Continuação Arya

Minha cabeça latejava, tudo em volta estava rodando. 

Connor me colocou na minha cama, e se sentou ao meu lado. Annebeth pegou um pano molhado e começou a limpar o sangue da minha testa. 

Aos poucos eu fui recuperando os sentidos. E já conseguia ouvir.

- O que aconteceu Connor? - perguntou Annie enquanto torcia o pano

- Eu não sei. Quando cheguei no bosque, ela já estava caida com a testa cortada.

- No bosque?

Tentei falar, mais a voz não saia. Eu apenas ouvia.

- É. Nós... bem. Estavamos na praia, e ela do nada, saiu correndo dizendo que alguma coisa estava acontecendo com o Nico!

- Hum...

- A... - foi a única coisa que eu consegui falar naquele momento

- Ela disse alguma coisa? 

- Não sei Annabeth. - disse Connor enquanto segurava a minha mão. - Arya?

- Oi gente... - falei com a voz fraca.

- Ai! Graças aos deuses você está bem! - exclamou Connor

- Acho melhor levarmos ela para a enfermária. - disse Annabeth enquanto analisava minha testa

-Não. Eu NÃO vou pra enfermaria.

- Porque? 

- Annie, me desculpe mas... não é necessário, eu já estou melhor e não quero ficar presa lá.

- Você quem sabe. - repondeu dando de ombros - Então...? O que aconteceu? Porque você estava no bosque?

- Primeiramente... - meus olhos arderam com as lágrimas que queriam descer - O Nico foi... sequestrado. Segundo, eu ouvi o grito dele, por isso eu fui para o bosque. Terceiro: eu não sei o que aconteceu comigo, não vi quem me acertou.

- O Nico o que? - Annabeth parecia não acreditar 

- Annie...

- Eu vou avisar ao Quíron. - ela falou

- Amanhã é melhor... - disse Connor - Já está tarde.

- Tem razão. - respondeu Annabeth abrindo a porta do chalé - Eu vou descansar agora, se precisar de mim, Arya, se sentir qualquer coisa fora do normal, é só chamar.

- Obrigada. E boa noite.

Ela assentiu e saiu do chalé deixando apenas eu e Connor.

- Então? O que você está sentindo?

- Só um pouco de dor de cabeça. - suspirei- Nada mais. Não se preocupe.

Ele levantou, andou um pouco pelo chalé e abriu as cortinas olhando para fora.

- O que foi? - perguntei

- Nada... eu só estou preocupado. E se quem pegou o Nico voltar e...

- Isso não vai acontecer. - falei convicta - Quantas horas?

- Duas!

- Você deveria ir descansar, eu estou bem. Pode ir.

- Não. - ele disse sentando ao meu lado de novo - Eu vou ficar aqui!

- Connor...

- Sem discuções senhorita Spenc - me chamar de senhorita Spenc me lembra a Sra. Sellms - Eu fico aqui e ponto.

- Ok!? - falei levantando as mãos em rendição.

Olhei em volta, e vi que eu estava na cama do Nico, de casal.

- Mais... pelo menos durma. - falei sorrindo - Deite-se aqui! 

Bati a mão na cama.

- Eu...

- Anda logo Connor. Deita ai. 

Ele sorriu e se deitou, me abraçando. E assim dormimos rapidamente.

Digamos que o restinho de noite seguiu normalmente, eu não tive pesadelos.

X

 Acordei cedo de mais, bocejei e olhei pro lado, vi Connor dormir traquilamente. Tirei os braços dele vagarosamente de mim para não acorda-lo. Levantei e fui para o banheiro olhar minha testa, que por sinal, estava até razoável, apenas um corte não muito grande. Obrigado Néctar! E Annabeth claro.

Lavei o rosto e enquanto eu escovava os dentes, eu abaixei o rosto para por água na boca e senti mãos tocarem minha cintura.

- Bom dia! - disse Connor com a voz meio rouca

- Bom dia. - repondi com um monte de espuma de colgate na boca, e ele, claro, riu.

- Dormiu bem? 

Enxaguei a boca rapidamente para responder a pergunta.

- Dormi sim... - o abracei - E você?

