Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 17
Livro 1 :: Destino - Ato 7


Notas iniciais do capítulo

Novos personagens entram na história, e cada um deles vão começar a traçar seus distintos caminhos das quais apenas uma pessoa é capaz de ver o destino que foi reservado a cada um.



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Descia as escadarias das Doze Casas Zodiacais não muito aliviada de quando subiu. Ainda se sentia estranha e incomodada por aquele sonho que voltou atormentá-la após aqueles dois meses.

Havia de ter relatado aquilo há mais tempo, e estava para fazer isso quando soube do embate no anfiteatro entre Saga e Kanon, seguido de seu exílio em Jamir e esquecendo-se de tudo após sua reconciliação como mais velhos dos gêmeos engatando num relacionamento secreto que passaram a ter naquelas últimas semanas.

Após aquela noite, no entanto, não podia deixar de relatar aquelas visões.

Ainda sentia arrepios e certo temor. Aqueles olhos vermelhos expressando puro ódio e o fio dourado da lâmina naquele corredor escuro sem distinção acompanhado de sangue, fez Selene despertar assustada e seguir, rumo ao Santuário e até o Mestre Arles e contar aquilo.

Nem bem tinha amanhecido quando relatou tudo ao Grande Mestre que se mostrou muito preocupado. O que quer que aquilo pudesse significar, não era bom. Deveria sentir-se mais tranquila, mas Selene ainda sentia grande aflição dentro de si.

Sentiu o toque em seu braço e se assustou. Estava ainda tão assustada com aquele pesadelo que sentia que cairia em prantos — embora algumas lágrimas vinham à sua face por baixo da máscara. Ao virar-se, viu se tratar apenas de Saga, com sua armadura dourada às suas costas e mostrando-se assustado tanto quanto ela por sua reação. Não houve hesitação em correr para seus braços e abraçá-lo. Nem mesmo tinha percebido que descera até chegar a Gêmeos.

— Está mais calma? Eu vi quando subiu com Mestre Arles. Quer me contar o que aconteceu? — perguntava Saga, ainda abraçado a ela.

Estavam sentados num canto escuro escondido de Gêmeos com Selene entre suas pernas, ela ainda encolhida, a cabeça encostada em seu peito próxima ao seu rosto. Não usava a máscara, mantendo-a ao seu lado. Quanto a ele, usava apenas as botas da armadura dourada, mantendo apenas a proteção de tecido e couro do peitoral, que não impedia de transparecer seu físico malhado e definido, além da calça branca. Saga mexia em seus cabelos com uma mão e a outra tocava seu rosto com a ponta dos dedos.

— Ahn, apenas um... pesadelo. — sussurrou ela com a voz vacilante, os olhos bem abertos. Selene sentia medo em fechar os olhos naquele momento. — E-eu o tive... há alguns meses, mas desta vez foi pior. Precisava contar ao mestre. Mas ainda...

Saga a sentiu estremecer, abraçando-a ainda mais forte e pedindo para se acalmar com um assovio. Selene se encolheu ainda mais em seus braços. Sentiu seus dedos descendo por seu rosto e descendo até seu queixo, puxando-a para ele e seus lábios tocando os dela com suavidade. Assim como ela, não fechou os olhos, mas a observava.

— 'Tá tudo bem. Estou aqui contigo, ok? Não vou deixar que façam nada contigo ou, quem quer que seja ele, vai se arrepender de pensar em lhe fazer mal. — Saga sorriu, mantendo ainda os lábios bem próximos e conseguindo arrancar um riso de Selene. — Viu? Já consegui te fazer rir. — e roubou mais um beijo, esse pouco mais demorado.

Ambos ficaram ali por mais algum tempo, escondidos e namorando em Gêmeos, quebrando todas as regras. Após a reconciliação, tanto Saga quanto Selene prometeram não mais esconder o que um sentia pelo outro. Claro que manteriam o máximo da discrição.

Naquele momento mesmo, estavam arriscando serem descobertos, mas Saga não permitiria que ela partisse sem estar seguro de que ficaria bem. Entre beijos e carícias, conversaram algumas trivialidades como se tinha previsão de sua prova e sobre seus treinamentos físicos, mas estavam a adiar por sempre acabar por ficar namorando invés de concentrar-se no exercício físico. Não que qualquer um reclamasse, e aquilo até fez ambos rirem. O pesadelo que sofrera naquela manhã agora parecia ser um passado distante.

