua insatisfação ao máximo por aquelas ironias, segurando forte o braço de Aelia. — Vejo que tem novos aprendizes. Soube que assumiu a turma em minha ausência. Obrigada!

Não havia agradecimentos sinceros, apenas política nas palavras de Selene. Ouvir de Aelia que as meninas serviram mais de saco de pancadas para as garotas de Jisty, não mais que isso, desagradou-a completamente.

Algumas haviam abandonado, desistido dos treinamentos, outras ficaram feridas demais para continuar, até mesmo desestimuladas. Poucas das que ficaram foram mal-sucedidas nas avaliações, sendo ridicularizadas e servindo de degrau para as aprendizes da Amazona ali presente.

— Não há o que agradecer, fiz o que deveria ser feito já que se ausentou por tanto tempo... — dizia, voltando-se para Selene de modo incisivo. — Vou lamentar e muito ter que devolvê-las a você. Afinal, não fui eu que passei duas semanas descansando com sombra e água fresca, Selene...

Aquelas palavras irritaram mais Aelia que a própria Selene, segurando a amiga que parecia querer avançar contra Jisty. Esta riu, quase gargalhando, acompanhada das meninas que ela logo fez questão de dispensar em seguida para o anfiteatro. Elas se dividiram, passando pelas duas garotas, uma delas batendo no ombro de Aelia em provocação, lambendo os lábios, a única parte visível de sua máscara que parecia ter sido quebrada.

— Uma pena que não mostrou essa força de vontade na seleção, Aelia. Talvez tivesse inspirado as meninas que partiram. Enfim! Nem todas conquistam seu lugar ao sol! — disse Jisty colocando as mãos no ombro da garota de cabelos esverdeados que se manteve ao seu lado. — Aliás, devo esperar por sua seleção na próxima turma? Ou será que o mestre Arles ainda está lambendo demais a sua aprendiz?

Aelia por pouco não escapou das mãos da amiga que a puxou, se colocando de frente dela e de costas para Jisty. Aquelas palavras ácidas e depreciativas da Amazona foram como um golpe na boca do estômago de Selene. Ela mesma sentiu ímpeto de avançar contra a Amazona, e poderia se quisesse. Porém, ela era ainda uma aprendiz e estaria desacatando uma Amazona de Athena.

— Acho que algumas menininhas... — dizia Jisty afiando suas garras com seu cosmo, preparando para deferir um golpe. — Precisam saber exatamente onde é o seu lugar.

— Diria exatamente o mesmo a uma Amazona que falta com respeito ao Grande Mestre como ouvi há pouco, Amazona de Serpente.

Aquela forte presença fez as meninas se virarem, dando de cara com uma indumentária dourada às suas costas e um semblante sério com olhar profundo e incisivo recaindo sobre a Amazona que recolheu de imediato suas garras afiadas. Selene também reconheceu aquela voz, principalmente quando ouviu Aelia se referir a ele como "Sr. Saga de Gêmeos", fazendo-a se virar para ele.

— Sabia que por estas palavras desrespeitosas com Grande Mestre podem ser condenadas a pena de morte? Com uma Amazona de Prata deveria ser um exemplo em não faltar com respeito aquele que representa a deusa Athena, Amazona. — dizia Saga com tom firme na voz, sem desviar sua atenção de Jisty um instante sequer para Selene. — Eu teria mais cuidado quando me referir a ele.

— Perdão, Sr. Saga. Não foi minha intenção. — dizia Jisty desculpando-se para o cavaleiro de Ouro, curvando-se diante dele.

— Espero não ver isso se repetir. Agora vá! — findou Saga dispensando-a de vez, ouvindo-a se desculpar novamente e ficar ereta, virando-se de costas e encarando Selene por mais alguns instantes e avançando, passando por ela e Aelia.

Às costas de Saga surgia Mephisto, com suas roupas de treino, os braços cruzados frente ao peito e observando a Amazona se distanciar. Recaiu seus olhos sobre Selene e a cumprimentou.