- Só um pouco preocupado com você... - ele passou a mão no meu cabelo - Tirando isso: Melhor impossível!

Lágrimas sairam sem querer, quando eu lembrei do Nico. Droga, eu tenho que ir salva-lo, eu não posso simplismente ficar aqui parada, esperando notícias dele.

- Eu... - minha voz falhou

- Arya... se você quiser ficar sozinha, eu vou entender. - assenti

- Desculpe. 

- Tudo bem. - ele disse abrindo um sorriso fraco. - Até mais.

Dei um selinho nele e ele saiu do chalé. 

Cerca de uma hora depois a concha para o café da manhã soou. Eu não estava muito afim de comer. Eu só queria ir procurar o Nico. Então, decidi que depois so café, eu ia falar com Quíron.

Mal esperei a hora do café acabar, e andei para a Casa Grande, de vagar, com o rosto inchado de tanto chorar. Por onde eu passava os campistas me olhavam interrogativos. Ouvi alguns murmúrios de algo como: " Cade o Nico que esta sempre com ela?" "Ela estava chorando?" "O que é aquele corte na testa dela?" " O que tem entre ela e o Connor?". Curiosos.

Cheguei na varanda e pela primeira vez não vi o Sr.D sentado lá com sua coke diet. Entrei e a primeira pessoa que vi foi a Annie, que quando em viu deu um sorriso bem fraquinho. Quíron sorriu pra mim da mesma forma, e o Sr.D nem se quer me olhou. Era de se esperar.

- Bom dia Arya. - falou Quíron. - Não te vimos no café.

- É. Eu não fui mesmo. - eu não estava afim de enrolações - Pois bem. Annabeth já deve ter te contado o que aconteceu ontem não é? - ele assentiu - Então? Quem foi que levou ele? E quando eu posso sair do Acampamento para ir busca-lo?

- Olha, Arya... nós não sabemos quem o levou. Sinto muito. - seu olhar parecia triste e distante - E você não pode simplismente sair do Acampamento sem sequer saber pra onde ir, sem ajuda e o principal: sem uma profecia. Toda missão precisa de uma profecia! 

- Quíron... - interrompeu Annabeth - Rachel...

- Quem é Rachel? - a cortei

- O oráculo - respondeu Quíron rapidamente - Ela faz as profecias.

- Então o que estamos esperando? Vamos até essa Rachel.

- As coisas não são assim Arya... e Rachel nem está aqui!

- Vocês falam isso como se não fosse nada. - minha voz estava embargada - O MEU irmão foi sequestrado, eu estou sofrendo muito com isso. Ele pode estar sendo torturado ou até morto! E... 

- Calma. - falo Annie. - Quíron, mande uma mensagem de íris para a Rachel e mande ela vir para o Acampamento imediatamente. Eu e Arya vamos conversar.

Quíron assentiu. E eu achei um pouco estranha essa situação, foi como se a Annabeth mandasse em Quíron. Mas eu não questionei, eu não queria continuar ali.

Annabeth colocou a mão sob meu ombro e saimos da Casa Grande.

- Arya, não se preocupe. Nico vai ficar bem. - ela falou ficando de frente a mim e enxugando minhas lágrimas - Sei que vamos encontrar ele! Logo Rachel chega ao Acampamento, e vamos ter uma profecia.

O que eu ia dizer? O namorado dela "desapareceu" por minha culpa, e eu não havia a reconfortado. Me senti uma idiota. 

Apenas a abracei, forte.

- Agora. - ela disse nos separando. - Vá descansar. E apareça no almoço! Você precisa comer!

- Acho que eu não vou... eu não ando com fome.

- Arya. - ela me olhou séria.

- Tudo bem... tudo bem... vou tentar!

Ela assentiu e saiu andando, me deixando sozinha em frente a Casa Grande. Olhei para os campos de morango e vi como eram lindos. Me deu uma vontade imensa de pular naqueles campos e comer todos aqueles morangos. 

Mas logo a minha "pequena felicidade repentina" passou... lembrei do Nico, de como ele estava sofrendo aquela hora que o encontrei.E de como eu fui uma inútil, não conseguindo ajuda-lo; e isso me matava por dentro, mas não tanto quanto o fato do Nico ter sido sequestrado.