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— Não, o seu treinamento fica adiado para amanhã, Selene. — comentou o Mestre Arles quando saíram da Sala do Grande Mestre, enquanto caminhavam pelo corredor do Templo do Patriarca. — Não podemos fazer um treinamento com sua mente tão fragilizada, isso seria muito perigoso. Sabe tão bem quanto eu que não foi um pesadelo somente. Descanse por hoje, voltamos a treinar amanhã. Nada de esforços.

Embora tivesse conseguido relaxar mais no restante da manhã que passara em Gêmeos com Saga, sentia uma leve enxaqueca. Treinar o bloqueio da mente realmente não era algo tão fácil. Havia de se concentrar em seu oponente, fechar a sua mente e ao mesmo tempo avaliar o inimigo, o que fazia realizar três tarefas simultâneas bastante complexas. E

Estava a treinar já havia uma semana com Mu, tão logo ele retornou de Jamir. Ele já sabia que ela seria absolvida dos treinos, mas não ele que era treinado direto pelo mestre Shion, o Patriarca.

Passou próximo ao anfiteatro, onde havia grande concentração dos Cavaleiros, Amazonas e aprendizes para o processo seletivo de conquistas de armaduras da categoria Bronze. Selene não foi uma das selecionadas, mas logo haveria os de Prata e ansiava que pudesse ser finalmente um deles. Contudo, não ficaria para assistir.

A exaltação e gritarias estavam a aumentar as fisgadas em sua cabeça, optando por um lugar mais calmo onde pudesse realmente relaxar sua mente.

Por todos estarem, em grande maioria presente no anfiteatro, os campos de treinamentos estavam quase que vazios, havendo um ou outro treinando sozinho ou com um amigo em pontos bem dispersos.

No Campo das Amazonas não era diferente, embora a presença fosse bem mais difícil uma vez que mulheres ainda era uma minoria no exército de Athena, e dentre estas poucas eram escolhidas para servirem diretamente a deusa, algo que não estava longe de acontecer, e Selene era dita para ser uma das escolhidas e isso a deixava um tanto apreensiva.

As servas de Athena existiam desde a Era Mitológica, sendo aquelas educadas e tornando-se sacerdotisas no templo da deusa — auxiliando no banho e nos rituais, guardiãs que eram escolhidas tão logo o ‘nascimento’ de Athena e servindo à deusa. Recebiam suas armaduras como qualquer Cavaleiro ou Amazona, mas se tornariam Saintias de Athena.

Entretanto, essas guerreiras tinham uma particularidade: as máscaras que recebiam tinham um fio de ouro denotando serem guardiãs da deusa — como as mulheres que Selene uma vez viu no vilarejo quando chegaram aos domínios do Santuário numa das festas de consagração à deusa.

Enquanto na Acrópole estavam isentas do uso de máscaras — as servas não usavam tal adorno — senão quando diante de outros cavaleiros. Uma singularidade tanto das servas quanto das guardiãs estava no voto de castidade. Isso dizia que, se Selene fosse escolhida a ser uma das guardiãs, haveria de pôr um fim em seu relacionamento com o geminiano.

Aquilo perturbava o íntimo de Selene. O que sentia por Saga era forte demais, e era correspondido por ele. Por outro lado, como negar e explicar o porquê de sua escolha se os relacionamentos como aquele eram proibidos?

O fato de ser treinada pelo auxiliar do Grande Mestre levantava ainda mais razões, pois recebia um treinamento diferencial das outras Amazonas, mesmo que auxiliasse muitas aprendizes. Jisty era quem mais insistia naquilo, causando certo incômodo. Uma vez que fosse escolhida uma guardiã, sua residência seria acima dos Templos Zodiacais.

A sua mente estava bem dispersa observando o Campo das Amazonas vazio e silencioso enquanto divagava em tudo aquilo, e exatamente por isso permitiu Selene ouvir sons próximos de galhos. Aquilo a distraiu por um instante, olhando à sua volta e percebendo movimento nos arbustos. Ela franziu o cenho, mantendo-se parada onde estava e sorrindo por baixo da máscara.

Não era preciso mover um músculo para fazer, o que ou quem quer que se escondesse ali levitar e revelar-se, e Selene se surpreendendo com o que via.