— Olha isso... Que bom que esteja melhor, signorina! — disse Mephisto a cumprimentando com leve aceno com a cabeça, e correspondido de modo tímido por Selene. — Que bom que esteja bem. Devo dizer, 'seja bem-vinda'?

Selene assentiu, sendo monossilábica com um simples 'Sim!' quando ouviu Saga chamá-lo, passando ao lado de Selene, fazendo a Amazona se arrepiar. Aelia nem mesmo percebeu, ficando mais encantada pelo italiano que qualquer outra coisa, além de soltar um riso após ficarem sozinhas com o que se sucedeu com Jisty.

— Nossa! Se me contassem, nem acreditaria! Quem é aquele homem com o Cavaleiro de Ouro de Gêmeos? Que lindo! — dizia Aelia ainda observando-os ao longe.

— Ahn, o nome dele é... Mephisto! Ele... Ele está para ser sagrado o Cavaleiro de Ouro de Cancer. — disse Selene, massageando os braços, o que fez Aelia se voltar para a amiga, perguntando se ela estava bem. — Sim, eu estou. Apenas... Estou bem, não se preocupe.

Respondeu, mas não nunca se sentia bem enquanto próxima aquele italiano. Algo nele simplesmente a incomodava.

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Os seus pés tocaram de leveza no chão seco coberto de folhas que as árvores já estavam a abandonar com o fim da estação. O verde estava dando lugar a tons amarelados e avermelhados, e mesmo o vento ali já soprava mais frio que de costume, o que a fez encolher-se um pouco. Caminhou alguns passos somente, chamando a atenção de quem a aguardava naquele que teria sido o refúgio de ambos há alguns meses.

Diferente de algumas horas onde o viu com aquele semblante sério e imponente e olhar incisivo, encontrava aquele homem que amava em uma expressão serena. Selene removeu a sua máscara prendendo na cintura e correndo até ele, sendo recebida em seus braços nus da armadura que estava aos pés de uma árvore.

Trocaram beijos apaixonados, meio a selinhos rápidos antes de trocarem algumas carícias e se sentarem, meio a relva. Ela se acomodava meio às suas pernas, abraçada e protegida por Saga que parecia prendê-la em seus braços fortes como se quisesse impedi-la de fugir novamente. Selene apenas sorriu, deixando a cabeça recostada em seu peito, ouvindo seu coração. Mantiveram-se em silêncio por alguns minutos, apenas gostando daquele momento antes que qualquer palavra fosse trocada.

— Desculpe! Eu queria ter te avisado, mas... — dizia Selene, entrelaçando seus dedos aos dele. — Nem mesmo eu me dei conta do tempo que passou. Não queria preocupá-lo mais do que já estava comigo.

— Eu soube por Mu que estava em Virgem em um treinamento com o garoto Shaka. — respondeu Saga, brincando com os dedos dela. — E por algumas vezes fui a Virgem para ver se a encontrava, mas estava vazia! Não senti sua presença e dele naquele lugar, o que achei estranho porque algumas vezes o via meditando, tão alheio a tudo e a todos.

— Você foi até lá? Saga! — Selene se voltou para olhá-lo melhor, desvencilhando um pouco dele de modo a fitá-lo. — Alguém poderia desconfiar...

— Tudo bem! — ele sorriu, tranquilizando-a. — Virgem é passagem para o Templo do Patriarca e quando precisava falar com Aiolos, em Sagitário. Afinal, somos os únicos Cavaleiros de Ouro por hora e o Grande Mestre nos instituiu alguns deveres. — dizia, puxando-a de volta para seus braços, beijando-a no alto da cabeça. — Apenas me demorava pouco mais em Virgem para ver se os encontrava.

Ela riu de maneira contida sobre aquilo, aninhando-se mais em seus braços enquanto comentava que, realmente, não tinha como encontrá-los, e aquilo soou realmente estranho até mesmo para ela, principalmente quando ela falou do jardim em Virgem.