Comecei a chorar. Ainda bem que ninguém estava por perto pra me ver nesse estado. 

Ouvi passos atrás de mim, e enxuguei as lágrimas o mais rápido possível. E em recompus.

Alguém colocou a cabeça no meu ombro e me abraçou por trás. Senti aquele cheirinho de doces de loja ( engraçado esse cheiro não é?)... era o Connor.

- Está melhor? 

- Minha cabeça não dói mais. - respondi colocando a mão sob a mão dele.

- Eu quis dizer com relação ao Nico.

Me virei, e olhei dentro dos seus olhos.

- Eu... me sinto um pouco melhor. Annabeth conversou comigo.

- Ah,sim. Eu queria saber de uma coisa mas...

- Pergunta.

- Quando e quem vai atrás do Nico?

- Ainda não sabemos. Temos que esperar uma tal de Rachel fazer uma profecia. Mas, eu TENHO que ir nessa missão. TENHO. Eu queria sair correndo daqui agora e ir atrás do Nico, mas ...

- Olha lá Arya... não vá fazer nem uma besteira.

- Relaxa... - falei sorrindo - Eu nem sei pra onde ir, e mesmo se eu soubesse, assim que eu colocasse os pés no "covil" do sequestrador, eu morreria. Temos que esperar a Rachel, mas, cade esse menina que não chega logo? SANTA PACIENCIA!

E ele me abraçou rindo.

- Vou pro meu chalé, me arrumar pro almoço. ok!?

- Ok. Passo no seu chalé para irmos juntos? - assenti

- Até daqui a pouco. - me despedi com um selinho

Enquanto eu andava para o meu chalé, Diuly veio atrás de mim.

- Arya!!! - eu me apressei, não queria falar com ela - Arya, espera!

- O que você quer?

- Eu, vim dizer que, eu sinto muito pelo Nico.

- Obrigada. Pronto, você já disse e eu já agradeci. Pode ir para o seu chalé agora!

Me virei pronta para sair da presença daquela... garota!

- Espera. Arya? Porque você está me tratando assim?

Apenas ignorei e continuei andando.

- Aryaaa? - ela gritou protestante

Deixei ela lá, falando sozinha e fui para o meu chalé.

Entrei, e como de costume, olhei pra cama do Nico, que na ausencia dele, é minha. Por enquanto.

Era uma cama de casal, feita de madeira escura, com muitos travesseiros e lençóis de seda cor vinho. 

Me deitei na cama, embolei os lençóis e os abracei. "Onde será que o Nico está? O que estão fazendo com ele? Quem o pegou? Será que ele está bem?" essas eram as perguntas que rodavam na minha cabeça, desde que o dia começou.

Me levantei e fui tomar um banho, na água bem fria, pra ver se eu me "animava" um pouco.

Entrei de baixo do chuveiro. E minha cabeça latejou um pouco, nada que não seja suportável.

Terminei meu banho, e sai do banheiro enrolada na toalha, vesti minha roupa, mais ainda não tinha escolhido a camiseta, abri meu ámario, e vi as roupas do Nico. Decidi colocar uma camiseta dele. Escolhi uma preta (como sempre) com uma caveira no meio, com rosas na boca e duas armas,  escrito Guns N' Roses. Coloquei meu All Star xadrez e sai do chalé, e me sentei nas "escadinhas" da porta, esperando Connor. Que não demorou muito.

Ele não disse nada, apenas sorriu pra mim, me estendendo a mão. Sorri, e peguei na mão dele, me levantando. Entrelaçamos nossos mãos e seguimos para o refeitório. 

No caminho, encontramos com alguns campistas que tambám iam para o refeitório, que nos observava curiosos. Alguns diziam algo como: "Eles estão juntos?" ou "Connor e Arya são namorados?". Olhei para Connor, e rimos.

- Ãn... ér... oi! - disse uma garota se colocando na nossa frente

- Oi. - eu e Connor dissemos uníssono

A garota tinha cabelos castanhos, lisos, e usava uma sapatilha prata, uma saia rosa e uma blusinha combinando. Com certeza uma filha de Afrodite.

- Posso perguntar uma coisinha? 

- Pode... - suspirei

- Ér... você e Connor...?