Um garoto de não mais que 12 anos ganhou ao menos quase 2m do chão, ficando de ponta cabeça. Selene se aproximava a passos calmos, com os braços cruzados frente ao corpo e observando bem o garoto que lhe parecia muito familiar. Ele primeiro gritou o que acontecia enquanto ganhava o alto, depois se debatendo no alto como se isso fosse evitar de levá-lo ao chão, arrancando risos abafados de Selene.

— O que um garotinho faz no Campo das Amazonas? Sabia que é proibido a entrada de homens nesse território?  — dizia Selene olhando-o, parando bem próxima a ele e levitando-o à altura de seu rosto, deixando o garoto mais assustado. — Não te conheço de algum lugar? — ela só o ouviu engolir a seco e os olhos verde escuros, assustado.

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Os dois caminhavam pela estrada arborizada, uma de diversas que levavam aos caminhos para o Santuário, Campos de Treinamentos e Rodório. Naquele momento, Selene o levava pelo que chamavam de ponto neutro, ou ponto cego, teleportando os dois do Campo das Amazonas de modo a não despertar suspeitas. Evidentemente houve medo do garoto que se mostrava muito contrariado e temeroso.

— O que estava fazendo ali? De quem estava se escondendo? — indagou Selene quebrando o silêncio que havia entre os dois. Ele não respondeu, mantendo a cabeça baixa. — Tem sorte que fui eu quem o encontrei, senão...

— Virava comida das garotas que me fariam em pedacinho. Eu já sei! — respondeu ele emburrado. Aquilo fez Selene parar seus.

Embora ele não pudesse ver seu rosto, não escondeu sua surpresa com o que ouviu e o garoto percebeu pela maneira que ela o observava e pelo “Como?” que escapou.

— Isso mesmo que ouviu. Eu sei que devoram aqueles que entram em seus territórios, arrancando cada membro e...

As suas palavras pararam quando a ouviu rir, embora buscasse conter aquilo. O garoto ruborizou com aquilo, ficando ainda mais emburrado, mesmo com Selene se desculpando.

Ele tinha os cabelos claros, quase loiros e volumosos, sobrancelhas grossas e um grande olhar, penetrante. Usava vestes brancas, já amareladas, presas com cinto de couro como as sandálias fechadas que usava. As mãos eram cobertas por ataduras até os braços, indicando ser um aprendiz e estavam levemente sujas, o que indicava que estava treinando antes de chegar ali.

— Do que está rindo? Eu não sabia que era a área das mulheres-caval... — ele se calou, fazendo Selene parar de rir também. Ele percebeu que estava próximo a cometer uma ofensa, e se calou, sem saber como continuar.

— Entendo. Os campos vazios, você correu sem destino e se assustou quando me viu, escondendo-se nos arbustos. — continuou Selene ignorando aquilo, voltando a caminhar, com o garoto junto a ela. — Ainda não disse do que ou de quem estava fugindo. Será que adivinho? Você se parece muito com...

— NÃO! — exclamou ele, parando de caminhar e parecendo muito assustado. — Eu não vou voltar. E-ele... Ele ta... Ele está muito bravo comigo.

— E por que ele estaria bravo com você? — Selene parou alguns passos à frente, observando-o. — Não consigo imaginá-lo bravo com alguém. Se for quem estou pensando... — o garoto deu um passo para trás. Se não fosse esperta, correria dali e o perderia de vista — Olha, por que não conversa com ele? Nós dois conversamos. Eu falo com ele e você espera. O que acha?

Ele piscou aturdido, meio hesitante, mas acabando por concordar após muita negociação. Acabaram por descer os campos de treinamento e seguindo em direção ao centro do Santuário pelos corredores que cortavam por fora da região do anfiteatro. Encontrariam a pessoa bem mais à frente junto a alguns guardas. O garoto tratou de se esconder atrás de algumas pilastras antes mesmo de Selene dizer qualquer coisa.

— Não sabia que já tinha voltado, Aiolos. — disse Selene caminhando até ele que acabara de indagar um soldado sobre alguém e dizendo que 'não o tinha visto'. Quando se voltou para a voz às suas costas, abriu um sorriso. — Quanto tempo não o vejo. Seria o que, uns três meses?

— Quatro meses praticamente, levando em consideração o tempo de viagem. — disse ele. — Como vai Selene? Como vai? Fugindo do anfiteatro como eu?

