Nos casamos na primavera, numa cerimônia mágica. Tudo parecia celestial e inacreditável. As gardênias que decoravam a igreja estavam extremamente perfumadas, a luz do fim de tarde brilhava através da imensa janela atrás do altar, onde o padre fazia seu discurso. Cerca de trezentos convidados ocupavam os bancos atrás de nós, e minha madrinha de casamento e melhor amiga, Daniela, não parava de chorar. Estava vestindo o mais lindo vestido de noiva que era capaz de imaginar, branco com detalhes dourados no corpete, e outros que seguiam pela longa calda. 
Entre tudo isso, tanta perfeição, tudo no que conseguia prestar atenção era no sorriso encantador do Hugo, e seu sempre presente olhar travesso, que como sempre, era o que calava todas as minhas inseguranças e me fazia acreditar que podias ser felizes para sempre.
- eu, Luiza, prometo amar-te e respeitar-te, ser fiel, estar com você na alegria e na tristeza, na saúde na doença, até que a morte nos separe. 
– eu, Hugo, prometo amar-te e respeitar-te, ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde na doença, até que a morte nos separe. E também prometo. Ele acrescentou com doçura. Nunca deixar-te sozinha, e nunca, nunca, deixar de dizer o quanto te amo, para me certificar que nunca esquecerá disso. Ele sorriu com o canto da boca. 
Algumas lágrimas desciam pelo meu rosto, e sorri quando ele levantou o véu e me beijou, ouvi o padre dizendo ao fundo “Os declaro Marido e Mulher”. Mas estava ocupada demais. Senti um enxame de borboletas no meu estomago que subia pela garganta. Não conseguia me conter, estava...Feliz!

Escapamos de nossa festa de casamento rumo a lua de mel. Tudo estava programado, iríamos para Madri, mas só quando estávamos aterrisando, percebi que estávamos em Roma, não em Madri. O olhei perplexa.
– seu sonho é a Itália, não a França. Então, aqui estamos. Ele apontou para a janela, e eu me deslumbrei ao ver que estamos mesmo ali. Sempre quis vir a Roma, era meu sonho de menina, a cidade dos meus sonhos. Meus pais nunca me havia deixado vir, sempre foram muito...Protetores. 
Passamos dias maravilhosos, em meio a perfeitas paisagens e monumentos indescritíveis. Num fim de tarde, após uma visita ao Coliseu e ter tomado muito sorvete Italiano, que tem o dobro do açúcar do normal, terminamos na Fonte de Trevi. A noite estava por vir, o sol estava se pondo dando uma tonalidade alaranjada ao céu. 
Parada a frente daquela fonte. Um magnífico monumento com uma linda história. A água escorria delicadamente pelas esculturas, e as luzes estavam se ascendendo, a iluminado. Só pensava em como estava feliz, só nisso. Nada de futuro ou inseguranças, nada se saber se conseguiria levar um casamento, nada de duvidar na relação que tinha com o Guga. 
Perdida em meus pensamentos, senti o abraço de alguém pela cintura. Ele sussurrou no meu ouvido “Faz um pedido”, me deu uma moeda. Apertei firme os olhos e a atirei na fonte. 
– o que pediu? Me perguntou com os lábios em minha orelha.
– um feliz para sempre. Disse recostando a cabeça sobre seu ombro, admirando a beleza da Fonte de Trevi.