- Estamos juntos? - falei

- É sim, estamos. Ela é minha namorada! - cortou Connor me puxando para mais perto dele.

- Ah, tá. - ela tinha um olhar divertido. Sorriu e correu para as suas irmãs... Filhas de Afrodite. - Eles estão namorando! - ela gritou para as meninas com as mãos para cima.

- Elas são engraçadas. - falei rindo

- É são. - ele se abaixou e me deu um selinho. - Vamos.

Assenti e andamos até o refeitório. Entramos ainda de mãos dadas, e isso fez com que todos nos olhassem. Como esses semideuses são curiosos!

Chegamos ao "centro das mesas". Agora era a hora de cada um ir para a sua própria mesa.

Connor se aproximou de mim, tentando me beijar. Olhei para Quíron e vi que ele nos observava descretamente.

- Connor! - o adverti colocando a mão entre mim e ele, e jogando um olhar para Quíron.

- Ah! Entendi. - ele fez muxoxo e foi pra sua mesa.

Sorri e fui para a minha. Olhei para a mesa de Connor, e vi que quando ele se sentou, seus irmãos deram tapinhas nas costas dele dizendo algo. Com certeza era sobre NÓS.

Respirei fundo, e comecei a comer. Quase chorei ali na frente de todo mundo. A mesa, vazia, pior: Sem o Nico. 

Eu não suportei ficar ali, levantei, e corri para a praia. 

Me sentei no lugar de sempre, na esperança de que Connor não viesse atrás de mim. E acho que ele entendeu que eu queria ficar sozinha, porque não veio.

Andei de vagar pela praia, apreciando a paisagem. 

Parei um poco e fique olhando para o mar. Até ouvir uma voz, que eu já ouvira antes.

- Arya... Querida!

- Senhor...? Eros! - me virei

- A menina. - ele falou colocando a mão no meu ombro direito.Olhei para a mão dele em meu ombro, e ele tirou a mão dali. - Não me chame de senhor.

- Ok! Eros.

- Ótimo! - ele sorriu - Vamos logo ao assunto...

- Ah mais antes. - o cortei - Eu gostaria de agradecer por ter me avisado sobre o Nico.

- Disponha! Mas vejo que de nada adiantou!

- É... Vamos logo ao assunto que o sen... que você veio tratar.

- Bem... lembre-se de falar a sua amiga cria de Atena, sobre as pedras da lua de Ártemis... - eu realmente não estava entendendo nada - E sobre a mesa sagrada.

- O que são essas...?

- Não diga a ela ainda. - ele não repondeu a minha pergunta 

- E como eu vou saber a hora certa de dizer?

- Ah, pode ter certeza de que você saberá. - porque os deuses tem de ser tão enigmáticos? 

- Mas eu...

- Sugiro, que nesse momento. - ele olhava atentamente para o Acampamento - Você vá sentar-se perto de Peleu. Talvez você tenha uma grande suspresa... - seu olhar era... divertido(?)- E... Connor ...?

- Pois é... 

Ele sorriu e se virou, desaparecendo. Fiquei ali, absorvendo as informações, mas logo corri para a fronteira. O que será que me aguardava?

Alguns campistas me olhavam, não vi Connor entre eles... não me importei, afinal, ele não devia ficar me seguindo o tempo todo.

Me sentei ao lado do Peleu, e fiquei passando a mão na cabeça dele, e ele parecia gostar. Fez até uns barulhinhos parecido com de gato... é eu sei, é estranho um dragão fazer barulhinhos de gato, mas é que eu não sei explicar o barulho.

Fiquei olhando a rodovia, os carros que passavam, as pessoas que estavam dentro deles sequer faziam ideia do que tinha aqui, tudo o que acontecia. E é melhor que eles não saibam, imagina? Eles iam pirar só de ver Peleu.

Vi vários carros, mais um em especial me chamou a atenção, um Maserati vermelho parar no meio da rodovia, e a porta se abre. E um homen, novo, loiro, desce do carro, com um adolecente de cabelos pretos e camiseta laranja. Não o reconheci de longe. 