— Digamos que sim. A minha cabeça não está nos melhores dias, mas estou bem. — respondeu ela com uma das mãos na cintura. — Acredito que o Grande Mestre o tenha dado alguns dias de folga.

— Sim, ele me deu, e aproveitei exatamente hoje que os campos de treino estavam vazios para treinar com Aiolia. Você sabe, o meu irmão menor... — dizia ele gesticulando o tamanho do garoto pouco mais baixo do que realmente era, depois levando a mão a cabeça perdido.

Aiolos e o garoto com quem Selene estava acompanhada eram realmente parecidos, exceto pelos cabelos pouco mais escuros e sendo mais velho, aproximadamente 18 anos, com um corpo mais malhado e ombros mais largos pelo exercício.

Aiolos era um exímio arqueiro e uma mira imprescindível que o fez ganhar o apelido de 'olhos de águia'. Tinha a roupa de treino parecida com a do garoto, sendo que usava um peitoral de couro como nos braços e ombreiras metálicas.

Comentava que estava a treinar com Aiolia quando ele sumiu, no momento que explicava algumas técnicas d e controle do Cosmo, um estágio que exigia muita atenção e dedicação dos aspirantes. Durante uma apresentação, notou que o irmão havia desaparecido.

— Acho que eu o assustei. Por um acaso você não o viu por aí? — indagou, observando os modos de Selene. Ele não podia ver seu rosto por conta da máscara, mas entendeu seu movimento com a cabeça como se quisesse olhar para trás e ele entendeu, sorrindo de canto após ele a ouvir que não. — Enfim, um momento ele aparece. Acho que estou exigindo demais dele.

— Talvez esteja se sentindo pressionado porque é irmão de um Cavaleiro de Ouro, o dourado de Sagitário. — sugeriu Selene arrancando risos de Aiolos, este cruzando os braços frente ao peito.

— Imagino que sim. É a pupila do auxiliar do Grande Mestre, imagino o quanto ele deve ser rigoroso nos treinos. Imaginava chegar e já vê-la com sua armadura. — comentou ele caminhando dentro de um mesmo círculo, fitando-a. — Fiquei surpreso de ver alguns cavaleiros e soube que Saga de tornou o dourado de Gêmeos. Deve ter sido um embate difícil

Ele conheceu Kanon e até treinou algumas vezes com o gêmeo mais novo e sabia o quão competitivo ele era, assim com o provocador. Quando comentou sobre o embate difícil, percebeu certa inquietude da mulher, franzindo o cenho e seu sorriso esmaecendo para um semblante preocupado. “Será que aconteceu alguma coisa?”, pensou ele.

— Bom, agora não sou único dourado aqui. E em breve teremos mais um, ou dois, quem sabe. — disse tentando mudar o assunto.

— Mais dois? Estamos falando exatamente de quem? — perguntou Selene surpresa. Não tinha ouvido comentários nem mesmo tinha conhecimento disso.

— Bom, um deles parece que chegou com Saga da Itália, foi aprendiz de um Cavaleiro de Câncer que estava fora há anos, e foi mestre de Sólon, mestre do Saga e do Kanon. — respondeu ele dando de ombros. — Eu seria enviado para esta missão, mas o mestre me mandou para outra julgando ser mais importante. Nessa missão conheci outro cavaleiro, de grande potencial também. O seu nome é Shura, nome que adotou de seu antigo mestre. Eu o conheci quando estive na Espanha.

Selene baixou a cabeça, recostando numa pilastra quebrada na metade, mas oferecendo segurança para se apoiar. Achava aquilo irônico quando percebia os caminhos que o Santuário seguia com toda aquela xenofobia.

Dois possíveis dourados, não-gregos.

Ao comentar aquilo, Aiolos assentiu. Antes mesmo de sua partida o clima já se encontrava tenso no Santuário e nada parecia ter mudado.

— Nunca fui a favor disso. Todos nós sabemos que Athena luta por um todo, não somente pelos gregos. Isso é uma completa ignorância! — disse Aiolos num tom mais sério e olhando os campos mais à frente, sendo possível ouvir as ovações do anfiteatro.

— Ouvir isso de você é bom, levando em consideração do que eles chamam de 'puro sangue grego'. — comentou Selene, e Aiolos a chamava em igual, sendo respondido imediatamente com um riso da garota. — Não, eu tenho o sangue misturado. Não esqueça que sou meio lemuriana. Ou meu pai ou minha mãe era grego, mas isso nunca vou saber. Independente disso, também sou contra essa distinção que só tende a nos separar.