— Jardim? Não existem jardins nos templos zodiacais. Quero dizer, existem algumas plantas ou uma árvore por conta do Monte, mas na entrada e saída... Mas, um jardim? — ele viu Selene acenar positivamente com a cabeça e não entendia o que queria dizer aquilo. — Selene, do Templo de Sagitário eu ficava a observar o templo, nunca reparei que havia um jardim.

— Acho que não fica no mesmo plano da Casa, Saga... E-Eu não sei explicar bem, pois num momento estava no templo quando eu o vi emanar uma forte luz de seu cosmo, e... — ela tentava explicar, gesticulando. — ... de repente estava naquele jardim, com duas árvores iguais, gêmeas! Ele estava sentado entre elas... — comentou Selene se colocando mais de frente a ele, percebendo-o pensativo. — Que foi? Foi algo que disse?

— Disse árvores gêmeas? — indagou Saga, vendo Selene confirmar confusa e perguntando do porquê. Saga apenas sorriu. — Isso é curioso, porque existe uma história de que Buda, quando estava para morrer, se deitou debaixo de duas árvores gêmeas para ir para seu repouso eterno. Será que Shaka é... — Saga balançou a cabeça de modo a parar de pensar aquilo, sentindo o toque das mãos de Selene em seu rosto puxando-o para um beijo, imediatamente correspondido pelo cavaleiro. — Enfim! Como se sente? Ainda não sei o que aconteceu.

— Incrivelmente, mais leve. — comentou, mantendo ainda seu rosto bem próximo ao dele. — Parece que... tudo explodiu na minha cabeça. Não sei explicar exatamente, mas o Shaka, de alguma forma, me ajudou com isso, de acalmar aquilo me desnorteou naquele dia.

— E o mestre Arles já te liberou para os treinamentos. Eu ouvi dizer que voltaria assumir sua turma quando ouvi Jisty dizer aquilo. A minha vontade foi de explodi-la naquele momento. — comentou Saga com leve raiva, mas acalmado por Selene, tocando com o dedo em seus lábios, roubando um selinho.

—  Tá tudo bem. deixa pra lá. Com ela eu me viro. E não quero falar delas, quero falar de nós dois... matar saudades... — dizia fitando nos olhos verdes de Saga, sentindo o toque dele em seu rosto que a fez fechar momentaneamente os olhos e sentir mais uma vez o seu beijo, mais ardente que ao anterior.

As mãos de Saga, em sua nuca, brincando com seus cabelos, desciam pelas costas de Selene, enquanto a outra mão segurava em sua cintura, puxando-a para mais junto dele. A jovem, por sua vez, tinha suas mãos apoiadas em seu ombro, subindo para o rosto de Saga de modo a se apoiar e sentar-se de frente para ele. Tal posição permitia que as mãos do Cavaleiro, antes em suas costas, descessem até seu quadril, abraçando-a de vez e girando-a de modo a deitá-la no chão, sem que os beijos fossem interrompidos, tornando-se ainda mais lascivos.

As mãos de Selene ganhavam o peito do cavaleiro, passando por cima do tecido de sua blusa, indo de encontro com o cinto de couro que ela puxou para mais junto dela. As mãos de Saga subir de sua perna para a cintura, seguindo até os seios.

Trocaram olhares por alguns instantes e voltando a se beijar quando ouviram barulhos próximos, fazendo Saga se levantar e olhar à sua volta. Selene também havia ouvido, levantando-se em seguida, recompondo-se, vendo que já anoitecia. Ela ainda não tinha falado com mestre Arles. Saga também precisava voltar.

Selene aguardou que ele vestisse sua indumentária e abandonaram aquela clareira, ainda desconfiados com o que ouviu. Encontraram apenas um coelho. Embora quisessem se convencer que fosse somente aquilo, acharam melhor voltar por hora.

No entanto, olhos os observava meio aos galhos da árvore com um largo sorriso malicioso estampado em seu rosto.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Selene e Saga se aproximam cada vez mais, e está chegando o dia em que será reconhecida como Amazona de Atena. Meio a isso, outras revelações estão por vir.



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