O menino se despediu do homem, que me olhou e acenou, fiz uma careta, mas acenei de volta.  O garoto veio na minha direção, a camiseta dele era do Acampamento, e estava surrada, aos poucos, o rosto do garoto se mostrou com seus lindos olhos verdes. 

- Percy! - gritei

Desci a colina correndo e o abracei. Ele me pegou e me rodou.

- Arya...

- Percy! Ai meus deuses. - eu quase chorei.- Percy!!! - gritei de novo e o abracei

Ele me abraçou forte, e se separou de mim, me encarando.

- O que aconteceu enquanto eu estava fora? E... - ele analisou minha roupa - Essa camiseta não é do...?

- Nico? É, é sim! - repondi triste

- Você e ele são...? - ele me olhou interrogativo

- Irmãos! 

- Ir... mãos? 

- É Percy. Irmãos. - uma lágrima escapou

- O que...? Arya? - Percy limpou minha lágrima.

- Percy... o Nico sumiu!

- O que? Como assim?

Sentamos ao lado do Peleu, e eu contei toda a história a ele, desde o começo. Até a parte do Connor.

- Então... resumindo: você é filha de Hades, Eros veio falar com você duas vezes, o Nico sumiu e você namora o Connor? - ele perguntou parecendo confuso

- Exato.

- Nossa! Eu sumo por quatro dias, e acontece uma revolução? 

- Pra você ver. Agora, acho melhor irmos. Annabeth vai morrer de felicidade quando ela ver você. A propósito, onde você esteve?

- Ah, bem... eu me perdi em Portland, e BlackJack havia sumido. Fiquei andando por lá, até Apolo me encontrar e me trazer de volta.

- Nossa... - me senti culpada de novo

- Mas... já passou. Vamos?

- Vamos.

Ele estendeu o braço pra mim, peguei, e fomos ao encontro da Annabeth.

Percy

Graças aos deuses Apolo me encontrou. Mas, eu ainda estava preocupado com o sumiço do BlackJack.

Ele parou o Maserati no meio da rodovia, de onde eu pude ver uma garota, de preto, sentada ao lado de Peleu, mais não a reconheci. Apolo também a viu, e acenou, e ela acenou de volta. Me despedi de Apolo e subi a colina.

Quando percebi que a menina, era Arya. E ela veio correndo na minha direção.

- Percy!!! - ela gritou e me abraçou.

Eu a abracei forte, e a girei. Era bom ve-la. Vi que ela estava com a camiseta do Nico.

- O que aconteceu enquanto eu estava fora? E...Essa camiseta não é do...?

- Nico? É, é sim! - ela repondeu parecendo que o assunto a deixava triste

- Você e ele são...? 

- Irmãos! 

- Ir... mãos? - era meio dificil de acreditar

- É Percy. Irmãos. - uma lágrima escorreu no rosto dela.

Não entendi porque ela estava chorando, será que Nico era um irmão do mal?

Perguntei tudo o que queria. E ela me contou tudo que sabia do tempo que eu estava "ausente".

- Então... resumindo: você é filha de Hades, Eros veio falar com você duas vezes, o Nico sumiu e você namora o Connor? - perguntei intrigado

- Exato.

- Nossa! Eu sumo por quatro dias, e acontece uma revolução? 

- Pra você ver. Agora, acho melhor irmos. Annabeth vai morrer de felicidade quando ela ver você. A propósito, onde você esteve?

- Ah, bem... eu me perdi em Portland, e BlackJack havia sumido. Fiquei andando por lá, até Apolo me encontrar e me trazer de volta.

- Poxa vida ein. Que tenso.

- Mas... já passou. Vamos?

- Vamos.

Estendi o braço pra ela, e ela aceitou.

Andamos para os chalés. E no caminho, vários campistas me cumprimentaram. Aos poucos uma pequena multidão se formou envolta de mim e Arya. Me encheram de perguntas. Eu não consegui responder nenhuma. Entre os campistas, consegui ver Clarisse, Travis e Chris. Só. Não consegui distinguir mais ninguém naquela confusão.

No fundo da "roda" que nos cercava, vi que as pessoas estavam abrindo caminho. 

- Sai da frente! - uma voz familiar gritou irritada - Sai!

Assim como se formou, aos poucos, a multidão foi se dicipando, até que eu consegui ver a fonte da voz irritada. 