— Acontece. Quem sabe um dia não percebam que tudo isso é uma grande besteira. — comentou ele, levantando os braços e esticando-os frente ao corpo. — Acho que vou tirar o resto da tarde de folga, e seguir seu conselho de pegar menos no pé dele. — Selene sorriu por baixo da máscara, e Aiolos só percebeu por vê-la encolher os ombros. — Acho que fui duro demais com ele há pouco e o assustei.

— Eu não consigo imaginá-lo bravo com Aiolia. Sempre o vi tão calmo e paciente, e ele o admira muito. Se bem me lembro, ele ficava encantado vendo-o treinar com seu arco e o quanto torceu quando conquistou sua armadura. — disse a mulher, e aquelas palavras parececeram mexer com Aiolos, ficando a fitar Selene com admiração e um tanto intimidado. — Ele apenas não quer te desapontar. Ele não quer te decepcionar.

— Talvez eu tenha dado entender isso. — admitiu Aiolos soltando um suspiro, olhando em direção às pilastras onde Aiolia se escondia. — Talvez possamos esquecer o treino por hoje e curtir o resto da tarde. O que acha, Aiolia?

O garoto surgiu por trás das pilastras, observado por Selene e por seu irmão Aiolos que estendeu a mão chamando-o. Pareceu hesitante, mas foi prometido que não brigaria com ele e o garoto correu ao seu encontro. O único comentário foi que o havia deixado preocupado, bagunçando os cabelos do irmão.

—  Ah, Aiolia, antes que eu me esqueça. — dizia Selene que já estava de partida. — As Amazonas não atacam à luz do dia. Ficaria evidente demais. Porém, à noite, não posso garantir nada!  — brincou ela, fazendo Aiolos piscar aturdido com aquilo e perguntando ao irmão do que ela falava. O pequeno ruborizou, mas depois riu daquilo explicando ao irmão enquanto desciam pela rua.

Enquanto assistia Aiolos afastar-se com seu irmão menor, Selene caminhou até onde se ouvia a euforia no anfiteatro, assistindo pelo alto. De onde estava também tinha a visão das Doze Casas Zodiacais, não muito distante e, de repente, sentiu novamente aquela vertigem.

Por um instante tudo pareceu perder a cor e luminosidade. Um olhar para o céu e Selene viu o sol cobrir-se por um manto negro e uma sombra cair sobre o Santuário. Um grito ecoou em sua mente antes que tudo se perdesse.

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— Tenho me preocupado com ela, Shion. As suas habilidades têm despertado de modo agressivo, crescendo cada vez mais, sem limites! — comentou Arles para Shion. Ambos estava numa sala particular do Patriarca. — Primeiro o sonho, agora isso? Por quê?

Shion não sabia responder, mas era notória sua preocupação. Estava próximo à janela que havia em sua sala e observava o sol, pouco a pouco, sumir no horizonte. Era o fim de mais um dia naqueles mais de duzentos anos frente ao Santuário, e as evidências não podiam ser mais claras pelo relato feito por Arles.

— Um eclipse. — disse Shion quebrando o silêncio — Chamam de Grande Eclipse. Houve uma vez em que a Terra foi varrida pela escuridão. Foi antes de meu tempo e teve início um grande banho sangue. Preciso dizer quem foi, ou melhor, foram os responsáveis por isso?

— Acredita que haja ligação entre o sonho o que aconteceu com ela? — indagou Arles às costas de Shion, mais afastado.

— Eu não sei, Arles. — respondeu o Grande Mestre desanimado, voltando-se para fitá-lo. Não usava seu elmo, uma ocasião rara. A sua face era marcada pelas linhas do tempo, mas conservava ainda sua imponência e beleza de outrora. — O que realmente sabemos é que Selene é capaz de ver muito além e sentir as mudanças desse tempo. Lamento que tenha sido ela a escolhida para receber estas premonições. O certo é que esta geração será aquela a lutar pela próxima Guerra Santa.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Selene será submetida a intensas provações, à escolhas das quais poderão ditar não somente um, mas inúmeros destinos. Esse capítulo somente será postado a partir de 04/01, quando regressamos do recesso das festas de fim de ano e já desejo a cada um dos meus leitores, Feliz Natal e próspero 2014. Obrigado a todos que seguem até aqui.



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