- Percy! - Annabeth gritou correndo ao meu encontro.

A abracei o mais forte que pude. Meu amor, minha namorada; estavamos juntos, novamente.

- Percy você... - a voz dela falhou.

- Porque está chorando amor? - sorri - Não queria que eu voltasse?

Ela me deu um tapa no ombro.

- Nunca mais diga isso Perseu! 

Ela me lançou um olhar mortal, que até um deus teria medo.

- Me desculpe. - falei a beijando.

- Ótimo, ótimo. - gritou Arya para as pessoas que ainda estavam envolta - Circulando, todo mundo. Vocês vão ter muito tempo para conversar com o Percy, mas agora não!

Ela é engraçada. Me admira ela estar com esse humor, depois do Nico ter sumido.

- Valeu Arya. - sorri pra ela e ela retribuiu

- Acho que eu vou indo. Até mais Percy. - falou Arya me abraçando de novo

- Até Arya.

Annabeth me encarou com seus olhos cinzas perfeitos e sorriu.

- Então Cabeça de Alga? Por onde você andou?

- Acho melhor irmos conversar no meu chalé.

Ela assentiu. E fomos para o meu chalé.

No caminho, analisei as coisas com cuidado, quanta falta eu senti daquele lugar. 

Entramos no chalé três, me sentei na minha cama e chamei Annabeth para sentar ao meu lado. 

Comecei a contar tudo a ela, e ela só me ouvia atentamente. 

Terminei de contar e ela não disse nada, apenas pegou uma mecha de cabelo, e começou a enrrolar com o dedo.

- Então? Não vai falar nada...?

- Temos que achar BlackJack!

- Achei que ele estivesse no Acampamento.

- Não, não esta.

Isso realmente está me preocupando. 

- E o Nico?

- Ainda não sabemos quem o pegou. Estamos esperando a Rachel chegar... - parecia meio dificil pra Annabeth dizer esse nome, mas resolvi não dizer nada, depois ainda sobrava pra mim!

- Queria muito ir atrás dele... a Bianca me...

- Percy. Vai ficar tudo bem! - ela falou passando a mão no meu cabelo - Agora, acho melhor você tomar um banho e descansar. 

- É. Preciso mesmo da minha caminha. - me joguei na cama, e fechei os olhos.

Annabeth chegou perto de mim, e me deu um selinho.

- Até o jantar!

- Até.

Arya

Eu não conseguia acreditar! Percy! O Percy voltou. E isso deu esperança a mim, eu até me senti melhor. Agora era só esperar a tal Rachel chegar.

Depois de livrar a Annabeth e o Percy da multidão de curiosos que os cercavam; fui para o meu chalé. 

Coloquei uma música ( Stay Away - Nirvana) em um volume bem alto, peguei um o livro que a Annie me emprestara e comecei a ler. Me destrai algumas vezes com a música. 

X

Terminei de ler o livro, e quando percebi, faltava apenas uma hora para o jantar. Fui tomar meu banho e me arrumar. De início eu não ia jantar, mas depois que Percy chegou, eu me animei um pouquinho. E também se eu não fosse, Connor iria falar no meu ouvido o resto do ano.

Tomei meu banho, vesti a roupa de sempre, ainda com a camiseta do Nico. Desliguei o som, e sai do chalé. E dei de cara com o Connor.

- Estava te esperando!

- Porque não bateu? - falei mostrando a porta

- Arya... - ele revirou os olhos - Você não ia ouvir.

- Ham... - sorri desconfortável - É verdade.

- Então vamos?

Olhei na direção do refeitório antes de responder, imaginando eu e Nico, indo juntos, como todos os dias. E a mesa vazia, só eu. Suspirei. E assenti.

Ele deu uma piscadinha, passei o braço em volta do dele, e fomos.

Chegamos eo refeitório, joguei parte da minha comida para Hades, Eros e Apolo por trazer Percy de volta. Não me importei de sobrar só um pouco de comida para mim, afinal, eu não estava com vontade de comer, só vim por causa do Connor.

Sentei-me na mesa, e fiquei revirando a comida com o garfo por um bom tempo, até começar a comer. Terminei meu jantar, e fiquei sentada, até todos sairem do refeitório, e restar somente eu.

- Vai ficar aqui? - perguntou Connor sentando-se de frente para mim

- Não quero ir para a fogueira, nem pro meu chalé.

- Que tal a praia? Você sempre relaxa lá. - ele arqueou a sobrancelha

- É... - tentei sorrir 

Peguei na mão dele, e saimos do refeitório. Passamos pela fogueira e alguns campistas nem nos notaram, entertidos com a música. Acho que só Percy me viu. E mexeu os lábios dizendo: "O que foi?" respondi da mesma forma "nada" e sorri, ele sorriu de volta e se virou para falar com Annabeth. 

Mas é claro que não era nada, eu estava sofrendo muito com o desaparecimento do Nico, não só por não saber quem o pegou mas também por saber que ele seria pego e não conseguir ajuda-lo, isso estava me corroendo por dentro.

- Acho que eu vou pegar um lençol pra gente colocar na areia. 

- Para nos sentarmos?

- Obvio! - disse ele rindo

- Vai lá no seu chalé, e pega um. Eu te espero aqui fora.

- Tudo bem.

Ele correu para o chalé onze, e eu fiquei ali, sozinha, parada, esperando ele. Troquei o peso de pé algumas vezes.

Até que senti um vento frio, e estranho, um arrepio passou pelo meu corpo, tive uma sensação estranha de estar sendo observada. Senti algo frio tocar meu braço.

- Arya... - veio como um sopro. A voz do Nico.

Paralisei. Meus olhos se ficaram marejados. Mas o que...? Nico? Não é possível! Me virei de vagar... e não havia ninguém. Por um segundo, eu pensei que estava tudo bem. De repente eu vi um rosto de uma mulher(?) meio transparente, parecia um fantasma, o rosto da mulher veio voando na minha direção soltando um grito estridente, e me atrvessou, deixando-me zonza. Respirei fundo e comecei a sentir um puxão no estômago. Algo invisível, talvez o rosto da mulher,  me empurrou forte, atingindo meu peito e me jogando pra longe.

- Arya eu... - Connor que foi interrompido quando eu fui "Jogada" em cima dele. - Ai! - reclamou - Arya? Você está bem? O que aconteceu?

- Eu estou bem. Só um pouco zonza. Mais bem!

- Meus deuses. Quem fez isso com você?

Expliquei tudo a ele. Desde a voz do Nico, ao meu "voo" estranho. 

- Eu te deixo sozinha por tres minutos e você é atacada por um "rosto espírito"? - ele disse incredulo.

- Ér... ando sendo muito atacada ultimamente. - sorri torto

- Pois é. Mas... o que será aquele "rosto" que te atacou. Um espírito mesmo? Por favor...isso aqui não é aquele filme atividade paranormal. - falou uma voz familiar atrás de mim e Connor - Ãn... Connor o que você vai fazer com esse lençol?

- Chris? Você não deveria estar com a Clarisse? - falei

- Foi mal to indo!

- Epera! O quanto você ouviu da conversa?

- Só Connor falando que não podia te deixar sozinha e você era atacada por um epírito rosto sei lá... Porque?

- Quero que não conte a ninguém. Ok? - lancei a ele meu olhar mais frio.

- Ok. - ele disse se arrepiando

- Jure pelo Estige que não vai contar a ninguém até eu descobrir o que aconteceu!

- Eu juro... pelo Estige!

Um trovão cortou o silêncio dos céus, selando o juramento.

- Ótimo! Agora pode ir. 

Ele se virou e foi para sei lá onde. 

- Hum... Vamos para a praia antes que fique muito tarde!

Me levantei, e puxei Connor pelo braço. Eu ainda sentia um mal estar mas nada de mais. Tentei não demonstrar preocupação com aquele "rosto espírito". Mas aquilo me afetava de uma forma extraordinária, não só pelo rosto, ou por eu ter "voado" mas também por ter ouvido a voz do Nico. O que pelo raio de Zeus havia acontecido? Quem era aquela "mulher"? Acho que amanhã de manhã eu vou contar tudo a Annabeth. Menos a parte de Eros, ainda não senti que fosse a hora.

Connor estendeu um lençol azul claro na areia e nos sentamos. Fiquei admirando o mar por alguns minutos sentada, mas do nada, um cansaço imenso me atingiu. Forçando-me a deitar.

- O que foi Arya? - Connor parecia preocupado comigo, o que não é pra menos.

- Nada. Só... minhas costas que doeram, acho melhor deitar. Vamos ver as estrelas.

Me levantei para Connor deitar. E depois deitei no peito dele.

Ficamos olhando as estrelas em silêncio, apenas curtindo a presença um do outro.

Meu cansaço me venceu, e eu acabei dormindo. E tive um pesadelo, horrível.

Eu estava caida, as estrelas brilhavam por um buraco no teto da caverna de onde eu me encontrava, e por mais que eu tentasse distinguir as estrelas umas das outras, eu não conseguia. 

Meu braço doia. Vi uma luz mas a frente da caverna, com esforço me levantei, comecei a andar cambaleando, por mais que eu tentasse eu não conseguia andar direito, parecia que alguma "força gravitacional" estava presa de um lado do meu corpo. Enquanto eu me  dirigia até o local de onde vinha a luz, alguns animais ratejavam passando por cima dos meus pés. Mas, enfim, cheguei ao local. Parei na "entrada" e vi a "mulher espírito" só que dessa vez com o corpo, de frente pra ela estava um homem vestido com um manto preto com bordados vermelho sangue. Mas ao longe, vi Nico preso pelas mãos e pelos pés por correntes grossas. Tentei me mover, mas foi inútil, por mais que eu tentasse mexer, nada acontecia. Nem a minha voz saia. Decide, então, apenas observar.

-Então? Tudo deu certo? - perguntou o homem enquanto de sua mão direita pingava sangue.

- Tudo correu como planejado. O feitiço está funcionando a partir desse exato momento.

- NÃO! - gritou Nico - Isso é mentira de vocês! É só uma insenação boba para eu não acabar com esse ai. - Nico se mexia descontroladamente.

- A... filho de Hades... - o homem disse se aproximando dele- Você não acredita?

O olhar de Nico era furioso, de dar medo.

- O que você fez com ela?

- Jaiane! - o homem chamou  e uma mulher muito bonita apareceu. Ela trajava um vestido longo, branco e possuia algumas jóias azuis - Solte a cria de Hades! E entregue essa adaga a ele. - ele pegou uma adaga que estava no chão, e entregou para a tal Jaiane

Ela assentiu, com o olhar triste, pegou a adaga e começou a soltar Nico. Ela fungou algumas vezes, e lágrimas despejaram de seus olhos.

- Ah, já basta! Solte-o e saia daqui!- o homem reclamou para a mulher

Assim que o soltou, ela correu de volta para onde tinha vindo. E sumiu na escuridão. Assim, Nico apertou a adaga com força e correu gritando até o homem. E o atingiu na barriga. No mesmo instante senti uma dor forte no mesmo local que o homem tinha sido atingido pelo meu irmão, instantaneamente, coloquei a mão no lugar onde doia, e senti algo. Olhei para a minha mão, e estava coberta de sangue. Revirei os olhos. Droga! Eu sempre tenho que me ferir gravemente. Cai no chão. E tudo ficou escuro.

- Arya. - senti mãos me sacudirem frenéticamente.- Arya! - era Connor, com a voz bem preocupada.

-ÃN... - eu acordei meio atordoada.

- Arya. Pelos deuses, o que aconteceu???

Fiz uma cara de que não entendi, e ele arregalou os olhos apontando pra minha barriga. Minha blusa estava cheia de sangue, e tinha um corte horrível, bem no lugar do meu pesadelo.

- Oh... Me leve....

- Pra enfermaria! - ele me cortou.

- Para a Casa Grande. AGORA! Depois, pegue um pouco de Ambrosia e chame Annabeth! - ele só me encarava, sem expressão alguma - Agora Connor!

Ele me levantou e colocou meu braço em volta do pescoço dele, me apoiando.

-Acho que agora, minha missão vai ser te carregar.

- É... - sorri - Ando quase morrendo muito ultimamente.

Foi a ultima coisa que consegui dizer, a dor era forte, temia não sobreviver dessa vez.